PEV - Pokémon Estilo de Vida escrita por Kevin


Capítulo 28
Capítulo 27 – Um Pedido de Socorro


Notas iniciais do capítulo

Lord fez uma recomendação e escolheu seu personagem para aparecer e hoje ele está aqui!

Espero que gostem!!!!



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Pokémon Estilo de Vida
Saga 02 – Fantasmas do Passado
Etapa 06 – Laços

"Às vezes somos forçados a driblar a verdade,
transformá-la,
porque somos colocados à frente de coisas que não foram criadas por nós.
E às vezes, as coisas simplesmente chegam até nós."

Capítulo 27 Um Pedido de Socorro

Um clarão de luz desfez a escuridão incomodando as vistas. Mais da metade do tempo tudo era penumbra e mesmo quado as coisas ficavam claras, nunca era naquela intensidade. Mas, sabia que bastava um pouco mais de um minuto para que a visão se acostumasse a cada nova intensidade.

Estava dormindo quando isso começou. Mas, resmungar nem passou pela sua cabeça, afinal aquilo era uma novidade em sua rotina de quase dois anos isolado. Levantou-se e olhou em volta. O ambiente metálico de pouco conforto estava mais ilumino que o normal. Mas, a porta ainda permanecia fechada. Entendeu que apesar da novidade, era algo que estava no protocolo.

Esticou-se e caminhou até uma abertura quadrada de pouco mais de meio metro de diâmetro e enfiou as mãos ali. Um barulho e sentiu algo envolver seus pulsos. Retirou as mãos que agora estavam algemadas. Caminhou para frente da porta que abriu-se. Deu dois passos para fora de sua jaula metálica e olhou para a esquerda, instintivamente. Mas, alguns passos a frente o corredor de costume terminava. A parede da direta se abriu em um corredor desconhecido.

Caminhou calmamente, com os braços jogados para frente, devido as algemas, mas mantendo uma postura ereta, de olhos fixos e confiantes e sem nenhum sorriso no rosto. O caminho que conhecia o levava uma espécie de jardim artificial onde tomava seu banho de sol semanal. Um sol artificial já que a instalação onde estava preso se encontrava em alguma parte do meio do oceano, algumas dezenas de metros submerso. Outra coisa que ficava naquela direção era a sala de conversas. A cada quinze dias ele podia sentar-se com uma pessoa, por uma hora e conversar. Fora isso, não havia contato humano com ninguém.

Chegou a uma porta aberta e pelo que via era uma sala de interrogatório, metalica, com duas cadeiras, mesa e o famoso video espelho.

– Eu esperava mais. -

Ele comentou e guiou-se para a sua cadeira. Sentou-se e ficou. Teve certeza, dez minutos se passaram sem que a porta se fechasse ou qualquer outra coisa viesse a acontecer. Todo aquele momento ficou olhando para frente, para o espelho, encarando quem deveria estar do outro lado do vidro espelho. Não podia vê-los, mas tinha certeza que estavam lá. Então olhou a mesa e bufou. Esticou as mãos para frente e as algemas grudaram-se na mesa, como se mesa estivesse magnetizada.

A porta pela qual entrou fechou-se e outra se abriu por onde uma pessoa fardada entrou. Ele sentou-se de frene e ambos se encararam.

O prisioneiro era negro, careca, cheio de músculos. Apesar do tempo que estava aprisionado quase que sem contato com as pessoas e tendo que inventar o que fazer em todo o seu tempo livre. O militar estava surpreso como os olhos ainda estavam vivos, o corpo ainda estava em forma, e a mente claramente estava afiada. Dois anos trancado naquelas condições e aquele homem parecia estar pronto para entrar em guerra.

– Vejo que o fundo do mar lhe faz muito bem, Chronos. - O militar deu um sorriso de deboche. - Parece que foi ontem que derrubamos sua organização criminosa. - O militar parou. - Não era sua, né? Você dividia a liderança. Seu líder simplesmente desapareceu quando vocês iam cair. -

– Surge, você é um idiota. - O homem não pareceu perturbado ou incomodado com as provocações do então general. O Ex-líder de Ginásio, agora Mestre Pokémon em Kanto, parecia mais forte e vigoroso do que da última vez que o viu a pouco mais de dois anos, antes de ser trancado ali. - Mas, estou adorando sua visita. Já até sei o que vou pedir. -

Um sorriso se fez na face do homem negro. Chronos era apenas mais uma de suas alcunhas. Pedra Noturna foi a última que recebera. Seu nome real nem mais era lembrado. Mas, sabia que se o nome Chronos estava sendo usado, significava que aquela visita tinha haver com seu passado antes de se tornar um líder terrorista.

– Pedir? - Surge deu um sorriso debochado. - E porque acha que vim aqui para você pedir algo? -

– Não recebo visitas como essa. Para que você venha aqui, só existe um motivo. - Chronos permaneceu sério encarando o general. - Dois anos se passaram e o provável é que aqueles que não prendeu da Estilo de Poder, agora estejam causando problemas e você precisa de ajuda para identificá-los. -

– Bem... - O general pensou um pouco a respeito. - Parece que era um protocolo de vocês, para caso viessem a cair. Mas, juntar-se com outra meia dúzia de protótipos de criminosos e sair em busca de vingança contra Kevin Maerd Júnior e seus amigos não é realmente algo que você possa resolver. -

Não era comum e Surge identificou isso de imediato. Um franzir de cenho foi visto no negro que pareceu não compreender o dito. Mas, dificilmente aquele homem não entendia algo, ele estava processando a informação. Ele era um gênio quando se tratava de falar de tempo e estratégias. Se lhe fosse dado uma missão e um tempo ele fazia, não importava o que fosse.

– Está me dizendo que membros antigos da Estilo de Poder pegaram meia dúzia de malucos a mais e em vez de reerguerem a organização, criarem uma nova, roubar ou nos libertarem, estão correndo atrás do moleque do Maerd. - Chronos pareceu tentar digerir a informação. - Sempre soube que o garoto era problemático. Tendo vivido parte da adolescência em meio a tantas mortes e sendo caçado como um animal não me admiraria que ele tenha enlouquecido a ponto de fazer algo que faz criminosos de alto calibre rebaixarem-se a apenas matar um jovem e seus amigos. -

– Computei umas trezentas pessoas no grupo. Sendo que a quantidade de mortes já estão chegando a cem. - O general percebeu a surpresa do prisioneiro. - Sua análise está certa. O meio em que ele cresceu deixou-o propenso aos extremos. Eles tentam matá-lo e matar seus amigos e ele está os matando. -

Uma risada que acabou se tornando a gargalha. O prisioneiro tentou se conter, mas pensar que o jovem herói agora estava tornando-se um assassino irônico.

