Wrong | Cobrina escrita por Bruna


Capítulo 25
Bônus


Notas iniciais do capítulo

Notas inicias:

Ei, galera!

Não é miragem, sou apenas eu ressurgindo das cinzas, kkkk. E com o bônus de +de5000palavras! É muita coisa Isso porque tentei resumi-lo - fail, :/ kkk -.

Eu iria postar dia 24, pois é o dia que a fic iria fazer 9 meses - iria até considerar um filho, hsuahsua -, mas acabei cagando com tudo e cá estou antes do dia previsto! Kkkk

Preciso agradecer às quatro lindonas que recomendaram a estória: Bea, Gwen, Bruna e Malu, muito obrigada por aquelas lindas palavras! E agradeço também a todos os comentários, amo cada um deles! *-*

E, GENTE, TENHO UMA RECOMENDAÇÃO! Acho que cês sabem o quão difícil é ter uma fic Cobrina bacana por aqui, né? Então é por essa razão que vim indicar She Will Be Loved, da Alasca. Ela começou recentemente. Espero ver todos vocês lá, ok? Aqui o link: https://fanfiction.com.br/historia/647392/SheWillBeLoved/

Acho que por enquanto é só.

Boa leitura. Espero do fundo do meu coração que gostem! ♥



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— Um pouco mais pra direita. Não, esquerda! Isso...— Karina arfou, em busca de ar — Ai, eu não vou aguentar, Cobra.

— Só mais um pouco, K. Já estamos chegando... — o tom arrastado denunciava o seu cansaço. Já estavam a um bom tempo naquilo — Cuidado com o degrau, marrenta. Você quase caiu da última vez.

— Você não cansa desse apelido idiota? — perguntou brava enquanto finalmente atravessava a porta, se livrando da gigantesca escada e da pesada estante que arrastaram até lá.

Karina arrastou as costas pela parede, sentando-se da maneira mais confortável que conseguira, tentando amenizar o cansaço que sentia. Cobra sentou ao lado da loira que, por sua vez, também tentava recuperar o ar que tudo aquilo lhe havia tirado.

— Não canso, marrenta! — respondeu —Mas você parece cansar fácil. Toda ofegante aí... — mordeu de leve o ombro da garota em uma clara provocação. Adorava vê-la zangada. Os azuis agitados ficavam ainda mais bonitos.

— Vai à merda, Cobra! — Karina lhe lançou o dedo do meio de uma maneira mal criada.

— Você não parece uma mulher de 21 anos quando age dessa forma. — brincou.

— Não tenho culpa se você ainda é o mesmo idiota de sempre. — sorriu enquanto deitava a cabeça no ombro do homem ao seu lado.

Ele sorriu e plantou um beijo nos fios dourados da garota. O silêncio se instalara no ambiente, mas não era incômodo. Nunca era.

— O que você acha que teria acontecido se você não tivesse me encontrado naquela noite? — perguntou de repente, levantando a cabeça do ombro do moreno e o olhando fixamente.

Ele não precisou pensar muito para saber sobre o que ela falava.

— Cê tá maluca, garota? — perguntou debochado.

— Me deixa em paz, Cobra!

Era pra ter sido em um tom sério, decidido, mas saiu baixo, quase um sussurro e... fraco. Assim como a loira naquele momento.

— Karina... — chamou — Você não tá bem.

— Eu não sei o que teria acontecido. — sussurrou sincero — Mas eu sou grato por ter aqui. Comigo. — procurou os lábios da dela, os selando brevemente.

— Também sou grata por te ter comigo. Muito! — soltou baixinho, como uma confissão.

Anos passaram e ela ainda era a mesma menina que confessava os sentimentos em um sussurro. Sussurros que faziam o peçonhento se apaixonar ainda mais.

Cobra permitiu observar cada traço do rosto da loira. Rosto esse que mudara com os anos. Um ar maduro lhe preenchia. Mas para ele, ela era uma menina mulher. E nunca cansaria de observá-la. Desde os olhos pequenos que guardavam a imensidão azul até a boca que lhe era tão convidativa.

— Eu acho que nós teríamos nos esbarrado uma hora ou outra. Que teríamos nos envolvido em algum momento. — se aninhou no peito do réptil. Os dedos finos passeando pelo desenho da camisa preta que usava — Mas só se você tivesse tomado iniciativa! — completou sorridente, o observando acompanhá-la de uma maneira estonteante.

— Isso é verdade! — ele concordou — Eu sempre tomei iniciativa.

