Entre o Espinho e a Rosa escrita por Tsumikisan


Capítulo 12
Sangue e Morte


Notas iniciais do capítulo

Depois dos últimos comentários, acho uma pena começar o cap desse jeito, massss...



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Fazia quase um mês que eu e Draco não nos encontrávamos ou nos falávamos. Algo que, na vista do pessoal da Sonserina significava que ou ele não estava mais pirando ou eu havia desistido de envenena-lo com poções do amor. Eu não o via em momento algum, já que ele não comparecia mais as refeições e decididamente havia desistido da aula de poções, a única que teríamos juntos.

Talvez o falatório sobre minha habilidade em preparar poções do amor tivesse sido maior se Harry e Gina não estivessem namorando. Era o assunto mais comentado de Hogwarts e até eles recebiam comentários maldosos do tipo “ela só entrou na equipe por que o namorado é capitão”. Claro que ninguém da Grifinoria duvidaria do talento de Gina, mas o pessoal da Corvinal ainda estava ressentido com sua vitoria e o da Sonserina simplesmente queria importunar a vida dela.

Rony tentava esconder a felicidade do meu término total com Draco sem sucesso. Sorria para mim muito mais do que de costume e tentava não ser um idiota na maioria das vezes. Eu tentava esquecer, seguir minha vida normalmente, mas ainda tinha pesadelos a noite com aquela marca. Eu deveria contar para alguém, sabia que sim. Muitas vezes havia ficado para trás na aula de transfigurações para dar uma palavrinha com a prof. Minerva, mas em todas eu inventava uma desculpa e escapava. Então aquele fardo continuava preso apenas a mim, pensando todos os dias o que poderia dar errado caso eu não contasse para ninguém.

Harry estava ansioso para receber um aviso de Dumbledore sobre as Horcruxes, mas o mês inteiro passou sem que nada ocorresse alem das correrias para as provas. Estávamos começando a esquecer do assunto quando, em uma noite no Salão Comunal, Jaquito Peakes chegou com um bilhete escrito em uma caligrafia fina e inclinada. Harry agradeceu ao garoto e abriu com pressa.

— É do Dumbledore! – Harry disse em voz alta. Olhei alarmada ao redor, mas ninguém prestava atenção na gente. – Ele quer que eu vá no escritório dele o mais rápido possível.

— Uau, será que ele achou...? – Rony perguntou, perplexo.

— Não sei, é melhor ir ver não? – Harry guardou o bilhete no bolso e saiu apressado pelo buraco do retrato.

Eu e Rony nos olhamos preocupados.

— Vai dar tudo certo. – ele garantiu. – É Dumbledore, certo?

— Claro. – concordei.

Gina estava na biblioteca estudando para os seus N.O.M’s. Jaquito havia subido para o dormitório feminino após uma discussão um tanto confusa com Neville sobre plantas. Além de Rony e eu, apenas Dino e Simas estavam no salão comunal, jogando uma partida de snap explosivo. Peguei um livro na mochila e comecei a ler. Quando dei por mim, já havia lido a mesma frase sete vezes. Balancei a cabeça e joguei o livro de volta na mochila, ansiosa. O tempo parecia não passar.

Simas e Dino resolveram ir na cozinha afanar algo para comer e então sobramos apenas eu e Rony. Não pareceu desconfortável dessa vez, considerando que ele estava a alguns metros de distancia, olhando para o fogo. Fechei os olhos por alguns segundos, refletindo. Só notei que acabei dormindo quando Rony me sacudiu em pânico.

— O que? O que foi? – perguntei, alarmada.

— Você estava gritando. – ele respondeu. Seu rosto estava branco como o de um fantasma. – E parecia perturbada.

— Ah. Desculpe. Venho tendo pesadelos. – corei levemente, me sentando e abraçando meus joelhos.

Rony se sentou ao meu lado, ainda parecendo preocupado.

— É sobre Malfoy não é? Aquele filho da mãe fez alguma coisa com você?

— Não, ele não fez nada. – suspirei. – Só descobri que temos opiniões diferentes sobre alguns assuntos.

— Então foi por isso que você e Malfoy terminaram?

— Algo assim.

Ficamos em silencio, olhando o fogo crepitar. Me perguntei que horas eram e por que Harry ainda não tinha voltado.

