Laços de Guerra - 4ª Temporada escrita por nywphadora, nywphadora


Capítulo 6
Capítulo 6 - Todos estão indo embora...




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20 de Dezembro de 1997.

Jane e Audrey conversavam o que poderiam fazer para o natal, que estava próximo, enquanto Rony jogava xadrez bruxo com Archie. Amber lia um livro, ignorando a presença de Rony, como tinha feito desde que ele confessou ter abandonado Harry e Hermione.

— Ai! — gritaram Amber e Sarah levantando-se bruscamente.

— O que foi? — perguntou Fred, assustado.

— Tem alguma coisa queimando... — murmurou Amber, revirando os bolsos e tirando o que estava queimando.

— A moeda da Dumbledore’s Army — exclamou Sarah, virando-se para Fred — Por que você não sentiu?

— Eu nem sei onde está a minha — disse Fred, dando de ombros.

— Luna foi seqüestrada! — exclamou Amber.

— Luna? Luna Lovegood? — perguntou Oliver, incrédulo — Mas por quê?

— O The Quibbler tem postado coisas contra o Ministério — disse Sabelle — Devem estar usando Luna como uma ameaça.

— Eu até entendo ele — disse Sarah, olhando para a moeda — Se continuar publicando coisas assim, vão matar Luna.

— Então Neville re-criou o DA — disse Amber.

— Infelizmente, não podemos escrever nada sem que todos fiquem sabendo — disse Sarah, olhando desanimada para a moeda.

Amber deu um sorriso de lado e procurou o livro de Charlus Potter. Quem sabe houvesse algo de útil... Sua procura foi interrompida por um pigarreio, ela levantou o olhar e os outros fizeram o mesmo.

— Eu decidi que eu vou voltar — disse Rony, olhando para o chão — Eu acho que o Deluminator vai me ajudar nisso.

— Mas ele só apaga e acende luzes — disse Sarah.

— Eu acho que Dumbledore me entregou por outro motivo, além disso — disse Rony, encolhendo os ombros.

— Finalmente se tocou — disse Amber, friamente.

— Sim — respondeu Rony, sem se intimidar.

— Ótima decisão, Rony — disse Fred, dando uma palmada nas costas dele.

— Quando você vai? — perguntou Sabelle.

— Agora — disse Rony, decidido.

— Não quer esperar passar o natal? — insistiu Oliver.

— Não, é melhor eu ir agora — disse Rony, levantando-se — Vou pegar a minha mochila.

Ele subiu as escadas para ir até o quarto onde esteve dormindo desde que chegou.

— Harmonia Nectere Passus — murmurou Amber, revirando a moeda na sua mão.

— O que está fazendo? — perguntou Sarah.

— Tentando arrumar um jeito de me conectar somente à moeda de Neville — disse Amber — Li esse feitiço no livro do meu avô. Diz que re-estabelece uma conexão entre dois objetos. Provavelmente foi esse feitiço que Malfoy usou para consertar o armário sumidouro da Room of Requirements.

Sabelle concordava com a cabeça como se dissesse: “eu tô entendendo tudo o que você diz”. Archie riu, olhando carinhosamente para a namorada.

— Harmonia Nectere Passus — murmurou Amber — Harmonia Nectere Passus.

Antes que ela pudesse continuar, Rony desceu as escadas com a mochila sobre o ombro.

Fred se despediu de Rony com um abraço, Sarah também, já Sabelle e Archie apenas acenaram, já que não tinham intimidade com o garoto. Amber se levantou e abraçou a Rony, surpreendendo-o.

— Boa sorte com Hermione — ela sussurrou, antes de se afastar.

— Eu vou precisar — murmurou Rony, em resposta.

25 de Dezembro de 1997.

A campainha tocou enquanto Amber, Sarah e Audrey arrumavam a mesa para a ceia.

— Eu atendo — disse Jane, saindo apressada da cozinha.

Quando ela abriu a porta da casa, viu Levinda parada no batente da porta.

— Posso entrar? — perguntou Levinda.

— É claro que pode — respondeu Jane, sorrindo tristemente, fazendo-se de lado para que Levinda entrasse.

