Endless Love escrita por STatic


Capítulo 46
Capítulo 46


Notas iniciais do capítulo

Oláa! Minha palavra não ta valendo nada, porque claramente não voltei aqui na sexta. Maas, aqui estou, com capítulo novinho!

Esse é o penúltimo capítulo, e está enoorme, acho que o maior até hoje e eu inclusive pensei em dividi-lo em dois, mas imaginei que vocês me matariam. Quando lerem vão entender o motivo ahsjksaj Foi meio difícil decidir exatamente o que colocar aqui, mas espero que gostem do resultado!
Muuito obrigada pelos comentários, vocês são incríveis! E aah obrigada Vane e Bruna por montarem o clube dos nomes de bebês comigo!

Então tá, boa leitura!



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Kate POV

Assim como todos os dias em que eu trabalhara nos últimos meses, eu estava entediada. Com papelada. Mais perto do que eu gostaria de literalmente enterrada até o pescoço em burocracia. O trabalho chato e repetitivo que qualquer um em sã consciência tentaria evitar.

No início eu ainda era permitida nos casos. Conseguia comprar meu caminho até algumas cenas de crimes seletas, e de ajudar dentro do precinto. Porém, de um tempo para cá, qualquer participação minha nos casos era proibida. Exceto para fazer papelada. Eu sabia muito bem que Esposito e Ryan estavam aliviados, e a vontade de atirar em um deles e usar como exemplo era enorme.

Mas eu não faria. Não faria porque, de um jeito estranho – e eu não admitiria isso –, eu estava satisfeita também. Trabalho interno significava segurança. Na maior parte do tempo, de qualquer maneira. E eu não o faria porque eu sabia que Castle estava, mais do que qualquer um, aliviado. Ele podia me controlar e ter certeza de que estávamos bem dessa maneira. Bom para ele. De qualquer maneira, ele não estava aqui hoje, e meu tédio parecia interminável, assim como a batida dos ponteiros do relógio.

Reunião idiota com agente idiota na editora idiota. Eu conseguia entender a necessidade daquelas reuniões, mas aquilo não tornava mais fácil meus dias de escravidão no papel sem ele por perto.

Mas ele estaria de volta em algumas horas. Eu podia sobreviver, certo? Definitivamente. Aliás, em poucos dias eu estaria livre, aproveitando o começo da minha licença e da nova fase. Eu estava ansiosa, mas satisfeita.

Voltei meu foco para o relatório de um dos casos que eu não havia ajudado, tentando evitar que meus olhos seguissem em direção ao quadro de Ryan e Espo. Estresse. Era por isso que eu não podia participar dos casos agora. Faria mal para mim e o bebê. Entretanto, por mais que eu tentasse, meus olhos de alguma maneira acabavam levados para o quadro, para a foto da nossa vítima: Uma mulher bonita, mas não tão jovem. Ryan e Espo estavam fora atrás de alguma testemunha, pelo que sabia, e deviam voltar logo.

Antes que eu pudesse me deter, eu estava afastando o relatório de mim e movendo a cadeira para trás. Foi no segundo em que apoiei meus braços e tentei me levantar que eu senti. Uma dor aguda na barriga, tão forte que me fez sentar-me novamente. Respirei fundo uma vez, e então tão de repente quanto surgira, a dor desaparecera. Durou menos de um segundo. Mas o que diabos havia sido aquilo?

Respirei fundo mais algumas vezes, esperando. Quando nada aconteceu, me levantei. Nenhuma dor. Era como se não estivesse acontecido. Voltei a olhar para o quadro. As poucas pistas  disponíveis estavam ali, e eu vasculhei por elas. Aquilo não me estressaria. Morrer de tédio sem Castle e com papelada, por outro lado...

Algum tempo depois os meninos retornaram e bastou um olhar para a cadeira vazia ao meu lado – eu havia me sentado novamente, incapaz de me manter em pé por muito tempo – para eles decidirem que tudo bem eu ajudar dessa vez. Um último caso antes de eu entrar em licença.