– Imagino que esteja feliz com isso. - Comentou o General. - O filho de seus rivais, o garoto que o confrontou algumas vezes e foi aclamado como herói, agora envereda pelos mesmos caminhos que você. -

– Vocês o valorizam demais. - Respirando fundo para cessar o riso Chronos imaginava se Lúcia e Kevin Maerd imaginariam que o filho se tornaria uma pessoa como essa. - Isso é o que fez ele ir aos extremos. Todos esperam demais dele. Todos exigem demais dele. Qualquer jovem pressionado como ele é pressionado, com as experiências que ele teve, e ainda tem, acaba fazendo besteiras, mesmo que não considere que aquilo seja besteira. - Ele parou por alguns instantes. - Sinceramente, é só o início. Ele começou para se defender, está seguindo para defender seus amigos e tudo será legítima defesa até que ele se engane e mate alguém que não é um criminoso. Então ele vai cruzar a linha de lutar pela vida por lutar por qualquer coisa. - Chronos levantou os olhos pensando um pouco. - Imagino que se a irmã dele morrer, ele simplesmente vai sair matando a todos. -

O general balançou a cabeça concordando. Aquele ponto nunca tinha imaginado, a supervalorização que ocorreu várias vezes em cima de Kevin talvez tenha criado apenas uma pressão maior em cima dele e uma exposição que só o tornou alvo de criminosos implacáveis em busca de vingança. A exposição e a valorização parecia ser o “X” da questão. Kevin Maerd Júnior havia começado como um jovem sem talento que era menosprezado e assim ninguém realmente ligava para ele. Mas, quando Kevin começou a ser chamado de herói e como uma promessa no mundo pokémon todos olhavam para ele e quem não ficava admirado com ele ficava possesso com a situação.

Então era questão de tempo até que pessoas com índoles ruins irritassem-se com ele. Pessoas que fossem culpar Kevin, o herói, por situações inusitadas de suas vidas. Talvez aquelele fosse o ponto que faltava e que ninguém conseguia perceber. Kevin era ovacionado e algum criminoso era prejudicado por isso a ponto de acreditar que sem o loiro sua vida seria melhor.

– Vamos ao assunto que importa. - Disse Surge.

– Como? - Pedra Nortuna pareceu surpreso. - Não era sobre isso que veio falar? -

O general não resistiu em cair na risada. Bateu na mesa, com a mão espalmada. Por um pequeno instante quase acreditou ser uma piada, mas a expressão de surpreso não mentia. Pedra Noturna acreditava que o assunto era os Fantasmas e Kevin Maerd Júnior. O militar teve vontade de questionar o que ele poderia fazer quanto aquela situação, mas precisava dele em assuntos mais urgentes e certamente ao debochar do negro, tudo cairia.

– Quero banho de sol de verdade. - Disse Chronos. - Uma vez por semana por duas horas, em horários que o raios sol ainda estejam saudáveis para contato. -

– Não. - Disse o militar.

– Dois livros semanais. - Disse o prisioneiro.

– Não. -

– Contato semanal com uma pessoa com intelecto mediano. Os que me mandam a cada quinze dias... -

– Não. -

– Sua cabeça em uma bandeja. - Disse Chronos irritado.

– Posso providenciar. - Ele riu. - Minha morte seria muito mais agradável do que enfrentar os Países Livres. -

– Quero voltar para a minha cela. - Disse o negro que forçou duas vezes os braços, tentando retirar as algemas presas na mesa. - Minha cela agora! - Ele gritou.

O general sentiu a tensão. A coisa era muito séria do que ele imaginava para aquele homem temer o assunto.

– Os Países Livres declararam guerra... -

Surge foi interrompido pelo prisioneiro que se levantou da cadeira e forçou as algemas, uma segunda vez e ao perceber que não conseguiria se libertar inclinou-se na mesa e encarou o general.

– Países Livres em guerra significa carnificina. Melhor, genocídio. - Chronos parecia realmente preocupado. - Estou seguro aqui desde que eu fique na minha. Mas, se eu colaborar com vocês, eles vão vir aqui me matar e vocês não vão poder pará-los. -

– Ofereço o banho de sol de verdade, que tanto deseja. - Disse Surge. - Aposto que gostará de ver o mar, a brisa... -

– Minha cela! - Disse Chronos ainda o encarando.

– Uma noite de prazer por mês. - Surge sorriu. - A quanto tempo não tem um contato feminino tocando seu corpo? Posso arrumar umas jovens... -

– Minha cela! - Disse Chronos interrompendo-o ainda mais irritado.

– Participação nos torneios pokémon dos presidiários... -

– Minha cela! - Sua voz saiu quase sem vida.

– Um membro da família real foi morta - Disse o General que viu que Chronos nada disse. - Um dos sobrinhos do Imperador. -

O prisioneiro desinclinou-se e sentou-se novamente. Fechou os olhos respirando fundo. Ficou assim durante quase cinco minutos e então abriu os olhos.

– Livros semanais, quero televisão para assistir a todos os Concursos e Grandes Festivais do mundo e quero acompanhar cada notícia que sair desta Guerra dos Países Livres. - Ele sorriu. - Tenho certeza que vão televisionar a morte do responsável. Vai ser um evento muito interessante. -

Os dois se encararam. O que ele pedia estava além do que poderiam oferecer. Dar acesso ao prisioneiro a notícias externas era perigoso. Qualquer coisa que o fizesse entender como o mundo estava funcionando significava um pedaço de plano arquitetado para ele fugir.

Mas, Chronos havia sido um Top Coordenador reconhecido nos Países Livres e isso significava que ele possuía um conhecimento imenso do que era o império que acabara de declarar guerra contra o mundo para poder punir o assassino de um membro da família real.

Surge sabia que ele relutaria, mas tinha convicção de que ao saber o real motivo da guerra iria sentir-se tentado a escutar tudo e prever cada movimento que ocorreria naquela guerra.

