PEV - Pokémon Estilo de Vida escrita por Kevin


Capítulo 43
Capítulo 42 – Uma Mensagem para Riley




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/587879/chapter/43

Pokémon Estilo de Vida
Saga 03 – Guerra
Etapa 08 – Tempo



"O tempo muda tudo, acalma tudo, melhora tudo!
Mas o tempo não apaga nada, não resolve nada, não facilita nada!
E já que ele não se decide entre nos ajudar ou nos atrapalhar,
por que é que ninguém consegue dar um tempo no tempo?"



Capítulo 42 – Uma Mensagem para Riley





“… Com todo o ocorrido o multiatleta pokémon conhecido como Barreira, além dos títulos de Campeão da Liga Pokémon de Sinnoh e Campeão do Grande Festival de Sinnoh, agora leva o de General dos exércitos dos Países Lvres, uma vez que todos os outros generais e aspirantes ao posto morreram no que foi ficou conhecido caçada da vergonha.

Após a morte de Razor, sobrinho do imperador dos Países Lives, o exército tentou enocntrar o responsável pelo assassinato, mas o que tiveram foi uma morte de mais de trezentos soldados em um confronto direto na cidade de Khubar. A identidade do assassino não foi revelada, mas fontes indicam que ele morreu na batalha. O imério diz que as mortes ocorreram devido ao furacão que ocorreu na ilha, mas que o assassino já estava morto neste momento.

O imperador em pessoa nega que tudo tenha começado devido a problemas com um casamento arranjado e que não poderia esperar que seu exército vencesse um fenômero natural ou tão pouco viesse a se sacrificar para que um casamento arranjado viesse a ocorrer.

Apesar de negar todos os fatos, ele admitiu publicamente que um dos membros da família real, Roger Neet, matou o próprio pai e a irmã durante os eventos em Khubar. Roger já havia desafiado o pai para o Duelo de vida ou morte, o que é uma tradição do império. No entanto, por serem de família nobre e a luta decidir que ficaria com o cargo de general, teria de ser feita diante o imperador e não durante uma guerra, no meio de uma missão. A irmã parece ter sido vitima de um momento de fúria do rapaz.

De todos as pessoas perdidas, apenas o corpo de Maya Neet foi recuperado. Ao que tudo indica um grupo de estudantes que conseguiu fugir da ilha levou o corpo dela junto. Versões dizem que ela estava com vida e tentaram salvá-la. Outros dizem que levaram o corpo pois sabiam da identidade dela e ela serviria como moeda de troca. No final, esse grupo de estudantes foi o único sobrevivente.

Os Países Livres anunciaram luto de um ano e meio, número de mortes que ocorreram nessa que foi a guerra mais sem sentido já vista nos tempos modernos. Arton também declarou luto.

Nas próximas horas vamos exibir o caos ocorrido em Arton e que ações o governo pretende tomar para...”



– O clima do almoço já está ruim o suficiente. -



Não foi um resmungo ou um pesar. Foi uma voz suave que conseguia esconder bem tudo o que estava sentindo. Talvez tenha tido muita sorte de não ter morrido junto, ou mesmo de tê-lo visto viver tanto. Mas, independente do tipo de pensamento que pudesse ter a repeito sobre a sorte ou não da forma como tudo se deu, Julia Maerd sentiria para sempre saudades do irmão.



– Obrigada. -



Foi de forma timida que o agradecimento veio. Normalmente as pessoas ficariam constrangidas ou mesmo ignorariam o agradecimento pela ação de Julia. Mas, vindo de Riley a coisa era diferente.

Após uma semana do incidente que varreu Khubar, Riley Mevoj ainda chorava a maior parte do tempo. Falava o mínimo necessário e tentava todo o tempo ficar sozinha, o que não era fácil já que a casa Maerd recebia a todo momento um visitante diferente querendo prestar seus sentimentos.

A menina repetia mentalmente todo o ocorrido naquele dia até a confirmação de que Kevin havia morrido, dois dias depois. Pidgeot tirou-a da ilha levando-a para o local onde John havia levado o corpo de Maya e os outros se encontravam. Ao ver novamente o corpo da família abraçou o corpo chorando e perdeu o momento em que a ave voltou para junto de Kevin.

Fora Lívia quem alertara todos que a tempestade estava se transformando em um furacão e foi John quem anunciou o entendimento de que aquilo era o Tornado Vertical de Pidgeot. A medida que a ilha ia sendo dizimada pelo ataque de Pidgeot, a menina ia compreendendo como que Kevin não pretendia voltar daquela batalha, assim como todos.

