Pura Confusão - Cobrina escrita por LabWriter


Capítulo 20
Ele está bem? | Karina


Notas iniciais do capítulo

Oiie!!!
Voltei, dessa vez não demorou tanto, né? Bom, vocês devem ter reparado que no título do capítulo eu coloquei "| Karina". Pq? Vai ser assim de agora em diante: quando a narração for feita por um único personagem, o nome dele vai estar no título. Outra coisa: nesse capítulo tem um diálogo que envolve umas 5 ou 6 pessoas, e pra não ficar muito confuso em relação a quem falou o que, eu mudei um pouco a forma de diálogo.
Muito obrigada a alinnee, AnaLaura e Bia Martins, que são as pessoas bonitas que favoritaram a fic.

Aproveitem o capítulo!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/588005/chapter/20

KARINA

Você já viu alguém morrer na sua frente? Mesmo que por apenas alguns segundos, é horrível. Principalmente quando é alguém que você considera tanto, quando é seu melhor amigo.

Eu não o conhecia há tanto tempo assim, mas não conseguia me imaginar sem ele, parecia que ele sempre esteve ali, e sua ausência seria como se algo estivesse errado desde o começo. Uma grande parte da minha vida se tornaria um vazio, um buraco que nunca poderia ser preenchido. Então, quando aquele som encheu o minúsculo espaço da ambulância...foi como se eu tivesse morrido também.

Antes que eu pudesse pensar em como reagir, dois enfermeiros me empurraram para longe dele e entraram na minha frente, me impedindo de ver o que estava acontecendo. Meu desespero era visível para qualquer um que olhasse nos meus olhos, e só fui perceber que tentavam reanimá-lo quando ouvi um “Afastem-se”. Eu torcia com todas as minhas forças para que ele voltasse, só que aquele desfibrilador encostando em seu peito diversas vezes não era algo que eu quisesse ver.

Fechei os olhos e tapei os ouvidos com força, talvez na esperança de que, quando eu olhasse de novo, percebesse que tudo não passava de um pesadelo. Eu não estava escutando nada, vendo nada e completamente sem coragem para me permitir fazer qualquer um dos dois. De repente, senti alguém afastando minhas mãos lentamente. Abri os olhos e encontrei um par de olhos verdes me encarando.

— Está tudo bem. — um dos enfermeiros disse calmamente, eu devia estar parecendo uma criancinha daquele jeito, mas ele parecia não ligar. — Escute. — ele completou. Tomando coragem, comecei a prestar atenção ao ambiente.

O primeiro som que eu ouvi foi o do tal “coisinho dos batimentos cardíacos”. Ele estava vivo. Ele ainda estava ali, e tudo ia ficar bem.

Não demorou muito para que chegássemos ao hospital e logo que as portas da ambulância foram abertas, o levaram para longe de mim. Eu sabia que já não poderia mais acompanhá-lo, então não insisti. Apenas o tal “enfermeiro dos olhos verdes” ficou para me explicar o que, exatamente, estava acontecendo.

— Olha, pelo o que nós pudemos entender, ele quebrou duas costelas, talvez uma perna e rompeu o baço. Os ossos quebrados não são um problema tão grande, mas quanto ao resto eu não posso dizer o mesmo. — ele começou, mais rápido do que eu podia acompanhar. — Ele teve uma hemorragia e perdeu muito sangue, o que dificulta as atividades do coração, e isso que causou a parada cardíaca que ele teve ainda na ambulância. E, se o coração não está funcionando direito, o sangue não está chegando ao corpo inteiro, o que pode ter causado falta de oxigenação no cérebro. Ele vai ser operado com urgência agora, mas só poderemos saber se houve algum dano ao cérebro quando ele acordar. Eu preciso ir agora, e você precisa ligar para alguém maior de idade que se responsabilize pelo seu namorado, já que você não pode assinar nenhum documento, caso seja necessário.