– Aceito! -

– Se você não cumprir com sua parte eu garanto, antes que o meu tempo se acabe, faço você sangrar. - Disse Chronos.

As palavras ressoaram pela mente do general e ele soube que aquilo não era uma simples ameaça. Ele estava se propondo a uma missão, matá-lo caso o general não cumprisse com sua parte no acordo.

– Conte-me tudo o que sabe e qual é o problema que eu te direi o que sei e lhe darei alternativas. -

O prisioneiro pareceu aumentar sua concentração e atenção para o que seria dito a seguir.

– Países Livres na verdade é um império com costumes e regras muito distintas das de Kanto e a maioria das regiões do mundo Pokémon. Nem por isso eles deixam de possuir sua tradição com batalhas, concursos e outros. Tanto que as famílias nobres possuem a tradição de receber um pokémon guia para ser seu parceiro e representar o seu poder diante a sociedade, ao menos os homens. No geral, aqueles que possuírem as maiores habilidades com os pokémon guias serão declarados generais de guerra do império, título que só pode ser retirado pelo imperador ou pela morte. - O general parou por alguns instantes percebendo que o prisioneiro sabia sobre aquilo tudo. - Eles possuem uma tradição familiar nobre de que pai e filho se enfrentem antes da morte de um deles. Ou ao prenúncio da morte do pai eles se enfrentam ou o filho, quando achar que tem condições, desafia o pai. A batalha é de vida ou morte e normalmente o título de General de Guerra muda de mãos. -

O prisioneiro deixou claro pela expressão que conhecia tudo aquilo, mas limitou-se a escutar. Ao final, entendia que para falar sobre guerra com aquele império era necessário entender a questão que moveria seus generais e compreendia que os generais possuíam parentesco com o membro da família real assassinada.

– O assassinado foi Razor Neet, filho do irmão do imperador. - O general parou por alguns instantes. - Aquele conhecido mundialmente como Lord Empalador. -

O prisioneiro fez menção de se levantar, mas sentiu novamente as algemas presa a mesa o detendo. Ele não iria a lugar nenhum. Suspirou lamentando-se por ter aceito a proposta. O desafio intelectual o seduziu tão facilmente, havia meses que não tinha nada para se desafiar.

– A Estilo de Poder nunca foi atrás de Razor porque apesar dele ter nascido em Arton, que possuí uma relação politica forte com os Países Livres, ele é filho de Lord Empalador e não tínhamos intenções de entrar em guerra com um país como aquele. Estava fora de nossas metas. - Diz Chronos lembrando-se de seu tempo como um dos líderes da maior organização criminosa que o mundo viu. - Infelizmente, não sabíamos que Barreira também era filho de um General de Guerra. Quando soubemos já havíamos atacado o rapaz e tivemos que lídar com o pai dele. Felizmente conseguimos um acordo. -

– Esse morreu a menos de seis meses atrás. Por isso, Barreira que participaria do desafio da Elite dos Quatro em Sinnoh desistiu. Precisou enfrentar o pai para honrar a tradição e agora é um general de guerra, apesar de para ele isso ser apenas um título. - O general informou Chronos algo que certamente ele não sabia e percebeu que realmente era uma informação nova. - O terceiro General de Guerra seria o Conde Veneno de Cobra que está procurando os filhos rebeldes e fugitivos. Isso significa que a continuação da força militar dos Países Livres está abalada devido a morte de Razor. -

– Declarar guerra é a melhor forma deles dizerem que estão como sempre, ou talvez muito mais poderosos. - Disse Chronos. - Mas, continue, quem matou o Razor? -

– Ninguém sabe. Ele foi encontrado decapitado dentro de um cargueiro. - Disse o general suspirando. - E ai começam as situações interessantes. Os Países Livres decretaram guerra ao assassino misterioso, aos envolvidos, a todos que ocultarem informações ou atrapalharem as buscas. -

– Como eles não tem um suspeito o mundo inteiro está na mira. Qualquer pessoa que estiver ligado ao cargueiro, locais por onde ele passou ou simplesmente estiverem no caminho deles e gaguejarem diante a uma pergunta, morrerão. - Chronos encarou Surge. - Quais as pistas? -

– Quando o corpo foi encontrado havia quase uma semana que ele havia morrido. O cargueiro nesse tempo passou por Arton, Mion e Cair. As três regiões se curvaram diante ao Imperador e as tropas já estão por toda a parte. - Surge levantou-se. - Extra oficialmente tive informações de que Razor estava em uma caçada pelos primos fugitivos. -

– Um futuro general de guerra que matou outro? -

– Como eu disse é extraoficial. Não sabemos exatamente quem são os filhos de Conde Veneno de Cobra, porque estão em fuga e se Razor realmente estava os procurando. As fontes meio que divergiram. Um diz que estava atrás do primo a mando de Barreira que exerce poder sobre ele por ser o líder da geração. Outro diz que o pai, Lord Empalador, pediu ao filho para encontrar os sobrinhos como um favor para o Conde Veneno de Cobra que está sendo humilhado por não controlar os filhos. Outro diz que a missão é do Imperador para encontrar pessoas que não tem relação com os primos. Mas, a mais confiável disse que a busca é tanto do Lord Empalador quanto do Conde Veneno de Cobra e que não é só os primos fugitivos que precisava achar, teria que encontrar outras pessoas, antes que o Imperador perdesse a paciência com os irmãos. -

– Ele não estava em missão do Imperador, certamente. - Diz Chronos. - O Imperador não usa os sobrinhos para o mesmo. Recorre ao filho ou aos irmãos, ou mesmo a qualquer outro. A hierarquia não permitiria. Barreira talvez pudesse, agora que seu pai está morto, mas Razor não. -

Era o tipo de informação que o general queria. Aquele tipo de análise que infelizmente, poucos poderiam fazer por quase ninguém conhecer o Império.

– Também é pouco provável que estivesse caçando os primos por um pedido do pai. Os irmãos se odeiam. Para que Lord Empalador ajudasse Conde Veneno de Cobra, algo sério teria de estar acontecendo. Nem mesmo uma chantagem ajudaria nisso. - Um estalar de dedos foi escutado vindo das mãos do prisioneiro. - Barreira querer achar os primos faria mais sentido. Mas, a última opção me parece louca, mas não seria descartada. - Pareceu ponderar antes de falar. - Ele poderia estar caçando aos primos a mando de alguém, bem como a outro, ou simplesmente mudou de alvo de repente. -

– Plausível. - Concordou o o militar.