Quando o grupo de Julia chegara e iniciara as buscas por Kevin a Mevoj mantinha as esperanças de que talvez ele apenas tivesse se escondido para ter certeza que tudo iria estava bem e que todos estavam seguros. Mas, ao conhecer Julia Maerd, a imagem cuspida de sua prima e melhor amiga, e ver no rosto dela que ela não acreditava naquela possibilidade a menina desabou.

Nem mesmo a chegada do pai, liberto com o fim da guerra, foi o suficiente para acalmar a menina. Julia convidou-os para irem com ela para Kanto, para que pudessem se refazer e ela ter a oportunidade de conhecê-los e saber mais de Maya.



– Deveria comer. -



Lívia sugeriu a Riley ao ver que ela nem mesmo havia tocado na comida. O tom estava carregado de um ressentimento que nem ela mesma sabia dizer de onde vinha.

Lívia Landsteiner havia ficado em choque após a confirmação da morte de Kevin. Os amigos vivos quiseram levá-la para casa, mas Leila, a irmã, disse que ela não podia ir para a casa dos pais. Mesmo após a intervenção de John para convencer o pai dela que ela precisava de cuidados, ela continuou sem ter para ir.

Julia Maerd ao estar para partir, junto a Riley e Cody, compreendeu a situação da menina. Conversaram por alguns instantes, tempo o suficiente para que a mais velha entender que a Landsteiner amava Kevin e tudo o que ela estava passando era culpa dele. Julia não poderia deixar a menina a própria sorte.

Fosse a rejeição do pai, o trauma dos horrores vividos, a falta de um lugar para chamar de seu ou a morte de Kevin, a jovem Landsteiner mais velha vivia com o ressentimento total em suas ações ou emoções. Riley acreditava que fosse só com ela, por Kevin se envolver com ela. As vezes, até mesmo Lívia acreditava naquilo.



– Esse era o doce favorito dele. - Comentou Julia apontando para algo na mesa do almoço. - Deveria experimentar. -



Desta forma a casa Maerd tornou-se cheia novamente. Enquanto o mundo chorava pela catastrofe que aconteceu e voltavam a sua vida, os quatro naquela casa, ainda não estavam prontos para reencontrar o caminho deles.

A casa de dois andares com cinco quartos na parte de cima e uma grande sala de televisão, salão de jantar e cozinha novamente ficava com a quantidade de moradores que deveria ter, mas que dificilmente deveria manter.

A cidade de Tin era calma e respeitava o luto dos quatro, ajudando no que era necessário e mantendo os curiosos afastados, inclusive os insistentes jornalistas.



– Gostaria que ela começasse a comer de verdade. - Cody disse esboçando um sorriso. - Mas, açúcar deixa jovens agitados. Então, cai de matando! -



Cody talvez fosse o mais confortável, mentalmente, dos três. Sentia a morte de Maya a quem criava como filha, assim como também sentia a morte de Kevin a quem tinha como um grande amigo em quem podia confiar seus bens mais valiosos. Sentia-se culpado da morte dois e se pergunta se fugir do império, anos atrás, foi realmente uma boa ideia.

Saber que Kevin era o prometido de sua filha o deixou perplexo. Era como se o destino tivesse tramado para eles se juntarem. Era como se fosse mais do que destino a união deles. Tanto que com poucos dias de convivência os dois se apaixonaram. Paixão essa que o pai ficou desconfortável em saber, mas com ele morto não parecia fazer a menor diferença.

A morte dele havia libertado-os da prisão do império. Sua esposa, mãe de Riley, chegaria a Tin em dois meses, pois já havia sido liberta agora que não havia mais casamento a ocorrer. Barreira cuidou de interceder pelos Mevojs, convencendo o imperador de que o culpado daquilo fora Roger e que desta forma fora o próprio império e que uma punição só mostraria o mundo que tudo foi por causa de um casamento arranjado.

A verdade é que Barreira intercedeu por ele mesmo. A imperatriz achava interessante que Riley viesse a se casar com Barreira, afinal ele era tão talentoso que poderia gerar o coordenador perfeito que ela tanto queria. Ele preferia levar ele mesmo esse fardo, não queria ser o substituto de Kevin.



– É mais gostoso do que parece. -



Comentou Riley forçando um sorriso enquanto deixava seu prato de comida de lado e provava um pouco do doce favorito de Kevin.



– As quatro da tarde vou lidar com os pokémon de Kevin que ainda não sabem da noticia, com exceção dos Bersekers que sobraram. - Comentou Julia. - Eu gostaria da ajuda de vocês, não são muitos, mas acho que podem conhecer um pouco mais da história… -



– Não! -



Julia havia sido interrompida por Lívia que se levantou transtornada. Sua face estava vermelha e os olhos mostrando estar realmente lutando para não explodir naquele momento. Estava com uma blusa azul de alças e uma calça de moletom justamente porque não queria fazer nada que a fizesse sair de casa.



