PEV - Pokémon Estilo de Vida escrita por Kevin


Capítulo 3
Capítulo 02 – Marcado por rivalidade


Notas iniciais do capítulo

Prezados,

peço mil desculpas por não postar no domingo, conforme o esperado. Minha internet foi pro espaço (junto com telefone, tv a cabo e outros mais). O bom, foi que tive tempo de trabalhar um pouco nos capítulos da promoção. :)

1) Neste final de semana recebemos o décimo comentário do primeiro capítulo. De acordo com as regras da promoção, a cada 10 comentários em um capítulo um personagem da pET será mostrado na PEV). Então já temos 1

2) Conforme a promoção a cada recomendação um personagem da PET será mostrado na PEV, sendo que quem deu a recomendação pode escolher a personagem. Então já temos dois (que já foram me passados os nomes).

Como são 3 personagens tive que remodelar um pouco as coisas. Dia 22/02/2015 teremos a aparição desses 3 personagens no nosso querido quarto capítulo. (ou quinto na contagem da nyah... enfim)!

Mas, por hora fiquem ligados no capítulo de hoje!!!



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Pokémon Estilo de Vida
Saga 01 - Estilo de Arton
Etapa 01 – Aquele que marca



Você já se perguntou o que marca o nosso tempo aqui?
Se uma vida pode realmente ter um impacto no mundo?
Ou se as escolhas que fazemos importam?
Eu acredito que sim e acredito que um homem pode mudar muitas vidas
para o melhor, ou para o pior.”
(Anônimo)



Capítulo 02 – Marcado por rivalidade



Dez jovens estavam enfileirados no que parecia o saguão de um prédio. No formato de torre, onde de cada andar você via o térreo, caso você se aproximasse do parapeito dos corredores. Poucos realmente faziam aquilo, a maioria que trabalhava ali eram pessoas ocupadas para ficar bisbilhotando quem estava no saguão. Mas, dois dias por ano todos o faziam, mesmo que em horas diferentes. O dia de receber os novos alunos da Universidade Pokémon de Khubar, ou UPK como muitos gostavam de abreviar.

A cada meia hora um grupo de novatos entrava para receber as boas vindas da administração e do corpo docente da instituição. Algumas palavras e instruções e os jovens eram convidados a sair, quase que pela porta dos fundos, para que não ocorresse um tumulto entre os jovens que saiam e os que esperavam sua vez para entrar.

Medicina pokémon era um curso de poucos alunos, a média era de vinte por turma. Mas, pela primeira vez na história o número estava reduzido pela metade. Alguns professores olhavam estranhando o número, outros sabiam que a economia mundial estava em recessão e isso significava cada vez menos investimentos. No caso de universitários a opção mais fácil era escolher cursos com gastos menores.



– Assim sendo, desejo bons estudos. - O diretor geral da universidade fez uma pausa em seu discurso de boas vindas e virou-se para os professores posicionados nos diversos andares.



– Bem vindos! -



Os professores falaram em uníssono e logo depois começaram a aplaudir os dez.

Era uma recepção simples, rápida, mas bem calorosa. A porta pela qual eles deveriam sair se abriu a esquerda do grupo que não demorou em identificar que aquela era a deixa. Lívia foi à última a sair.

Estava admirada com todo o preparo, cuidado e objetividade. Ela perguntava-se quantas vezes eles repetiam aquilo no mesmo dia, já que eram mais de 50 cursos. Distraiu-se ao passar por um local espelhado e não resistiu em conferir se estava tudo em ordem. Seus cabelos loiros, que iam até o ombro, estavam soltos e ondulados. A leve maquiagem rosada, com um batom rosado que se confundia com seu tom de pele. Os olhos esverdeados ainda estavam vivos, sem sinal de sonolência. Uma blusa branca de um tecido leve, de botões, e uma calça jeans preta. Ambas que delineavam bem seu corpo, mas não davam a ninguém a ideia das suas medidas exatas.

Sorriu ao ver que estava tudo em ordem, especialmente com o sapato que escolheu. Só se deu conta que estava do lado de fora quando o sol ofuscou um pouco sua vista. A porta fechou-se atrás dela fazendo-a olhar para trás, devido ao barulho. Viu um aluno loiro de olhos verdes e uma jaqueta branca, apoiado na parede, próximo à saída, mexendo no celular.



Acho que ele está na minha turma. A menina estava pronta para falar algo com ele, quando escutou algumas pessoas ao procurar viu ao longe um aglomerado de 6 a 7 pessoas. Ela tinha certeza que aqueles também eram do seu curso, pois reconheceu um das meninas.



Decidiu juntar-se onde tinha mais pessoas. Não demorou a chegar ao local onde viu o grupo reunido, era apenas um lance de escadas, mas foi o suficiente para que um debandar já houvesse ocorrido e apenas restassem duas meninas que a recepcionaram de forma muito animada.



