Lost in Time escrita por ThisGirl


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Esse é um novo desafio, de começo não será uma fic longa. Espero que gostem, e boa leitura.



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Inglaterra, 1745

Frio e tédio era tudo que ele conseguia pensar.

O inverno havia chegado congelando tudo o que havia em sua frente. Árvores, folhas, carroças, animais e até mesmo pessoas. Era comum nessa época do ano o numero de mortes entre os moradores de ruas.

Seeley não ligava muito para coisas externas, sua vida era focada em seu trabalho, que se resumia a administrar suas propriedades e cuidar de sua família, a qual incluía sua mãe viúva e um casal de irmãos. Eles eram tudo para ele desde a morte de seu pai há cinco anos.

Não que sua família não importasse antes, mas ele era um pouco menos sensato antes do infeliz acaso que tirou a vida de seu velho.

Festas, mulheres e jogos resumiam sua vida antes da morte de Joseph Booth, seu pai. Ele nunca fora um herdeiro a quem sua família pudesse se orgulhar. Sempre metido em problemas até havia sido ameaçado a ser desertado de sua herança, porém pouco lhe importava... Até a trágica quinta-feira de outubro de 1740.

Seeley Joseph Booth, um dos solteiros mais cobiçados de toda Londres estava em mais uma de suas farras quando recebeu uma carta – de extrema urgência – de sua mãe. Ela relatava brevemente que seu pai havia sido assassinado e que sua presença era necessária.

Depois desse dia ele nunca mais fora o mesmo – jovem rebelde e irresponsável – e tornara-se um homem de família, assumindo as responsabilidades. Sendo o mais velho dentre os irmãos, assumiu os negócios.

Porém nesse momento ele contestava sua dignidade.

Atendendo ao pedido de seu amigo de longa data Timoth Sullivan, resolveu comparecer a celebração de aniversário do próprio, mas se arrependerá. A festa era um espelho da sua vida antiga, e agora depois de tanto tempo, Seeley realmente via o quão infantil já fora um dia. Homens gritavam enquanto algumas dançarinas se exibiam sobre as mesas, bebendo exageradamente. Sendo a maioria dos presentes casados, tais pareciam se esquecer sobre seus votos matrimoniais, não que isso não fosse comum – ele bem sabia que era e seu próprio pai lhe mostrara isso – porém não era uma atitude que concordava.

Seus pais foram muitos felizes, ao menos na maioria das vezes, mas conviveu com a tristeza de sua mãe ao descobrir a infidelidade do marido. Não uma, mas duas vezes e depois disso ele havia jurado que se um dia cometesse a insanidade de se casar, o mínimo que poderia era fazer era honrar o compromisso.

Mas Seeley sabia que essa insanidade estava próxima, mais do que gostava de pensar.

Um homem em sua posição precisava de uma mulher, era mais como uma obrigação e sabia que seria difícil escapar das investidas de mães desesperadas no baile desse ano. Apenas esperava não ter que se unir a alguma dessas jovens desmioladas que só sabiam dizer as mesmas baboseiras de sempre.

Exasperado, deixou um suspiro escapar enquanto virava seu copo de whisky. Colocou uma nota sobre o balcão enquanto saia sorrateiramente do lugar, Timoth estava muito alterado pra perceber sua ausência.

Caminhava pelas ruas de Londres, imerso em seus pensamentos.

Sua casa ficava mais afastada ao campo e seu cocheiro o esperava em frente ao tribunal da cidade, gostava de perambular sem ser assediado por mulheres. Ele riu e pensou ter escutado um murmúrio, mas prosseguiu, logo depois ouvindo gritos abafados.

Seeley percebeu uma mulher encurralada por dois homens bastante alterados, um a segurava enquanto o outro passava a mão pelo corpo dela descaradamente.

“Os mesmos babacas de sempre” pensou.

Checou o bolso de seu casaco e percebeu que estava sem sua arma, teria que sujar suas mãos, infelizmente.

“Com licença cavalheiros” disse se aproximando “Vocês precisam de ajuda?”.

E a próxima coisa que ele viu foram dois olhos azuis o encarando, amedrontados.

...

Temperance Joy Brennan era uma mulher astuciosa, pelo menos era assim que a descreviam.

Filha de uma governanta com um advogado sua vida era razoavelmente boa. Seus pais não tinham grande destaque na elite da sociedade, porém não eram esquecidos. Não que ela se importasse.

Vivia com sua família nos arredores da cidade.