— Mentiroso! — mordeu seu ombro, ganhando em resposta uma risada arrastada — Eu te beijei primeiro, lembra? — perguntou alegre com a lembrança.

Ele assentiu, e seu olhar distante a fez perceber que o moreno estava lembrando da época.

Cobra estava na frente da loira, a lançando olhares confusos e preocupados. Haviam acabado de deixar a Khan, e Karina de repente estancara no lugar.

Antes algum pensamento são passasse pela cabeça da garota, os lábios finos encontraram os dele sem nenhum aviso. Apenas os selando.

Não sabia o motivo que a levou a fazer aquilo... Talvez para fazer aquela dor diminuir ou, sei lá, qualquer outra coisa que justificasse o ato.

Cobra pareceu surpreso, até mais que a lutadora. Se afastou apenas o suficiente para fixar os castanhos nos azuis.

E o réptil temendo que a loira recuperasse a lucidez, atacou os lábios dela. Um beijo feroz e repleto de confusão. De ambas as partes.

— Foi em um impulso. E nós dois sabemos o motivo que te levou aquilo. — constatou o réptil voltando a encará-la — Então não valeu. — disse por fim com um sorriso vencedor.

A loira fez um bico indignado para logo depois seus olhos brilharam em entusiasmo.

— A segunda vez em que nos beijamos! — exclamou orgulhosa — Eu tomei iniciativa.

Os braços fortes a cercaram com facilidade, a prendendo em um abraço.

— Você tá fazendo isso para fazer ciúmes na Jade? — se referiu ao possível jogo em que iria embarcar.

Karina rodeou o pescoço do moreno em um impulso. Ele pareceu surpreso, mas apenas sorriu.

— Talvez.

— Ela está furiosa. — sussurrou sorrindo ao perceber que a bailarina os lançava olhares mortais.

— Isso é bom. — Cobra sussurrou.

Um arrepio percorreu todo o corpo da garota ao sentir o nariz do réptil roçar seu pescoço. E ela jurou que, naquele momento, não tinha ideia do que ele falava. Era bom Jade está furiosa ou a capacidade que ele tinha de provocar todas aquelas sensações nela?

— Isso é perigoso. — corrigiu em um sussurro, mas sem se afastar. A última coisa que queria era abandonar os braços dele.

— É perigoso. — concordou — Mas é bom.

Os olhos azuis revesavam entre os castanhos e sua boca. A barba rala e mal feita roçava sua bochecha, a fazendo perder um pouco da sanidade que ainda lhe restara.

— É errado. — tentou a garota mais uma vez. Sua voz estava arrastada.

— É errado. — concordou. Se encolheu ao sentir os lábios macios do réptil roçarem sua orelha — Mas ainda assim, bom.

E Karina não tinha dúvidas sobre aquilo.

Sem paciência, as mãos trêmulas puxaram alguns fios do cabelo dele com uma força desnecessária. Cobra tombou a cabeça para trás e um sorriso maroto prendeu em seus lábios.

Sem pensar em nada e sem se importar se alguém os veria, a loira chocou sua boca contra a dele em, de novo, um beijo feroz.

— Perdeu de novo, marrenta! — disse maroto — Eu te seduzi. Você só me beijou porque estava muito envolvida no bote.

Ela revirou os olhos, não controlando a risada que deixara escapar. Era verdade, afinal.

— Ok, talvez eu não seja tão boa em tomar inciativa. — levantou as mãos em rendição enquanto sentava-se.

— Ah, mas você é. — o moreno a puxou para o seu colo — Ou esqueceu da vez em que, literalmente, me atacou no QG.

Ela sorriu ao lembrar do dia.

— Você disse que não iria comentar mais nada sobre isso. — baixou levemente a cabeça envergonhada, a enterrando na curva do pescoço do moreno que mesmo depois de tantos sobe e desce ainda cheirava bem.

— E como esquecer o dia em que Karina Duarte mostrou ser uma verdadeira selvagem?

Era mais um dia normal na vida de Ricardo Cobreloa. Ou ao menos era o que achava.

Acabara de chegar da academia de Gael. Onde agora além de treinar, dava algumas aulas a iniciantes. Não fora fácil conquistar de volta a confiança dos que o cercavam, mas aos poucos e com muito esforço, conseguira. Era amigo de todos - ou quase todos -. Sempre havia algum garoto de olho em sua marrenta. E aquilo não lhe agradava em nada.