— Me desculpe pela Lilá. – Rony disse de repente.

— O que quer dizer com isso? – perguntei, confusa.


— Sabe, eu queria me vingar da Gina por causa das coisas que ela disse. Mas acabou que você saiu muito mais ferida.

— Certo, Rony. Primeiro aquele dia em Hogsmeade e agora isso. Quem está te dizendo o que deve falar?

— Ninguém! – ele pareceu ofendido, mas depois corou. – Quer dizer, andei conversando com Harry e Gina. Talvez eles tenham me dado algumas dicas.

— Sabia. Não é o seu tipo falar dessa forma. – sorri. – Mas não precisa fazer o que não quer só para me deixar bem Rony. Sério, eu to legal.

— Que bom.

Silencio novamente. Eu estava cogitando a possibilidade de pegar meu livro quando Rony voltou a falar. Eu tive que me aproximar para ouvi-lo, pois as palavras não passavam de um sussurro.

— O que você sentiu? Quando eu te beijei?

Várias respostas surgiram, mas cada uma era pior que a outra. Meus dedos formigavam. No fim, decidi dizer a verdade. Olhei para minhas próprias mãos enquanto falava:

— Foi bom. Sabe, era algo que eu esperava a minha vida toda. Desde o segundo ano eu imaginava esse momento.

— Mas?

— Mas foi um bom errado. Não era exatamente o que eu esperava. Foi como encaixar duas peças de um quebra cabeças que realmente se encaixariam, mas a imagem em ambas é desconexa. Consegue entender?

— Não exatamente.

Sorri.

— Eu aprendi a amar o Draco. Não concordamos em tudo e ele certamente é muito irritante quando quer. Mas eu pude enxergar o que há de bom nele e é incrível. Foram os melhores momentos em que já vivi, sem contar aqueles em que me diverti com você e Harry é claro.

— Certo. – ele disse, mas eu pude sentir uma pontada de tristeza em sua voz.

— Desculpe se eu te passei a impressão errada.

Rony abriu a boca para responder, mas naquele momento Harry entrou no salão comunal e fez sinal para que o seguíssemos.

— Que é que Dumbledore quer? – perguntei imediatamente. – Harry você esta bem?

— Estou ótimo. – ele respondeu brevemente, subindo as escadas do dormitório. Eu e
Rony o seguimos, assustados.

Ele revirou o malão e tirou o mapa do maroto e um par de meias enroladas.

— Não tenho muito tempo. – ele respondeu aos nossos olhares confusos. – Dumbledore acha que estou só apanhando a capa da invisibilidade. Escutem só...

Harry nos contou sobre a Horcrux, mas aquele não parecia ser o assunto principal. Quando acabou, revelou seu breve encontro com a professora Trelawney. Cobri a boca com as mãos, horrorizada com a noticia. Então Snape havia entregado os pais de Harry a Voldemort. Pensei em consola-lo, mas ele não parava de falar. Contou sobre alguém estar comemorando no sétimo andar e que tinha certeza que era Draco.

—... Estão entendendo o que isso significa?Enquanto Dumbledore estiver fora, Malfoy vai estar livre para fazer o que quer que esteja tramando.

Rony estava pronto para retrucar, mas ficou surpreso ao me ver concordando com Harry. Era obvio que Draco estava fazendo alguma coisa, eu não podia negar.

— Tomem. – Harry empurrou o mapa do maroto para mim. -Vocês tem que vigiá-lo e tem que vigiar Snape também, usem quem puderem para reunir a AD. Hermione, aqueles galeões de contato ainda estão funcionando, certo? Dumbledore disse que instalou proteção extra na escola, mas, se Snape estiver envolvido, ele saberá qual foi a proteção e como evita-la... Mas ele não estará esperando que vocês estejam de guarda, certo?

— Harry... – eu disse levemente assustada com a rapidez com que ele falava.

— Não tenho tempo para discutir, tome. – ele entregou o par de meias para Rony.

— Obrigado... Mas para que precisamos de meias?

— É a Felix Felicis. Dividam entre vocês e Gina também, se for necessário. Se despeçam dela para mim. É melhor eu ir, Dumbledore deve estar me esperando...


