Wrong | Cobrina escrita por Bruna


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Hey, meninas! Estou aqui com mais um capítulo pra vocês. Dessa vez apareci por aqui bem mais cedo do que de costume. Graças ao Carnaval tive tempo de sobra para fazer o capítulo. Tinha decidido postar daqui uns dias, mas não aguentei. kkkkk

Espero que gostem.



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Minhas mãos, antes presas pelas dele, conseguiram se libertar. Sabia que eu não era forte o suficiente para afastá-lo, mas ele me deixou sair sem nenhuma relutância. Agradeci mentalmente por isso.

Olhei de relance para Thawick e me arrependi logo em seguida. Ele tinha nos lábios um sorriso sarcástico e zombateiro, como quem diz "eu sei o que vocês fizeram".

E, por Deus, qualquer um iria pensar isso.

Analisei a situação: eu, de roupas íntimas, usando uma blusa dele - rasgada digasse de passagem; Cobra estava sem camisa, usava apenas um calção. E a cena, então: nós dois, vestindo esses trajes, naquela posição meio... Comprometedora por assim dizer.

É, ele tinha motivos para estar com aquele maldito sorriso nos lábios.

Fiquei de costas para eles, pensando no que faria. Pensei em me explicar, mas eu só iria complicar a situação, sabia disso. Então fiz a melhor coisa que julguei ser naquele momento: corri para o banheiro.

Fechei a porta em um baque.

Movida pela curiosidade, meu ouvido encostou na porta, na tentativa de ouvir algo.

— Não é nada do que você tá pensando, Thawick.

Fiquei contente ao perceber que ouviria toda a conversa sem muitas dificuldades. Meu sorriso se desfez ao me dar conta do rumo que aquela conversa poderia tomar.

— Oh, não! Não é nada do que eu tô pensando — a ironia em seu tom era quase palpável.

— Sério, cara, não é nada disso... — tentou de novo.

— Cara, vai me dizer que —

Ouvi apenas sussurros, nada que eu pudesse assimilar. Thawick baixou o tom, provavelmente para que eu não escutasse o seu comentário.

— Não, velho! — Cobra falou — Eu jamais faria isso... Não com ela — o deboche era evidente em sua voz.

O que, afinal, ele queria dizer com isso?

Liguei o chuveiro para não dá tanta bobeira. Me forcei ainda mais contra a porta para continuar ouvindo.

— Você não me engana, Cobreloa...

— Tô falando sério, cara — por mais que não pudesse ver, sabia que um sorriso estava em seus lábios, pelo tom de sua voz havia me dado conta disso — Agora me fala: como é que cê chegou aqui? Que me lembre, eu tranquei a porta.

— Sabe, assim como você, eu trabalho aqui. E é por isso que consegui essa belezura.

Eles riram. Thawick tinha a chave do QG em mãos, presumi.

— Não conta pra ninguém que a Karina tá aqui, ok? — pediu, Cobra.

— Eu não vou falar nada, cê sabe que não — garantiu — Mas não é de mim que você tem que a esconder.

Aquilo me fez gelar. Cobra possivelmente teve a mesma reação que eu, pois, demorou um pouco a falar.

— Como assim?

— Bom, pelo que andam falando: a novinha sumiu — alongou a última palavra de propósito, com certeza — e tá geral atrás dela. Aquele moleque, o... — fez uma pausa, lembrando o nome de alguém — o descabelado... o guitarrista... o Pedro! — pareceu orgulhoso de si mesmo ao lembrar.

A simples menção do nome do meu namorado me fez querer sumir. Tive vontade de me jogar naquela água que escorria do chuveiro, com a esperança de que elas levassem todos os problemas, sabia que seria em vão, mas queria fazer mesmo assim. Me mantive lá... Precisava saber o que tinha acontecido.

— O que tem ele?

— Ele tá pirando atrás dela.

João abriu a boca. Com certeza abriu.