– Você deve ser a Lívia! - Uma garota ruiva de cabelos encaracolados, de um metro e sessenta e três, maior que Lívia de um metro e sessenta, abriu os braços abraçando-a e dando três beijos em seu rosto, revezando os lados. - Achei que tivesse se perdido. Estamos combinando de irmos todos para o refeitório para fazer as matriculas nos cursos desse semestre e depois almoçarmos juntos. -



– Gosto da ideia. - A ruiva parecia muito animada e chegava a falar um pouco rápido. Mesmo assim, Lívia entendeu o que ela dizia. - Mas, como sabem meu nome? -



– Olhei a lista! - A ruiva deu uma pequena risada. – São apenas dez pessoas, fácil gravar o nome de todos. -



– Não se assuste! Ela é assim desde os sete anos de idade. Curiosa, animada e com tendência a falar mais rápido do que as pessoas escutam. - A segunda menina tinha a pele escura e possuía o cabelo todo cacheado. Com a mesma altura da ruiva, e tinha um ar bem mais calmo. - Sou Sarah e ela Núbia. -



– Você adora me deixar como tagarela. - Núbia fez um bico cruzando os braços encarando Sarah. - Vamos combinar que apenas me empolgo. - A ruiva descruzou os braços e fez sinal para que elas caminhassem para o refeitório.



Então elas já são amigas de infância ou algo assim. Significa que somos três garotas e sou a que sobra aqui. Lívia viu que as meninas começaram a andar e olhou para trás. Lembrava-se do garoto loiro que certamente fazia parte da turma.



– Esperem. - Disse ela. - Acho que ainda tem um garoto lá perto da porta. -



As duas olharam-se e franziram a testa e depois olharam para Lívia. Pareciam questionar aquela informação. Realmente um loiro havia saído primeiro e ninguém conseguiu vê-lo logo que tiveram a ideia.



– Jaqueta, loiro e bonitinho? - Questionou Núbia recebendo uma confirmação de Lívia. – Realmente sentimos falta de um. Mas, o negro dos lábios grandes, Albert se não me engano, diz que ele havia ido para o quarto. - Núbia virou-se para Lívia. - Parece que o loiro e o negro estão no mesmo quarto. Como Albert iria até o quarto, ia aproveitar e avisá-lo. Pelo visto, não vai encontrá-lo. -



– Vamos fazer o seguinte, a Lívia confere se é ele e o chama enquanto nós vamos avisar aos garotos que tivemos um desencontro e guardamos o lugar de vocês na fila. - Sugeriu Sarah. - Tudo bem para você? -



Lívia pensou em dizer não. Não dava para ver totalmente a porta pela qual saíram de onde estavam, mas não demoraria nem dois minutos para que elas subissem as escadas e fossem até ele. Poderiam ir todas juntas. Mas, Núbia foi mais rápida em concordar e começar a caminhar.

Um suspiro. Iria ser um curso difícil. O curso já era complexo, mas estar sobrando no grupo das meninas nunca foi normal para ela. Não tinha tantas amigas, mas era popular e sempre tinha alguém em sua volta no ensino médio. Não estava disposta a agir como uma adolescente e tornar-se rival de atenção para uma das duas. A adolescência ficou para trás a muito para ela. O estilo de vida era outro a muito tempo.

Retornou para o local onde viu o garoto e espantou-se com uma cena estranha. O garoto ainda estava lá, mas conversando com dois homens de jaleco. Tinha quase certeza que eram professores. Não acreditava que alguém conhecesse os professores ou que ele tivesse ficado esperando-os para falar com eles. Ela esperou, mas não pareceu que a conversa fosse terminar, principalmente por um dos de jaleco parecer não estar nada contente.



– Com licença. - Ela hesitou por alguns instantes ao se aproximar. Iria ser um grande mico se o garoto não fosse de sua turma, ou mesmo nem fosse aluno, mas não poderia esperar muito e nem ir embora o deixando para trás para depois alguém dizer que ela ignorou um colega de turma de propósito. - Espero não estar atrapalhando. -



Ela viu os três olharem para ela. Sentiu um frio na barriga, mas pareciam simpáticos e pode identificar que realmente eram professores. Ao menos o jaleco de um deles dizia Doutor Brock o que deveria significar algo. Moreno, cabelo amarronzado escuro espetado e com olhos pequenos e fechados. O outro ela não conseguia ler devido à posição.