Quando eu havia me esquecido da pontada dolorida de mais cedo, outra me atingiu, me fazendo me encolher um pouco na cadeira, um gemido doloroso escapando meus lábios travados. Ryan e Esposito levantaram os olhares de suas próprias pastas imediatamente, me encarando preocupados.

— Você está bem? – Espo perguntou, ambos se levantando e vindo até mim quando notaram minha mão esquerda agarrada ao tecido da minha blusa sob a barriga.

Eu meio arquejei, meio respirei fundo e os olhei.

— Eu acho. Foi só uma dorzinha aqui. – apontei para a barriga.

Dorzinha era um eufemismo.

— Você tem certeza? Talvez nós devêssemos te levar ao hospital e...

— Eu estou bem... Nós estamos bem, foi só um alarme falso. Você sabe, essas coisas acontecem.

Eu disse isso, mas minha voz sequer convencia a mim mesma.

— Você quer que eu ligue para o Castle? Você devia ao menos ir para casa.

Sacudi a cabeça.

— Castle está em uma reunião, e eu estou... Ai! Droga. – minha respiração ficou presa e eu me curvei na cadeira, segurando a barriga quando outra pontada me atingiu, mais forte e mais longa dessa vez. Tudo bem, aquilo não estava certo.

Ryan e Espo se aproximaram ainda mais, sem saber o que fazer exatamente, pairando sobre mim como assombrações.

— Tudo bem, nós vamos para um hospital porque isso claramente não está bem! – Espo parecia mais perto de perder o controle do que Ryan.

— Não, eu...

Parei de falar, o completo terror tomando conta de mim quando senti algo molhado escorrer pelas minhas pernas. Não não não não... Aquilo não estava acontecendo. Não podia ser.

— Oh, Deus. – murmurei, agarrando a beira da mesa com uma mão, incapaz de afastar a outra da barriga. Parecia... estranha.

— O quê? – ambos perguntaram ao mesmo tempo.

— Eu acho que... Eu estou em trabalho de parto. Minha bolsa estourou. – soltei com o que restava da minha voz. O ar pareceu congelar por um segundo, como se de repente tudo se tornasse real.

— O quê? – eles perguntaram novamente juntos, e eu imaginei que eles não soubessem o quanto aquilo era irritante.

— Eu disse...

— É, nós ouvimos. Só... Não está meio cedo? – Ryan perguntou.

— É o filho do Castle, cara. Ele vai ser apressado. – Espo mandou de volta.

— É o filho do Castle e ele nunca mais vai me tocar novamente porque isso dói para caramba. – disse entre os dentes trincados quando mais uma, que eu sabia agora serem contrações, me atingiu.

Esposito e Ryan resolveram se mover agora, pegando minha bolsa e se abaixando até ficarem na minha altura.

­– Certo, nós vamos te levar até o hospital. Acha que precisamos de uma ambulância?

— Não! – intervi antes que eles me enfiassem dentro de uma ambulância na porta da delegacia. – Nós temos tempo, só... peguem meu carro, minhas coisas e do bebê estão lá. Precaução.

Esposito pegou a chave na minha bolsa e correu para o elevador, gritando que nos chamaria quando estivesse na porta. Assim que as portas se fecharam atrás dele, o medo voltou a tomar conta de mim.

— Você precisa ligar para o Castle! – me virei para Ryan que me olhava meio pálido. Ele era pai, pelo amor de Deus!

— Eu vou, assim que estivermos no carro.

— Certo. – um segundo se passou e eu pude sentir as lágrimas se formando. – É muito cedo.

— O quê? – Ryan perguntou e eu me virei para ele, as lágrimas não podendo ser contidas. Eu estava oficialmente apavorada e só queria Castle. Queria que ele estivesse aqui, que segurasse minha mão e me prometesse que ficaria tudo bem.

