Wrong | Cobrina escrita por Bruna


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Ei, galera! Tudo bem com vocês? Comigo está tudo ok. Espero que com vocês também esteja.

Sei que venho demorando com as atualizações na fic, mas é que é realmente difícil levá-la para um fim. :( Desculpa por toda a demora.

E por falar em fim, vamos falar de MSonhos que terminou na última sexta feira. Velho, ainda não me recuperei! Talvez nem vou me recuperar tão cedo :/
Espero que essa temporada seja tão melhor quanto a antiga!

Ah, tenho que dar um slave a todas as gurias que vem me ajudando nos últimos tempos em relação a fic. Então Ka, Bru e Lyah muitíssimo obrigada por me aturarem em todos os meus surtos. Cês são incríveis! E agradeço também a todos os comentários do capítulo anterior. Amei todos eles!

Acho que por hoje é só.

Boa leitura!



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— Bela camisa, Karina — Pedro começou quando chegamos na fonte. Lugar que ele mesmo sugeriu.

— Ah, obrigada! — baixei meus olhos para analisá-la, um pouco constrangida.

— É dele, não é? — e mesmo que eu soubesse de quem ele falava, o guitarrista fez questão de deixar claro — Do Cobra.

— É — assenti enquanto levantava meus olhos para encará-lo — Tomei uma ducha no QG depois do treino e acabei pegando uma blusa emprestada.

— Treinaram pesado, Karina? — as segundas intenções em seu tom eram claras.

— Me erra, Pedro! — soltei irritada sem paciência para provocações — Você não veio aqui conversar sobre isso, veio?

— Não só sobre isso... — ele explicou enquanto se aproximava um pouco mais.

Fiz sinal para que ele desse continuidade ao que falava quando o silêncio se tornou incômodo.

— Há uns meses, você disse que precisava encontrar a antiga Karina — começou enquanto encarava fixamente a água que jorrava da fonte — E que ela se precisasse de mim... Ela voltaria.

Eu lembrava daquela conversa perfeitamente. A que tivemos na cozinha do Perfeitão em meio a uma festa.

— Bom... — os olhos em que tantas vezes me perdi voltaram aos meus. O brilho triste em seu olhar me fez estremecer — Você não voltou, esquentadinha. Por mais que eu torça todos os dias pra isso.

— Pedro — estava pronta para interrompê-lo, mas o guitarrista foi mais rápido.

— Você também me falou naquele dia que precisava descobrir o mundo... — continuou sem dar chance para que eu dissesse alguma coisa — E acho que descobriu, né? O mundo lá fora parece ser bem marginal — sorriu enquanto balançava a cabeça como se não acreditasse no que falava.

Eu não sabia nem o que dizer. As palavras se recusavam a atravessar meus lábios. A única coisa que eu conseguia fazer era encarar o guitarrista em busca das palavras que me foram roubadas.

— Vocês estão juntos, não estão? — balançou a cabeça em direção ao QG. Virei em direção à loja.

O moreno estava logo atrás da porta de vidro. Os olhos negros encontraram os meus de uma forma quase instantânea. Mas o contato durou poucos segundos, já que o réptil girou as chaves e deu as costas, apagando as luzes em seguida.

Fechei os olhos com pesar. Que idiota!

— Eu não sei... — respondi ainda de costas o que me pareceu ser a mais pura verdade naquele momento.

— Não sabe? — o tom de Pedro transbordava ironia — Karina, pelo amor de Deus!

Revirei os olhos, mas sem responder. Estávamos juntos? Eu não tinha ideia.

— Eu já sabia sobre vocês dois — disse mais calmo — Johnny me contou. Na verdade, só confirmou — não fiquei surpresa. Os dois se aproximaram nos últimos tempos, uma hora ou outra o gamer abriria a boca para o amigo.

Meus olhos desviaram para a água que jorrava da fonte.

— Eu vi você e a Vicky — disse após alguns segundos com aquele silêncio tenebroso — E se foi ela que o mundo te trouxe — lembrei de nossa conversa — Tudo bem. De verdade.

E essa a verdade. A mais pura.

Quando os vi juntos, meu estômago inteiro se revirou. Um sentindo rasgante invadiu meu peito. Por um momento até achei que fosse ciúmes, e talvez até fosse. Mas agora, analisando com mais calma, eu via que não era bem assim. Era só a antiga Karina sentindo a falta do antigo namorado. Do antigo mundo. E afinal, ela sempre estaria comigo.