– De forma alguma. Sou Doutor Brock. - Ele pareceu fazer questão de se apresentar. - Se bem me lembro, estava na turma de medicina pokémon que acabou de receber as boas vindas. - Ele parou alguns instantes. - Estávamos apenas desfazendo um equivoco comum junto a esse jovem que será seu colega de classe. -



Lívia observou a situação por alguns instantes. Não parecia uma conversa de equívoco ou algo assim. Mas, de fato o loiro estava bem calmo enquanto só mesmo o professor o qual ela não conseguia ver o nome parecia um pouco alterado. Ele tinha cabelos castanhos penteados em um estranho topete.



– Sou o professor Gary Carvalho. - O professor virou-se a saudando. - Ele confundiu-me com meu finado avô Professor Samuel Carvalho. - Ele parou por alguns instantes. - Estávamos apenas desfazendo esse equívoco. -



– Não exatamente um equívoco... - O rapaz loiro comentou meio que revirando os olhos, mas rapidamente sorriu. - Não vou tomar mais dos seus tempos. -



– Nos vemos em aula. - Disse Brock saudando-os enquanto Gary apenas fez um gesto com a cabeça para despedir-se.



– Eu não sabia que o Mestre Pokémon de Kanto, Gary Carvalho, estava como professor. - Disse Lívia observando os dois professores afastarem-se. - Acompanhei a noticia da morte do Professor Carvalho e a contratação de Gary, mas que até então não daria aula, apenas apoiaria com pesquisas e manteria a vice-coordenação. -



– Ele meio que perdeu a posição. - O rapaz loiro comentou fazendo Lívia olhar para ele.



Núbia até que tem razão. Apesar dessas roupas estranhas. Lívia estava observando o jovem loiro de olhos azuis esverdeados com mais de um metro e oitenta. Realmente ele era atraente aos seus olhos e não conseguiu esconder um sorriso ao observá-lo, mesmo que o motivo para encará-lo inicialmente fosse à menção de Gary ter perdido a posição. De qualquer forma, ela estranhava as roupas.

Jaqueta branca com blusa azul, calça de um tecido que ela desconhecia, mas com vários bolsos em um tom cinza. Até combinavam em cores, mas o estilo era bem estranho e só agora ela havia reparado naquilo.



Parecem roupas de um filme de aventura. Ou melhor, roupa de treinadores. Ela observava atentamente até que viu ele sorriu para ela e a fez perceber que estava há muito tempo calada e talvez o olhando demais.



– Sou Lívia. - Disse ela quebrando o silêncio e estendendo a mão para ele.



– Kevin. - Disse ele respondendo ao cumprimento.



<><><><>



Uma pedra em chamas cortou o salão colidindo contra um jato de água repentino. Alguma fumaça surgiu devido ao contato dos dois elementos, mas dissipou-se rápido.



–Novamente, use Ember! -



O comando de um rapaz foi atendido prontamente pela pequena ave com penas de coloração laranja fogo que cobria quase todo o corpo. A exceção ficava para o penacho da cabeça, em volta do pescoço e nas duas pequenas asas, onde a coloração era amarelada. Não deveria medir mais que cinquenta centímetros, com um bico forte e afiado, bem como as garras das patas.

Ela inclinou a cabeça para cima e a abaixou de volta para a direção do adversário, lançado uma pedra fumegante.



– Water Gun! -



Uma garota teve reação instantânea para combater o Ember do adversário. Os ataques se chocariam e o resultado seria o mesmo da rodada anterior, um empate de forças. Ela sorriu, sabia que tinha mais experiência e habilidades que seu adversário. Escondia bem que estava surpresa com o empate de forças. Um pokémon de fogo como Torchic empatar com o seu de água Mudkip significava que Torchic era mais forte, já que existia uma grande desvantagem do fogo contra a água.

Mudkip é um pokémon do tipo água, de corpo coberto de escamas azuladas e flexíveis, com o mesmo tamanho de seu atual adversário. Chamava a atenção por ser quadrupede e andar livremente por terra. Possuía uma grande barbatana no topo de sua cabeça e um rabo também no formato de barbatana de um azul mais claro que o seu corpo. Nas bochechas parecia possuir barbatanas em forma de tridentes, que pareciam ser bigodes bem endurecidos.

O empate entre aqueles dois pokémon não deveriam acontecer a não ser que o de fogo estivesse bem a frente nos treinamentos, mas tanto o garoto quanto a garota os receberam juntos. Juliana não entendia como poderiam estar tão equiparados.



– O que andou fazendo desde a última vez que nos encontramos? - A menina questionou o rapaz a sua frente enquanto o fitava.



Arentilmar Hoo era um jovem de quinze anos da cidade de New Bark na região de Jotho. Além de gordo, tinha quase dois metros de altura. Poucos eram o que percebiam que muitos músculos estavam escondidos nas camadas de gordura, menos ainda percebiam que por trás de todo aquele tamanho existia um rapaz habilidoso para com os pokémon.