— Harry! Não podemos ficar com isso, você vai precisar de toda a sorte para... – eu tentei devolver as meias.

— Estarei com Dumbledore, nada vai acontecer, prometo. – ele olhou pro relógio – É melhor eu ir. Vejo vocês mais tarde!

Nós descemos as escadas do dormitório e Harry nos encarou uma ultima vez dizendo que ia ficar tudo bem. Parecia que ele estava tentando se confortar na verdade. Nós três saímos juntos pelo buraco do retrato, mas Harry foi para o saguão de entrada enquanto eu e Rony íamos procurar Gina na biblioteca. No caminho, alterei a data do meu próprio galeão enfeitiçado para o dia de hoje e o local para o corredor do sétimo andar. Rony consultava o mapa do maroto, parecendo absorto. Acabamos trombando exatamente com Gina.

— O que houve? Que caras são essas? – ela perguntou.

Contei a historia brevemente para ela. Harry e Dumbledore tinham saído, mas provavelmente algo ruim aconteceria na escola naquela noite e tínhamos que estar preparados. No caminho encontramos com Neville e Luna, ambos parecendo satisfeitos.

— Perguntei a Cho se ela viria. – Luna informou. – Mas ela disse que provavelmente não é nada.

— Ela deve estar zangada por que Gina esta saindo com o Harry. – opinei.

— Bem, isso não importa agora. – Rony resmungou. – Vamos logo! Malfoy não esta no mapa, deve estar lá.

Paramos no corredor em que havia a tapeçaria do louco ensinando os trasgos a dançarem balé. Estava absolutamente deserto, o que queria dizer que Draco ainda estava dentro da sala precisa e sem a vigília constante de Crabbe e Goyle. Por puro instinto, fechei os olhos, desejando poder vê-lo, mas a sala não atendeu ao pedido. Desembrulhei a Felix Felicis da meia cuidadosamente. Restava um pouco mais da metade do frasco, o que resultava em um pequeno gole para cada um, inclusive Neville e Luna.

Meia hora se passou. Estávamos agitados, os músculos tensos. Me peguei recitando de trás para frente todo o livro de azarações e contra azarações de Gilberto Gallie em voz baixa. Ouvimos um barulho um pouco distante que fez com que Rony olhasse para os lados alarmado. Quando decidiu que não era nada, ele se aproximou de mim.

— Acho que devemos vigiar o Snape também. Leve Luna com você para a sala dele e avise pelos galeões se ele tentar alguma coisa.

— Certo. Mas e você?

— Qual o feitiço para o galeão mudar?

Baixei a voz e expliquei como devia ser feito. Não tinha muita certeza se Rony conseguiria, dado suas experiências anteriores, mas era melhor prevenir. Chamei Luna e ambas descemos para as masmorras, sem falar muito. Paramos em frente a sala de Snape e ficamos de costas para ela, aguardando qualquer sinal diferente. Meus pensamentos iam a mil. O que Draco estava fazendo?

Virei o rosto para que Luna não visse as lagrimas que insistiam em cair.

Devia ser quase meia noite. Aquele era um lugar muito distante do resto da escola para que conseguíssemos ouvir algo diferente. A situação só mudou quando alguém se aproximou correndo. O prof. Flitwick apareceu na curva do corredor, o rosto vermelho pela corrida.

— Comensais da Morte no castelo! – ele gritava e sem nem notar nossa presença, entrou na sala do Snape.


Eu e Luna nos entreolhamos estupefatas, o que teria acontecido? Será que devíamos subir?

PAF!

Me virei a tempo de ver Snape saindo da sala um pouco alarmado. Ele nos encarou com surpresa, mas pareceu se recuperar em segundos, pois disse em um tom firme:

–O prof. Flitwick desmaiou com o desespero. Acho melhor vocês duas, senhoritas, cuidarem dele enquanto vou ver o que esta acontecendo e ajudar como posso.

Ele correu pelo mesmo corredor que Flitwick havia vindo. Abri a porta um pouco e realmente o professor estava lá, caído no chão com um galo enorme na cabeça. Não parecia uma situação de alguém que havia desmaiado com o desespero.

— Ele estava mentindo. – Luna observou.