— O mundo não é um dos melhores, né? — perguntou sorrindo verdadeiramente — Te trouxe um marginal e à mim uma vigarista.

— É, ele não é um dos melhores — disse enquanto voltava meus olhos para o QG e tentava enxergar qualquer vestígio do réptil.

Suspirei quando não encontrei.

Pedro passou a encarar a fonte de forma vidrada.

— Sabe, K, foi exatamente aqui! — deu leve batidas na mármore da fonte, e sorriu sem mostrar os dentes.

— O quê? — conseguiu questioná-lo após alguns segundos.

— Foi aqui que eu percebi que ele realmente gostava de você — explicou.

Os olhos foram até a loja de suplementos à nossa frente e poderia jurar que ele se perdia em lembranças. Talvez nas mesmas lembranças que eu mergulhava. No dia em que a bailarina tirara uma foto minha para me infernizar um pouco e eu corri para a fonte em busca de um pouco de paz.

— Olha só, ele é um Cobra! — disse como se fosse o óbvio enquanto bagunçava toda aquela cabeleira e respirava profundamente — Está no sangue dele não ligar pra ninguém... — fez uma pausa enquanto voltava os olhos aos meus — Mas eu vi as coisas mudarem diante de mim — sussurrou, sua voz distante — Uma cobra só ataca para se defender, K. E só defende a si mesma, nunca outra pessoa — disse calmo — Mas naquele dia, ele estava disposto a dar o bote, e não porquê se sentia ameaçado, mas porquê você estava ameaçada — frisou a palavra, me encarando fixamente — Pela primeira vez, eu o vi se importar com alguém que não fosse ele mesmo. Eu vi ele se importar com você, esquentadinha.

Analisei todas aquelas palavras e sorri.

— Anda estudando o mundo dos répteis, Pê? — perguntei com ironia.

— Não! — negou com a cabeça — Só o Cobra em especial.

Ele sorriu mesmo não querendo, e eu o acompanhei.

— Espero que ele cuide bem de você — afagou meu cabelo — Sou muito sensível pra arranjar uma briga com ele, mas posso dar meu jeito caso ele faça algo — brincou.

— Obrigada, seu frouxo — sussurrei.

Pedro me puxou até ele, me cercando em seus braços. Eu não me afastei, nem ao menos pensei em fazer isso. O abraço fez com que o frio que eu sentia diminuísse além disso, seu abraço ainda era tão aconchegante quanto eu lembrava. Senti quando o queixo dele se apoiou no topo da minha cabeça.

Ficamos ali por algum tempo, apenas abraçados. Ouvia cada batida calma do coração do guitarrista.

— Pedro, eu já te perdoei — disse baixo, minha voz abafada — Há muito tempo. Só me recusava a aceitar.

Era a verdade. Quando eu o perdoei? Não tenho ideia. Mas sabia que não havia mais mágoa nem nada do tipo. E aquilo era libertador.

— Você não tem ideia de como eu fico feliz em ouvir isso, K — beijou minha cabeça enquanto se afastava — Obrigada!

Assenti enquanto lhe sorria.

— A Vicky tá te esperando — vi a garota revirar os olhos enquanto batia o pé de forma impaciente — E eu preciso ir pra casa — informei — Obrigada pela conversa, Pedro. Boa noite!

— Boa noite! — beijou minha testa e acenou enquanto caminhava até a porta da Acquazen.

Antes de dar qualquer passo, olhei novamente o QG. Esperava que a porta estivesse aberta ou que ele estivesse ali me esperando. Mas não estava. A placa com o "fechado" em minha direção era um aviso bem claro. E eu sabia que não adiantaria bater, ele não iria abrir.

Assim que entrei em casa, apreciei o calor que as paredes emanavam. Me arrastei até as escadas, subindo os degraus da maneira mais lenta que conseguia. Entrei no meu quarto e fui direto ao banheiro.

Meus olhos procuraram por meu reflexo de uma maneira quase instantânea.