Dito isso, ele saiu, me deixando parada ali, completamente confusa. Não fazia ideia de no que pensar primeiro.

“Danos ao cérebro”? Não sabia bem o que isso significava, só tinha certeza de que não era nada de bom.

Me toquei de que ainda estava parada no mesmo lugar quando o meu celular tocou, e pude ver o nome do meu pai na tela. Ele já devia estar sabendo do meu “namoro” com o Cobra, e tenho certeza de que foi a Jade quem contou. Meio apreensiva, toquei no botão verde e levei o aparelho ao ouvido, ciente de que levaria uma bronca.

LIGAÇÃO ON

—Filha? — ele perguntou com a voz calma, me surpreendendo. Acho que a Dandara estava por perto.

— Oi, pai. Sou eu.

— Eu soube do que aconteceu com o Cobra. Ou devo dizer “seu namorado”? —já estava demorando...

—Olha ,eu só disse isso para poder entrar na ambulância com ele. Nós não estamos...

—Tudo bem, depois você me explica. — ele me interrompeu. — Como ele está?

— E-eu não sei.

— Como assim não sabe? Filha, em que hospital você está? —ele perguntou preocupado e eu pude ouvir vozes ao fundo. Com certeza, a Dandara estava por perto.

— É o mesmo de quando eu quebrei o pulso.

— Ok, daqui a pouco eu estou aí.

LIGAÇÃO OFF

~~~&~~~

Dez minutos se passaram e eu estava sentada em um, dos que pareciam inúmeros, sofás brancos e estranhamente limpos da sala de espera do hospital, quando senti alguém tocando meu ombro.

Como eu queria que fosse um médico trazendo notícias do Cobra, notícias boas, mas não era, e eu sabia bem disso. Afinal, é impossível realizar uma cirurgia em tão pouco tempo.

Levantei a cabeça, imaginando que veria o meu pai e, bom, era ele, e também a Bianca, a Dandara , o Duca e, para fechar o pacote de surpresas (ou não), o João. Todos pareciam igualmente preocupados. Fiquei tão surpresa por ver todos ali, que nem sabia bem o que dizer. Afinal, tanto eu quanto o Cobra, sabemos que ele não era a pessoa mais amada do bairro.

O meu pai eu entendo, ele realmente se preocupava, a Dandara...provavelmente estava ali para dar apoio. Mas os outros três? A minha irmã não era nem um pouco amiga do Cobra, muito menos o Duca, e o João, bom, acho que ele estava de “âncora” da Bianca. Então percebi que eles não estavam ali pelo meu amigo, e sim por mim. Isso me irritou um pouco, pois eu não importava no momento. Quem sofreu um acidente foi o Cobra.

Mesmo com um pouco de raiva, me controlei. Sabia que eles só estavam tentando ajudar e não seria justo descontar toda a raiva do universo que eu estava sentindo neles.

Eu: Todos vocês?

Isso foi a única coisa em que você conseguiu pensar, Karina?

Duca: Estamos todos preocupados. Na verdade, todo mundo que ficou sabendo do acidente.

Eu: Preocupados comigo ou com o Cobra? — perguntei sem pensar e os vi baixando os olhos.

Gael: Bom, com os dois, na verdade. — ele respondeu, tentando contornar a situação.

Assenti, em sinal de isso não importava muito no momento e eles se sentaram, ocupando quase todos os sofás daquele canto.

Dandara: E como ele está? — ela perguntou, me abraçando.

Era incrível o poder que ela tinha de saber exatamente o que nós precisávamos no momento. Um abraço, era isso que eu queria, apesar de não saber até estar envolvida por ela

Eu: Bom, eu não sei muito, só o que o enfermeiro me disse.

Gael: E o que ele te disse?

Eu: Disse que ele quebrou duas costelas, talvez uma perna e... — respirei fundo antes de continuar. — E também rompeu o baço.

Assim que eu terminei de falar, meu pai bufou e encostou as mãos no rosto, deixando o resto das pessoas confusas.

João: Isso é muito ruim? —ele se pronunciou pela primeira vez desde que tinha chegado. Ao ouvir a voz dele, automaticamente, me lembrei da cena que presenciei mais cedo. Porém preferi deixar esse tipo de pensamento para outra hora.

Gael: Pode ser.

Eu: É que ele perdeu muito sangue e isso dificulta a atividade do coração, o que pode causar falta de oxigenação no cérebro. Mas só vão poder saber se ele vai ficar com alguma sequela quando ele acordar. — expliquei, sentindo as lágrimas vindo.

João: Acordar? Acordar de que?

Eu: Estão operando ele. Acho que nós ainda vamos ter que esperar algumas horas para ter notícias.

Duca: Eu vi que quando colocaram ele na ambulância, estava consciente, devia estar sentindo muita dor.

E com essa frase, que era a mais pura verdade, eu me lembrei do apito da máquina. Me lembrei do sentimento que me dominou, mesmo que por pouco tempo, de como era a minha vida sem ele. Sem que eu pudesse impedir a mim mesma, comecei a chorar.

Gael: Filha, ele vai ficar bem. — meu pai tentava me consolar. Não queria deixar ninguém mais preocupado do que já estava, mas achei melhor contar o que tinha acontecido.

Eu: Na ambulância, ele...ele teve uma...o coração dele parou de bater. — tentei dizer entre soluços. — Ele morreu na minha frente. Em um segundo ele estava segurando na minha mãe e no outro não estava mais.

Dandara: Ô, minha linda. Vem cá. — ela chamou, me abraçando ainda mais forte.

