PEV - Pokémon Estilo de Vida escrita por Kevin


Capítulo 1
Capítulo 00 – Introduzindo-se a um novo estilo de vida




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Pokémon Estilo de Vida
Saga 00 - Prólogo
Etapa 00
Capítulo 00
Introduzindo-se a um novo estilo de vida



Não pareceu tão difícil achar o caminho para o quarto entre os vários prédios do campus quanto fizeram parecer. O mapa que recebiam junto com a chave não era nenhum bicho de sete cabeças e ainda assim estava tudo muito bem sinalizado.

Em questão de minutos já estava a dar três batidas calmas na porta do quarto trezentos e três. Era desnecessário já que possuía a chave, mas o que custava um simples gesto de educação, ou formalidade, para anunciar sua entrada caso houvesse alguém do outro lado? Aguardou alguns segundos antes de tocar na maçaneta. Quando o fez surpreendeu-se, a porta estava aberta.



– Boa tarde! -



Abriu apenas uma fresta na porta para espiar e deixar sua voz entrar. Não demorou a identificar um rapaz negro de cabelo crespo sentado de costas para a porta. Apoiava-se em uma pequena escrivaninha e parecia concentrado em sua leitura usando uma camiseta clara e uma bermuda larga. Não se incomodou em responder a saudação ou ver se alguém queria algo.

O recém-chegado não ligou para a situação e adentrou. Fosse quem fosse teriam um semestre inteiro para conversarem, afinal seriam colegas de quarto. Iria deixá-lo em paz e acomodar-se no pequeno aposento que passaria a chamar de lar.

A porta de entrada ficava no meio de uma parede que poderia ser à frente do quarto. Ladeando-a estavam dois armários de porta sanfonada que servia de guarda roupa. A iluminação era boa, em especial pela grande janela que ficava de frente para porta. Abaixo da janela estavam duas pequenas mesas fixadas na parede, que serviam de escrivaninhas. Nas laterais as camas, uma de cada, bem junto às paredes.

Depositando sua mochila de viagem na cama vaga a esquerda, ainda sem nenhuma roupa de cama, o recém-chegado sentiu um alivio ao tirar todo o peso que estava em suas costas. Ao alongar-se, não pode deixar de notar as três malas que o negro possuía colocadas no lado dele.



– Escolhi o lado direito de quem entra. -



O negro finalmente disse algo. Não parecia prestar atenção em nada que não sua leitura, mas percebeu a curiosidade com que suas malas foram olhadas, mesmo estando de costas.



– Só trouxe essa mochila? -



Levantando-se, encarou o recém-chegado que ainda estava de pé. Era um contraste tão gritante entre eles que quem passava no corredor imaginava que logo aconteceria alguma briga.

Enquanto um tinha o tom de pele escuro, olhos castanhos escuros com algumas olheiras, cabelo crespo bagunçado, lábios grandes em um rosto sisudo e fechado, com uma estrutura ossuda e mãos calejadas. O outro era loiro dos cabelos casualmente arrepiados e olhos azul-esverdeados. Magro com músculos acentuados e um sorriso bobo no rosto. Suas roupas destoavam completamente das do negro, onde a calça própria para viagens e a jaqueta fechada davam um ar elegante. A altura, de um metro e oitenta e cinco, era a única semelhança.



– Não preciso de muito! Sou Kevin... -



– Sei quem você é! - Não havia sorriso ou preocupação em parecer rude. - Sou Albert Noah. Estou aqui para estudar, não para fazer amigos. Faremos algumas regras. As seguiremos mesmo que estejamos doentes ou ausentes. -



Alberto deu um passo e ficou cara a cara com Kevin. Por alguns segundos Albert achou ter visto uma faísca de indignação surgir, mas o sorriso do loiro não desapareceu.



– Não interrompa meus estudos. Não faça barulhos desnecessários. Não deixe suas coisas jogadas. Mantenha tudo limpo. Não mexa nas minhas coisas e tenha certeza, não pedirei para mexer. Não perca as chaves, pois não vou ficar servindo de porteiro. Não traga pessoas para o quarto. Não pendure pôster, quadro ou outros, não gostamos das mesmas coisas. A única coisa que precisamos pendurada já está na porta. - Ele falava com ginga e superioridade. - Siga as regras e talvez sejamos colegas. -



Um pequeno elevar de cabeça. Um desafio sendo lançado para Kevin contestar o falado.



– Alguma regra quanto à segurança? Trouxe meu próprio sistema. Terei prazer em proteger suas coisas também. - Kevin manteve o sorriso no rosto e não vacilou e não apresentou desconforto quanto a situação.



Albert franziu o cenho. Ensaiou uma fala, questionaria como Kevin protegeria apenas meio quarto. Mas, sentiu um cutucão no seu ombro direito. Kevin ainda estava a sua frente sorrindo e aquele cutucão não fazia sentido. Virou o pescoço e olhou por cima do ombro.

Roxo. Mais de um metro e meio com corpo que não se identificava onde começava ou terminava a cabeça. Braços e pernas ligeiramente curtos. Flutuava. Olhos esbugalhados e uma boca gigante que naquele momento estava aberta, com a língua para fora como quem fizesse uma careta.