– Foram os pokémon que mataram Kevin. - Lívia fechou os punhos tentando conter o choro. - Fantasmas, Império e todos os outros só iam atrás de Kevin por causa dos pokémon. Se ele não tivesse os pokémon… - Ela parou por alguns instantes vendo que os três olhavam-na de formas distintas. - Não foram apenas os pokémon assassinos. Foram todos os pokémon, tudo era só porque ele teve um pouco de talento e um pouco em uma jornada que ele sequer queria fazer. -



– Calma Lívia! - Julia disse, mas viu a menina a encarar.



– Não diga que não é verdade! - Disse Lívia olhando para Julia. - Kevin nunca quis ser treinador, mas as pessoas o empurravam para tal coisa. Ele nunca gostou de pokémon quando pequeno. Ele me disse. Ele me mostrou. Eu odeio pokémon e não quero nunca mais chegar perto dessas criaturas que se fazem de boazinhas, mas despertam o pior das pessoas! -



Ele berrou caminhando para fora da sala de jantar enquanto Coddy e Riley tentavam processar tudo aquilo. Julia suspirou assim que a loira Landsteiner chegou ao local que terminava o local onde estavam e começava outro ambiente da casa, a sala de televisão.

A jovem Landsteiner se virou para Julia, em lágrimas. Soluçava e tremia. Julia fez que levantaria, mas Llívia espalmou a mão no ar, num gesto de quem precisava de um momento.



– Eu entendo o amor que você tem pelos pokémon como Mestra Pokémon. Entendo o amor que ele tem por essas criaturas. Eu entendo e respeito e admiro. Mas… Não consgio mais me aproximar dessas criaturas. Se elas não tivessem entrado na vida dele, ele ainda estaria vivo. Bem, mal, perto, longe… Ele ainda estaria aqui! - Lívia funngou tentando conter as lágrimas. - Desculpa por ofender seu modo de vida. Vou arrumar minhas coisas e… -



Lívia esteve todo o tempo naquela sua última fala tentando conter as lagrimas e por isso fechará aos olhos. Parou de falar ao sentir que fora abraçada. O susto fora grande, mas não se importava em identificar qual dos três estaria fazendo aquilo.



– Você vai embora quando eu disser que pode ir embora. - A voz de Julia era tão calma que só fez Lívia ficar ainda mais abalada. - Está certa sobre ele não querer essa vida de treinador e sobre isso ser a causa da morte dele. Mas… Os pokémon na vida dele são o motivo para a vida de muitas outras pessoas. Mais do dobro do que morreram em Khubar naquela noite. -



Julia conduziu a menina chorosa para a sala de televisão a colocando no sofa e ficando por ali com ela. Os Mevoj se olharam por alguns instantes sentindo o peso de tudo aquilo. Lívia havia ficado muito traumatizada com tudo e talvez de todos os que sobreviveram ela tenha sido a que mais viu coisas ruins. Mesmo tendo entrado em choque por diversas vezes, ela ainda não havia dado vazão a tudo o que estava sentindo. Seu choro era sempre contido, sua desolação era sempre silenciosa. Irritava-se com alguns assuntos sendo rispida, mas aquela era a primeira vez que ela verbalizava o que realmente estava sentindo e pensando de tudo aquilo.

Se Cody sentia-se culpado pela morte de Maya e Kevin, Lívia elegera os pokémon como culpados a pondo de passar a odiar a todos eles. Ela que nunca fora muito ligada aos pokémon agora tinha, que via no pai o desprezo por qualquer coisa que envolvesse os treinadores, agora tinha motivos de sobra para nunca mais se aproximar dar criaturas.



– Vou retirar a mesa e lavar a louça. - Disse Cody. - Porque não sobre e escolhe uma roupa para irmos ajudar Julia mais tarde? -



Riley olhou para o pai e depois para si mesma. Estava com um pijama rosado de flanela e nem se dava conta que já o usava a dois dias, sem ao menos tomar um banho. Julia e cody estavam intervindo em Riley o mínimo necessário para que ela não viesse a entrar em depressão, principalmente quando ela soube que não teria enterro de Kevin, já que o corpo não estava sendo encontrado e não poderia ir ao enterro de Maya, já que o Imperador fechou as fronteiras e eles corriam risco de não poderem sair se voltassem.



– Eu… -



Riley não queria ir até os pokémon de Kevin. Não achava que os pokémon eram culpados, mas não queria levar aquela noticia ruim a mais ninguém. Não queria ser ela a dizer aos pokémon de Kevin que a pessoa que tentava trazer o melhor deles para fora, assim como fez com ela, não ia mais poder estar com eles porque alguém tirou a vida dele.