— Mãe! — exclamou Audrey, logo indo de encontro com ela.

Amber desviou o olhar concentrando-se para não derrubar a travessa que estava colocando na mesa.

Aquela foi uma noite sem preocupações. Sem Voldemort, sem Death Eaters e sem uma guerra espreitando do lado de fora.

28 de Dezembro de 1997.

— Tenho novidades — disse Audrey, colocando a capa no cabideiro.

Levinda havia partido no dia seguinte ao natal, sem abrir espaços para contestações.

Apesar de Audrey não conversar muito com Amber e Sarah como faziam com Sabelle, a sua companhia não era desagradável.

— Boas ou ruins? — perguntou Sarah.

— Harry e Hermione foram à casa de Xenophílius Lovegood — disse Audrey.

— Só eles? — perguntou Amber — Mas e Rony? Ele partiu há uma semana!

— Lovegood contatou os Death Eaters — continuou Audrey, indo para a cozinha — Escaparam por pouco. A casa dele foi destruída.

— Bem feito — murmurou Sarah, cruzando os braços.

— Então eles estiveram em St Catchpole — disse Fred.

— Não acho que eles tenham falado com a sua família — disse Sarah — Harry preza demais pela segurança deles.

— Por que eles iriam atrás de Lovegood? — perguntou Oliver.

— Eles se baseiam em muitas coisas estranhas — concordou Sarah.

— Talvez por causa disso — disse Amber, pensativa.

Não tinha relação alguma com as horcruxes. Xenophílius Lovegood poderia ser estranho, mas jamais se envolveria com artes das trevas. Em compensação, poderia ter a ver com os artefatos do conto dos três irmãos.

— O que era aquele colar usado por Lovegood no casamento de Bill e Fleur? — perguntou Sarah.

— Colar? Que colar? — perguntou Amber, atenta diante da nova informação.

— Um colar estranho — disse Sarah — Era um triângulo com uma letra grega dentro... Não, aquela letra grega tinha linha horizontal.

— Era um triângulo com um círculo dentro e uma linha vertical dentro do círculo? — perguntou Amber.

Sarah confirmou enquanto Amber desenhava o símbolo em um pergaminho.

— A lenda das Deathly Hallows, não? — perguntou Audrey, aproximando-se da mesa.

— Deathly Hallows — repetiu Amber — Quem as obtiver será o senhor da morte.

— É só uma lenda — disse Audrey, dando de ombros.

— Infelizmente não é — murmurou Amber.

Se Harry tinha ido atrás de Xenophílius Lovegood, apoiado por Hermione, era porque Dumbledore queria que eles soubessem da varinha das varinhas.

Ela olhou de soslaio para o Daily Prophet, lembrando-se dos artigos caluniosos de Skeeter sobre Dumbledore.

Será que Dumbledore era dono da varinha das varinhas?

9 de Fevereiro de 1998.

Janeiro passou na mais completa monotonia. Archie e Oliver foram conferir o caminho para o campo de quidditch do time local e confirmaram que estava abandonado.

Infelizmente, eles eram um grupo de apenas seis pessoas (sete quando Archie conseguia convencer à irmã), então tentavam improvisar o máximo possível. Tudo para não ficarem olhando para as paredes ou fazer limpeza no porão.

Audrey tinha ido com eles nesse dia, tinha recebido uma folga no Ministério e queria desestressar.

— É melhor voltarmos — disse Audrey em voz alta, olhando para o céu — Já vai escurecer!

Eles voltaram com as varinhas em punho, como sempre faziam, caso alguém reconhecesse a Amber ou Sarah. Mesmo que a casa dos Wood fosse mais perto do bosque do que as outras casas, tinha a possibilidade de serem vistos.

Oliver foi destrancar a porta dos fundos e eles entraram rapidamente, escondendo as vassouras da visão dos muggles.

— Estou exausta! — exclamou Audrey, apoiando a vassoura na parede da cozinha.

— Isso se chama falta de prática — provocou Sabelle, fazendo o mesmo movimento.

— Eu vou tomar um banho — disse Audrey, apressando-se para a sala.