– Mas, há algo interessante nisso tudo. -

– Interessante? - O general não compreendeu. - Como? -

– Razor foi assassinado por alguém. Tudo indica que esse alguém estava sendo caçado por ele, pois Razor pelo que tudo indica estava caçando. Sei que os primos de Barreira são mais novos, então não creio que teriam muitas habilidades para decapitar alguém por querer, talvez um acidente. Mas, e se outro estivesse sendo caçado? Alguém mais forte e perigoso. - Chronos ponderou. - Talvez, ele não estivesse caçando esse alguém mais habilidoso, mas poderia estar com os primos ou tropeçou nesse cara mais forte. -

– Compreendo. - Agora estava a andar pelo local. - Ou os primos pegaram-no e o mundo está virando um palco de guerra de família, mesmo que por acidente, ou Razor cruzou com alguém muito habilidoso. -

– Em ambos os casos, a região onde isso aconteceu vai virar palco de guerra. Com sorte, será um dos primos. Numa situação chata o assassino não é um dos primos e o fez dentro de sua própria região. No pior caso, é de uma região onde o caso não aconteceu e mais regiões serão envolvidas. - Comentou Chronos. - Pois eles não vão aceitar só a pessoa. Vão achar que foi politico. -

– É uma das coisas que temo. - O general voltou para a cadeira. - Essa é uma informação que só eu tenho. Não passei a ninguém ainda e duvido que alguém já tenha identificado-a. - Chronos observou-o. - As imagens me deram certeza que a decapitação foi por eletricidade. -

Chronos fechou os olhos tendo relembrar de todos os golpes elétricos de pokémon que conhecia e nenhum provocaria corte que pudesse realizar uma decapitação. Imaginou uma arma que pudesse fazer uma decapitação usando eletricidade e mesmo assim o mais perto que chegou foi de um bisturi elétrico.

Um instrumento cirúrgico que usava de eletricidade para ir fechando vasos sanguíneos durante os cortes, ou qualquer coisa parecida com aquilo. Mas, o equipamento era pequeno. Então restava pensar num movimento pokémon novo. Seria algo poderoso, mas não seria incomum que um golpe especial surgisse.

– Acha que foi um pokémon ou um humano com pokémon? - Questionou Chronos.

– Rezo para que isso não tenha ocorrido em Arton, ou além de Países Livres teremos Arton fazendo uma campanha contra o uso de pokémon em situações violentas, o que incluiria batalhas e outros mais - Surge suspirou. - Eletricidade é minha especialidade e acho que seria possível um golpe cortante, elétrico, mas você conhece alguém capaz disso? -

– Sinceramente não. - Chronos deu de ombros. - Todos os especialistas em eletricidade não moldam esse tipo de energia pois ela é imprevisível. Mas, está seguindo a linha errada. Você não tem que se preocupar com quem matou. Não é um crime que solucionado resolvera a guerra. A guerra já está acontecendo. Tem que se preocupar em manter a guerra longe das regiões que você protege. Existem pessoas nos Países Livres que adorariam invadir regiões como Kanto e Jotho para travar combates de vida ou morte contra os Mestres Pokémon de lá. Quem fez isso, por acidente ou não, está morto. Os envolvidos estão mortos. O que você pode fazer é evitar que suas regiões evitem se envolver ou causar transtornos. Por que basta uma declaração dúbia, uma proteção a um suspeito, mesmo que a suspeita seja a mais infundada, e armas serão apontadas para essa região. -

– Então, acha que descobrir quem foi não ajuda em nada? - Questionou Surge.

– Você vê com olhos de justiça. Eles veem com olhos de vingança. Você pensa em um crime contra a vida. Eles pensam em uma ofensa contra a nação. - Chronos suspirou. - Para Lord Empalador é pessoal e descobrir quem foi é o mais importante, vai destruir e torturar até achar o verdadeiro culpado. Mas, para os demais foi o orgulho dos Países Livres que foi atacado e jamais admitirão tal atrocidade sem que não provem ao mundo que o Império é forte. -

– Eles tem mentalidade diferente. - Disse o General Surge compreendendo. - Acho que por hora é só. Virei outras vezes falar sobre esse assunto. -

– Pode vir conversar sobre isso quando quiser. Mas, isso deve levar no máximo duas semanas. -

– Como assim? -

– A guerra pode ser longa. Mas, eles descobrirão um culpado em uma semana e na outra vão saber se existem outros a culpar ou não. A primeira semana é para o culpado a outra vai dizer se a guerra vai ser local ou ganhará proporções globais. - Chronos Riu. - Parte da Estilo de Poder baseava-se no estilo dos Países Livres. Resolver rapidamente. Eles tem bons caçadores, psíquicos e outros. Diria que nesse momento eles tem certeza da região em que aconteceu e só não fizeram nada ainda pois Barreira nunca foi a uma guerra, Lord Empalador está emocionalmente envolvido e Conde Veneno de Cobra pode ser pai do assassino. Logo, devem estar esperando que Imperador eleja entre o verdadeiro comandante dessa guerra. -

O general nada disse. Se aquele homem que sabia calcular o tempo de ação de tudo e de todos como ninguém dizia que eram duas semanas para tudo ser decidido, ele acreditava. Além disso, os Países Livres reconheciam a habilidade dele de calcular o tempo justamente por eles apreciarem o controle de tempo das coisas também.

Decretaria emergência em Kanto, Jotho, Hoeen e Sinnoh e proibir qualquer declaração sobre a guerra dos Países Livres. Ele não queria ir a guerra novamente.

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Kevin estava deitado, ainda sem sono. Demorou para que ele resolve-se entrar na casa e se lava-se. Enquanto se lavou para comer algo as meninas acabaram indo dormir e Mevoj se recolheu deixando-o a vontade para descansar. A semana havia sido desgastante e seu corpo e mente começavam a dar o sinal de desgaste.

As lutas e as mortes não foram as únicas coisas que o desgastaram. As provas estavam além de suas expectativas e dos conhecimentos aprendidos no semestre. Precisou basear-se mais nos conhecimentos de treinador e coordenador que adquiriu durante sua vida e muita intuição. Mas, a preocupação com seus amigos e as buscas pelo local onde estavam os Fantasmas talvez tenham sido a pior parte.