Realmente sua aparência não ajudava muito. Seu cabelo crespo castanho escuro era altamente bagunçado e ficava semioculto por um boné laranja com a logo de uma pokebola que parecia mal caber em sua cabeça, além de óculos circulares que o deixavam com um ar ainda mais esquisito. Sua pele bronzeada quase não aparecia devido às roupas folgadas.



– Me preparando para mostrar para alguém o quanto evolui. - Arentilmar respondeu com um sorriso. - Mas, você servirá de aquecimento. -



– Parta para o Tackle! - Gritou a garota.

– Use o Scratch! - Comandou Arentilmar.

– Deixo-o executar primeiro. - A garota comandou em sequência.



Os pokémon aproximaram-se uns dos outros com velocidade. Torchic era mais veloz e conseguiu usar primeiro seu ataque, principalmente devido ao comando secundário dado pela garota. As garras de sua pata esquerda foram contra o corpo de Mudkip na tentativa de arranhá-lo, mas este se esquivou com facilidade. Simplesmente parou de correr e viu as garras passando a milímetros de seu rosto. O ataque Scratch havia falhado.

Torchic girou sob sua pata direita. Não acertou nada no caminho e com isso a força de seu movimento o fez girar. Mudkip aproveitou o momento em que ele ficou de costas com o giro e jogou seu corpo contra ele em uma boa investida, forte e certeira. O movimento Tackle.

A pequena ave de fogo foi acertada nas costas sendo lançada por cinco metros e caindo, no chão, de peito. O impacto foi estranho. Os dois treinadores acharam ter escutado um apito.



– Não acham que podiam resolver isso de outra maneira do que numa batalha de um pintinho de fogo e uma criatura azulada? - A voz saiu um pouco entediada. - Se continuarem assim acabarão... -



– Não se intrometa! -



Eles eram rivais em muitas coisas. Disputavam quase tudo e brigavam desde o primeiro momento que se conheceram. Gritavam, ofendiam-se, tacavam coisas uns nos outros e por fim, se houvesse espaço, batalhavam. Era a forma mais comum de encerrarem uma discussão. Quem estava perto ficava completamente desconfortável, mas batalhas pokémon eram a forma mais rápida para se resolver os atritos entre os dois. Por isso, não aceitavam intromissões. Era uma rivalidade de anos para alguém de fora um poder entender.



– Sério? Pintinho de Fogo? - O rapaz que comandava Torchic pareceu perceber que seu pokémon havia sido ridicularizado. Não acreditar no que havia acabado de escutar. - Você o viu em ação? -



O treinador não estava bravo. Estava até bem calmo, apenas não acreditava que alguém pudesse chamar seu pokémon de algo tão depreciativo. Mas, sabia que não era por mal. Quase ninguém tinha coragem de caçoar dele. Ele era muito grande.

– Pintinho! - Sua adversária provocava enquanto tentava conter o riso. - Talvez devesse desistir enquanto ainda é cedo. -



– Cale-se, Juliana! - Arentilmar bradou.



Juliana Pendraco tinha 17 anos. Are quase não a reconheceu com os cabelos longos na cor azul escuro. Demorou um pouco para ter certeza já que até os olhos estavam com outra cor. Ele imaginou que tivesse acontecido algo com ela, mas aos poucos entedia que ela na verdade queria passar despercebida. Ninguém que olhava para ela poderia dizer algo que realmente pudesse distingui-la de outras pessoas se ela mudasse de roupa, exceto pelos olhos e cabelos modificados.

Os dois chegaram ao mesmo tempo, gritando cada qual por uma porta, pois viam que o navio estava atracado e aparentava estar prestes a sair. O atendente, um jovem que estava fazendo os preparativos para fechar o local, ficou olhando-os sem saber para quem venderia o último bilhete que possuía. Juliana já começava a gritar com Are enquanto ele ainda estava tentando entender porque a garota parecia possessa com ele. Mas, ao reconhecer a voz não hesitou.

Agora brigavam em um saguão de venda de bilhetes na cidade de Imus em Sinnoh para decidir quem ficaria com a última passagem de navio daquela noite.

Saguão que não era tão grande e talvez pouco propicie para uma batalha. O teto possuía um forro de gesso a três metros do chão. O piso era de madeira. As paredes pintadas com cor cinza iam até um metro e meio e depois eram vidros e persianas, que naquele momento já estavam todas fechadas. A iluminação era boa, mas o espaço não era tão grande com 10 de comprimento por 8 de largura. Havia bancos espalhados e um guichê minúsculo onde o atendente sentava e manusear seu computador.



