O primeiro dia de setembro. Hoje era o dia. Abriu novamente o malão para garantir que não faltava nada, o coração acelerando de emoção. Daqui a algumas horas estaria livre, iria para Hogwarts. Só de pensar nisso o dia se iluminava. Ouviu a porta se abrir.

_Filha?_ era Lord Voldemort_ está pronta pelo que percebo_ sua voz era baixa e fria como sempre, mas sua expressão revelava que o que sentia pela garotinha à sua frente era o mais próximo que chegaria do amor_ gostaria de lhe acompanhar, mas lembre-se que imaginam que eu esteja morto, portanto, cuidado com quem fala e o que fala.

_Papai, eu vou me cuidar, nunca arriscaria sua localização_ ele se aproximou e lhe envolveu com os braços. Embora houvesse certa distancia e certo resguardo, era um abraço, que vindo do Lorde das Trevas era surpreendente.

Ela sorriu e juntos desceram as escadarias do castelo. Os Malfoy lhe esperavam no hall de entrada, pois iam lhe acompanhar até a estação de kings kross. Seu olhar se demorou no garoto loiro, olhos azuis, da mesma idade que ela. Ele era realmente bonito.

_Como vai Sr.Malfoy? Sra. Malfoy?_ ela abriu um sorriso encantador.

_Muito bem querida, é uma honra que o Lorde confie você à nossa família_ falou Astoria, esposa de Draco Malfoy.

_Então espero que não desperdicem este voto_ comentou friamente o Lorde que voltava por um corredor com uma caixa. Os Malfoy se apressaram a fazer profundas reverências seguidas de “Milorde” e “Não vamos decepcioná-lo” _Eu espero, arrisquem minha filha e não vão viver tempo suficiente para ver seu filho desembarcar do Expresso de Hogwarts_ sua voz estava mais ameaçadora que antes, o que deu certa satisfação à filha. Era bom saber que o Lorde das Trevas se importava com ela.

Revirou os olhos.

_E você Scorpius?_ o sorriso dela foi mais divertido essa vez. Eles eram amigos desde que nasceram.

_Melhor agora Lena_ ele também sorriu. Embora não tivessem nenhum parentesco, ela o via como irmão. Um irmão muito bonito.

_Melhor nos apressarmos_ anunciou Draco_ Milorde, com seu consentimento_ outra reverência.

_Claro, podem ir_ ele fez uma pausa_ Lena, espero vê-la na Sonserina_ ele falou tentando fazer parecer uma sugestão, mas ela soube que caso não entrasse para a Casa as conseqüências viriam.

Ela apenas sorriu e fechou a porta.

Eles fizeram aparatação acompanhada, Scorpius com Draco e Lena com Astoria. Apareceram em uma plataforma apinhada com pais e alunos, as despedidas abafadas por inúmeros pios de corujas. Faltavam cinco minutos para as 11 horas da manhã, horário de partida da locomotiva vermelha.

_Sugiro que embarquem para garantir uma cabine_ sugeriu Draco, ao mesmo tempo em que fazia um aceno de cabeça para um homem de olhos extremamente verdes, com óculos redondos, um pouco desajustados para sua idade, mas o que chamou a atenção foi a cicatriz em forma de raio saliente entre os cabelos rebeldes. Harry Potter. Desde pequena ela foi ensinada a odiar este homem. Com sucesso.

Scorpius virou o rosto, com vergonha da reação de seu pai, mas Lena entendeu. Cada um se virava como podia para manter-se fora de Askaban.

Eles assentiram e entraram na locomotiva, com os corredores já congestionados de alunos. Lena ficou feliz em poder aproveitar um pouco como aluna normal, situação que ia mudar depois do chapéu seletor.

Finalmente encontrando uma cabine vazia se sentaram, e começaram a conversar sobre as aulas que teriam em Hogwarts.

_Em defesa contra as artes das trevas estou passada_ ela deu um riso de deboche_ papai me ensinou todos os feitiços e maldições essenciais.

_Isso inclui as imperdoáveis?_ perguntou Scorpius curioso.

_Você me ouviu, apenas as essenciais_ ela fez uma pausa_ então já me considero especialista nelas, especialmente a Cruciatus_ agora eles começaram a rir com gosto.

Passado algum tempo, cada um estava absorto em algum livro da escola, interessado em aprender antes das aulas, quando um garoto abriu as portas da cabine com um sorriso tímido.

_Com licença, posso me sentar? Estava com meus primos, mas eles são uns idiotas_ depois que ele falou isso, pareceu arrependido. Acabara de falar mal da família para desconhecidos.

_Claro_ Lena sorriu, ele lembrava alguém.

_Sou Alvo Severo Potter_ agora ela percebeu, a semelhança era assombrosa. Os mesmos olhos e cabelos desarrumados.

Com uma súbita iluminação, ela achou melhor não falar que era filha do bruxo mais perigoso que já existiu.

_Lena_ apenas isso.

_Sobrenome?_ perguntou ele confuso.

_Você não quer saber.

_Quero.

_Não vai sair correndo daqui?

_Não_ ele demorou a responder, visivelmente assustado com o resguardo.

Lena olhou para Scorpius (Alvo já o conhecia, e não parecia simpatizar) que assentiu, encorajando-a- não que ela precisasse de ajuda para fazer ou dizer algo.

_Lena Slytherin_ novamente aquela cara confusa. “Menino lento” pensou ela. Provavelmente ele não fez a ligação do nome com Lord Voldemort, mas era meio óbvio que o Lorde não daria um nome como “Riddle” para a filha, afinal, era um sobrenome trouxa e como eram descendentes de Salazar Slytherin, achou por bem dar um sobrenome digno a Lena.

_Ah, legal_ sua voz estava tremula_ Vai se importar se eu disser que eu prefiro a Grifinória?

É claro que sim, mas considerando que ele era filho de uma traidora do sangue, era melhor que não se misturasse com os Sangues-Puros que tinham orgulho de suas origens.

Ela apenas sorriu.

_Alvo, nem todos na Sonserina são maus, e o que importa é o que você é, não o que seu irmão diz que é melhor_ Scorpius parecia tentar encorajá-lo a abrir a mente do menino para outras casas, e isso deixou Lena confusa, mas ela ficou quieta.

Ele assentiu, mas logo depois se retirou dizendo que voltaria para a cabine dos primos.

Lena e Scorpius passaram o resto da viagem em silencio, só conversando quando desceram do trem.

_Você não entendeu o porque de eu encorajar o Potter a ir para a Sonserina_ ela balançou a cabeça, concordando com a afirmação_ nunca ouviu falar na frase “mantenha os amigos perto e os inimigos mais perto ainda”?_ ela assentiu novamente, surpresa com a facilidade que Malfoy reconhecera Alvo como seu inimigo.