Os fios dourados do meu cabelo ainda estavam muito molhados. Odiava lavá-los à noite, e o secador da mais velha me seria bem útil na tarefa de secá-los. Bom, ao menos parcialmente já que eu não estava com paciência para aquilo. A pele de meu rosto estava corada de uma maneira natural, os lábios levemente ressecados e os meus olhos pareciam não ter brilho algum.

Procurei em meu bolso pelo aparelho celular, mas antes que eu o encontrasse, acabei esbarrando no pequeno chaveiro e, sem que eu controlasse, nas lembranças de minha conversa com o guitarrista também.

Joguei a luvinha e o celular em um canto qualquer.

Era tudo tão complicado.

Minhas mãos foram até o botão da calça jeans que eu usava, me livrando dela com certa dificuldade. Busquei um short de um pijama atrás da porta e o vesti lentamente. Pensei em me livrar da blusa e do cheiro do réptil, mas eu não queria. Gostava assim. Ela havia ficado grande em mim, tão enorme que chegou a cobrir o short. Não me importei já que iria dormir.

Depois de alguns minutos no cômodo, tentando me livrar da umidade do meu cabelo, eu finalmente havia terminado.

Abri a porta do banheiro e dei de cara com o moreno, que estava deitado confortavelmente em minha cama. Já estava tão acostumada com as aparições repentinas que dessa vez eu nem cheguei a me assustar.

— Você tem que parar com isso — disse calma.

— Você deixou a janela aberta — disse simplesmente.

— Não deixei, não! Lembro perfeitamente de ter trancando — repreendi — Você a abriu ou entrou pela porta da frente, marginal — fiz referência as suas pequenas habilidades no crime.

— Tanto faz! — revirou os olhos — Você esqueceu no QG — me jogou o meu casaco enquanto sentava-se.

— Obrigada — agradeci.

— Por nada — um sussurro lhe deixou a boca.

Andei até o guarda-roupa, largando o tecido preto lá dentro de qualquer maneira. Bianca com certeza me repreenderia se estivesse ali.

— Você não veio aqui só pra isso, veio? — me virei. Levantei as sobrancelhas, o questionando. Cobra levantou da cama e caminhou até onde eu estava.

— Precisamos terminar aquela conversa, Karina — deu mais um passo em minha direção.

Um de seus braços se apoiaram no guarda-roupa atrás de mim. Estava tão perto que eu sentia a respiração quente e constante do réptil em meu rosto.

— Precisamos — confirmei em um sussurro, tentando não me abalar com toda a proximidade.

— Eu vi vocês dois — disse casualmente. Nenhum sentimento deixava seus olhos. Era o tipo de olhar que me causava um arrepio incômodo — Voltaram, Karina?

— Isso importa? — devolvi o olhando de forma desafiadora.

— Não.

— Não? — questionei surpresa.

— Na verdade importa, mas eu prefiro fingir que não — sorriu de lado — Não quero que você fique achando que eu ligo pra essas coisas.

— Esse é o problema, Cobra! — explodi enquanto o afastava com raiva — Eu preciso saber com o que você se importa! As coisas não funcionam com você agindo dessa forma.

— Não é a única que quer respostas, Karina! — devolveu no mesmo tom.

A respiração pesada denunciava sua raiva.

— No começo de tudo isso — apontou para nós dois, dando um passo em minha direção. Voltando a tornar as coisas mais difíceis — eu achei que fosse só mais um lance qualquer. Você precisava de alguém para esquecer aquele desafinado. E nada melhor que eu, né? O cara de quem ele morre de ciúmes.

— Cobra, pelo amor de Deus! — disse indignada — Não é nada disso!

— E mesmo com tudo isso eu resolvi continuar com você — continuou sem dar a mínima para o que eu falava — A minha vida inteira se resumiu a isso. Lances e mais lances. Coisas de uma noite, uma semana, meses talvez. Mas no final, nada concreto — suspirou — E afinal, se as coisas não deram certo com a bailarina de 20 anos não iam dar com uma pirralha de 16.

— Seu filho de uma pu — estava pronta para xingá-lo.

— Mas deram!— interrompeu me encarando fixamente.

Eu o encarei em total confusão por longos segundos até ser capaz de libertar algo.

— Por que a pirralha? — repeti as palavras que ele mesmo fez questão de usar ao se referir a mim.