— E isso porque não estamos usando as vestes de quidditch — disse Sarah para os outros — Se não, ela suar muito mais. Aquelas vestes são quentes...

— Mas imagina se todos da mesma casa usassem roupas diferentes — disse Amber — Ia ser a maior bagunça.

— Vocês são perfeitos uns para os outros — disse Archie.

Eles ouviram o grito de Audrey e apressaram-se para a sala com as varinhas em punho.

— Para! Para! — gritou uma voz masculina, fugindo de Audrey que lançava jarros na direção do vulto.

— Fora daqui! — gritou Audrey, pegando outro vaso para lançar.

— Opa! Opa! — Fred apressou-se para segurar a mão de Audrey, enquanto Archie tirava o vaso das mãos dela.

— Esse maluco apareceu do nada! — explicou Audrey, exaltada.

— As coisas se resolvem na conversa, senhorita funcionária do Ministério — disse Sarah, divertida.

— Essa garota tentou me matar! — disse o menino, indignado.

Quando Sarah viu quem era começou a gargalhar.

— Isso não tem graça, Sarah! — reclamou nada mais nada menos do que Lee Jordan.

— Poderia ter avisado! — disse Amber — Isso aqui não é a casa da mãe Joana.

— Eu não vou arrumar isso aqui — disse Sarah, olhando para os cacos de porcelana que estavam espalhados pelo chão.

— Vocês o conhecem? — perguntou Audrey, constrangida.

— Lee Jordan, meu melhor amigo — apresentou Fred, divertido, enquanto passava um de seus braços ao redor dos ombros de Lee.

— Foi mal pelo... Bem... Eu vou subir — disse Audrey, subindo as escadas.

— Depois desse ataque da Audrey, um Death Eater teria fugido — disse Archie, divertido.

— Ou saído do personagem — completou Sabelle — Prazer em te conhecer, tchau.

— Eu tô de olho! — gritou Oliver.

— Como sabia que estávamos aqui? — perguntou Sarah.

— Não sabia — disse Lee — Eu e George estivemos pensando em lugares para onde vocês pudessem ter ido. Aí me veio à cabeça que talvez você estivesse na casa do Oliver.

— Mas aparatar no meio da sala de estar? — perguntou Oliver, incrédulo.

— O que é a vida sem riscos? — disse Lee, dando de ombros.

Os cinco que ficaram se sentaram no sofá para conversar melhor.

— Como está George? — perguntou Fred, ansioso.

— Está bem. Todos estão — disse Lee.

— Acho que você não veio apenas porque estava com saudades — disse Sarah, levantando uma sobrancelha.

— Assim você me magoa, Sarah — disse Lee, dramaticamente enquanto colocava a mão no peito.

— Fala logo o que você quer, Jordan — disse Fred, rindo.

— É o seguinte — disse Lee, inclinando-se para frente — O The Quibbler não está mais informando a realidade da situação. Aberforth me ajudou com isso, mas a ideia foi minha...

— Fala logo, Lee — disse Amber, impaciente.

— Ele tem equipamentos para formarmos uma rádio informante do que está acontecendo — disse Lee — Seria um canal especial em que só quem tem a senha poderia ouvir e, claro, teríamos que fugir a cada transmissão para não sermos rastreados.

— É uma ideia genial, Lee! — exclamou Sarah, animada.

— Pensei que fossem gostar — disse Lee, sorrindo — Eu estava procurando vocês para que me ajudassem com a rádio. Serem correspondentes. Vamos usar codinomes, claro.

— É claro! — concordou Fred, recebendo a concordância de Sarah.

— Já sabe como vai se chamar? — perguntou Sarah.

— Potterwatch — informou Lee.

— Incrível — elogiou Amber, sorrindo levemente — Mas eu vou ter que recusar o convite.

Sarah virou-se para olhar Amber, menos animada do que antes e a ruiva entendeu o que ela estava pensando.

— Isso não é para mim — disse Amber, negando com a cabeça.

— Amber, se você quiser ir... — começou Oliver.

— Não, eu quero ficar aqui — disse Amber, decidida.