Ele havia me procurado na sexta à noite. Estava estranho, mais que o comum. Perguntei o que havia acontecido e ele soltou tudo de uma vez e terminou com um "achei que você precisasse saber"... Eu comecei a chorar enquanto ele pedia para que eu me acalmasse. Depois de alguns minutos as lágrimas caíam com menos intensidade, e em um impulso de coragem perguntei o porquê dele está me dizendo tudo aquilo. Sua resposta foi curta, mas clara. Ele saiu do meu quarto, pedindo desculpas pela centésima vez naquela noite.

Eu saí sem destino. Pensei rapidamente em uma desculpa para que eu saísse de casa. Liguei para a Fabi, pedi para que ela confirmasse minha história caso meu pai ligasse; ela aceitou, mas não sem antes me fazer prometer que eu iria ficar bem e que não iria me meter em nenhuma confusão. Depois disso, passei um tempo longe da praça, longe de olhares, longe do mundo...

Pensei em voltar para casa, mas lembrei da Bianca; pensei em ir para casa da Dandara, lembrei de João; pensei em pedir ajuda à Dona Dalva e lembrei de Duca.

Cheguei a conclusão de que o melhor a fazer era ficar ir até à praça, já que não tinha mais tantas pessoas na rua, resolvi me arriscar. E eu teria ficado, mas Cobra apareceu.

— E o que cê vai fazer? — a voz de Thawick me tirou dos meus devaneios.

Havia perdido uma parte da conversa, sabia disso.

— Eu vou dá um jeito — falou, decidido.

— Ok, vê se não se mete em confusão, Cobreloa — pediu, preocupado — E, cara, — sua voz era longe, estava indo embora, talvez — mais tarde passo aqui.

— Beleza!

Depois disso, fiz o que deveria ter feito há muito tempo: tomei um longo e relaxante banho. Durante esse tempo, tentei evitar qualquer pensamento conflituoso que inundasse minha mente. E, com muito esforço, obtive sucesso.

Quando terminei, vesti as minhas roupas que, graças ao meu amado Deus, estavam secas. Apanhei a blusa rasgada em minhas mãos e saí do banheiro.

— Você fica bem com ela — a voz surgiu do nada.

— Idiota! — gritei.

Minha mão estava em meu coração que estava acelerado devido ao susto.

Cobra ria da minha situação enquanto eu me jogava na poltrona.

— Pega! — joguei a blusa que eu segurava em sua direção.

— Tá me devendo uma nova — ele pegou de qualquer jeito e a jogou em cima da cama.

Decidi ignorar o comentário. Fechei os olhos e decidi aproveitar aqueles preciosos minutos de paz.

— Geral tá atrás de ti, novinha — falou Cobra.

— Eu sei — disse simplesmente. Meus olhos ainda estavam fechados.

— Sei que tá foda, Karina, mas cê precisa fazer alguma coisa — ele me pareceu sincero — Ficar aqui se escondendo não vai adiantar nada.

Abri os olhos, com a esperança de que tudo aquilo fosse um sonho, ou melhor, um baita de um pesadelo.

Mas não era.

— Eu... Eu só não sei o que fazer — admiti.

E era verdade. Eu não tinha ideia do que fazer. Assim que encontrasse a Bianca iria ter que ouvir o interminável pedido de desculpas, assim como João fez. Sabia que seria pior quando chegasse no Pedro. E os olhares de pena, então...

Não estava preparada.

E eu os perdoaria? Talvez depois de um tempo, mas não agora. O que eles fizeram foi cruel e eu não esqueceria tão facilmente. Aliás, jamais esqueceria.

— Voltar pra casa seria um bom começo — comentou, se jogou na cama de maneira despreocupada.

— Você tem razão — concordei, limpando a lágrima teimosa que insistia em cair — Eu vou pra casa...

— Ok... Se qui —

— ...Mas não agora — completei, o cortando.

Quanto mais eu pudesse adiar a minha ida para a casa, melhor.

— Marrenta, se te pegarem aqui eu tô morto. Não quero confusão com o Mestre...

— Não vão — garanti — E o último lugar que meu pai me procuraria seria aqui.

— Isso é verdade — respondeu mais calmo.

— Eu vou ligar pra ele, dizer que eu tô bem e que volto mais tarde — informei, como se fazer aquilo tudo fosse a coisa mais fácil do mundo. Eu sabia que não era, mas não custava tentar.