A menina se levantou sem dizer nada e tomou o caminho das escadas da casa, deixando o pai olhando-a sem saber o que fazer para diminuir a dor que a filha estava sentindo. Mas, não conseguia lidar com a própria dor.

A jovem Mevoj sabia que todos da casa estavam sofrendo e tentava, o máximo que podia, não dar trabalho ou preocupar o grupo. De certa forma ela até sabia que estava para entrar em depressão e por isso lutava para se reerguer. Mas, ela nunca havia passado por uma perda como aquela. Qualquer sofrimento que teve na vida tinha seu pai e Maya como porto seguro.

Não podia despejar tudo no pai naquele momento, ele estava sofrendo como ela. Se por um lado a dor da jovem Mevoj era por ter perido uma irmã e um noivo, o patriarca da família sentia-se responsável pela morte da filha, do futuro genro e ainda sentia-se imponente diante da dor da filha.

Com tanto na cabeça, a escada para Riley passou despercebida. Fez, por instinto, o que estava fazendo diversas vezes desde que chegara, parar diante a porta do único quarto que da casa que ela ainda não tinha entrado. A porta estava sempre fechada e apesar de não trancada, a única que entrava era Julia.

Era um facínio bobo, quase que infantil. Mas, era uma parte de Kevin que ela não conhecia e após uma semana sem ele, a falta que sentia precisava ser preenchida de alguma forma. Ele estava morto e ela não poderia mais abraçá-lo, conversar com ele ou beijá-lo. Mas, talvez houvesse magia naquele quarto, algo que a fizesse, por alguns isntantes, fazê-la sentir a presença dele de novo. Preencher aquele vazio que ela sentia, mesmo que por alguns instantes.

Mas, ela tinha medo do quarto. Sabia que depois que entrasse no quarto a magia dele acabaria e queria deixar como último recurso. Além disso, não sabia se poderia entrar no quarto que vivia de porta fechada.



– Fico me perguntando quando você vai tocar a maçaneta e entrar. -



Ela saltou assustada olhando para trás. Julia estava parada observando-a parada diante da porta. A morena abaixou a cabeça envergonhada e ensaiou uma saída rápida para o seu quarto.



– Não é um local proibido. Só deixo a porta fechada para que a poeira não fique entranado, sou uma Mestra Pokémon, nem sempre tenho tempo de limpar a casa. - Julia percebeu que Riley não olhou para ela e realmente parecia estranha quanto a porta e estava saindo. - Além disso, não sei se o que veriam no quarto faria bem a vocês. -



Riley se virou para Julia ao escutar aquilo. Imaginava que o quarto a deixaria bem e nunca imaginou que poderia se sentir pior ao entrar no quarto. Fechou os olhos tentando imaginar o que poderia deixá-la mal, o que haveria naquele quarto que a faria se sentir triste. Mas, já sabia que ele havia matado pessoas. Já sabia que ele havia tido uma namorada anterior e já sabia que duas amigas que tinham sentimentos por ele moraram na casa, podendo ter algum elemento delas no quarto. Nada daquilo parecia ser o suficiente para fazer ela se sentir pior.

Mas, eles não tinham uma única foto juntos e ver as fotos dele acompanhado poderia chatear. Nunca vira a foto de uma Joy jovem e arrumada, isso daria ideias de querer se comparar a ela. Pior, daria a ela a ideia de comparar-se com Lívia. Felizmente, ela já havia pensado nisso tudo durante o trajeto para a casa dos Maerd ao perceber que Lívia a encarava todo o tempo.



– Não te afeta? - Questionou Riley a Julia. - Quero dizer… Não sente fata dele a ponto de precisar se afastar das coisas dele para poder superar? -



Julia olhou e sorriu docemente para ela.



– Como consegue sorrir? -



A morena abaixou a cabeça sentindo-se oprimida. De repente a voz de Kevin vinha a sua mente, repetindo as palavras que ele disse a ela sobre porque ele sorria o tempo todo.



– Não precisa dizer. - Ela levantou o olhar. - Ele me disse porque ele sorria e sei que é por isso que está sorrindo também. -



– A última vez que falei com ele, foi naquela em uma vídeo-chamada que o Noah nos conseguiu enquanto voamos para lá. - Julia encostou-se na porta, sem fazer menção em abrí-la. - A expressão dele estava tão abatida e angustiada por achar que eu tinha morrido que eu tive certeza, ao terminar a chamada, que ele tentaria resolver sozinho para não me perder de novo. -



Daquele pedaço Riley não sabia. Julia fora bem reservada sobre o que ela andava sentindo e dando mais atenção aos seus visitantes do que a própria dor. A viram chorar apenas enquanto estavam em Arton e a caminho de Kanto. Ela chorou muito, na frente das pessoas, e muito mais sozinha. Gritou com todos os companheiros com poderes psiquicos e os amigos da sociedade secreta para acharem o irmão, mas ele estava morto e o corpo estava no fundo do mar.