Assim que pôs os pés na loja de suplementos, seguiu direto para o banheiro. As gotas frias que deixavam o chuveiro o relaxaram quase que de imediato. Passou minutos ali, apenas aproveitando. Deixando que a água levasse todo o cansaço do dia.

Quando terminou, secou-se, vestiu a boxer e a calça moletom que havia deixado ali no dia anterior. Passou os dedos pelos fios morenos em uma tentativa de organizá-los.

— Karina, como cê entrou aqui? Não havia perdido sua cópia da chave? — perguntou surpreso ao ver a namorada ali, ainda mais vestida daquela maneira.

A loira estava apenas com uma lingerie preta e vestia por cima uma blusa de mangas compridas da mesma cor, que pegara em seu guarda-roupa muito provavelmente. E para mexer ainda mais com ele, a descarada nem se dera ao trabalho de abotoá-la.

— Thawick. — respondeu-o. Um nome que lhe explicou muita coisa — Mas eu não vim aqui pra isso.

— O jantar de aniversário de casamento do teu pai é daqui a algumas horas. Fiquei de te buscar. Não precisava vir... — disse enquanto respirava fundo e coçava a barba quando notou que a garota se aproximava.

— Não vim por isso. — sussurrou enquanto pulava para os braços do moreno, que a pegou prontamente — Eu vim por você! — foi a última coisa que disse antes de beijá-lo.

Um beijo nada delicado. Era feroz, sedento. Karina arranhou de leve as costas largas dele quando sentiu os lábios do réptil arrastarem um pouco a blusa e pressionarem sua clavícula, subindo por seu maxilar até encontrarem sua boca novamente.

A loira sorriu ao notar que ele a guiara até a parede mais próxima, continuando com todos aqueles toques e beijos. Mas quando a garota ousou livrar-se do tecido maior que usava e ele a afastou, ela bufou indignada, sentindo seus pés tocarem o frio chão da loja.

— Porra, Cobra! — ela soltou brava — O que tá acontecendo?

— Eu só não quero. — disse baixo. Desviando os olhos e respirando fundo mais uma vez.

— Seu amiguinho me disse outra coisa. — falou impaciente ao observar seu estado — Você quer tanto quanto eu, mas por alguma razão me afasta sempre que as coisas esquentam.

— Eu não faço isso.

— Você vem fazendo isso há mais de um mês. — rebateu brava — Tem algo de errado comigo? — a loira baixou os olhos, observando o próprio corpo — Eu sabia que essa ideia idiota da Bianca de te seduzir não ia dar certo. Desc —

— Não tem nada de errado contigo! — garantiu, se aproximando da namorada, a olhando de uma forma sincera — Você é linda, marrenta. E eu te amo!

— Então o que tá acontecendo? — perguntou baixinho, o encarando com súplica.

Cobra lambeu os lábios. Se perguntando se realmente valia a pena trazer esse assunto a tona. Ele estava esperando ela o contar.

— Eu não quero machucar você.

Karina balançou a cabeça como se não acreditasse no que ouvia.

— Em dois anos de namoro, você nunca me machucou, Cobra. Nunca. — ela frisou enquanto acariciava sua face.

Ele respirou fundo antes de soltar.

— Além de machucar você, também não quero machucar o bebê. — ele sussurrou a ela. Os olhos negros descendo até a barriga da namorada, imaginando o seu filho crescendo no ventre da loira.

Karina engoliu em seco ao analisar as palavras dele.

A lutadora riu baixo com a lembrança enquanto entrelaçava os dedos por trás do pescoço do moreno, descendo lentamente para morder de leve o queixo do namorado.

— Não teve graça. — repreendeu de olhos fechados, permitindo sentir a boca da lutadora subir até a sua.

— Claro que teve. — os dentes puxaram o lábio inferior do moreno antes de beijá-lo de uma forma breve, sorrindo em seguida.

— Eu passei um mês inteiro fugindo de ti. — as mãos fortes apertaram a curva da cintura da garota de uma forma indignada — Minhas mãos voltaram a fazer o trabalho sujo de novo. — fez uma careta.

Ela revirou os olhos com o comentário.

— Poderia ter me perguntado.

— Eu já tinha ouvido muita coisa para tirar minhas próprias conclusões.

— A barriga crescendo, os enjôos, a bipolaridade, todo aquele sentimentalismo... — Karina recitou para a irmã, que ria de tudo que a mais nova falava.

Cobra estava do outro lado da porta. Elas não o viam, e ele acabou escutando a conversa sem querer. Havia combinado com a namorada de buscá-la para um jantar, e lá estava ele: ouvindo a maior notícia de sua vida.