Ela era inteligente e cursava medicina, poderia tornar-se uma médica de sucesso se não fosse o preconceito, então se consolava sendo enfermeira.

Mas nesse momento ela questionava sua inteligência. Estava a alguns quilômetros de casa, na residência de sua melhor amiga passando alguns dias, mas já estava arrependida. A mãe de Angela – a quem ela considerava como irmã – menosprezava sua presença, e depois de uma discussão ao começo da noite ela resolvera retornar para seu lar.

Pretendia contratar algum cocheiro no centro da cidade, mas era uma longa caminhada até lá, e havia saído tão rapidamente que nem pensara nas consequências.

Estava relativamente tarde, e ela só percebera agora, imersa em sua raiva. Caminhava rapidamente pelas ruas de Londres, ofegante, quando foi surpreendida por dois homens aparentemente bêbados.

“Olá docinho” um deles disse, se aproximando “O que uma donzela esta fazendo nas ruas há essa hora?”.

“Não é da sua conta” ela respondeu, caminhando para trás até se chocar com outro homem, esse mais rechonchudo. Ele a agarrou com seus braços gordos, cheirando seus cabelos.

“Ela é uma dama” disse, apertando Temperance que grunhiu em dor “Uma dama muito bonita”.

Pela misericórdia de todos os Deuses, o que ela foi fazer.

Sair de casa àquela hora e agora estava perdida a mercê desses idiotas. Sem ação, gritou o mais alto que pode, duvidando que alguém apareceria.

“Pode gritar, delícia” o homem disse passando as mãos pelo corpo dela ”Quanto mais alto, melhor”.

Ela se debateu sem saída, não podia piorar, pensou, quando escutou uma voz grossa preencher o vazio do beco.

“Com licença cavalheiros” disse outro homem se aproximando “Vocês precisam de ajuda?”.

E piorou.

...

“Entra na fila, parceiro. Quem vai cuidar dela primeiro sou eu”.

“Que deselegante” Booth disse agora mais próximo. Pode ver a mulher aflita, trancafiada nos braços de um homem “Visitas não são servidas primeiro?”.

Ele observou a mulher se debater outra vez sem sucesso, xingando.

“Se isso fosse uma luta justa, eu chutaria o traseiro de cada um de vocês, bêbados estúpidos.”

O homem que a segurava gargalhou alto, enquanto seu parceiro rasgava parte superior do vestido da pobre moça.

“Ok, isso é o suficiente, é a minha vez” Seeley suspirou exasperado.

Deu um passo a frente e pegou o primeiro homem pelo colarinho desferindo um soco certeiro contra seu maxilar, jogando-o longe. O segundo que segurava a mulher inebriado pelo álcool, nem teve tempo de dissolver o que estava acontecendo quando sentiu um puxão e em seguida fazia companhia a seu colega, desacordado ao chão.

Temperance estava ofegante, finalmente conseguindo sentir o ar adentrar seus pulmões. Agora precisaria apenas lidar com um, menos mal.

“Eu espero que não tenha se machucado, senhora” Booth falou, retirando o casaco e oferecendo a ela “Coloque-o, irá amenizar o estrago que fizeram ao seu vestido”.

Ela olhou-o intrigada. Não sabia se aceitava a peça ou não.

“Não sou um deles, pode relaxar. Estou aqui para ajudar” garantiu.

Na duvida, ela vestiu o casaco, enquanto o observava “Como posso saber que você não é um deles? Porque deveria acreditar em você?”.

“Você não deveria, mas sou sua única ajuda nesse momento” Seeley sorriu ”Além do que, se tivesse outras intenções provavelmente você estaria sem meu casaco e o resto de suas roupas” ele disse “O que não é de meu pensamento, posso lhe assegurar”.

“Faz sentido” ela respondeu.

Seeley aproximou-se e pegou a mão dela em um gesto rápido, beijando-a.

“Seeley Joseph Booth” ele riu quando ela o encarou ainda desconfiada “Não vai me dizer seu nome, senhora?”

“Temperance” respondeu afastando sua mão dele. Por alguma razão inexplicável sentiu algo parecido com um choque quando ele a tocou.

“A dama não possui sobrenome?”

“Temperance Brennan” ela completou.

E naquele momento algo se instalou entre eles. Mesmo sem se conhecerem sentiram as batidas de seus corações acelerarem.

Talvez seja a adrenalina do momento, pensaram em uníssono.


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Notas finais do capítulo

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