Pidgeot acabou retornando para casa, em Kanto. Julia o encontrou quando chegou e acionou todo o grupo de psiquicos que após analisarem Pidgeot e sua mente viram que ele jogou mais da metade dos escombros que foi pego pelo tornado no fundo do mar. O corpo de Kevin Maerd Júnior jazia no fundo do mar.



– Mas, vocês estão aqui para me contar o que viveram com meu irmão em Khubar para que eu possa me sentir mais pertinho dele. - Ela riu. - E confesso que gosto do que estão me mostrando algo de bom para ela? -



Riley franziu o cenho, demonstrando não ter entendido. Eles só choravam, sequer tinham conseguido contar algo que não terminasse em choro. Como poderíam estar mostrando algo de bom?

Julia girou o corpo pegando na maçaneta e abrindo a porta. Riley deu uns passos timidos tentando acompanhar Julia, mas não teve coragem. Chegou apenas no batente da porta e a observou indo até a escrivaninha.

Mas, a morena não conseguiu acompanhar. Da porta ela tinha a visão de um quarto organizadinho e cheio de pequenas lembranças de seu ex-dono. Via alguns retrados, de longe e se perguntava o quanto as pessoas da foto gostavam dele. Sentia o cheiro do perfume que ele costumava usar. Conseguia imaginar ele deitado na cama dormindo, como dormia no sofá da casa dela. Sentado na escrivaninha estudando, ou deitado no chão lendo ou escutando alguma música.



Deve ser por isso que ela mantém a porta fechada. Se eu consigo vê-lo aqui dentro, sendo que nunca o vi aqui, ela deve ter muitas outras lembranças. Se deixa-se outra pessoa dormir aqui, ou mesmo ficar entrando, acabaríamos tirando as coisas dele do lugar e desfazendo o local das lembranças.



Riley parou de sonhar acordada ao perceber Julia junto dela a sorrir, provavelmente da cara boba que ela estava fazendo. Riley envergonhada deixou que suas covinhas aparecessem naquele momento e baixou o olhar e viu que ela segurava um celular na mão esquerda. Celular que ela estava reconhecendo-o.



– Parece com o celular de Kevin. -



– É o dele. - Julia esticou-o para a menina. - Em nossas buscas achamos ele e o guardei aqui. Tem uns vídeos de vocês dançando, ou tentando. - A loira riu deixando a morena sem graça. - Acho que deveria salvá-los. -



Riley pegou o aparelho tentando se lembrar do vídeo, mas não conseguia se lembrar dele gravando a dança. Seu rosto ganhou um sorriso, com as lembranças deles dançando. Era verdade, o quarto era muito mágico.



<><><><>



A noite chegou antes que os quatro percebessem. No final todos foram com Julia dar a noticia aos pokémon, apesar de apenas Julia falar e agir. O trio de visitantes limitou-se apenas a observar, mas talvez fosse complicado para qualquer um ver qualquer ser vivo parecer desabar em lágrimas com o ocorrido e alguns até parecerem não acreditar e tentarem uma fuga para irem procurar, eles, mesmos, o treinador. O cansaço mental e emocional cobrou mais do físico e com isso acabaram recolhendo-se para a privacidade dos quartos bem mais cedo do que se esperava.

Deitada na cama, hora chorando e hora sorrindo, ao relembrar do que viveu, Riley tentava dormir. Mas, ela já admitia que aquela parte do dia, talvez, fosse a que mais sentia falta dele. Durante todo o tempo que teve contato com ele acabou por passar boa parte da noite conversando ou simplesmente na presença dele. A última noite, um pouco mais mágica, acabou dormindo com ele a embalando.

Fosse o trauma do vivido ou simplesmente o mau costume adquirido naqueles poucos dias. O momento em que se preparava para dormir, a noite, fazia-a ficar procurando-o em volta. Na esperança que ele surgisse a qualquer momento para poder ficar ali com ela. Por isso, tentar dormir durante o dia parecia mais fácil, Kevin fazia muita coisa durante o dia e se ela viesse a cochilar, ele não aparecia.

Erguendo o corpo e sentando-se na cama ela olhou pelo quarto em penumbra. Cama, guarda roupa, escrivaninhas e almofadas. Não havia nada de diferente entre os demais quartos, além de fotos que no de Julia e Kevin davam um tom mais pessoal, junto com outros elementos que diziam quem eles eram.