— Como você acha que ele vai reagir? — Bi perguntou insegura.

— Ele vai vibrar com a notícia, Bianca! — garantiu com uma certeza assustadora — Pode ficar apavorado de início como eu fiquei, mas depois vai superar. E amar essa coisinha que está crescendo a cada dia.

— Ai, Ka! — pulou para os braços da loira, a abraçando — Eu estou tão feliz.

— Eu também!

Do outro lado da porta, Ricardo Cobreloa engolia em seco, ainda não acreditando no que ouvia. Queria que ela o tivesse esclarecido tudo, mas decidiu ali que esperaria o tempo dela.

E esperou.

— Você entendeu tudo errado, Cobreloa. — Ka voltou a sentar ao seu lado, deitando em seu peito em seguida.

— É, eu entendi tudo errado.

— Então, a Bianca tá grávida? — ele perguntou confuso e ao mesmo tempo constrangido — Não você?

A loira sorriu largamente ainda não acreditando na conclusão em que ele havia chegado. Depois de explicar toda a estória, as coisas entraram nos eixos na cabeça do réptil.

Bianca estava grávida. E no dia de toda a confusão que ele fizera, a mais velha tinha ido contar a novidade para a loira. Que ficou assutada e ao mesmo tempo radiante com a notícia. Iria ser tia, afinal.

— Sim, a Bianca está grávida. E o jantar de hoje a noite é pra contar a novidade para a família. — acariciou os fios negros do namorado enquanto lhe explicava tudo calmamente — Um filho é uma grande responsabilidade, Cobra. E eu não estou pronta para tanto. — ele assentiu, concordando — Mas quando eu estiver, quero ter um filho com o homem que eu amo. — lhe sorriu, ele a acompanhou a olhando de uma forma apaixonada — Mas se ele não quiser, serve você. — disse brincalhona.

— Sirvo, né? — a guiou até a cama, embarcando no jogo que ela começara.

— É, serve. — confirmou, analisando cada detalhe do rosto do moreno. Nunca cansaria daquilo.

— Sabe o lance de me seduzir? — Karina assentiu sorrindo envergonhada enquanto apreciava o toque dos lábios macios na pele de seu pescoço — Então, você fez um trabalho... Que tal continuarmos de onde paramos?

— Eu adoraria! — sussurrou em seu ouvido, o arrepiando.

Começando ali, uma longa noite de amor.

É, chegaram bastante atrasados no jantar na casa dos Duarte. Mas Cobreloa sempre tinha uma boa desculpa.

— O Gustavo é uma linda criança!

— E você é um tio babão! — retrucou enquanto bagunçava os cabelos do namorado.

Cobra lhe lançou uma careta em resposta.

Mas era a verdade, afinal.

Gustavo já tinha três aninhos e era a criatura mais adorável do planeta. Tinha os olhos verdes do pai, os cabelos da mãe e diversos traços dos dois, mas principalmente do gamer. Joanca eram só amores com o filho. Assim como o mestre Gael, que de início não gostara da ideia de ser avô, mas bastou ver o neto para os olhos brilharam e o peito se encher de amor. E os tios também não ficavam para trás, Cobra principalmente. Karina nunca imaginou aquele lado nele. E quando o viu embalando Guto em seus braços quando ele ainda pequenino, os olhos azuis marejaram e seu coração sorriu.

Quando Bianca contara há pouco mais de três anos ao gamer que estava grávida, a reação foi a que a atriz imaginava. Ele ficou paralisado. Literalmente. João não disse nada por longos e torturantes minutos. E quando conseguiu falar algo soltou um alto palavrão para logo depois surtar. Ficou radiante com a notícia de que seria pai e a mais velha em meio a lágrimas e sorrisos, o fez prometer que manteria segredo até o jantar de aniversário de casamento do mestre. Onde julgou ser o momento perfeito para dar as boas novas. E foi!

E assim fez o gamer. Controlando aquela vontade insana de contar a todos que seria pai.

— Eu estava com saudades suas... — a voz rouca do moreno lhe afetou de uma maneira sem igual, a trazendo de volta para a realidade.

Cobra afastou algumas mechas loiras que cobriam seu pescoço, fazendo com que a pele alva ficasse totalmente exposta. E de uma maneira lenta e ela sabia que proposital, a boca dele encontrou seu alvo. Subindo lentamente.