~~~&~~~

Uma, duas, três horas passaram e nada do Cobra. A cada segundo, meu coração se apertava mais um pouco. Ainda estavam todos lá, os celulares já tinham tocado várias vezes, diversas pessoas procurando por notícias. A Bianca, o João e o Duca conversavam sobre alguma coisa que eu não conseguia entender, mas não parecia ter nada a ver com Joanca. Conseguia me lembrar perfeitamente deles se agarrando no sofá. Meu pai e a Dandara foram comprar alguma coisa para a gente comer e eu estava olhando para o chão, pensativa.

Mesmo passando todas as energias positivas possíveis para o Cobra, ainda não conseguia tirar os pensamentos pessimistas da minha cabeça. “Não posso perdê-lo, ele não pode morrer.”, era tudo o que passava pela minha cabeça.

Percebi alguém sentando ao meu lado no sofá. Levantei a cabeça e vi meu pai, segurando uma barrinha de cereal e uma garrafa de água, ambas estendidas na minha direção. Eu não estava com a mínima fome, mas já haviam passado muitas horas desde a última vez que eu tinha comido, então, sem falar nada, aceitei a barrinha e a água.

Eu tinha acabado de comer, quando um médico se aproximou de nós.

Dr: Você é a...namorada do Ricardo, certo? —ele perguntou para mim, me fazendo ficar vermelha e receber um olhar fuzilante do meu pai e da Bianca.

Eu: E-é...sim, sou eu. — menti, meio sem jeito e ansiosa ao mesmo tempo para saber como ele estava. — Ele está bem?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?
Eu estou bem empolgada com essa parte da história, então o próximo capítulo não deve demorar. Na verdade, ele já está quase terminado. Acho também que vou começar a colocar uma prévia do próximo capítulo aqui nas notas finais. O que vocês acham?
Muita gente achou que eu mataria o Cobra, mas eu não sou tão cruel. Garanto que morto ele não está.
E desculpe por não ter respondido os comentários de vocês, a minha internet estava péssima e eu preferi postar o capítulo primeiro. Prometo que vou respondê-los assim que possível.
Comentem o que vocês acharam, a opinião dos meus leitores é muito importante para mim.

Beijos e até o próximo capítulo!!!