– Are! - Juliana sorriu. - Aceite a derrota! Não sei por que quer pegar esse navio, mas preciso pegá-lo mais do que você. - Ela parou pensativa. - Sabe que não vai me derrotar usando o que aprende com meus pais. -



– Tudo bem! - Are estava sempre calmo, olhando para seus adversários como quem esperava pela oportunidade certa. No entanto, após aquela frase ele pareceu ter tido uma ideia. - Vencerei usando algo que meu primeiro mestre ensinou e a você não. -



Juliana franziu o cenho se perguntando quem era a pessoa que Are referia-se, o que logo percebeu ter sido um erro. Outro apito forte foi escutado e não conseguiu entender o que Are comandou. Mas, percebeu que Torchic partiu para o ataque da mesma forma que Mudkip havia feito anteriormente.



– Seu pokémon não conhece o Tackle! - Ela afirmou. Mas, viu na expressão de Are que ele havia ensinado. - Tackle! -



Juliana resolveu confrontar o adversário com o mesmo ataque. Se vencesse sabia que o gordo rapaz iria desistir, não por orgulho ou qualquer coisa desse gênero, mas porque eles eram rivais e possuíam um código não combinado de que quando um provasse ser melhor em algo o outro realmente deveria se calar. Era sempre assim que acontecia e sabia que naquela noite não seria diferente.

Além disso, Juliana estava confiante. Uma coisa que ela sabia era que um ataque não natural de um pokémon poderia ser ensinado, mas seria sempre mais fraco do que o golpe natural. E isso ela aprendeu perdendo algumas lutas justamente para ele. Era um rival de valor, tinha que admitir.

Os pokémon chocaram-se no Tackle e enquanto Torchic não caiu ou mesmo foi mandado para trás, Mudkip foi lançado por 15 metros, chocando-se contra a parede do salão.



– A investida que derruba até uma baleia. - Arentilmar sorriu. - Seu Tackle não chega nem perto do meu. -



Ele não pode ter me superado. Não posso deixá-lo me superar! Juliana arregalou os olhos enquanto tentava se convencer de que ele estava a superando. Era uma força descomunal e não parecia que o pokémon tinha tanto poder para fazer isso. Ela esperava vencer uma disputa de mesmo movimento e assim ele desistiria e agora ela tinha que desistir, afinal tinha que reconhecer que ele era bom.

A menina abaixou-se junto ao seu pokémon que recuperava-se do golpe. Estava um pouco tonto, mas ainda tinha condições de realizar uma boa luta. Sua treinadora sorriu para ele recolhendo-o para pokebola.



Arentilmar foi até a pequena ave que parecia feliz por ter demonstrado toda a sua força. Afagou a cabeça, mexendo nas penas e logo depois recolheu o pokémon. Virou-se para o balcão, atrás do atendente.



– Agora que acabaram, podem, por favor, saírem? - O atendente estava em uma das portas com as chaves na mão. Ele parecia cansado e entediado. - Preciso fechar o local para poder ir a um aniversário. -



– E o último bilhete? - Questionou Arentilmar.



–É sério? - O atende parecia incrédulo e ficou olhando para o rapaz por alguns instantes. - Não escutaram os apitos do navio anunciando a partida? -



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O refeitório da universidade era gigantesco. Possuía mesas para quase duas mil pessoas fazerem refeições em simultâneo. Naquele momento, no entanto, não havia tantos lugares assim. Parte do refeitório estava sendo utilizado para realização das matriculas das disciplinas do semestre. Com isso, muitas filas existiam. Mesmo aqueles que já estavam devidamente matriculados ficavam pelo local, observando, conversando ou simplesmente esperando que o almoço começasse a ser servido. Era a aglomeração inicial de um dia de aula.

Kevin e Lívia chegaram quando seus colegas de turma estavam quase se aproximando dos guichês. Quem os esperava era um rapaz de cabelos pretos e pele branca, tão alto quanto Kevin, todos os outros já haviam feito as inscrições. Ele usava uma camiseta preta e uma bermuda de cor pastel. Junto com ele estava Núbia que fez sinal para os dois se aproximarem dando seus lugares a eles e saindo da fila. O que indicava que já haviam se matriculado.

O processo era bem simples e todo automatizado. Inserir sua identificação no conector do computador. Ele leria as informações e lhe informaria a melhor grade para aquele período. Aceitava-se ou recusava-se passando a selecionar na tela as disciplinas que queria cursar.

Lívia fez o processo primeiro. Não demorando mais que três minutos para concluir. Sorriu para Kevin e foi até Núbia que lhe apresentou o rapaz, John.

Núbia fazia questão de abraços, ou ao menos apertos de mãos. Lívia ficou um pouco acanhada, mas o rapaz pareceu não se importar em abraçá-la, bem apertado.



“Identificando dispositivo como pokeagenda. Muitas identificações inseridas. Por favor, selecionar qual deseja usar na tela.”