— Está muito cedo. Ele é muito pequeno, Kevin... Não está na hora! E se... – eu não consegui terminar o pensamento e minha garganta se fechou.

Ryan tocou meu ombro e levantou minha cabeça para que o pudesse olhar.

— Ei, vai ficar tudo bem! Você está o que, com oito meses? Vai dar tudo certo e em poucas horas você vai ter um lindo menininho nos braços que você vai amar mais do que tudo.

Um soluço sacudiu todo o meu corpo.

— Promete? – perguntei e ele pareceu surpreso com meu descontrole. Eu estava uma bagunça, e se eu não me reconhecia, eu podia imaginar como ele se sentia.

Ryan não disse nada, apenas sorriu. Ele não havia prometido, por que sabia que não poderia cumprir. Ele não havia prometido e eu só queria Rick.

O celular vibrou e ele se levantou, me ajudando em seguida. Espo estava esperando.

— Você vai ligar para o Rick? – perguntei com a voz baixa, me agarrando em seu braço. Eu estava apavorada com a possibilidade de outra contração enquanto estava em pé e tentava ser rápida.

— Assim que estivermos no carro, eu prometo.

Assenti. Ele prometera.

Esposito nos esperava e Ryan me ajudou a subir no banco traseiro, me seguindo, para minha completa surpresa. O carro se moveu no minuto seguinte, Espo dirigindo rápido, mas não maniacamente.

Eu não estava com dor, não nesse segundo, mas o medo que eu sentia corria gelado por minhas veias, tornando difícil pensar com muita clareza. Ainda faltava ao menos quatro semanas. Mais quatro semanas em que eu deveria manter meu bebê aquecido e protegido dentro de mim. Quatro semanas, e eu não pude sequer fazer isso. Como esperava poder cuidar dele uma vez que estivesse aqui? Era absurdo, e eu sabia que seria péssima. Rick estaria lá, mas ele não estava aqui agora.

Perdida em meus pensamentos, vi de relance a troca de olhares entre Ryan e Esposito. Droga, o que era agora?

— O quê? – perguntei, provavelmente rude demais. Eu estava exausta demais para me preocupar. E novamente a troca de olhares preocupados, a boca de Ryan meio aberta, mas nenhuma palavra saiu. – Ryan!

— Castle não está atendendo.

Não, não, não. Isso não podia estar acontecendo. Qual era o problema do mundo comigo, que ele tinha que me sacanear? Castle precisava atender. Precisava estar ali ou não se perdoaria. Eu não podia fazer aquilo sem ele.

— Tente de novo. – minha voz saiu em um sussurro. Eu estava mais que apavorada agora, as lágrimas se formando novamente.

Ryan não disse nada, apenas voltou o celular para o ouvido. De novo e de novo. Sem resposta. Onde diabos Castle havia se metido?

 

Castle POV

Seguindo conforme o esperado, a reunião era um tédio completo. Pepéis para assinar, contratos para rever, todo o tipo de coisa que eu não estava nem remotamente interessado, mas que minha presença aparentemente era necessária.

Horas haviam se passado, e não parecia nem perto de acabar. Advogados e agentes conversavam e decidiam detalhes insignificantes enquanto eu olhava, sendo perguntado sobre alguma coisa em raras ocasiões e eu me perguntava o que eu estava fazendo ali. Eu queria estar com Kate, tendo certeza de que ela estava bem, que estava se alimentando e mantendo o nariz longe dos casos.

Ela estava indo bem nos últimos meses. Embora sentisse – e eu também –, saudade da ação, estava feliz em fazer o que era melhor, o que era um passo e tanto. Ela se alimentava e dormia, e não ameaçava minha vida quando dizia que era hora de ir para casa. Kate havia encontrado outra razão para sair dali e viver, e eu grato por ser uma delas.