E foi a vez dos castanhos entrarem em confusão. Era difícil ter algum tipo de diálogo com toda aquela proximidade e tensão que se formava. Mas ainda assim, eu não me movi, aguardando o que viria.

— O quê?

— Por que eu entre tantas outras? — fui mais clara — Tenho certeza que cê pode conseguir a mulher que quiser, Cobra. Em um estalar de dedos. Então, por que eu?

— Porque a pirralha de 16 anos fica absurdamente gostosa com a minha blusa — sorriu cafajeste enquanto passava a observar cada centímetro do meu corpo.

— Sem brincadeiras! — cerrei os olhos, o ameaçando. Tentava a todo custo não dar ao idiota o prazer de me ver corar.

Minhas mãos espalmaram em seu peito, prontas para afastá-lo. Mas o cretino foi mais rápido cercando minha cintura com as mãos. E a distância agora era quase inexistente.

— Não tô brincando — devolveu sério em um sussurro — Usar meu sabonete também não ajuda muito, marrenta — respirou de forma profunda.

Fechou os olhos com pesar e permitiu que sua testa encontrasse a minha.

— Eu vim aqui comprar uma briga, mas nem isso eu consigo fazer decentemente — quando fiz menção de interrompê-lo, o lutador foi mais rápido — O que não significa que eu não vou tentar.

Suspirei pesadamente enquanto revirava os olhos e me afastava.

A simples menção da palavra "briga" me fez temer o rumo que aquilo nos levaria. Toda vez que brigavámos algo de ruim acontecia.

— E isso significa que eu comecei bem — sorriu sem humor, me seguindo. Talvez falasse da minha reação.

— Sei o que tá pensando! — disse alto, ignorando por completo seus comentários — Aquilo tudo me pareceu uma espécie de decisão. Você ou o Pedro, e —

— Você o escolheu! — completou com um tom seco — E eu entendo. Também o escolheria se estivesse no seu lugar.

— Que bom que você entendeu... — sussurrei, ganhando total atenção do réptil. Decidindo entrar no jogo que ele mesmo insistira.

Por um instante, jurei ter visto um lampejo de dor nos olhos dele, mas mais rápido do que veio, se foi. Me deixando totalmente confusa.

— Bela escolha! — foi o que ele disse antes de levantar, talvez pronto para ir embora — Era só isso que eu precisava saber. Boa noite, Karina! — saiu do quarto, me deixando para trás.

— Ei! — fui até ele em passos largos e bravos. Ele já descia as escadas — Não se tratava de uma escolha. Precisávamos conversar. Só isso!

Ele não disse nada, continou descendo enquanto ignorava todas as minhas palavras.

— Você nunca se acha merecedor de nada, não é? — os passos do réptil diminuíram. Agora parecia prestar atenção — Não é? — repeti brava, me aproximando um pouco mais.

— Eu não sou! — gritou, acertando um soco na parede que me fez voltar um pouco, assustada.

— Você é! — devolvi — O que você fez hoje é a prova mais concreta disso.

Cobra ainda estava com o punho na parede, a respiração parecia voltar ao normal.

— E o que diabos eu fiz, Karina? — os olhos negros se voltaram contra mim.

— Você me deu a única coisa que ainda me fazia ter esperanças com ele... — desci o degrau de maneira arrastada — Quer dizer, você podia muito bem ter se livrado do chaveiro, mas resolveu me entregar.

— Eu pensei em jogá-lo fora... — disse calmo. Parecendo transbordar sinceridade — Mas é importante pra você, eu não ia me livrar dele tão fácil.

— Me faz lembrar uma época onde eu fui muito feliz. E eu quero preservar essas lembranças boas.

— Devia voltar a vivê-las! — deu as costas, continuando a descer as escadas.

As insinuações eram as mais claras possíveis. Queria que eu voltasse com o Pedro.

— Cê diz que as coisas entre nós dois estão dando certo, mas me afasta sempre que pode! — desci as escadas, me livrando de todos aqueles degraus. O moreno abriu a porta, e assim que fez isso, o vento gélido encontrou meu corpo, me arrepiando — Diz que é um erro, mas não me permite errar! — quase gritei — Eu gosto de você, Cobra. E é contigo que eu quero estar!

Ele fechou a porta em um baque enquanto se virava para me olhar.