Lívia escutou, mas pareceu que fora apenas ela. Núbia tagarelava, talvez não notasse o que estava em volta, e John parecia prestar atenção no que Núbia falava. A loira tentava manter certa distancia de John após o abraço caloroso que quase fora obrigada a dar e com isso ela havia se aproximado bastante do terminal de Kevin.

Pokeagendas. Mais do que um guia eletrônico sobre pokémon e seus movimentos servia também como identificação da pessoa, como uma carteira de identidade. Poderia ser armazenadas licenças dos mais diversos tipos, as mais comuns eram de treinadores ou coordenadores, mas poderia ir de carteira de motorista à carteira de trabalho, dependendo do tipo do aparelho. No caso, Kevin parecia ter armazenado sua identificação estudantil.



“Kevin Kirian M. Júnior Identificado. Aluno do curso de medicina pokémon.”



“Aguarde! Escolha está sendo processada!”



Kevin pareceu preocupar-se com a demora que o processamento estava tendo. Nos computadores do lado já havia sido concluído dois processamentos. Olhou para o lado e viu Lívia um pouco mais próxima do que se lembrava dela estar.



“Matriculas efetuadas nas nove disciplinas do semestre! Os horários foram enviados para seu e-mail! Tenha um bom semestre!”



Kevin pegou seu aparelho e virou-se, enquanto guardava-o. Assim que deu um passo foi surpreendido pelo rosto pouco amigável de John que o encarava e fez questão de parar na frente dele. Jurava que ali estava Lívia a menos de alguns segundos. Confuso, sorriu e deu um passo para o lado. Mas, John moveu o corpo para o mesmo lado impedindo sua passagem.

– Está tudo bem? –



Lívia não sabia se deveria intervir. Nem sabia o que havia acontecido. John deu um passo de costas e ela apenas saiu do caminho para não trombar com ele. Mas, Logo depois ele girou o corpo e estava no caminho de Kevin, como se estivesse o tempo todo observando e esperando para encará-lo. Apesar de ver a naturalidade com o que as coisas aconteceram, dando a ideia de acaso.



– Claro que sim! - Núbia saltou abraçando Kevin assustando aos três. - Primeiro dia do resto de nossas vistas! - Ela saltou-se do abraço. - Sou Núbia. Você já conhece a Lívia e esse é o John! -



– Obrigado por guardar o lugar na fila! - Kevin sorriu abertamente e estendendo a mão. - Sou o ... -



– Eu sei quem você é! - Ele pegou a mão de Kevin, e durante a saudação, apertou-a, sem desviar o olhar. No entanto, Kevin apenas sorriu como se nada estivesse acontecendo.



– Não adianta! - Uma voz chamou a atenção dos três. - Esse pateta sorri para tudo. - Um negro aproximou-se rápido dos três. - Sem ofensas, Kevin. – Ele olhou para o loiro que apenas acenou com a cabeça. - Agora, se estivermos atrapalhando algo, eu posso levar as meninas para a mesa e deixá-los sozinhos. -



John saltou a mão de Kevin enquanto Lívia e Núbia riam da brincadeira que acabara de camuflar o nítido sinal de hostilidade que não havia sido respondida pelo alvo e notada apenas por alguém que estava do lado de fora.



– Vou apresentá-los aos demais. -



Núbia segurou a mão de Kevin e Lívia e saiu os puxando para onde estavam os outros. John e Albert ficaram parados por alguns instantes e então olharam um para o outro. Um sorriso sínico saiu dos dois quase que ao mesmo tempo e então John caminhou para junto do grupo.



Antigas rivalidades são tão bonitas de se assistir. Esses dois vão se matar antes do final do curso. Se é que chegam ao final do semestre. Albert parado observando o grupo a distancia sorria de forma debochosa.



– Ei, Albert! - Gritou Núbia. - Tenho que apresentar você a Lívia também! Junte-se ao grupo que a maioria aqui não morde. -



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– Saia de cima de mim! -



Não havia ninguém perto que fosse escutar os gritos de Juliana, com exceção de Are que estava sentado em cima dela.



– Não escutei o pedido de desculpas. -



O navio partiu sem seu último passageiro e os dois tiveram que se conformar em comprarem bilhetes para a próxima embarcação que saísse dali, duas cidades ao sul de Pastoria, em direção a Arton.

Ficariam na mesma cabine. Pagariam o dobro do preço. Não atracariam no porto que eles desejavam. E, ainda por cima, esperariam nas ruas até às sete horas da manhã para zarparem, uma vez que a pequena recepção seria trancada. Não havia local nenhum para passarem a noite sem perigo de perderem o horário.

Os dois mantiveram a acalma até que Are tropeçou, ao sair da recepção e derrubou Juliana. A menina praguejou e entre os insultos estava “Chupeta de Baleia”.