— Mas... — murmurou Sarah.

— Sarah, vão vocês — insistiu Amber —Eu vou ficar bem. Vou estar segura e saberei que está segura cada vez que ouvir a sua voz.

Sarah olhou para Lee e Fred, antes de voltar o olhar para Amber e Oliver. Ela se levantou e sentou-se do lado de Amber, abraçando-a.

— Eu vou sentir a sua falta — murmurou.

— A primeira senha vai ser O Eleito — disse Lee, animado, levantando-se — Obrigado mesmo, gente. Não são muitas pessoas em quem podemos confiar hoje em dia.

— É só bater a varinha no rádio que já vai direto para a estação? — perguntou Oliver, levantando-se também.

— É, quando as coisas estiverem prontas nós avisamos — disse Lee.

Fred arrumou as coisas enquanto Sarah se despedia de Amber, ele entendia como era deixar uma pessoa importante para trás.

— Você é bem diferente do seu irmão, Weasley — disse Audrey, cruzando os braços.

— Qual deles? — perguntou Fred.

— Percival — respondeu Audrey, bufando.

— Ele não é o meu irmão — disse Fred, rispidamente.

Audrey teve o impulso de falar que ele parecia arrependido, mas se conteve a tempo. Weasley era um imbecil e tinha que pedir desculpas para a família ele mesmo, se é que o seu orgulho permitiria isso.

— Boa sorte — disse Audrey, virando-se para sair.

— Espera! Eu não sei fazer isso ficar leve — disse Fred, antes que ela saísse.

Ela sorriu de lado e pegou a varinha.

— É melhor você decorar isso — disse Audrey, apontando para a mochila — Penapero. Extênsio.

— Valeu! Eu vou tentar me lembrar disso... — murmurou Fred, olhando para dentro da mochila.

— Se a Amber fosse com vocês, não teriam que se preocupar com isso — disse Audrey, dando de ombros.

— Eu não esperava que ela aceitasse — disse Fred, colocando mais coisas dentro da mochila — É uma idiotice aceitar ir sem ter certeza de que terá o que comer no dia seguinte, correndo o perigo de ser capturado pelos Death Eaters...

— Vocês gostam de se manter em movimento — disse Audrey, dando de ombros — Não é tão idiotice assim. É melhor do que a sensação de ver tudo isso de perto e não poder fazer nada. Daria de tudo para ir com vocês, mas não posso. Preciso desse dinheiro.

— Ajudaria denunciando as barbáries que ocorrem — disse Fred — Precisaremos de informantes.

— Ótima ideia! — concordou Audrey, feliz por poder fazer algo — Vou pedir para Amber me ensinar a fazer o patrono que fala.

— Estará ajudando muito — agradeceu Fred — Vou perguntar a Lee se conseguimos algum informante em Hogwarts.

— Do jeito que os alunos estão indignados, eu não duvido — disse Audrey — Boa sorte!

Ela saiu do quarto e Fred não demorou a segui-la para descer as escadas.

— Vamos? — perguntou Fred, assim que chegou na sala.

Sarah afastou-se de Amber antes que mudasse de ideia, levantou-se do sofá e pegou a sua mochila que Fred segurava em uma das mãos.

— Tomem cuidado — pediu Amber.

— Avisamos quando for transmitido — disse Lee, acenando com a mão.

Eles aparataram na sala de estar para que ninguém os visse do lado de fora.

— Espero que estejam bem — disse Amber, durante o jantar.

— Pena que não pude me despedir deles — disse Jane.

— Quando um menor de idade aparata acompanhado é rastreado, não? — perguntou Amber.

— Normalmente, o Ministério não se importaria com magia praticada por menores em zona com concentrações bruxas — disse Audrey — Entretanto...

— Eles devem estar procurando qualquer magia praticada por menores para apreender — completou Oliver.

— Principalmente porque todas as crianças são obrigadas a estar em Hogwarts — disse Amber, preocupada.

— Ela não está sozinha — Oliver tentou tranquilizá-la.

— Tem razão — disse Amber — Aberforth está ajudando.