Levantou-se ajeitando o novo pijama que usava. Ainda sentia o cheiro de novo que ele tinha, já que todas as roupas que estavam disponíveis ali eram novas, tudo o que tinha antes fora destruído. Essa era uma das coisas que deixava o trio um pouco desconfortável, mas haviam milhões que Kevin tinha guardado para pagar a faculdade e que certamente gostaria de poder gastar com aqueles três.

Ela caminhou até a escrivaninha e pegou o aparelho celular de Kevin, que deixou carregando, e depois abriu uma gaveta e pegou fones que havia encontrado ali. Voltou a cama sentando-se e cobrindo-se, um pouco, com a colcha.

Julia havia falado dos vídeos que Kevin havia feito deles na tentativa de ensinar a menina a dançar, talvez aquilo viesse a ser o suficiente para que ela pudesse senti-lo perto o suficiente para conseguir dormir aquela noite. Nas noites anteriores estava tão cansada e exausta que aos poucos acabava adormecendo, mas acordou razoavelmente disposta naquele dia, próximo do horário do almoço.

Não demorou muito para identificar o vídeo da sua primeira aula, achou pela data já que existia vídeos de algumas aulas e mensagens que parecia que ele estava gravando para alguém. Sorriu de imediato ao ver o vídeo começar a rodar e entender porque ela não percebia a filmagem. Kevin colocava música para tocar pelo celular e deixava-o em cima de algo que ela não conseguia identificar, mas acreditava ser o topo da cabeceira de sua cama. Para ela, ele soltava o celular deitado próximo da cama e não em pé apontado para eles.

Era a forma como Kevin polia seus movimentos de dança para o show para movimentos mais difíceis. Ele filmava suas tentativas e depois revia, identificando o que ele poderia melhorar, corrigir ou modificar. Não pretendia usar aquilo para polir Riley, mas já era de seu costume ensaiar gravando, por isso não se tocou em falar isso para a menina.

Riley tentava conter os risos do que via. Kevin as vezes se afastava ou se abaixava para não ser acertada por ela em alguma tentativa de movimento dela. Ela realmente sentiu-se envergonhada nas primeiras tentativas, ela se com as covinhas e muito sem graça no vídeo, mas agora ela ria das tentativas. O vídeo acabou e ela foi ao segundo vídeo onde quase tudo era igual, mas Kevin fazia de esquivas passos fazendo Riley rir com aquilo, ficando mais relaxada.

A morena viu o vídeo terminar e ficou sorrindo com os fones de ouvido. Foram realmente dias especiais para ela. Kevin era especial, a paciência e o carinho com o que ele a tratava era muito chamativo para ela. Mexeu no celular indo para o último vídeo, a última vez que dançaram, na quarta feira, mas estranhou que o último vídeo não fosse o da dança deles na quarta. O último havia sido gravado na quinta e antes desse é que estava o vídeo deles dançando na quarta.

A Mevoj ficou em dúvida se deveria assistir ao último vídeo ou não, ao que parecia, pela data e horário, era uma gravação feita enquanto ela e Maya se preparavam que eles fossem ao centro pokémon, naquela quinta feira. Respirou fundo e acionou o vídeo.



“ - Oii, Gatinha!! - ”



A imagem de Kevin apareceu sorrindo. Nem parecia um vídeo gravado, parecia que ele realmente estava olhando para ela em uma videochamada.. Chegou a pausar o vídeo assustada. Acertou o cabelo por um momento rindo dela mesma, o desejo de que ele estivesse vivo era tão grande que ouvir a voz dele como se estivesse falando com ela a fez ficar arrepiada. Voltou a deixar rolar o vídeo.



“ - Você faz aniversário dois dias depois de mim e meu pai disse que adiantei dois dias para nascer. - Ele começou a falar. - Quando eu tinha 5 anos dizem que fui a uma região chamada Kunda na época da virada do ano. Seu pai me falou que você e sua família estiveram lá na mesma data. - Kevin ficava olhando a tela. - Eu atrasei-me para chegar na Copa Equipe anos atrás e Maya comentou que a comitiva dos nobres dos Países Livres, junto com você, saiu de lá quase na mesma data que cheguei. - Ele dobrou a cabeça. - Estivemos em Hoeen na mesma época, mas em lados diferentes da região. - Ele piscou algumas vezes. - Após a Quest Liga estive em uma ilhota, a caminho do vestibular, e nos esbarramos naquele dia. Não nos vimos realmente, vocês três estavam em fuga, correndo em uma direção e eu atrasado correndo na outra. Nos chocamos, mas não chegamos a olhar uns para os outros. Como sei? Maya comentou uma das situações e lembro que isso ocorreu comigo. - ”



Kevin ficou para sorrindo para câmera. Ela olhava-o com lágrimas nos olhos, com saudades e achando curioso tudo aquilo que ele estava falando. Por que ele não falou aquilo tudo para ela enquanto estava vivo?