– Você é uma Chupeta de Baleia! Não vou retirar nada! Saia de cima de mim! -



Are nem deixou que a menina levantasse, simplesmente a girou, fazendo-a ficar de bruços e sentou em cima das costas dela. Alegou que só levantaria quando pedisse desculpas por chamá-lo daquilo.



– Aceito tudo! Gordo, gorducho, gordinho, gordão, rolha de poço, montanha, bola oito, pança de nós todos e muitos outros. Mas, Chupeta de Baleia, não! -



Pela primeira vez o rapaz parecia aborrecido. A postura séria, acentuada pelos óculos, deu lugar a um rosto de poucos amigos, onde notava-se rugas de irritação surgirem na face.



– Ok! - Juliana pareceu ceder. - Você não é uma Chupeta de Baleia. -



Ela não pretendia passar a noite toda deitada de bruços no meio da rua com mais de cem quilos esmagando-a. Sentiu que o peso começou a ficar mais leve, ele estava levantando-se. Rolou rapidamente, assim que conseguiu escapar do contato com Are e levantou-se furiosa.



– É somente um gordo, gorducho, gordinho, gordão, rolha de poço, montanha, bola oito, pança de nós todos e muitos outros. - Ela apontou um dedo para ele. - Como ousa fazer isso comigo? Já pensou no que meus pais faram com você quando souberem disso? -



Are a encarou por alguns instantes e lhe deu as costas indo sentar. Apoiou as costas na parede externa do salão de recepção e puxou para si sua mochila de viagem.



– Se eu falar dos meus pais você desiste, né? - Juliana continuava irritada, não ligava se ele estava ou não prestando atenção. - O que veio fazer aqui? Por que quer ir a Arton? -



Are olhou para a menina e logo depois abaixou o olhar, abrindo a mochila. Não pareceu ter dificuldades em achar o que procurava. Rapidamente estendeu uma folha meio dobrada para ela.

A menina parou por alguns instantes a gritaria e pegou a folha. Mostrava-se ainda revoltada, mas ao que parecia a folha iria dar a resposta para metade das perguntas que fizera a ele, senão todas. Viu que se tratava de uma impressão, de má qualidade, da foto de alguém que nem sabia que estava sendo fotografado. No entanto, ela não conseguiu esconder em seu rosto o espanto ao reconhecer a pessoa da foto.



– Pela sua expressão sei que o reconheceu. - Disse Are dando um sorriso. - Encontrá-la aqui não foi de todo ruim. Eu tinha dúvidas quanto à imagem, por causa da qualidade, mas se você o reconheceu tão rápido é porque certamente é ele. -



Juliana demorou algum tempo olhando para a foto sem nada dizer. Estendeu a folha de volta para Are, tentando dizer algo. Mas, não conseguia. Acabou por dar alguns passos, pegar a bolsa que estava jogada um pouco mais adiante e voltar para perto do rapaz, sentando-se ao lado dele.



– Eu estava no Centro Pokémon de Pastoria ontem à noite quando escutei o nome dele. Um treinador falava com um velho pescador por Videophone. - Are voltou a falar, agora olhando para o céu estrelado da cidade Imus em Sinnoh. - O pescador dizia “Eu tenho certeza, filho! Era ele. Tirei até essa foto.” - Are parecia distante enquanto falava, como se se visualiza a cena diante seus olhos. - O pai mandou a impressão para o Centro Pokémon e desligou. Eu peguei-a antes que o jovem percebesse. -



Juliana escutava, mas não olhava para Are.



– Eu pretendia encontrá-lo durante o evento do Carnaval dos Mestres de Sinnoh. - Are fechou os olhos. - Mas, conforme o que escutei do pescador, ele está em Arton com uma grande mochila de viagem desembarcando por lá. Isso aconteceu ontem. -



Juliana comprimia os lábios e abraçava a mochila com tanta força que Are não notava apenas por estar com a cabeça voltada para o céu. Ela o escutava falando e sentia-se cada vez mais obrigada a falar algo.



– Como a viagem para Arton é demorada decidi ir a Arton atrás dele, já que ele não voltaria para o evento. - Are começou a rir. - Aquele navio ia me deixar no mesmo porto em que ele desembarcou, agora terei de andar um bom pedaço até chegar ao local onde ele foi visto pela última vez. - Rindo are voltou-se para Juliana. - Mas, vou encontrá-lo e mostrar para ele o quanto eu... -



Are parou de falar ao perceber como Juliana estava. Parecia tão angustiada com algo que não parecia nem mais estar escutando o que ele falava. Ele ficou calado por algum tempo observando-a e acertou os óculos com o dedo mindinho.