Enquanto deixava meus pensamentos vagarem para longe do tédio da reunião e sobre o que fazer para nos manter entretidos a partir da próxima semana – quando Kate, finalmente, estaria de licença –, uma sensação estranha se acomodou em mim. Uma inquietude, incapacidade de ficar quieto, um sentimento nauseante no estomago. Encarei as pessoas ao redor da mesa, mais uma vez claro que não me notavam ali, e revirei os olhos.

Minhas mãos se moveram automaticamente para o meu bolso, onde o celular havia estado nas últimas duas horas. Ele permanecia no silencioso, sequer vibrando, e eu não havia checado nesse tempo. Com uma sensação cada vez mais forte de enjoo, percebi que aquilo era um erro. Kate podia precisar de algo, ou Alexis ou minha mãe, e eu não podia ser alcançado naquela sala idiota. Destravei o celular com as mãos trêmulas e encarei as mensagens na tela. Várias ligações perdidas. Nenhuma de Kate, o que era um bom sinal. Seis de Ryan e duas de Esposito, o que era apavorante.

Droga.

Me levantei em um salto, agarrando meu casaco na cadeira e me apressando para sair. Foi apenas quando cheguei na porta que me virei para os outros na sala.

— Eu preciso ir. – avisei, e sem esperar por uma resposta me virei e saí.

Liguei para o celular de Kate, e ninguém me atendeu como esperado. Com o coração ameaçando sair pela boca, disquei o numero de Esposito, que também não atendia. Aquilo era algum tipo de jogo? Com que rapidez podemos causar um infarto em um escritor? Disquei o número de Ryan.

— Castle! – ele atendeu no primeiro toque, parecendo dolorosamente aliviado.

— Ryan, o que houve? – perguntei de uma vez. Eu estava no meu carro agora, o colocando em movimento quase no mesmo segundo que prendia o cinto de segurança. Indo para onde, eu não sabia.

— Eu te liguei um milhão de vezes! E nós não temos o número da sua agencia... – ele parecia um pouco sem ar, como se estivesse caminhando. Ou correndo.

— Kate está bem? – o interrompi. Era tudo o que eu precisava saber.

Ele parou por um segundo.

— Uma coisa aconteceu.

— Ryan. – parei, meus dentes trincados. Por que ele estava enrolando assim? ­­­– Kate está bem?

— Oh, me desculpe! Ham, ela está bem, só... Onde você está?

— No meu carro, indo para a delegacia? – minha afirmação saiu como uma pergunta. Eu tinha a sensação que deveria ir a outro lugar.

— Não, não para o precinto. Para o hospital. – ele confirmou minhas suspeitas, e antes que eu pudesse perguntar: – A bolsa dela estourou, ela está em trabalho de parto.

Minha respiração ficou presa em algum lugar no meio do caminho, e meu pé ficou tenso no freio. O quê? Ela não podia, quer dizer, estava muito cedo. E eu não estava lá. Não foi o que nós planejamos. Era idiotice planejar algo assim, mas nós tínhamos.

— Castle? – Ryan chamou.

— É muito cedo! – eu disse.

— Eu sei, mas vai ficar tudo bem. – ele tentou me acalmar. – Olha, Kate está assustada, e não para de perguntar por você, e eu não quero entrar lá e dizer que você está chegando... Faz uma hora, cara. Ela está surtando. Sério.

Kate. Droga, ela não deveria ter que fazer isso sozinha. Se eu estava assustado, eu podia imaginar como ela estava... E uma hora?

— Como ela está? – perguntei apesar dele já ter dito.

— Ela está bem, só... assustada e com dor. Nós chegamos meia hora depois que a bolsa rompeu, e faz uma que estamos aqui. Talvez mais. Você devia se apressar.

­– Certo. Qual hospital? – perguntei e desliguei quando ele me passou os detalhes.

Tentei dirigir dentro dos padrões da lei, apavorado de ser parado por um policial agora. Eu certamente parecia um pouco fora de mim, o que não contribuiria para minha liberação.