“ - Não terei oportunidade de te falar tudo que eu gostaria, afinal só temos até amanhã a noite, mas quero garantir que essas pequenas coisas você saiba. Esses casos do acaso em que quase nos conhecemos diversas vezes. O fato de que sempre senti algo diferente vindo de você, mas que essa sensação se transformou em sonhos quase que reais depois que nos beijamos pela primeira vez. - Ele parou um pouco. - Parece estranho, mas as vezes eu nos vejo fazendo várias coisas, como se fossem lembranças. Acho que tínhamos mesmo que nos conhecer, por algum motivo. - Ele sorriu desviando os olhos da tela parecendo ter vergonha de algo. - Quero que saiba que… Eu te amo! - ”



Riley arregalou e começou a chorar no mesmo instante.



“ - Eu te amo e as vezes acho que amei nessa e em outras vidas! Nos entendemos tão rápido e nos damos tão bem que achei que deveria te mostrar todas essas situações. Estivemos perto um do outro por diversas vezes, como se o destino quisesse que nos encontrássemos. - Ele começou a rir. - Acho que o tempo voltaria quantas vezes fossem necessárias para que pudêssemos ficar juntos. - Ele continuou a rir. - E todas as vezes eu tenho certeza, eu te amaria! -

Ele se acertou no sofá.



– Sei que vai casar e que não há escolhas ou solução para isso. Por isso preferi dizer tudo isso num vídeo que verá apenas quando já não puder mais me alcançar. - Ele riu. - Eu sempre lutei pelas coisas, confesso que nunca lutei por um sonho por que nunca tive. Lutei pela sobrevivência, pela vingança e outros mais. Mas, hoje posso dizer que gostaria de poder lutar por este sentimento que sinto por ti. Namorei a Joy, como sabe e por ela eu nunca senti o que sinto por você. Tive um momento com a Lívia, acho que você a conhece, e apesar de querer protegê-la, preferi deixá-la ir. - Ele suspirou. - Mas, com você não consigo fazer o mesmo. Eu te amo e vou lutar por você! - ”



Riley pausou o vídeo. O coração pulsava mais rápido e forte do que as lágrimas desciam do seu rosto. Respirava com dificuldade, não tendo certeza se estava realmente chorando, se era algum sonho ou uma daquelas situações estranhas que ela parecia sonhar acordada. Se havia algo que ela queria ouvir, além de que Kevin estava vivo, era que ele a amava e que Lívia não significava mais que ela.



“ - Vou repetir! Mas, para que possa entender, antes de mesmo que de uma explicação. Sempre lutei na minha vida, mas nunca por um sonho. Sei que vai casar e que não a escolhas ou solução para isso. Então, vou lutar por você porque eu te amo! Te amo e não vou suportar perder você. -



Ele ficou olhando para a câmera, como se estivesse olhando para Riley naquele momento.



– Não vou contar o que vou fazer, porque sei que isso poderia fazer você me ver como uma pessoa ruim, assim como acontece hoje com Roger. Mas, se a pessoas certas caírem, você e sua família estarão livres. - Ele se levantou do sofá onde esteve todo o tempo. - Já estou condenado pelo que a maioria acredita e disse que cairia lutando pela minha vida. Mas, agora eu decidi que cairei lutando por você! - ”



Riley caiu deitando-se na cama tentando conter o choro. Agora ela entendia porque ele não havia fugido ou voltado. Ele havia decidido enfrentar Lord Empalador muito antes da ilha ser atacada. Ele planejava enfrentar o Império sozinho apostando na morte de algumas cabeças chaves. Ele já iria fazer isso antes, mas por ele. Pela família dele, pelos amigos dele! Agora, ela sabia que ele encarou a morte por ela.

Abraçado ao travesseiro ela chorava. Se perguntava se ele ainda estaria vivo se não tivesse ido para beijá-lo no sofá naquela noite após o cinema. Se perguntava se ele teria lutado melhor se não estivesse lutando por ela. Se perguntava se ele morreu pensando que quando ela assistisse o vídeo passaria a odiá-lo.

Era tamanha a revolta no choro que não conseguia se controlar a ponto de acionar o filme, permitindo que ele continuasse a rolar, sem que ela percebesse.



“ - Desculpa não poder lutar por você para que fiquemos juntos, mas do jeito que tudo ficou. Só posso lutar para tentar deixar você viver feliz. -”



Riley escutou a fala diminuindo os sons de choro e procurando o celular, puxando-o pelo fio dos fones que ainda estavam em suas orelhas.