Procurar sem ser visto. Proteger sem ser estar presente. Se preparar. Guardar energia. Não surtar com as mortes que estavam acontecendo sem ele saber e nem com as quais cometia. Ao final da semana não havia mais fantasmas em Khubar, ao menos não deveria haver. Significava que ele e seus amigos tinham alguns dias de descanso. Pelo menos por sua parte, mas Mevoj's ainda não estavam seguros.

– Está acordado? -

Kevin escutou a voz de Cody em meio a penumbra. Levantou-se, sentando no sofá em que dormia e olhou para a escada. Mevoj sequer parecia ter ido dormir, mas a surpresa era que as meninas estavam acordadas, ao lado dele.

– Precisa ver uma coisa. - Disse Mejov indo para o sofá em frente, enquanto as meninas sentaram no último degrau da escada. - A coisa ficou séria. -

Mevoj trazia com ele um tablet que esticou para Kevin. O loiro viu que as meninas pareciam sérias e aquilo indicava algo a mais no que eles queriam que ele visse. Se estivessem assustadas ou mesmo apreenssivas a coisa mudaria um pouco de figura, mas sérias era novidade.

O tablet tinha um video pausado. Kevin o posicionou de forma que pudesse assisti-lo e retirou a pausa.

“Vou repetir! Razor Neet, meu filho, foi encontrado decapitado em um navio cargueiro. Ele era membro da família real dos Países Livres e devido a isso, não podemos ficar calados. Estamos declarando guerra a quem fez isso, quem souber sobre isso e a quem tentar ocultar isso. Todos os envolvidos vão morrer. Então pedimos que o governo de cada região coopere com nossos exércitos, ou vamos entender que também estão se opondo. Os Países Livres estão em Guerra!”

A gravação havia acabado. Ele permaneceu observando o homem de cabelos pretos, olhos quase vermelhos e capa. Tinha uma certa semelhança com Razor, de certa forma. A legenda dizia que ele era Lord Empalador, General de Guerra dos Países Livres.

Conforme a família Mejov já havia mencionado aquele era o homem mais forte e perigoso que alguém poderia enfrentar. Ele era o pai de Razor e agora não faria nenhum outro tipo de justiça que não fosse empalar o assassino de seu filho.

– Ele faria algo contra vocês? - Questionou Kevin.

– Maya é da família, pode ser punida, mas ficará bem. - Comentou Cody. - O Imperador quer o casamento da Riley e com isso ela é quase que intocável. -

– E o senhor? - Questionou Kevin.

– Achei que tínhamos deixado essa formalidade de lado. - Ele riu nervosamente.

– Não respondeu a minha pergunta. - Insistiu Kevin. - Ele disse que todos os envolvidos vão pagar. Se as meninas estão seguras quanto a isso sobra você e eu. - Kevin olhou para as meninas no pé da escada, de onde certamente ouviam tudo. - Meu julgamento já foi realizado. Mas, e o seu? O que acontecerá com você? -

– Difícil dizer. - Ele suspirou. - Tudo depende se irão me escutar. Então, tudo depende de quanto tempo terei do momento que me encontrem ao momento que Lord Empalador ou o Pai de Maya, Conde Veneno de Cobra, cheguem a mim. - Ele meneou com a cabeça em meio a escuridão. - Se a pessoa certa me encontrar, conseguirei explicar que a fuga foi ato de um pai desesperado e com intenções de retorno para dar vida a filha e sobrinha. - Ele finalmente encarou os olhos de Kevin. - Como terei a chance de explicar tudo o que ocorreu na situação de Razor e o Imperador entenderá que ou Razor morria ou ele mataria Maya e provavelmente Riley. - Calou-se por um instante, mas completou. - O que não vai te salvar da morte. -

– Eu me salvarei da morte. - Sorriu Kevin.

– Estou contando com isso. - Disse Mevoj.

– Mas, e se a pessoa errada te encontrar e descobrir que você estava envolvido na morte de Razor? - Questionou Kevin.

Cody apenas olhou para as meninas. Não diria o que aconteceria a ele, mas foi o suficiente para que Kevin entende-se que ele morreria. As meninas já sabiam disso, mas verbalizar tal coisa para que elas escutassem era algo muito diferente.

– Deveriam se entregar. - Disse Kevin. - Contatar alguém que vocês possam confiar e se entregar. -

– Se fizermos isso vão perguntar sobre Razor e teremos que contar a verdade. - Diz Maya. - Existem sacerdotes com poderes psíquicos que nos forçaram a revelar a verdade e então virão atrás de você. -

– Não quero que você morra. Não vou me entregar sabendo que isso vai acelerar sua morte. - Disse Riley.

A morena ameaçou levantar-se, mas foi detida pela loira. Kevin percebeu e compreendeu que a família Mevov havia decido por fazer algo, mas que Kevin precisaria aceitar.

– A melhor chance de todos é continuarmos em fuga. - Disse o professor. - Agora, acredito que você não esteja disposto a fugir dos Fantasmas, não é? - Cody ajeitou-se no sofá pegando o tablet e começando a mexer. - Os Fantasmas estão matando seus amigos. Logo, você só fugiria conosco se os Fantasmas deixassem de existir. -

– É o mais perto da realidade. - Kevin concordou, apesar de que a verdade era que ele não conseguiria viver fugindo com eles. Mas, não precisava deixar a situação ainda mais tensa. - Mas, não poderão fugir para sempre. -

– Quando chegar a época do casamento nos entregaremos. Se o assunto de Razor não tiver sido encerrado ainda podemos procurar um jeito de apagar isso de nossos mentes. - Comentou Cody. - Já ouvi casos de psíquicos que conseguem apagar determinadas coisas de sua mente, sem que eles tenham que saber o que especificamente. - Ele riu. - Mas, isso é para um futuro distante. E se você sobreviver até lá. -

– Certo! - Kevin riu. - O que vocês têm em mente? -

– Eles não sabem quem sé você e pelo que pude perceber, você ocultou muito bem seu rastro. A única forma deles chegarem a você, no momento, é se alguém além de nós soube do incidente ou encontrar a mim e minhas filhas, pois então arrancarão a informação de nós. - Cody estendeu para Kevin o Tablet que mostrava um anúncio de um luxuoso cruzeiro. - Minha família precisa desaparecer novamente. -

Kevin olhou o anúncio. Um cruzeiro que rodaria meio mundo, por regiões distantes de Arton e das rotas comuns dos Países Livres ou mesmo das rotas do cargueiro onde depositou o corpo de Razor. Ao menos era isso que Kevin conseguia analisar pela rota. O cruzeiro levaria quase oito meses e já havia começado, a dois meses, em uma outra região. Ele passaria por uma cidade de Arton em uma semana e depois ficaria quase dois meses sem ver terra.

