O Encontro escrita por Nael


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Tive essa ideia há bastante tempo, porém só agora resolvi publicar.
Espero que gostem. =D



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"Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos."

–Albert Einstein

O celular toca, mas a garota já está desperta há certo tempo. Com ansiedade se veste e se obrigada a almoçar. Apesar de ser a comida de sempre o gosto não é o mesmo. Ela segue sob olhar de expectativa até o portão onde como tantos outros caminha até o ponto de ônibus.

No bairro do outro lado da cidade o rapaz entra no carro do pai que não para de falar sobre o grande evento do dia, o jovem se preparou para ele arduamente, mas no momento sua mente vagava para tão longe que as palavras de ordem de seu pai não conseguia alcança-lo.

Ambos, a garota e o rapaz seguem esperançosos, preocupados, pressionados e nervosos ao mesmo destino. Com tempo de sobra o rapaz em sua roupa de marca escuta mais uma vez às duras palavras do pai exigente, que nunca se preocupou em perguntar se aquilo era o que desejava. Ele passa o portão vagarosamente levando apenas alguma a coisas nas mãos. Dentre elas uma barra de chocolate, uma caneta e uma garrafa de água.

Enquanto isso a garota em pé dentro da condução lotada segurava sua pequena bolsa no ombro impaciente pensando no seu infortúnio por pegar todos os semáforos no vermelho. Ela por obra do destino ou puro milagre ultrapassa o portão com apenas 5 minutos de antecipação. Tira o comprovante de dentro da bolsa junto com o devido documento de identificação. Na porta da sala coloca o relógio, celular e óculos escuro dentro do saco que é lacrado.

O rapaz já acomodado na sua carteira bate a caneta preta insistentemente na perna esperando o horário. Vê então uma das muitas pessoas chegar no tempo limite. A garota com seu jeans simples, blusa clara e sandália de verão se senta na carteira ao lado depois de colocar a bolsa embaixo da carteira.

O homem com crachá adesivo pede o total silêncio e explica como funcionará o exame. Com o anúncio do sinal ele rasga a sacola plástica muito bem lacrada. Passa então distribuindo seu conteúdo a cada um dos candidatos. Azuis, amarelas, rosas e brancas... O colorido das capas esconde o terror por trás de seu conteúdo. O poder que tem em cada uma de suas palavras escritas.

Para muitos é um teste qualquer, mas reflete de volta toda a vida da pessoa a sua frente. Para o garoto de classe alta é a aprovação de seu pai e a libertação do cárcere familiar, para a garota que anda de ônibus é a promessa de uma vida melhor e a realização de um sonho, para a senhora do canto é um recomeço, para o adolescente na frente é uma nova experiência e preparação.

Seja qual for a história da pessoa, suas ambições, suas escolhas aquele papel sob a mesa, inerte e morto passa a conter não somente palavras e números, não somente perguntas e alternativas, naquele singelo, mas cuidadosamente preparado pedaço de papel grampeado está também os sonhos, os medos, os destinos, as esperanças, os futuros de cada um naquela sala.

As horas se vão, as canetas falham, dos doces sobram apenas as embalagens e o sábado termina, mas é apenas o primeiro dia de uma jornada que poderá ou não durar o resto de suas existências. Na saída, no portão abarrotado de pessoas o rapaz esbarra na garota no caminho até o carro prateado.

Ele se virá pedindo desculpas, a jovem exausta e pensando no trajeto de volta pra casa apenas sorri gentilmente. O rapaz narra de maneira robótica o dia ao pai omitindo a parte sobre a garota de sandálias e jeans. Pode julgar não ser importante, mas o fato é que tarde da noite ele se pegou pensando naquele encontro e pela primeira vez em muito tempo sorriu e ficou novamente ansioso para voltar ao local de prova só que dessa vez para ver a garota de jeans surrado.


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Notas finais do capítulo

Sim, pra quem já suspeitava é a prova do ENEM.
Eu escrevi isso depois do meu primeiro dia de prova, mas nunca lembrava eu fazia uma capa que me agradasse.
Bom, é isso. Espero que tenham gostado, foi algo novo de se escrever e muito divertido. Faz a gente pensar em cada uma das pessoas que está na sala conosco. Seja como concorrente, como ser humano, como mais um ou menos um...
Enfim, até a próxima! O/