“- Você Feliz. - Ele pareceu titubear do que ele mesmo acabou de falar. - Se isso não foi o suficiente, eu tenho mais uma coisinha que queria te dar! - ”



Riley conseguiu chegar ao vídeo e franziu o cenho diante as imagens que estavam sendo exibidas.



“ - Anos atrás conheci um pokémon chamado Celebi que impediu-me de fazer algo que poderia ter condenado o mundo. Ele, vez ou outra, resolve fazer uma aparição para mim e confesso que não sabia o que ele esperava até pouco tempo atrás, estudando sobre ele. Acredita-se que pokémon lendários concedem desejos aos humanos que os ajudam de alguma forma. - Ele sorriu. - Esse aqui deve ter uma boa gama de formas de realizar desejos, já que viaja pelo tempo e espaço. - Os olhos de Kevin fitaram a tela de uma forma carinhosa. - Não posso pedir para ele me ajudar a vencer essa guerra. Mas, posso pedir para ele conceder o meu desejo a você! -



Kevin olhou para o pokémon esverdeado que flutuava ao seu lado com rosto simpático e braços e pernas curtos.



– Meu desejo é seu, Riley! Basta dizer: "Celebi, Celebi! Venha até mim!" - Ele olhou para trás e o vídeo mostrou que alguém descia as escadas da casa. - Eu te amo! - Ele jogou um beijo no ar. ”



A tela ficou escura e por alguns instantes Riley ficou em silêncio. O vídeo havia chegado ao fim, provavelmente porque ela e Maya desciam as escadas para que fossem ao Centro Pokémon. Agora ela sabia que Kevin não pretendia sobreviver a luta contra o Império. Mas, sabia que ele a amava e disse isso diversas vezes, incluindo que o que ele sentia nunca havia sentido por ninguém.



– Celebi! Celebi! Venha até mim! -



Riley berrou a plenos pulmões em meio a escuridão. Olhou em volta sem conseguir identificar a aparição do pokémon, mesmo naquela escuridão sabia que poderia vê-lo pois no vídeo ele era todo iluminado.



– Celebi! Celebi! Venha até mim! - Ela berrou novamente em meio ao choro. - Celebi! Celebi! Venha até mim! -



De repente um clarão que ofuscou seus olhos. Sentiu algo tocá-la enquanto estava com o coração acelerado. Ela poderia fazer um desejo ao pokémon que controlava o tempo e o espaço. Um desejo que ela sabia bem qual era, trazer Kevin e Maya de volta.

O incomodo com a luz diminuiu e pode voltar a ver e então identificou tocando-lhe o ombro Lívia. Piscou algumas vezes para que o incomodo saísse por completo e olhou novamente a loira baixinha que havia sido salva por Kevin junto com ela. Da porta Julia e seu pai olhavam sem entender o que havia acontecido.

Ela suspirou, tirando os fones de ouvido. O clarão fora do acender das luzes das pessoas casa preocupadas com ela, na certa assustados com seus berros no meio da noite. Olhou ainda em volta procurando por um sinal que fosse do pokémon, mas ele não estava ali.



– Foi só um pesadelo. - Disse ela tentando esconder a decepção e a vontade de voltar a chorar ainda mais. - Sinto muito! - Abaixou a cabeça escondendo o rosto e deitou-se, puxando a colcha para cobrir e esconder qualquer sinal de que ela daria espaço para uma tentativa de conversa. - Eu gostaria de ficar sozinha. -



Coberta, dos pés a cabeça ficou agarrada ao celular de Kevin sem dizer nada, esperando que eles fossem embora, mas passado um pouco mais de dois minutos, ela percebeu que eles não pretendiam sair.



– Eu... Não quero falar disso, por favor! -



Ela disse querendo começar a chorar. Mas, não escutou nada vindo deles, nem mesmo os passos para saírem e deixarem-na sozinha.



– Por favor! -



Ela descobriu a cabeça chorando e os encontrou na mesma posição que antes. Julia e o pai parados junto a porta e Lívia parada, com a mão erguida no ar, como que afagando algo.



Riley piscou algumas vezes e aproximou-se de Lívia, sem compreender o que havia acontecido. A menina parecia congelada, e olhava o nada com ar de quem compreendia a situação.



– bii... -



Riley arregalou os olhos ao escutou aquele estranho som. Olhou para trás e viu um ponto de luz se formando e logo após ganhando a forma de Celebi que a olhou sorridente. A morena saltou da cama olhando em volta. O tempo havia sido paralisado e agora era apenas ela e o pokémon viajante do tempo que iria lhe conceder um desejo.



– Eu quero a Maya e o Kevin de volta! -


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai?
Um episódio só de drama, né? Sentiram a aflição de Riley?
Acha que Celebi vai realizar o desejo da morena?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "PEV - Pokémon Estilo de Vida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.