— É bom que sinta mesmo, viu? — socou levemente o seu ombro, o impedindo que concluísse sua tarefa — Espero que lembre e sinta saudades minhas cada vez que uma de suas alunas, as mesmas que transbordam hormônios e que suspiram por ti, se oferecerem pra você — Ka cerrou os olhos, o encarando séria.

Desde que se tornara o novo Mestre da academia de Gael há alguns meses, o peçonhento vivia cercado de garotas. Com seus vinte e seis anos, o moreno ainda era belo e arrancava suspiros por onde passava. Talvez ainda mais do que antes. Todos os anos de treinos e campeonatos com certeza lhe caíram bem. Ricardo Cobreloa ainda era absurdamente lindo.

— Qual é, K! — exclamou em seguida — Elas são lindas, tão bem aplicadas e têm um talento extraordinário. Dá um desconto, amor... — aquele olhar e o sorriso cafajeste estamparam sua face.

Ele, sem dúvidas, ainda era o mesmo idiota de sempre.

— Sai! — o afastou, brava.

Ele sorriu maroto ao ver o estado da namorada.

— Você fica linda com ciúmes — provocou, e de uma maneira lenta os aproximaram. Os braços finos cruzaram sobre o próprio peito e uma carranca se formou em seu rosto — E já deveria saber depois de todos esses anos que você é única pra mim — mordeu o lóbulo de sua orelha, conseguindo que ela se desarmasse por completo.

— Não é ciúmes. — sussurrou mesmo sabendo que era uma total mentira — Só não gosto de te ver cercado por elas. — as mãos quentes da garota seguiram até sua nuca, a acariciando. Mergulhando naqueles olhos que nunca cansaria de se perder.

— Você é minha melhor aluna e a mais especial. — ele garantiu enquanto as mãos apertavam seu quadril fortemente, na tentativa de prová-la a verdade por trás de suas palavras.

— Eu sei. — ela sussurrou convencida, sorrindo antes de sentir a boca dele tocar a sua. Lentamente. Um beijo calmo e molhado. Gostava de toda a selvageria que ele exalava, mas também apreciava momentos como aqueles.

Quando se afastaram em busca de ar, Ka apoiou sua cabeça no ombro de Cobra, sentindo e apreciando o afago que ele fazia em sua cabeça.

Karina passou a observar o cômodo e fez uma careta em seguida.

— Vai dar um pouco de trabalho arrumar tudo isso, não vai? — ela perguntou triste ao analisar toda a bagunça, levantado-se do colo do namorado em seguida.

— Teremos um trabalhão — concordou, também levantando.

Estava um completo caos. Uma total e verdadeira bagunça! Superava a zona que era a loja de suplementos quando os produtos chegavam, e até o mesmo o quarto da loira na época de sua adolescência.

Os móveis espalhavam-se por todo o cômodo. Organizados de uma maneira nada pelicular, mas ambos estavam cansados demais para organizar as coisas. Geladeira na sala se estar, os sofás estavam na cozinha, a TV equilibrada em uma mesa qualquer, a gigantesca e pesada estante bem à frente, quase impedindo a passagem pela porta.

— Nossa casa, Cobra... — ela sussurrou sorrindo, tombando a cabeça no ombro do namorado que a abraçara.

Finalmente morariam juntos. Compatilhariam de vez a vida que tanto sonhavam.

— Nossa casa! — ele confirmou beijando o alto da cabeça da loira.

— Espero que valha a pena! — ela soltou com uma falsa indignação.

Cobra lhe devolveu o olhar não controlando a curva que se apossou de seus lábios.

— Dividir a minha vida com você? — perguntou Cobra, arqueando uma de suas sobrancelhas enquanto mergulhava no mar de seus olhos — Não sei não... Algo me diz que essa é a coisa mais errada que eu já fiz na vida.

— Eu sou a especialista em erros aqui, Cobreloa! — a voz rouca seguida de uma baixa risada o fez sorrir e afastar algumas mechas que cobriam seu rosto.

Ricardo passou a observá-la detalhadamente.

Os lábios finos que tantas vezes encontraram os seus prendiam um discreto bico que o fez ter vontade de desmanchá-lo sem pudor algum. Os mesmos lábios que lhe sussurravam diversas vezes as palavras de que tanto precisava; os olhos azuis que o moreno mergulhara em busca de respostas agora já não lhe eram tão confusos, já não lhe afogavam, mas o resgatava; o nariz fino que tantas vezes o arrepiara ao sentí-lo na curva de seu pescoço agora estava levemente torcido de uma forma engraçada E até a pequena e discreta ruga que invadia sua testa era linda para ele.