— Quer saber de uma coisa? — bagunçou o cabelo enquanto umidecia os lábios — Eu cansei de bancar o bom moço! — antes que eu o questionasse sobre qualquer coisa, o moreno andou em passos largos até onde eu estava.

Os lábios dele se chocaram com os meus. E se não fosse os braços dele me cercando com toda a certeza eu teria perdido o equilíbrio. Cobra procurou a parede mais próxima, nos guiando até lá em busca de um mínimo apoio. Sentia o corpo dele pressionando o meu enquanto a boca do réptil deixava o rastro de veneno por onde podia. Não era nenhum pouco delicado. A mordida em meu pescoço fez com que eu puxasse os cabelos de sua nuca e um abafado gemido deixasse meus lábios.

— Você me deixa louco, Karina! — disse antes de capturar meu lábio inferior com os dentes, o soltando lentamente.

— Achei que a pirralha não fosse capaz de tudo isso — sussurrei, rindo baixo.

Ele riu, tombando a cabeça para trás. Aproveitei o momento e plantei um breve beijo em seu pescoço que o fez repuxar os lábios, ainda avermelhados, um pouco mais. Fazendo com que os caninos ficassem a mostra. Sem dúvidas era o seu melhor sorriso!

— Você não tem noção do que ela faz comigo — apertou minha cintura um pouco mais. Os olhos transbordando desejo — E se continuarmos com isso, eu não vou conseguir parar.

Não quero que pare — afirmei baixo. Apenas quatro palavras que nos levariam mais adiante.

Estava prestes a corar, mas o moreno foi mais rápido e voltou seus lábios aos meus com uma intensidade maior do que eu achei ser possível. A língua do réptil fazia questão de explorar cada centímetro da minha boca, e eu tentava fazer o mesmo. Uma batalha tão intensa e prazerosa quanto as que eu já havia experimentado no tatame.

Quando o maldito oxigênio nos fez separar, senti as mãos dele atravessarem minha blusa. Os dedos quentes e ágeis encontraram a pele de minha cintura, e logo em seguida levantou a barra do tecido. Levantei meus braços, o ajudando a tirá-la.

As ondas elétricas que o toque dele pareciam transmitir, me faziam perder a sanidade que ainda me restara.

— Você fica ainda mais bonita sem ela — a língua atravessou seus lábios enquanto os olhos percorriam toda a extensão que podiam.

— Cala a boca! — repreendi.

— Com prazer! — a malícia em seu tom me fez sorrir antes de sentir a boca dele sobre a minha novamente.

Meus lábios estavam dormentes e inchados devido a toda aquela voracidade do peçonhento. Do frio que eu sentia há alguns instantes já não havia um rastro sequer. Cobra parecia disposto a me aquecer. De todas as maneiras que conseguia.

Meus pés deixaram o chão de repente, e em busca de algum tipo de apoio, cerquei o corpo do moreno com minhas pernas. Parte essa que ele fez questão de percorrer cada centímetro que pôde.

Um baque em minhas costas me fez interromper o beijo e abrir os olhos, assustada.

Ouvi a chave sendo girada.

— Não quero interrupções.

— Isso já é uma — brinquei enquanto bagunçava ainda mais os fios de seu cabelo com minhas mãos.

— Nada que eu não possa resolver! — sorriu canalha antes de me beijar de novo.

Cobra me guiou até o sofá sem quebrar o beijo uma única vez e sem qualquer dificuldade. Sentou, me puxando para o seu colo.

O moreno puxou meu cabelo, o gesto me fez soltar um gemido involuntário, que foi abafado por sua boca. Abandonou meus lábios e seguiu até minha orelha, a mordendo com vontade, o que me causou incontroláveis arrepios. Arrastou a boca até meu pescoço, plantando inúmeros beijos molhados no local enquanto os descia um pouco mais, alcançando meus seios. Minha respiração demonstrava claramente que eu estava apreciando cada toque do homem que parecia disposto a me levar a loucura. E eu tinha certeza que ele faria isso sem nenhuma dificuldade.

O puxei para mais um beijo quando senti falta dos lábios dele sobre os meus. Meus dedos foram até as costas largas do lutador, a arranhando fortemente quando senti a mordida em meus lábios.