Minha cabeça estava cheia de Kate, meus pensamentos tomados pelo seu rosto, pelo que eu sabia que ela estava sentindo. Nós havíamos planejado aquilo, e ainda faltava semanas! Como sempre, o mundo havia encontrado uma maneira de nos surpreender e testar.

Vinte minutos depois, eu estava largando o carro no estacionamento, voando pelas portas em busca da área correta. Não demorou muito até que encontrasse, e na minha pressa quase levei Ryan para o chão comigo quando esbarrei nele.

— Onde ela está? Kate está bem? O bebê... – soltei de uma vez enquanto tentava recuperar o folego.

Ryan levantou as duas mãos em um gesto calmante.

— Ela está esperando você e eu estou feliz por não ter que voltar lá dentro. É a vez do Espo agora. – ele parecia aliviado e me perguntei porque. Não podia ser tão ruim, podia?

— Certo. – balancei a cabeça e fui na direção que ele me apontava.

Não foi difícil encontrar o quarto correto, e eu parei na porta e a abri devagar. A cena me fez sorrir, estranhamente.

Kate estava sentada na cama em uma daquelas roupas horrorosas do hospital, em um tom de rosa que eu sabia que ela odiava, Esposito ao seu lado parecendo transbordar aflição. Era um pouco cômico ver o detetive tão assustado. O cabelo dela não estava tão bagunçado quanto esperado, mas grudava em seu pescoço e rosto em lugares estranhos devido ao suor. A maquiagem que eu a havia visto colocar essa manhã não estava mais ali, apenas uma marca distante e eu sabia que ela havia estado chorando.

Mas ela estava bem, e estava tendo nosso filho. Parecendo apavorada ou não, isso me fazia sorrir.

— Kate. – sussurrei e ela me olhou imediatamente. Nossos olhos se encontraram e o alívio nos dela trouxe lágrimas aos meus olhos também, meu coração perdendo o ritmo por um segundo. Ela parecia assustada além do que eu já tinha visto, e em um segundo parecia ter visto a solução de todos os seus problemas.

— Rick. – ela respondeu e estava chorando novamente.

Eu sequer hesitei, apenas caminhei vacilante em sua direção e a trouxe para perto, ela escondendo a cabeça no meu peito. Kate tremia um pouco, e eu começava a me preocupar. Mal registrei Esposito deixando o quarto.

— Ei, tudo bem! Está tudo bem agora. – continuei assegurando-a que tudo ficaria bem até que ela parou de tremer e o choro diminuiu.

— Eu estava com tanto medo! – suspirou e se mexeu para que eu a soltasse.

— Eu sei, eu...

— Onde é que você estava? – ela me interrompeu, a voz irritada servindo de apoio para o soco no ombro que me deu.

Ela estava prestes a ter um bebê e conseguia fazer aquilo!

Me encolhi um pouco e afaguei o lugar que ela havia batido.

— Ai! Isso foi totalmente desnecessário. – disse e recebi o olhar. – O celular estava no silencioso. O que aconteceu?

Ela se moveu na cama, deixando um espaço para eu me sentar ao seu lado.

— Não é óbvio? Eu estou tendo um filho de Richard Castle, isso aconteceu! – disse e revirou os olhos. – Então é claro que minha bolsa estourou cedo demais no trabalho por que ele precisava fazer uma grande entrada...

Eu ri.

­– O drama está em nosso sangue.

Kate riu também e deitou a cabeça no meu ombro, parecendo mais calma. – Eu estou feliz que esteja aqui.

— Eu também. – respondi e busquei por sua mão, apertando-a um pouco.

Ficamos em silencio por alguns minutos, até que senti Kate tencionar ao meu lado. Ela se afastou e apertou minha mão com força, os olhos se fechando. Um murmurio escapou por seus lábios e segundos depois ela voltou a relaxar, a respiração rápida. Oh.

— Isso...

— Contração. – ela afirmou. – Não é uma caminhada no parque.