— Por que cê tá me olhando como se fosse fazer algo muito ruim? — ela riu nervosa.

E ele soube ali que era a hora perfeita.

— Nem é tão ruim assim, marrenta — brincou.

Ela lhe pediu com os olhos para continuar com o que falava.

— Você é a especialista em erros, né? — quando ela assentiu incerta, o moreno continuou — Pronta para cometer mais um? Talvez até o mais terrível de todos...

— Qual? — ela questionou curiosa.

— Casa comigo? — soltou de uma vez. Sem delongas, sem hesitar.

Foram apenas duas palavras. Uma pergunta que fez o coração da loira acelerar de uma forma desigual. Batia de uma maneira descompassada. Fogos de artifício pareciam explodir de dentro dela.

— Se você passar mais um segundo em silêncio eu vou achar que — ele começou inseguro.

— Sim! — soltou de uma maneira estonteante, o interrompendo — Quero me casar com você! — a lutadora sorriu ao sentir os olhos marejarem.

A felicidade parecia querer transbordar dos castanhos do lutador. Ele a puxou para si, a beijando. Se separaram um tempo depois, quando o oxigênio se fez necessário.

Os fios negros bagunçados, os olhos fechados e a respiração ofegante o tornava incrivelmente lindo.

— Quer saber de uma coisa? — perguntou Ka entrelaçar suas mãos nas dele. E quando ele pediu com os olhos para que continuasse, ela o obedeceu — O Guto vai ter alguém com quem brincar.

— A Bi tá grávida? — perguntou surpreso.

— Não tô falando da Bianca... — sussurrou baixinho, levando os olhos até seu ventre.

Karina sorriu ao ver todo o turbilhão de emoções que passou pelos olhos de Cobra. Primeiro confusão e quando ele arregalou os olhos, apertou sua mão e franziu o cenho sorrindo de uma forma engraçada, ela soube que ele havia entendido.

— Caralho! — soltou alto. Tão alto que Karina se assustou por um instante — Eu... Isso é sério? — tentou organizar as palavras enquanto a olhava em uma espécie de choque — Você tá grávida, Ka?

Ela assentiu. E sorriu ao sentir os lábios quentes e preciso sobre os seus.

— Bom, foi isso que disse os cinco testes que eu fiz hoje — comentou, lembrando de mais cedo. Do desespero e da alegria que tomou conta de cada célula sua quando viu aquelas listrinhas que estampavam o teste.

— Vamos ter um filho... — sussurrou ainda como se quisesse convencer a si mesma.

— Ou filha. — ela o corrigiu, deitando a cabeça no peito do agora noivo — Pode parecer besteira, mas eu sinto que é uma menina. — disse baixinho.

— Eu acho Ana um nome muito bonito. — o moreno sussurrou a ela, sabendo do que falava. Ou melhor, de quem.

Ana, a mãe de Karina.

Cobra lembrou inevitavelmente o primeiro aniversário da loira que passaram juntos. Normalmente, pessoas irradiavam alegria naquele dia, mas não ela. Ka passou o dia inteiro triste e calada pelos cantos. Cobra tentara uma conversa com ela, repetindo todas as palavras que já lhe haviam sido ditas, porém todas em vão. O réptil respeitou o momento, mas não o espaço. Passou o dia inteiro ao lado dela. E no final do dia, quando já não aguentava mais, Karina desabafou com ele. Chorou como nunca antes. Dormiu em seus braços minutos depois quando o cansaço lhe venceu. O réptil lhe sussurrando palavras de conforto, que aqueciam o coração triste da lutadora. No outro dia, o moreno a levou para viajar de moto. Ela de início não gostou da ideia, mas acabou acatando por insistência da família e do próprio namorado. E o dia foi feliz no final das contas. Cobra conseguiu tirar vários sorrisos e coisas a mais dos lábios da loira nos dias em que ficar fora.

E sempre faziam isso desde então. Eram as melhores viagens de suas vidas!

Karina sentiu os olhos marejarem ao lembrar-se da mãe. E os dele também estavam da mesma forma.

— Eu também acho o nome muito bonito — concordou ao beijá-lo brevemente. Sentiu os dedos dele apararem a lágrima solitária que escorreu de seu rosto — Nossa Ana.

— Nossa Ana, marrenta.

E a felicidade que antes já existia entre os dois, pareceu transbordar depois de tudo.