Ele pareceu pensar por um momento, balançando a cabeça como se espantasse pensamentos. E em um gesto rápido e hábil, me deitou no sofá ficando por cima de mim. Antes que qualquer comentário saltasse de minha boca, ele a calou com a própria, começando de novo aquela loucura que embarcamos.

Abriu minhas pernas delicadamente, ficando no meio delas de uma forma confortável.

Suas mãos não eram receosas. A boca distribuía beijos em todo o meu pescoço, e, lentamente, desciam. Meu coração batia descompassado e minha respiração ofegante demonstravam o quanto eu estava gostando daquilo.

Cobra se afastou, apoiando-se nos cotovelos, nossos olhos conectados. Seus dedos percorriam cada centímetro do meu rosto, como se quisesse decorá-lo, e talvez, mais só talvez ele quisesse. Minhas mãos alcançaram a barra da blusa dele, em um pedido silencioso. Ele sorriu antes de se livrar do tecido.

Beijei o ombro do lutador e segui com eles até a pele de seu pescoço. Não tinha ideia do que fazer, apenas me deixava levar por todas as sensações que me preenchiam. Meus dedos viajaram por todo o peitoral dele da forma mais lenta que consegui. Um gemido baixo e rouco deixou os lábios do réptil, e sorri ao ouví-lo. Era bom saber que ele não era o único capaz de mexer tanto com alguém.

Cobra se livrou do short que eu usava com facilidade, o jogando em um canto qualquer. Se afastou para se livrar da calça jeans que vestia, mas antes de fazer isso, buscou algo em seu bolso.

— Você já sabia? — perguntei ao notar que ele guardava o preservativo em algum lugar de fácil alcance.

— Não — negou enquanto selava nossos lábios brevemente — Mas costumo andar prevenido, marrenta — minhas costas arquearam levemente, dando passagem para as suas mãos. Cobra se livrou do fecho do sutiã com uma rapidez invejável.

Fiquei receosa de repente ao parar pra pensar no que estávamos fazendo.

— Ei, K — levantou meu queixo delicadamente — Relaxa, ok? — a voz rouca me fez assentir de uma forma inconsciente.

Se livrou da peça de uma maneira lenta e quase proposital. O toque de seus dedos em meu braço me arrepiavam totalmente. Em resposta minhas unhas, ainda que pequenas, cravaram em suas costas. E aquela foi a deixa para que os lábios dele encontrassem meus seios. Senti um beijo sendo plantado no vão entre eles, e logo depois a língua quente acariciá-los. Aquilo sem dúvidas, era maravilhoso. Minha respiração começava a falhar e minhas costas se arquearem em busca de um mínimo de ar.

Cobra resolveu parar com aquilo e soltei um gemido indignado em resposta. Ele sorriu enquanto as mãos desciam até o único tecido que me cobria, e em um gesto rápido, o jogou em um canto qualquer. Antes que eu fizesse menção de corar devido a intensidade com a qual ele me olhava, a boca do moreno encontrou a minha novamente.

Se livrou da box preta que usava com facilidade. Se esticou um pouco, buscando a camisinha. Quando achou o preservativo, a vestiu de uma maneira veloz.

Meu coração passou a bater ainda mais freneticamente. Eu estava nervosa.

Não por não saber o que queria. Na verdade eu tinha plena consciência do que queria. Ele estava ali minha frente. O cabelo desdenhado, os lábios inchados e com os olhos escuros de desejo.

Os lábios voltaram aos meus e, pela primeira vez naquela noite, o beijo foi delicado. Tão doce e gentil que me fez sorrir e devolvê-lo da mesma forma.

Eu amo você, Karina — sussurrou rouco enquanto colava a testa na minha.

Sorri ainda mais ao ouví-lo, apreciando as palavras que ele acabara de libertar. E se antes eu estava insegura, agora só me restavam certezas.

— Eu também, Cobra — garanti — Amo você.

E a delicadeza do momento se foi assim que nos beijamos de novo.

E, sem qualquer aviso, ele me penetrou. Suspirei assustada, minhas unhas cravaram com vontade em suas costas. Ainda doía...

— Relaxa, marrenta... — pediu ofegante — Se doer, avisa. Eu paro sem hesitar.

Eu assenti enquanto tentava me acostumar com a dor. Que fora substituída em segundos por prazer. Ele pareceu perceber assim que um gemido rompeu meus lábios. Cobra começou a mover-se de maneira lenta.