Ela voltou a encostar no meu ombro.

— Sinto muito. – eu sentia mesmo. – Como estão as coisas?

Eu devia ter perguntado antes, de qualquer maneira.

— Eu estou com medo porque, Rick, é muito cedo! – eu a apertei um pouco. – Mas a médica disse que está tudo bem e só temos que esperar, que as vezes essas coisas aconteciam, mas não não devíamos nos preocupar...

— Vai mesmo dar tudo certo. – descansei minha cabeça sob a dela, e minutos depois outra contração se fez presente. Segurei sua mão e ajudei-a a respirar através dela.

A rotina se seguiu por horas. Nós havíamos caminhado algumas vezes ao redor do quarto, e ligado para nossos pais que eu sabia logo estariam ali. Nós havíamos conversado ou apenas ficado em silencio, atentos durante o tempo todo, esperando as vezes que o médico voltaria para checar Kate. E talvez meus dedos.

Kate estava cada vez mais ansiosa, e eu não podia culpá-la. Horas haviam se passado, e a dor apenas ficara mais forte e mais frequente... Eu tentava nos lembrar que cada segundo que passava nós ficávamos mais próximos.

— Por que ele não quer sair, Castle? – ela murmurou enquanto se recuperava da mais nova contração. O medico havia saído há meia hora e eu sabia que estaria de volta a qualquer segundo agora.

Kate me olhou com os olhos de quem implorava, como se eu tivesse a resposta para sua pergunta.

— Bom, você pode culpá-lo? – perguntei e afastei o cabelo grudado em seu pescoço. – Ele está todo seguro e quente aí dentro... Eu também não ia me apressar.

Ela sorriu fracamente.

— Eu sei, mas só quero que ele saia e quero conhece-lo. – sua voz tinha um tom choroso.

Nesse exato momento – com um timing impecável – nossa médica entrou no quarto. Foi com um suspiro aliviado que a respondemos quando ela disse que finalmente, finalmente estava na hora de empurrar.

— Tudo bem, Kate, quando sentir a próxima contração, eu quero que empurre com toda sua força. – Dra. Watson instruiu.

Kate fez como ela pediu. Era interessante ver ela assim, gritando de vez em quando sem parecer dar a mínima. Kate era reservada... Mas por outro lado, ela estava com muita dor. Aquilo era mais do que claro.

Eu sempre imaginara se quando duas pessoas eram próximas – próximas de verdade –, se em algum momento o que uma sentisse, a outra sentiria também. Aquela super conexão, como costumam dizer com gêmeos. De modo que, quando, minutos depois Kate gritou e empurrou mais uma vez, fui atingido com tamanha dor que fui obrigado a me perguntar se aquilo era mesmo algo real.

Antes que pudesse me animar com a teoria, descobri a fonte da dor: Minha mão que Kate ainda segurava, sendo esmagada quando ela apertou.

— Ouch! Eu sou escritor, você sabe. Vou precisar dessa mão no futuro. – disse e recebi o olhar outra vez.

Kate estava encostada na cama agora, suor escorrendo pelo rosto, cabelos grudados no pescoço. Ela parecia exausta.

— Talvez devêssemos trocar! - sugeriu.

— Certo. – sem lugar para piadinhas, então.

Segundos depois ela voltou a empurrar, se encostando na cama e fechando os olhos.

— Eu não posso... Não posso mais fazer isso. – quase chorou.

— Você está quase lá, Kate. – a medica lembrou.

— Não posso.

Ela parecia exausta, e achei que era minha deixa para intervir.

— Você pode, Kate, porque nosso bebe está quase aqui, e você é tão forte!

— Eu estou cansada, e com dor. – me olhou com olhos brilhando pelas lágrimas.

Pensei por um segundo.

— Tudo bem, me de espaço. –disse e a ajudei a se sentar, me sentando atrás dela na cama. Ela se aconchegou imediatamente em meu peito e eu pude sentir o quão cansada ela estava. Beijei seu rosto e segurei sua mão. – Vamos ter um bebê!