E ali, entendeu o porquê de João ter chorado tanto quando conversaram pela primeira vez sobre o filho que vinha a caminho. Cobra entendeu todas as lágrimas que o gamer derramara quando ligou para avisar que Guto havia nascido. Ou a vez em que também batera na porta do QG às quatro horas da manhã só pra lhe mostrar uma gravação onde a única palavra que havia era "papai".

Ele entendeu. Entendeu porquê agora era ele que sentia. Iria ser pai. Iria ter um filho, ou filha como ela observara, com a mulher que mais amava no mundo.

Os dedos de Cobra percorriam toda a extensão de suas costas em um carinho gostoso.

Um rangir fez os dois olharem para a porta.

— Tio! — os bracinhos pequenos foram até o réptil, desviando facilmente da estante que dificultava a passagem, ignorando a lutadora por completo como sempre faziam. Gustavo nunca escondera a preferência que tinha pelo réptil.

— Guto! — baixou o corpo para pegar o garoto que lhe sorria feliz mesmo com os olhos quase fechados. A loira beijou a bochecha do sobrinho ganhando um lindo sorriso em resposta.

— Oi, Ka! — cumprimentou Bianca ao beijar o rosto da irmã — Parece que alguém tava com saudades — comentou ao observar o filho.

— As vezes eu tenho a impressão de que meu filho gosta mais do Snake que de mim. Nunca vou superar o fato de que a segunda palavra que ele disse foi "titio" ao invés de "papai" — comentou o gamer com uma falsa indignação ao lembrar do acontecido.

Depois de "mamãe", Gustavo soltou um alto e sonoro "titio" que fez Cobra zoar o gamer por um bom tempo.

— Eu já estou acostumada a ser segunda opção — a loira soltou com uma risada abafada — Só espero que nossa filha não faça isso comigo, Cobra — cerrou os olhos em direção ao moreno.

— Verdade. Ninguém merece e... Meu Deus! O que você disse? — João perguntou ao notar o que ela havia falado.

— Isso aí, viciado! — Cobra se aproximou de mim, passando um braço ao redor de minha cintura, beijando meu rosto. A criança em seus braços deitara a cabeça em seu ombro e os olhos verdes ameçavam fechar a qualquer momento — Seremos pais e... Estamos noivos!

— Ai, meu Deus... — sussurrou Bianca nos cercando em seus braços — Parabéns!

João também se juntou ao abraço.

— Quero ser padrinho, nada mais justo! — disse simplesmente enquanto plantava um beijo no alto da cabeça da loira e batia nas costas do amigo.

— Cê vai ter que disputar o posto com Thawick. — Cobra soltou brincalhão ao lembrar do também amigo de anos, sabendo que ganharia a irritação do gamer.

— Não me venha com essa, Snake! Thawick é o caralho! Sou eu e acabou! — quase gritou em indignação só de pensar na possibilidade de não ser o padrinho da criança.

— Cala a boca, João! — repreendeu Bi enquanto pegava o filho dos braços do réptil. O pequeno resmungou algo, mas logo dormiu de novo quando ela o embalara brevemente em seus braços.

— Você ouviu isso? — perguntou indignado, agora controlando o tom de sua voz sabendo do trabalho que teria caso aqueles olhinhos abrissem — Ainda mais essa...

Bianca foi até o marido e plantou um beijo breve em seus lábios, sorrindo largamente pela infantilidade do momento.

Karina estava aninhada nos braços de Cobra enquanto observava os três. Sonhando com o dia que estaria da mesma forma. Com a sua família.

— Digo mais: garanto que a primeira palavra que vai deixar os lábios dele ou dela vai ser o meu nome. Um “João” alto e claro! — soltou convencido, ganhando a risada de todos.

— Vamos pra casa, João. Cê já tá falando muita besteira — chamou a atriz ainda sorrindo — Nós só passamos aqui pra ver se estava tudo ok, se já haviam se alojado. Fora que o Guto queria muito ver vocês — explicou de forma breve — E saibam que eu fico muito feliz com todas essas notícias. Parabéns mais uma vez! — desejou de forma sincera.

Bianca, afinal, com o passar dos anos aprendera a gostar do cunhado. E a admirá-lo também. Estava tudo bem desde que sua irmã estivesse feliz. E ela não tinha dúvidas do quão feliz ela estava com aquele ser rastejante que um dia ela julgou ser má companhia.

— Vocês merecem! — concordou o gamer parecendo mais calmo — Merecem toda essa felicidade. Esse casamento, esse filho, essa casa, essa vida...