***

Ouviu-se o som de aparatação em Hogsmeade, na altura do Hog’s Head e a porta ao lado abriu-se bruscamente.

— Entrem, rápido — mandou um homem barbudo.

Eles não hesitaram em obedecer, indo diretamente para o segundo andar do bar. Ao abrir a porta, uma pessoa levantou-se incrédula.

— Fred? Sarah? São vocês mesmos?

George e Angelina estavam na área reservada mexendo em um aparelho estranho que deveria ser o modo de transmissão até o rádio.

— Chegamos — disse Lee, desnecessariamente, enquanto puxava a porta com força.

George reagiu aproximando-se rapidamente de Fred, puxando-o para um forte abraço, enquanto sorria abertamente, como não tinha feito há meses.

— Eu não acredito nisso! — murmurou George, afastando-se de Fred para cumprimentar a Sarah da mesma forma.

— A mim ele não me cumprimentou assim — reclamou Lee, apressando-se para perto de Angelina — E aí? Como está indo?

— Está indo bem... — disse Angelina, mexendo em alguns fios e apontando para uma parte mais distante do emaranhado — Conectamos essa parte e o som está começando a sair. Ainda é fase de testes, mas estamos chegando bem perto. Depois de tudo pronto, só nos falta poder transportar isso com facilidade e colocar a senha.

— Não é tão difícil — disse Lee — Tem alguns feitiços próximos disso que podem ajudar.

— Amber e Audrey poderiam ajudar — disse Sarah, aproximando-se de Angelina para cumprimentá-la, deixando Fred e George a sós — Audrey trabalha no Ministério, saberia qualquer furo na lei e Amber saberia qualquer feitiço que pudesse ajudar.

— Ela prometeu nos informar do que está acontecendo lá dentro — disse Fred.

— Não vai ser perigoso para ela? — perguntou Sarah, preocupada — Vão descobrir que tem gente infiltrada.

— É só tomarmos cuidado com a informação recebida — disse George, dando de ombros — Ter cuidado para não dar pistas de qual cargo a pessoa pode ocupar no Ministério.

— Bom ver vocês de novo — disse Sarah, olhando para Angelina, George e Lee.

— Tive que fechar a loja — confessou George, olhando para Fred — Verity fugiu porque era nascida muggle. Mas os Death Eaters atacaram a loja em Novembro. Por sorte, estava em The Burrow, mas mamãe ficou paranóica.

— Tudo bem — disse Fred, dando batidas nas costas do irmão — Você resistiu até o final.

— Vão vir conosco? — perguntou Sarah para Angelina.

— Eu não sei se poderia — disse Angelina, colocando uma mecha de cabelo para trás da orelha — Não sou tão corajosa quanto vocês.

— Precisamos pensar os nossos apelidos — disse Lee, sentando-se em uma das cadeiras — O meu é River. O seu, Fred, poderia ser Rapier.

— Rodent — retrucou Fred.

— Rapier — disse Lee, divertido.

— Roedor? Sério isso? — reclamou Sarah para Fred.

Lee riu da encrenca em que meteu Fred e George o acompanhou.

— Eles jamais pensariam que nós usaríamos um apelido desses — argumentou Fred.

— Tá, né — disse Sarah.

— Madenhair — disse Lee para Sarah.

— Sem essa — retrucou Sarah.

— Então o que? — perguntou Lee.

— Spleenwort — disse Sarah, antes de pensar um pouco.

— Vocês têm uma facilidade para apelidos — murmurou Angelina, impressionada.

— Para uma emergência, George será Rapier e Angelina... — começou Lee.

— Nada de Rapier — interrompeu George — Hopper.

— Não sei o problema de vocês com Rapier — disse Sarah.

— Florete? É estranho! — disse Fred — De onde tirou essa ideia, Lee?

— Não sei, estou inspirado hoje — disse Lee, convencido.

— Lee — insistiu Angelina.

— Está bem, estive vendo isso a semana inteira — confessou Lee.

— Eu tenho medo do que irá me sugerir — disse Angelina.

— Truancy — disse Lee.

— Até que não é tão ruim — disse Angelina, enquanto George e Sarah concordavam.