— Porra, Karina! — xingou baixinho — Você é... perfeita.

O ritmo era cada vez mais rápido, e quando eu sentia que chegaria ao ápice, o moreno diminuía em uma clara tortura. Meus gemidos eram abafados por sua boca que me beijava sempre que podia. Ficamos minutos naquilo até ele apoiar a cabeça no vão do meu pescoço, soltar um rouco gemido e sorrir de uma maneira prazerosa. Cobra pareceu retomar a consciência e continuou com as investidas até ser a minha vez de sorrir como uma boba. Foi a minha vez de chegar ao ápice naquela noite.

Meus olhos pesaram e eu senti o prazer tomar conta de cada parte do meu corpo.

A respiração ofegante do réptil parecia ganhar normalidade aos poucos, fazendo ainda assim cada poro meu se eriçar cada vez que o ar de seus pulmões encontravam meu pescoço.

Alguns segundos depois, Cobra sentou-se no sofá enquanto retirava a camisinha. Os olhos vasculharam o ambiente e quando encontrou o que procurava, levantou-se.

Baixei meus olhos envergonhada. O que era uma grande idiotice já que eu havia acabado de transar com ele.

O moreno pareceu chegar ao mesmo pensamento que eu já que uma fraca risada preencheu meus ouvidos. Fingi não ligar e fiz o mesmo que ele, procurando minhas roupas.

Vesti a calcinha da maneira mais rápida que consegui, corando violentamente com os olhares que ele me lançava.

Levantei meus olhos e pude ver que Cobra já estava parcialmente vestido. A calça jeans estava desabotoada e o peitoral totalmente exposto. Os fios do cabelo totalmente desalinhados, os lábios inchados e algumas gotas de suor em seu rosto o faziam ficar absurdamente lindo.

— Karina — chamou, e eu pude notar que ele segurava a blusa vermelha que eu usava. Me ajudou a vestí-la lentamente e quando concluiu o trabalho me puxou para um abraço.

Cobra nos guiou até o sofá novamente, dessa vez nos sentando. Minha cabeça estava apoiada em seu peito, ouvindo cada batida de seu coração. Os braços dele me cercaram e seus dedos brincavam com o tecido que eu usava.

Ficamos alguns minutos assim. Apenas naquilo.

— Você parecia... — procurei pela palavra enquanto meus dedos percorriam toda a extensão de seu peitoral, o acariciando.

— Desesperado? Sedento? — questionou com a voz rouca, o tom afetado pela breve risada que deixou escapar — É, eu estava!

— Estava? — perguntei curiosa, meus olhos encontrando os dele.

— Você não faz ideia do trabalho que minhas mãos tiveram nos últimos meses! — reclamou.

E não precisei de muito tempo para entender o comentário canalha que ele deixou escapar.

— Cobra! — arregalei os olhos enquanto escondia minha cabeça no vão do pescoço do moreno.

— Qual foi? É verdade! — seus dedos em minha nuca pediram silenciosamente que eu o olhasse, e o obedeci após alguns segundos. Tinha plena noção do quão corada eu estava.

— Idiota! — soltei baixinho enquanto bocejava. O sono parecia chegar.

Ele me beijou. E quando eu voltei a apoiar minha cabeça em seu peito, ele passou a acariciar meu cabelo. Fazendo meus olhos pesarem ainda mais.

— Cobra — chamei de uma maneira quase inconsciente devido ao sono.

— Quê? — ouvi sua voz distante.

— Eu te amo... — sussurrei sincera.

— Também amo você — respondeu.

E as coisas finalmente pareciam estar em paz. E eu estava feliz com tudo aquilo. Com nós dois.


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Notas finais do capítulo

Primeira vez Cobrina! Agora entenderam porquê foi tão difícil escrever? KKKKK Nunca tinha escrito algo sobre. Na verdade já tinha, mas nada com essa responsabilidade. E é bem difícil! Então já peço desculpas por qualquer coisa. :/ Inclusive pelos erros se houver.

E agora é com vocês! Aguardo tudo nos comentários. Críticas, sugestões, elogios. Enfim, só quero mesmo saber o que acharam do capítulo.

Obrigada aos que leram!

Beeeeijos e até o próximo.

Amo vocês.