Cobra pareceu receoso quanto aquilo, mas não fez nenhum comentário.

Levantei à procura do meu celular que eu não sabia onde tinha deixado.

— Aqui! — falou Cobra, balançando o aparelho em suas mãos. Sem nenhum aviso, ele jogou o celular, e eu, por muita sorte, consegui o pegar.

O lancei um olhar bravo e ele revirou os olhos em resposta.

Olhei o visor do celular e constatei inúmeras ligações e mensagens perdidas. O aparelho estava no silencioso, por isso não ouvi nada. E mesmo que tivesse escutado teria recusado todas elas.

Disquei o número da minha casa e ainda no primeiro toque, atenderam. Um sorriso invadiu meus lábios ao ouvir a voz de Bete. Antes ela que o Mestre.

Depois de quase um minuto de sermão e broncas, ela me soltou um "eu soube, minha menina. E eu sinto tanto". A linha ficou muda por um tempo. Eu não sabia o que falar. Bete acabou com aquele silêncio me dizendo que eu poderia ficar fora o tempo que fosse necessário, ela dobraria meu pai. Mas em troca, teria que dizer a ela onde eu estava. E assim o fiz.

— Eu tô no QG. Com o Cobra.

Meu Deus, que cena! Digna de cinema, devo admitir.

Cobra estava com uma garrafa de refrigerante nas mãos, o líquido já havia entrado em contato com sua boca, descia pela sua garganta, e quando ouviu minhas palavras, cuspiu tudo pra fora. Ficou tossindo feito um louco enquanto eu e Bete morríamos de rir.

Achei que ela iria me julgar por estar com Cobra, mas não o fez. Apenas pediu para falar com ele.

Estendi o telefone em sua direção. Ele, que se recuperava do incidente de alguns segundos atrás, pareceu estar prestes a sofrer outro.

— Quê?! — perguntou, alarmado.

— Ele quer negociar o resgate — disse o mais séria que consegui.

Cobra pareceu mudar de cor e não me contive diante disso. Ri tanto que senti minha barriga doer.

Depois de um tempo, talvez pensando no que faria, pegou o celular das minhas mãos e atendeu, finalmente.

Sorriu aliviado ao perceber com quem falava.

Passou um tempo conversando com ela. Falando coisas do tipo: "ok", "pode deixar", "tá bom" e "eu prometo".

Encerrou a ligação. E ficou encarando algo fixamente no visor do aparelho.

— Você bem que poderia se livrar dessas fotos, né? — comentou — É um bom começo pra quem quer esquecer.

Lembrei do porta retrato embaixo da sua cama, mas decidi não comentar nada.

Cobra falava do papel de parede do meu celular. Uma foto minha e do Pedro.

— E o que sugere. Uma foto sua? — brinquei.

— Não — negou, mexendo no telefone — Uma foto sua.

O som que o aparelho emitia, indicava que várias fotos estavam sendo tiradas.

— Seu idiota! — era pra ter soado como uma bronca, mas o sorriso em meus lábios não deixaram sair como tal.

Batidas impacientes vindas da porta do QG nos tiraram daquele momento.

— Deve ser o Thawick. Ele ficou de passar aqui pra me ajudar contigo — falou, me entregando o telefone.

— Ele tem a chave — comentei, me lembrando de mais cedo.

— Talvez agora ele não queira nos atrapalhar em nada — respondeu, sorrindo maroto.

— Olha aqui, Cobra, não tinha e não tem nada pra atrapalhar! — disse brava.

— Ok, ok... — levantou as mãos, em um sinal de rendição.

Seguiu andando em direção à entrada do estabelecimento. Me joguei no chão, impaciente enquanto esperava por Cobra.

— Dama?! — quase gritou — O que cê tá fazendo aqui?

Meu Deus, só pode ser sacanagem, né?


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Notas finais do capítulo

Comentem e me digam o que acharam, por favor. Cês não tem noção de como a opinião de vocês é importante pra mim.

P.S.: Obrigada pelos comentários do capítulo anterior. Amei todos eles.