— Tudo bem. Rap... Quero dizer, Rodent, Spleenwort, Hopper, Truancy e River — disse Lee.

— Eu acho melhor eu ir antes que o toque de recolher soe — disse Angelina, levantando-se ao olhar o horário.

— Tem isso? — perguntou Sarah.

— Eu acho que Wood mencionou isso em algum momento — disse George.

— Acho melhor começarmos a migrar agora — disse Fred — Se formos para casa, mamãe tentará nos convencer a ficar.

— Ou dormimos aqui — sugeriu Lee.

— Aberforth já nos ajudou muito. Não abusem — bronqueou Angelina, cruzando os braços.

— Tudo bem. Tudo bem — disse Lee, levantando as mãos como se estivesse se rendendo — Começamos a migrar hoje.

Sarah trocou um olhar com Fred e eles começaram a rir. Era tão bom estar entre eles novamente. Sentiam-se mais livres para brincar sobre a situação atual, sem medo de serem repreendidos.

27 de Fevereiro de 1998.

02h45min.

August levantou-se sobressaltado da cadeira quando ouviu as batidas na porta. Jane apressou-se para olhar pelo olho mágico (que de mágico não tinha nada, esses muggles...).

— Runcorn — murmurou Jane, colocando o robe por cima da camisola com rapidez.

— Esconda-os — pediu August, sem fazer som.

Jane correu para as escadarias descalça, isso abafou o som de suas passadas. Ela entrou no quarto de Sabelle e sacudiu-a com força.

— Sabelle, acorda! Anda! — pediu desesperada.

Por sorte, a castanha sentou-se sobressaltada.

— O que houve, tia? — perguntou sonolenta.

— Leve todos menos Oliver para o porão — pediu Jane — Um funcionário do Ministério está aqui.

Sabelle levantou-se rapidamente, assim que processou o que tinha sido dito. Jane dirigiu-se para o quarto de Oliver acordar a ele e Archie, enquanto Sabelle acordava a Sarah e Amber.

— Vai parecer muito suspeito esses colchões — argumentou Amber, em voz baixa.

— Não há tempo para resolvermos isso — disse Jane, apressando-os — Vão!

Sabelle empurrou o tapete e puxou os ladrilhos, abriu o alçapão, deixando a escada à mostra.

— Vá! Eu fico para trás — pediu Archie, observando enquanto Jane e Oliver escondiam as evidências de que havia mais pessoas na casa.

— Eu sou prima dele — argumentou Sabelle.

— E deveria estar em Hogwarts — contra-atacou Archie.

— Vamos, Sabelle! — ordenou Amber, puxando-a pelo braço.

— Vá para o quarto e finja que está dormindo — disse Jane para Oliver, antes de descer as escadas.

Oliver puxou um dos colchões do quarto de Sabelle e colocou por cima do dela. Pegou o outro colchão e colocou para dentro do armário. Foi para o seu quarto e empurrou a cama de Sabelle com um feitiço para o outro lado do quarto.

— Camananinvisibelis — murmurou Oliver apontando para a cama, fazendo-a se camuflar com a parede.

— Oliver — chamou Archie em um sussurro.

Ele se apressou para o corredor fechando a passagem. Estava puxando o tapete quando ouviu as batidas na porta cessarem-se e as vozes no andar debaixo.

Confirmou que o tapete estava bem colocado e certificou-se de que não havia mais nada no quarto de Sabelle. Amber pegou todas as suas coisas a tempo, ele fechou a porta silenciosamente e voltou para o seu quarto, deitar-se na cama e torcer para dar certo.

— O senhor não tem o direito de aparecer na minha casa a essa hora sem avisar — disse Jane, alterada, sua voz vindo do começo do corredor.

— Eu tenho todo o direito, minha senhora — retrucou o funcionário — Quem a vir assim pode até pensar que está escondendo algo.

Ele fechou os olhos quando a porta do seu quarto abriu-se bruscamente.

— Poderia explicar, Runcorn? Eu não entendo o motivo de tudo isso — murmurou August.

— O meu filho está dormindo. Poderia ter, por favor, a consideração? — murmurou Jane, irritada.