Para o Maerd o plano parecia ser bom. Se eles conseguissem entrar no navio de forma oficial, mas sem ter que deixar registros de seus nomes reais e outros mais, ficariam por meses longe do radar dos Países Livres que estariam a procura do assassino de Razor. Enquanto isso poderiam descobrir um novo local para se abrigarem.

– Parece um bom plano. Se pagarem em dinheiro e conseguirem registrar-se no navio com nomes falsos, ou de forma que seus nomes nunca apareçam no sistema, pode funcionar. - Disse Kevin.

– Precisamos de você para funcionar. - Disse Cody.

Kevin olhou-o sem entender. O desgaste da semana estava fazendo-o ficar lento, certamente. Mas, não via como ele poderia ser útil nessa fuga.

– Se formos os três para o porto no continente vamos chamar a atenção. Agora que os Países Livres estão em alerta isso seria o fim. Preciso ir no porto comprar as passagens e entrar no navio sem as meninas. E preciso sair amanhã para fazer tudo isso ou corremos o risco de ficar sem passagens. - Mevoj mostrou que haviam ainda dez vagas no cruzeiro, sendo apenas duas cabines familiares. - A compra tem que ser pessoalmente, pois pagarei em dinheiro vivo. Para o registro no navio usarei nomes falsos e documentos falsos. -

– Mas, como pretende entrar sem as meninas? - Questionou Kevin. - Como vai fazer o Check-in? E Como elas vão entrar depois? -

– O navio vai passar ao lado de Khubar três horas após zarpar. - Disse Mejov. - Eu preciso que fique com as meninas nessa semana, coloque-as dentro do navio, pelo céu, usando seu Pidgeot, sem que ninguém veja e empreste-me o Gengar para que ele possa criar uma ilusão de duas garotas qualquer para entrarem comigo. -

– O que? -

Cody não repetiu e as meninas nada falaram. Um silêncio se fez na casa que era interrompido apenas pelo flutuar de Gengar que se tornara visível ao perceber que fora citado para fazer algo sem seu treinador.

Kevin havia entendido o plano, mas não acreditava que ele fosse dar certo. Primeiro que separá-los parecia imprudente, pois qualquer coisa poderia acontecer com aqueles que ficassem ou aquele que fosse. Segundo que Cody era um péssimo mentiroso, talvez conseguisse usar os documentos falsos e com a ajuda de Gengar ele fizesse a compra o registro no navio e entrasse sem maiores problemas, mas seria difícil ele se manter no navio por três horas mentindo a torto e a direito. Terceiro que Kevin teria que colocar as meninas dentro do navio no horário correto e sem ser visto, o que parecia complicado para um navio lotado.

– Confiaria a segurança das meninas a mim? -

Aquela era a maior das questões para Kevin. Na próxima semana dificilmente apareceriam Fantasmas. Se ainda existia algum na ilha ele esperaria reforços depois da chacina do dia anterior, mas se alguém dos Países Livres chegasse ele não poderia simplesmente fugir com elas, toda a situação poderia piorar.

– Sinceramente, não. - Mevoj sorriu. - Não a segurança, mas confio elas a você! -

– Cody... - Kevin pareceu surpreso.

– Você nos salvou e se condenou mesmo quando não precisava e mandamos você partir. Que outra coisa eu poderia fazer se não confiar em você? - Questionou o professor. - As meninas se apegaram a você, em poucos dias. - Levantou-se. - Sinceramente eu queria arrastá-lo conosco, mas como não posso, tenho que abusar de sua vontade e pedir essa ajuda. Por que sei que está preocupado conosco, assim como estamos com você. -

Isso é loucura! Não tenho como cuidar das duas e me preparar para enfrentar Fantasmas e Generais de Guerra. Mas, que alternativa? Não vou conseguir ficar tranquilo pensando que algo pode acontecer a eles. Se eu conseguir segurar tudo por uma semana e colocá-los nesse navio, talvez eu possa ter uma preocupação a menos na cabeça. Kevin fechou os olhos rendendo-se.

– Gengar. - O Pokémon aproximou-se do treinador. - Consegue proteger o Cody Mevoj e fazer o que ele pedir por uma semana? -

No final, não importava a decisão que Kevin tomaria. Gengar precisava aceitar fazer parceria com Mevoj durante alguns dias. Era uma decisão difícil, o pokémon sabia exatamente o quanto o treinador corria perigo e ele era a melhor frente de defesa que havia. Estar presente sem ninguém ver, vigiando e criando ilusões para as fugas.

Gengar confirmou que faria.

– Obrigado! - Disse Cody.

As meninas saíram da escada e abraçaram a Cody. Ele sairia em menos de uma hora. A família pela primeira vez estaria separada.

– Só agradeça quando tiver suas filhas de volta. - Disse Kevin.

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– Meus mais sinceros sentimentos, irmão. Se eu puder fazer algo para amenizar sua dor, basta dizer e será feito. -

Era um salão bonito no qual haviam apenas três pessoas, com os joelhos esquerdos no chão e os braços colocados sob o direito. Lord Empalador estava perfilado com Conde Veneno de Cobra, enquanto Roger estava um pouco recuado, atrás de seu pai.

– É muita gentileza sua, meu irmão e Imperador. - Lord empalador disse olhando para a gigantesca tela pela qual o Imperador estava projetado. - Se me der honra que minha esposa permaneça na companhia com da sua, nossa querida imperatriz, e conceder-me o comando de nossas tropas para caçar e matar o assassino de meu filho, minha dor se transformará em glória. -

Era uma audiência via videoconferência. Após um velório confuso onde o ar vingativo predominava contra o da dor da perda de um ente querido, a esposa de Lord Empalador recebeu a companhia da esposa do Imperador, enquanto os generais de guerra voltaram para o palácio ao qual residiam e trabalhavam para se prepararem. No entanto, o Imperador sabia perfeitamente separar os momentos e não falou em guerra em momento algum do velório.