Ela sacudiu a cabeça para minha animação idiota, mas segundos depois outra contração chegou e ela empurrou. Com minha ajuda as coisas ficaram mais simples, e eu estava ainda mais perto para lembrá-la que estávamos quase lá.

Mais alguns minutos de gritos e dor – o auge sendo uma ameaça a minha vida e uma promessa de que eu jamais, em hipótese alguma, a tocaria novamente – e um som característico demais para ser confundido encheu o quarto. Kate se chocou com força contra meu peito, respirando pesadamente e eu passei a mão em seu rosto.

— Você conseguiu. – eu disse e ela não me respondeu, as lágrimas a impedindo de falar. Ela me olhou por um segundo e depois para a médica que já voltava com um pequeno embrulho em mãos.

— Ele está bem? – Kate perguntou com a voz embargada.

— É um menino lindo e saudável, com ótimos pulmões. – comentou enquanto passava o bebê que ainda choramingava para Kate, que imediatamente o colocou contra o corpo, como se fizesse aquilo desde sempre. Assim que sentiu a presença da mãe, o bebezinho se acalmou, a mãozinha fechada em punho tocando a pele de Kate.

Ele era lindo. Absolutamente perfeito, e eu estava irremediavelmente apaixonado por aquele serzinho. Kate passou a mão pelo rostinho corado, descendo pelo peito e agarrando a pequena mão. Ela se abriu e enroscou-se em volta do seu dedo e ela ofegou, seu rosto se iluminando.

Ela me olhou, os olhos nadando em lágrimas, a dor completamente esquecida.

— Ele é perfeito. – sussurrou.

— Ele é. – sorri. A cena era tão mágica, e eu tinha problemas para me impedir de chorar.

Kate voltou a olhar para o bebê bem a tempo. Ele abriu os olhos e meu coração tentou escapar quando o vi.

— Você estava certo, afinal! – ela riu. – Ele tem meus olhos. Olá! – disse bem baixinho para o bebê, que seguiu o som de sua voz.

Inclinei-me para frente e a beijei de leve.

— Eu estou tão feliz que sim!

Os olhos de Kate eram a coisa mais linda do universo inteiro, e eu não podia estar mais feliz. Sai de trás dela e me sentei na beirada da cama.

— Você... – sugeriu após um minuto olhando o filho e eu o peguei, me colocando de pé.

— Olá! – sussurrei e seus olhos vagaram até encontrar a origem do som e ele me olhou com atenção.

A mesma sensação de quando segurei Alexis pela primeira vez estava ali, o sentimento mais puro de amor e o instinto de proteção.

— Nós precisamos de um nome. – lembrei subitamente.

Ela pensou por um segundo.

— Que tal Matthew? – sugeriu adoravelmente tímida.

— Matthew Beckett Castle. Eu amei. – respondi e me voltei para o bebê. – Olá, pequeno Matt. – sussurrei e ele resmungou. Parecia satisfeito.

Voltei a me sentar na cama e Kate deitou a cabeça no meu ombro.

— Obrigada. – ela disse, e antes que eu tivesse tempo de responder: – Eu o amo tanto, Castle! Os olhos, o rostinho, as mãos tão pequenas! Eu o amo tanto, é algo... Eu não sei, eu só o amo, é surreal o quanto.

Sorri vendo-a lutar com as palavras. Eu sabia muito bem o que ela queri dizer.

— Eu sei. Eu o amo, também. Demais e ele já nos tem na palma das mãos. – eu ri e me virei para ela. – E eu amo você.

Kate me beijou então e disse as palavras que eu jamais me cansaria de ouvir.

— Eu amo você, Richard Castle. Eu mal posso esperar para viver o resto da minha vida com você.


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Notas finais do capítulo

E então??? Matt!!
Espero que tenham gostado!
Me contem o que acharam!
Beijo