— Sim, eu notei. – me abaixei para checar os batimentos de Flitwick. Ele estava vivo, ainda bem. – Luna, cuide do Prof. Flitwick. Eu vou chamar alguém ok?

Ela concordou, sentando-se ao lado do professor. Me ergui e corri em direção as escadas. Na verdade eu queria ver o que estava acontecendo, saber se estavam todos bem. No primeiro andar eu já podia ouvir os estampidos que indicavam uma batalha.

Feitiços voavam para todos os lados no terceiro andar. Todos, surpreendentemente passavam por mim de raspão. Comecei a lançar feitiços também, me defendendo. Vi Gina atacando os homens encapuzados com maestria e a professora McGonagall parecia uma verdadeira duelista. Muita gente tentava subir uma escada que parecia bloqueada por um feitiço. Tive que desviar de um jorrão de luz verde, o que indicava que o efeito da Felix estava acabando.

Então ouvimos um estalo e grande parte dos comensais da morte desceram a escada bloqueada, atirando para todos os cantos. Me abaixei para esquivar dos estilhaços provocados por uma janela atingida por um dos feitiços. No meio da confusão, ouvi a voz de Snape declarando: “Acabou!”. Me levantei a tempo de ver ele correndo para o saguão de entrada segurando com força o braço de Draco. Não tive tempo para raciocinar, pois os comensais ainda atacavam.

— Hermione! Senti o galeão mudar, mas não achei vocês... – Ernesto Macmillan gritou, ainda de pijama.

— Estamos sob ataque! – informei. – Cuidado!

Um feitiço passou bem perto dele. Ele revidou, mas todos os comensais da morte pareciam ter evaporado. Só sobrou um corpo no chão, o qual eu preferi não encarar. Havia uma pequena comoção de alunos e professores que haviam acordado no pátio, então eu segui para lá.

O silencio podia ser sentido. Naquela noite nenhum grilo cantava, nem o vento ousava se manifestar. Tive que empurrar algumas pessoas para chegar ao centro e o que eu vi deixou meus olhos cheios de lagrimas.

Dumbledore estava caído no chão. Suas pernas e braços estavam distorcidos em ângulos estranhos. Harry estava ajoelhado próximo dele, soluçando. Fechei os olhos e abri, desejando que aquela cena só fosse mais uma parte de meus pesadelos. As pessoas começaram a murmurar e chorar alto, mas ninguém parecia pior do que Harry. Senti alguém me abraçando e enterrei o rosto em seu peito, sentindo o cheiro especifico de pasta de dente de hortelã que só Rony tinha. Ele me puxou para dentro da escola novamente, para a enfermaria. Algumas pessoas já estavam ali, reunidas ao redor da cama de Gui.

— O que aconteceu com ele? – perguntei com a voz embargada.

— Greyback. – foi a resposta.

Ficamos em silencio, ouvindo Madame Pomfrey contar sobre o que seria de Gui a seguir. Me perguntei onde Gina estaria e fui respondida de prontidão quando ela e Harry entraram, parecendo absolutamente cansados. Corri para ele e o abracei com força.

— Você está bem, Harry? – Lupin perguntou.

— Estou ótimo... – Mas seu rosto denunciava a verdade. – E o Gui?

Madame Pomfrey agora passava uma pomada verde nos ferimentos ao redor do rosto de Gui. Nos encaminhamos para lá.

— A senhora não pode fechar o ferimento com um feitiço? – Harry perguntou.

— Não tem feitiço que dê resultado. – a enfermeira suspirou. – Já tentei de tudo, mas não há cura para mordidas de lobisomem.

— Mas ele não foi mordido na Lua Cheia. – Rony observou. – Será que...?

— Não, Gui não vai virar um lobisomem. – Lupin afirmou.

Me desliguei da conversa. Reparei que o assunto havia passado para a morte de Dumbledore, mas não quis participar. Essa era a tarefa de Draco, afinal. Matar nosso diretor. Mas ele não havia seguido em frente com isso, então Snape teve que fazê-lo. Algo em meu intimo ficou feliz em saber que Draco não teria sido capaz de matar alguém.


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Notas finais do capítulo

T3T Eu sei, eu sei. Eles tem que ficar juntos né? Mas calma, muita coisa vai rolar ainda :3