No entanto, sua primeira ação ao sair foi enviar uma nota oficial a impressa e permitir que seu irmão, agora órfão de filho, fosse o porta-voz de sua decisão. Guerra era o que o Imperador mais querida. Várias regiões estavam em crise econômica, alguns sequer possuíam contingente militar para defender-se devido a guerra que o mundo travou contra as organizações criminosas, ele precisava apenas de uma desculpa para aumentar seus territórios.

Razor Neet era valioso demais para ser uma moeda de troca para territórios, mas faria a morte do jovem valer a pena. Seu pai faria qualquer coisa para vingar o filho e da forma como as coisas estavam, teriam que brigar com metade do mundo para descobrirem o assassino.

– Minha cunhada é bem-vinda ao palácio imperial pelo tempo que ela quiser ficar. - Disse o imperador. - Quanto ao comando, não seria justo dar essa honra a outro que não aquele que dará a sua vida para levar a justiça dos Países Livres o assassino de um membro de nossa família. Mas... -

Os três perceberam que a reunião finalmente começaria. Roger poucas vezes teve a oportunidade de presenciar o tio Imperador sendo o líder temido pelo mundo e naquele momento os olhos sanguinários e ambiciosos do imperador estavam transparecendo. Sempre considerou seu outro tio, Lord Empalador, o mais perigoso, mas se fosse por falar de olhar, definitivamente o Imperador merecia o posto.

– Mas... ? - Lord Empalador estava um pouco mais ansioso e consternado do que de costume. A pausa longa, velha conhecida, o irritava tanto quanto no passado.

– Mas... Acredito que preciso alinhar objetivos e limites dessa guerra. Bem como as causas e consequências. - Disse o Imperador. - Afinal, não demorara para alguém descobrir que isso pode ser uma briga de família, não é? -

Lord e Conde se olharam rapidamente enquanto Roger pareceu não compreender.

– Tenho certeza que minha Maya não o fez e que Roger não tem a capacidade... -

– Não perguntei se você tem certeza ou não de algo! - Conde Veneno de Cobra foi cortado por um esbravejar do Imperador. - Por sinal, estou ansioso para a luta dos dois. - O imperador sorriu. - A muito tempo não temos um duelo sem que o pai não esteja aproximando-se do fim. Será um evento maravilhoso. -

O pai olhou para trás e Roger encarou-o friamente. Só estava em condições de se ajoelhar naquele momento por ter desafiado o pai. Sua sorte foi Razor ter aparecido sem cabeça, horas depois, ou naquele momento ele estaria lutando. Mas, a guerra era mais importante do que o duelo.

– Mas, voltando ao assunto. - O Imperador voltou ao olhar perigoso. - Barreira teleportou-se, através de um pokémon psíquico, para meu palácio, assim que a notícia começou a ser dada na mídia. Após o velório conversamos e ele me passou uma situação a qual eu desconhecia. Por acaso, vocês perderam a Riley Mevoj? -

– Sim. - Disse Lord Empalador. - Cody pegou a menina e Maya e fugiu do palácio a dois anos atrás. -

– Dois anos com vocês me enganando? - O Imperador pareceu curioso. - Barreira também me disse que todos acreditavam que Roger também havia ido com eles até um mês atrás, quando Razor, que procurava pelos fugitivos, encontrou-o e perdeu seu pokémon guia para ele e descobriram que Roger havia fugido sozinho, coincidentemente, na mesma noite que Cody Mevoj levou a filha e minha sobrinha para fora dos Países Livres. -

– Exatamente, meu senhor! - Disse Roger apressadamente, antes que alguém tentasse distorcer aqueles fatos. - Fugi para me tornar mais forte, pois preso no palácio não estava conseguindo. -

– Sabe Roger, eu acompanhei sua jornada por Hoeen atrás do campeão. Me deixou preocupado que alguém o identificasse como dos Países Livres, mas, ao mesmo tempo, fiquei satisfeito com sua garra. Eu sempre soube que você ia longe, depois de sobreviver daquela forma milagrosa ao poço. - O imperador meneou com a cabeça. - Claro que por fugir, irei lhe punir severamente, se sobreviver a guerra e ao duelo com seu pai. Afinal, nenhum general de guerra vai cuspir na hierarquia familiar. -

Roger percebeu que talvez calado ele estivesse menos errado e abaixou a cabeça, demonstrando que aceitava o castigo que viria se ele sobrevivesse.

– O que tenho em minhas mãos é uma situação interessante. Sei que não é Roger que matou Razor, pois poderia tê-lo matado antes e Barreira confirma que esteve com meu decapitado sobrinho depois de trancar Roger no contêiner. Meus sacerdotes psíquicos confirmam que Barreira também não o matou. Restando apenas Maya, Cody e Riley nessa conta, para poder desgraçar com nossa imagem no mundo. - O imperador encarou Lord Empalador. - Não acredito que Mevoj fosse capaz de matar alguém, ele e a filha são doces e não tem essa capacidade. Quem matou Razor, conforme os estudos, sabia o que estava fazendo. Mas, Maya teria a coragem e se evoluiu o mesmo que o irmão, também teria a capacidade. -

Conde Veneno de Cobra pensou em dizer que a filha não estaria envolvida, mas bem sabia que ela tinha a vontade de bater em Razor em Barreira por judiarem do irmão, Roger. Certa de que estaria oculta, talvez o fizesse.

Roger pensou em defender a irmã, mas sabia que ela teria coragem para o mesmo e já havia aprendido que só provas podiam ser levadas ao imperador ao defender alguém.

– No caso de Maya Neet, minha sobrinha a qual pretendemos encontrar um marido com títulos em outras regiões, tragam-na viva e intocada que resolveremos o que fazer posteriormente. Até porque precisaremos resolver como dizer ao mundo que a guerra é interna. - Disse o Imperador. - Caso os Mevoj's estejam com ela e venham a assumir a culpa, tragam-nos sem lhes fazerem mal porque o casamento da Riley vai acontecer. - Disse o Imperador. - O que quer Roger? -

Roger havia levantado a mão pedindo permissão para falar. Da vez anterior falou exaltado e percebeu que não fora muito bem-visto pelo Imperador. Não sabia como se portar, estava ali porque havia desafiado o pai e naquele momento o imperador tinha que tratá-lo como se ele estivesse no mesmo nível do pai. Mas, sem ter o título, ainda.