Um grito alto de medo e Albert ganhava os corredores do alojamento em uma correria atrapalhada, enquanto Kevin ria juntamente com o pokémon fantasma, Gengar.



– Ótimo trabalho, sistema de segurança! -



Kevin cumprimentava o pokémon fantasma com um toque de mãos espalmadas. Virou-se fechando a porta e viu o cartaz colado atrás dela. Eram as regras de conduta dos alojamentos e uma estava destacada em vermelho.



– Proibido pokémon? - Kevin leu incrédulo verificando que o cartaz era da administração do local e não feito pelo tal Albert. - Fique invisível e tente não ser percebido. -



O pokémon, ainda em meio a risadas, desapareceu.



Talvez as inúmeras explicações para chegar ao alojamento façam sentido. A maioria que vi pelo campus não estão acompanhados por pokémon ou mesmo carregam pokebolas, não estão atentos ao que acontecem a sua volta, não parecem ter preparo físico e não se parecem com pessoas que em algum momento fizeram jornadas como treinadores, coordenadores, ou qualquer outra profissão que exija que saiam de casa em jornada e tenham parceiros pokémon. Assustam-se com as criaturas e proíbem a permanência dos mesmos em alguns recintos. É outro estilo de vida.

Como os invejo por serem tão avessos aos pokémon. Fui forçado a conviver com esses bichos durante minha infância, escutando histórias de grandes jornadas, batalhas titânicas e concursos glamorosos. No entanto, nunca estive interessado em nada disso.

Pokémon. Se for vivo, visto a olho nu e não for humano ou planta, é pokémon. Minha definição pode estar errada, mas a ideia é quase essa. Criaturinhas ora graciosas ora ferozes que dominam nosso mundo. Idiota quem acha que os humanos são a classe dominante. Existem mais pokémon do que humanos. São mais fortes e mais hábeis. Têm habilidade de manifestar pelo próprio corpo fogo, eletricidade, água, rajadas tóxicas e outros que são ainda mais estranhos e letais. Possuem uma conexão com a natureza que nós humanos jamais alcançaremos. Na maioria das vezes, sabem quando confiar em outro ser. Existem espécies ocultas que o mundo deveria conhecer e outras que deveríamos permanecer ignorando a existência se desejarmos manter nossas vidas. Mesmo assim, há humanos que se acham superiores.

Os artonianos são espertos. Não se ligam tanto aos pokémon. Estou amando essa região!

Arton é quase um sonho de infância que não sonhei. Tudo bem que na época não sonhava com nada. Fui digno de pena quando mais novo. Sendo usado, enganado, descartado, xingado, humilhado, subestimado, atacado, surrado, roubado, perseguido, caçado, amedrontado, sequestrado, torturado e só sobrevivi porque na falta de um sonho eu tinha um instinto muito grande de sobrevivência, além de muita sorte. Tudo bem que ainda não tenho sonho algum. E, provavelmente, dentro de alguns dias voltarei a ser descartado, xingado, humilhado, subestimado, caçado, torturado e o que mais conseguirem fazer comigo.

Não que as pessoas aqui sejam más ou se importem com quem você foi, mas não entenderiam minhas escolhas. Por isso mudei de nome, garante um pouco da segurança.

A verdade é que estou com medo. Desde que cheguei a Arton tenho tido um estranho sonho, tão real que só percebo ser sonho quando acordo. Carrego uma garota ferida em meus braços. Atrás de nós há uma criatura demoníaca e a frente alguém aponta um revolver na nossa direção dizendo “Poderia ter sido diferente!”. Não consigo ver nada da garota, da criatura ou da pessoa com a arma, tudo é penumbra. Mas, no sonho sinto-me ligado a garota.

Tirando o sonho, adoro esse lugar! Nunca imaginei que existia um lugar onde poderia minhas promessas e ainda recomeçar. Posso manter a promessa á minha família e amigos, de protegê-los contra as pessoas que me perseguem. À promessa que fiz a mim mesmo de que ninguém vai morrer ou se ferir se eu puder fazer algo a respeito. E, especialmente, nunca mais cruzar pokebolas com alguém sabendo que no final será ele ou eu.

Deixei para trás toda uma vida, todo um estilo. Agora sou universitário, um estilo de vida totalmente diferente. Não sonhava com nada daquilo. Mas, e daí? Não sonho nada disso aqui também.

Será que alguém acreditaria que não sonhei nada disso para mim? Será que mais alguém vive sem sonhos por tanto tempo?


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Notas finais do capítulo

E assim começa nossa história.Espero que o prólogo tenha instigado-os a acompanhar fic que será semanal. Para muitos, sei que a fic era muito esperada, já que baseia-se em PET. Para outros é tudo novidade e as surpresas em cada passo será grande.Inicialmente vou apresentar personagens e o mundo da fic, então pode ser que por 5 episódios as coisas estejam muito devagar, mas prometo que depois disso sempre teremos algo atraente.