Os dois agradeceram ao casal de forma sincera enquanto observavam os dois atravessarem a porta.

— Ei, galera, amanhã a gente volta e ajuda com essa bagunça!— João soltou do lado de fora — Boa noite! — desejou alegremente.

— Boa noite! — devolveram da mesma forma.

Ficaram alguns minutos ali. Apenas abraçados. Karina ouvia e gostava de sentir o coração dele batendo em seus ouvidos. Gostava dos braços fortes e musculosos que lhe rodeavam de uma forma protetora.

Proteção.

Nunca gostara que as pessoas ficassem preocupadas com ela ou achassem que não poderia se virar sozinha. Ela conseguia, sempre consegui fazer isso muito bem. Nunca precisou de ninguém. Mas eram em momentos como aqueles que se permitia sentir a proteção que ele exalava. Se permitia aproveitar a segurança que o moreno lhe dava. Os últimos resquícios de seu perfume impregnava a blusa que usava, e talvez até a ela mesma. Mas não me importava. Era bom estar nos braços dele, sem qualquer tipo de problema. Eram boas as sensações e sentimentos que ele a trazia.

— Você tem que descansar, marrenta. — ele sussurrou.

— Você não vai me tratar como se eu tivesse doente, vai? — perguntou com um pouco de raiva — Promete não fazer isso, Cobra. — exigiu ainda zangada.

— Eu prometo cuidar de você. De vocês. — ele disse sério.

— Você tem razão. Eu tô cansada, preciso descansar... — falou quando viu que seria uma batalha perdida para ele.

— Vem, pequena. — as mãos dele alcançaram as suas, a guiando até a cama, onde deitaram. O réptil a puxou para o seu peito.

Cobra passou a acariciar toda a extensão das costas da loira, sorrindo a cada arrepio seu. Ka aproveitava o toque do noivo enquanto sentia os olhos pesarem. O dia fora longo. E já sentia o cansaço invadir cada célula de seu corpo.

— Cobra, eu amo você. — a voz arrastada nunca lhe soara tão linda ao soar nos ouvidos dele.

Karina sentiu que precisava dizê-lo aquilo mais uma vez. Sempre precisaria.

— Também amo você, Karina. — sussurrou para a garota — Amo vocês. — a mão que antes lhe percorriam as costas, foram para a barriga da lutadora, que por sua vez também levou a sua mão até a dele, a acariciando.

Karina sorriu discretamente ao sentir os lábios quentes e macios em sua testa. Antes de ser finalmente levada pelo sono, ela o beijou brevemente mais uma vez.

Ambos tinham certeza de que seriam ainda mais felizes dali pra frente. Mais até que os cinco anos que compartilharam.

Existia e existiriam brigas, algumas discussões por coisas tolas e coisas que todos os casais enfrentam em uma relação, mas sabiam que também teriam momentos de paz, reconciliação e que o amor sempre iria prevalecer, e crescer cada dia mais.

Cobra arrastou uma mecha teimosa que caía sob o rosto da loira, prendendo-a atrás de sua orelha. E a observando dormir, o moreno agradecera a Deus por ela, pela filha, pela vida e pelo que um dia achou ser um erro.

Se achava um erro, e talvez até fosse.

Mas João tinha razão: o cara errado também merece ser feliz.

E Cobra se permitiu sentir e viver a tal felicidade ao lado dela. Karina era sua melhor amiga, sua confidente, sua melhor aluna, sua namorada, sua amante, sua noiva, a mãe de sua filha. Era a mulher que escolhera para passar o resto de seus dias. E nem por um instante ele se arrependeu de tal decisão.

[...]

E você, o que está esperando para errar? Não é tão ruim quanto pensam. Os erros te ensinam, te fazem ser mais forte, te mostram que você pode sim levantar. Te apresentam novos ares e um novo mundo. E o mundo que lhe é apresentado nem sempre é tão ruim quanto pensam. Porque às vezes é preciso ser virado do avesso para descobrir que aquele é seu lado certo.

Então, permitam-se errar e sejam felizes!

 


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Notas finais do capítulo

Se doeu marcar a estória como concluída? Pra caralho! Mas cá estou tentando superar esse fato. :/ kkkkk

Espero ver vocês nos comentários! Compartilhando tudo comigo por uma última vez. :(

Wrong foi meu primeiro, mas não último trabalho. Então, fiquem ligados! Aparecerei a qualquer momento com alguma outra viagem...

Obrigada mais uma vez.

Amo cada um de vocês.

Com todo o meu amor,
Bruna.