– No dia em que fugi fiquei sabendo desse casamento arranjado com um estrangeiro. - Ele parou. - A Tia.. Digo... Senhora Mevoj me contou de toda a situação quando a procurei para entender o caso, mas parece que nem Riley, nem o Senhor Mevoj sabiam sobre. - Ele baixou os olhos. - Acho que se fugiram no mesmo dia que eu sequer sabem tudo... -

– Pare de enrolar e conclua! - Gritou o Imperador.

– Queria entender porque esse casamento arranjado é tão importante! - Disse Roger apressado.

– Querido irmão, a pergunta é realmente pertinente. Eu não sei com quem ela tem que casar e sinceramente pouco me importa. Mas, seguimos suas ordens de manter a menina cativa conosco todo esse tempo e acabou de decretar que se ela estiver envolvida no assassinato de meu filho, não terei minha vingança, pois o casamento é mais importante. - Lord Empalador resolveu pronunciar-se após escutar tanto, calado. - Suas ordens e julgamentos sempre foram excêntricas, mas a do casamento foi de longe a mais excêntrica nesses anos todos. -

O imperador bufou. Pareceu olhar em volta e passos foram escutador. Entenderam que a sala de conferência estava sendo esvaziada. Logo ele olhou em linha reta, e pareceu encarar aos três.

– Querido irmão, o que me pediu no início dessa conversa? - Questionou o Imperador.

– Que permitisse que minha esposa permanecesse na companha da sua durante o luto e que me concedesse a honra de comandar os exércitos. - Disse o Lord Empalador após pensar um pouco.

– Por que pediu por sua esposa? - Perguntou o Imperador.

– S... - Ele pensou em xingar o irmão imperador, mas segurou-se. - Pois no momento minha vingança é mais importante do que o luto dela. Não consigo permanecer ao lado de uma mulher que vai chorar enquanto caço o assassino do meu filho. - Ele queria xingar o irmão pois sabia que naquele momento parecia fraco e o imperador forçava-o a expor suas fraquezas. - Sei que sua esposa, minha imperatriz, conseguirá aplacar a tristeza do coração dela. -

– Ou seja, está preocupado com a sua esposa e se rebaixaria a pedir um favor pessoal ao seu irmão para que ela possa ficar bem, certo? - O imperador pareceu sorrir.

– Sim. - Disse o Lord Empalador.

– Você faria qualquer coisa por sua esposa e eu também. - Disse o Imperador. - Minha querida esposa adora Concursos e Grandes festivais. No dia que eu fui matar aquelas duas, que brigaram por causa de um Concurso idiota, minha esposa que achou as duas talentosas acreditava que se juntasse o filho das duas uma terceira geração herdaria o talento das duas. - Ele riu. - Se uma delas fosse homem ela teria forçado-os a se casar ali mesmo. - O imperador segurou o riso. - Não tem um dia que minha esposa não fala desse futuro bebe. Que será o maior Coordenador, ou Coordenadora, que o mundo já viu. Que será nascido dos Países Livres e dominará o mundo com suas apresentações. -

Lord Empalador abriu a boca, mas não conseguiu dizer nada. Conde Veneno de Cobra olhou para baixo, certo de que o melhor naquele momento era não encarar o Imperador, pois uma crise de risos estava chegando.

Quer dizer que não posso me casar com a Riley porque a Imperatriz enlouqueceu? Roger ficou estático diante a informação de que Riley estava prometida não por ela, mas pelo filho que ela seria obrigada a gerar. Aquilo nem mesmo a senhora Mevoj parecia saber.

– Ficaram sem falas, né? - Ele o imperador suspirou. - Se esse casamento não acontecer e essa criança não nascer e for um Top Coordenador nato, minha esposa enlouquece. Eu sou imperador e não terei uma esposa louca e muito menos falando pelo resto da vida que por culpa de meus irmãos o Top Coordenador que elevaria o nome dos Países Livres no mundo dos Grandes Festivais não nasceu. - O imperador parecia perder um pouco da compostura. - Por isso a menina tem que casar, de preferência pura e muito obediente! Se ela matou Razor decapitado, que tenha sido usando um pokémon em um movimento artístico, porque ao menos haverá talento nela. -

– Rezo a qualquer entidade para que eles não estejam envolvidos. - Disse Lord Empalador visivelmente irritado.

– Se não for alguém envolvido no casamento que minha esposa tanto deseja, fiquem à vontade de destruir meio mundo. Adoraria aumentar nossos territórios. - O Imperador pareceu voltar sua postura séria e perigosa. - Matem quantos quiserem. Destruam o que quiserem. A decapitação não parece acidental e nem posterior a morte. As análises indicam que a causa da morte foi decapitação, até agora. Então a pessoa será um adversário e tanto. Quando encontrá-los, transmitam o confronto para o mundo se tiverem certeza que matarão naquele confronto. -

– Tenha certeza que morrera no primeiro confronto. - Disse Lord Empalador. - Quando Barreira se unirá a nós? -

– Farão isso sem Barreira. - Disse o Imperador. - Como podemos ter muitas proporções pedi a meu general que tragá o prometido de Riley para que ele não venha a ser morto na guerra. - O Imperador os encarou. - Honrem o império! -

Os três deram um brado e a imagem desapareceu. No mesmo instante todos sentaram-se massageando os joelhos, era cansativo aquela posição. No geral, nunca demoravam tanto em uma audiência como aquela.

Quer dizer que o futuro marido da Riley agora está sobre a proteção de Barreira. Se eu pudesse fazer ele morrer, sem que alguém soubesse que fui eu... Barreira morreria pelas mãos do Imperador e eu seria o líder da geração e Riley estaria livre para se casar comigo. Tenho que pensar num jeito de mesmo estando na guerra fazer Barreira matar aquele idiota. Roger sorriu maliciosamente


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Notas finais do capítulo

Basicamente a introdução dos confrontos finais estão acabando.
Nos próximos capítulos vamos acompanhar algo que vocês, não esperavam nessa reta final... ^^



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