— Homenum Revelio — murmurou Runcorn, mas evidentemente não ocorreu nada.

Ele apressou-se para fora do quarto, abrindo outras portas do corredor. Jane trocou um olhar com August, antes de eles saírem do quarto e fecharem a porta.

— De quem são essas roupas? — exigiu Runcorn, ao abrir a porta do guarda-roupa do quarto de Sabelle.

— De nossa sobrinha — respondeu Jane, aborrecida — Ela sempre deixa algumas roupas caso venha passar o dia aqui.

— E onde ela está? — perguntou Runcorn.

— Na casa do namorado, desde a morte de Richard — disse August, olhando fixamente para Runcorn.

O funcionário olhou para os dois colchões amontoados um em cima do outro.

— E esses colchões? — perguntou Runcorn.

— Não temos outra cama para Sabelle dormir, então colocamos um colchão extra para ela não ficar perto demais do colchão — explicou Jane.

— Algum problema? — perguntou August.

— Estivemos procurando nos arquivos algo sobre os estudantes que não estão assistindo a Hogwarts — disse Runcorn, atento às suas reações — Não encontramos os NEWT’s da senhorita Cailler.

— A ensinamos em casa — disse Jane — Mas ela prestou os exames.

— Ela pode prestar novamente — disse August.

— Se ela está tão avançada, pode muito bem assistir a esse último semestre em Hogwarts — sugeriu Runcorn, dando um sorriso frio — Não estará perdendo nada. Não é mesmo?

Ele saiu do quarto com August e Jane atrás dele.

— Ela não pode simplesmente prestar os exames? — perguntou August.

— Temo que não — disse Runcorn, descendo as escadas e virando-se para olhá-los — Novas ordens de Thicknesse. Todos os alunos que prestaram os NEWT’s são obrigados a estarem empregados no Ministério da Magia. Nem que seja para limpar o chão. Boa noite.

— Bom dia — retrucou Jane, cruzando os braços.

August acompanhou Runcorn até a porta.

— Se eu fosse o senhor, controlaria os modos de sua esposa — murmurou Runcorn — Não queremos que arrume problemas com o Ministério, não é mesmo?

Ele saiu pela porta aberta e aparatou logo depois, sem se importar com os muggles. August fechou a porta com força.

— O que faremos agora? — disse Jane, angustiada.

— Vemos isso depois — respondeu August — É melhor que eles voltem para os quartos.

4h00min.

Amber acordou quando ouviu o som do abajur caindo no chão. Ela olhou por cima do ombro e viu Sabelle colocando-o de volta na mesa de cabeceira. Uma mala aberta estava em cima do colchão.

— Ei! O que pensa que está fazendo? — disse Amber, sem se importar em manter a voz baixa.

Sabelle pulou pelo susto e voltou a derrubar o abajur.

— Eu não posso continuar aqui — disse Sabelle — Já devem ter ido até a casa de Levinda atrás de mim. Eu não posso colocar mais pessoas em perigo.

— E vai fugir? — perguntou Amber — Todos vão ficar preocupados, pensando que foi seqüestrada ou coisa do tipo.

— Você melhor do que ninguém deveria saber que se despedir é pior — disse Sabelle — Faz você desistir.

— E se você morrer? Nunca terá se despedido — disse Amber.

Sabelle virou de costas para ela e seguiu colocando as suas coisas dentro da mala.

Quando acordou novamente, desceu as escadas para beber um copo d’água e viu Jane sentada à mesa de jantar, segurando um pedaço de pergaminho.

— Ela foi atrás de Levinda — disse Jane, sem se virar.

— Archie também — deduziu Amber.

— Ele acordou quando ela estava no corredor — disse Jane, jogando a carta na mesa — Infelizmente, não tivemos a mesma sorte.

— Todos estão indo embora — disse Amber, tentando ler o pergaminho sem pegá-lo, mas sua miopia estava pior do que nunca.

Jane segurou uma das mãos de Amber, apertando-a levemente.

— Seja forte, querida — murmurou Jane — Tenho a sensação de que isso está longe de acabar.


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