– Você já sabia que ele não iria ao evento, não é? - Perguntou Are recebendo de Juliana apenas uma confirmação com a cabeça. - Sabe mais alguma coisa? -



– Bem... - Juliana suspirou apertando mais sua mochila. - Só sei que Sinnoh não é seguro para mim, por hora. - Ela mordeu os lábios. - Arton era o paradeiro mais distante que encontrei. - Juliana comentou. - Tentei sair hoje pela manhã, mas tive alguns contratempos e perdi o navio. -



Ela deu um sorriso nervoso. Lembrava-se do momento que conseguiu sair da floresta deixando o enxame e Roger para trás. Viu um navio e correu para ele. O marinheiro próximo disse que o embarque era apenas na parte da tarde. Estranhou já que seu bilhete dizia que saia logo pela manhã. Só foi entender o erro quando tentou entrar no navio, durante a tarde. Descobriu ter perdido o seu navio enquanto perseguia Roger.

Obrigada a comprar outro bilhete, a menina precisou ainda encontrar um lugar para sacar mais dinheiro, já que não tinha o suficiente consigo. Demorou tanto que só conseguiu voltar ao saguão quando o último navio do dia estava prestes a zarpar.



– Olhe o lado bom, poderia ter que dividir a cabine com um estranho até Arton. Ou ter o desprazer de me encontrar lá em um dia ainda pior. - Ele sorriu empurrando a menina com a mão em uma tentativa de distraí-la.



– Encontrá-lo sempre faz o dia ser pior. - Ela resmungou. - Estou querendo participar de alguns concursos. O Grande Festival de Arton estará na sua segunda edição e posso colocar meu nome na história. - Disse Juliana ainda abraçada à mochila. - Talvez, devesse me acompanhar. Participe da liga de Arton visitando os ginásios de lá. Assim iremos passar por quase toda a Arton. - Ela parou alguns instantes. - Se ele estiver por lá vamos acabar encontrando-o. -



Are a olhou por algum tempo. Aquele convite era inesperado para alguém que o odiava. Mas, admitia que o plano era bom e que viajar sozinho era péssimo.



– Seus pais não sabem onde estou. Também não sabem onde você está. - Ele revirou os olhos. - Vão pegar mais leve nas broncas se souberem que estamos viajando juntos. - Ele sorriu. - Vamos brigar todos os dias. -



Juliana deu um riso forçado e logo depois os dois se calaram. Eles tinham uma longa noite pela frente, sentados na calçada esperando pelo navio.



Será que nós vamos encontrá-lo? Are e Juliana não sabiam, mas ambos estavam pensando na mesma pessoa.



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– Saí logo daí, Riley! -



O estacionamento do Colégio Norte estava tão deserto quanto se desejava. Nem sempre era possível que um professor estacionasse seu carro sem que não corresse o risco de atropelar um dos alunos. No entanto, aquele dia estava curiosamente vazio, talvez no primeiro dia de aula os adolescentes fizessem questão de estar dentro da escola para ver as novidades.



– Riley, vamos nos atrasar. -



Maya agradecia pelos alunos estarem entrando direto e não percebendo a cena que ocorria. Estava sentada em posição fetal, quase balançando com olhar triste e assustado. A falta de coragem para enfrentar o primeiro dia de aula já tinha passado de questão problemática para ridícula.



– Temos 16 anos. Não somos criancinhas. É só uma nova escola. - Maya suspirou preocupada que alguém as visse naquela situação. - Estarei lá com você, lembra? Qual a pior coisa que pode acontecer? -



– Eles podem gostar de mim. Podem não gostar de mim. Podem gostar só de você. Você vira popular e eu fico no fim da fila dos que nem são lembrados. Não dou dois dias para estar sozinha nessa escola enquanto você os governa com mãos de ferro. - Riley parecia realmente amedrontada. - Ou pior, eu posso vir a gostar deles! - Ela pareceu em choque. - Isso seria o fim! -



– É... - Maya pareceu ponderar o que foi dito. - Ou eles podem descobrir que você é filha de um professor. -

– Como eles descobririam isso? - Riley pareceu ainda mais amedrontada.

– Você está chorando a meia hora dentro do carro de um deles -


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam, dia 22/02/2015 veremos 3 personagens da PET anos após o final da fic!


Espero que estejam gostando da fic e se por ventura estiverem achando-a lenta, peço paciência por mais dois capítulos. Daqui a dois capítulos a introdução e apresentações acabam e o bicho vai começar a pegar e intenções vão ser reveladas!!!

E ai? Quem gostou da Juliana e do Are levanta a mão!!!


Obs.: Dica para meus amigos escritores. Quando vc copia e cola do MSOffice WORD toda a formatação (ou quase toda) é perdida. Se vc fizer a copia do BrOffice Write nada é perdido da formatação. Façam um teste na hora de postar.