97,7% of Sure. escrita por Liids River


Capítulo 1
Mais longa das Ones


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeey meus amores,como estão?Espero que bem.Nem demorei tanto desta vez,hein? Queria agradecer por todos os comentários na minha One anterior,Obrigada ♥E para os leitores novas que estão comentando nas antigas,obrigada ♥E agradecer a Lí,maravilhosa...ela sabe ♥Essa é a ideia de One que eu disse que tinha,e eu explico logo nas notas finais ( quem quiser saber) o porquê de eu ter escrito..beijos ♥Minha colega leu...e disse que eu deveria marcar "drama" também,então eu o fiz.Me sinto estranha sihsaiusahiusahsauih- se alguém for no show do Ed Sheeran,pfvr surtar com Liids River aqui♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/587324/chapter/1

Acordei assustado passando as mãos no rosto.Olhei pela janela e o sol ainda não brilhava lá fora.Olhei para o meu lado da cama e sorri ao ver a pessoa mais bonita do universo ali,comigo.Annabeth dormia tranquilamente ,com os cabelos bagunçados ao redor do travesseiro,e sua boca levemente aberta.No rosto tinha uma expressão tranquila,e sua cabeça estava apoiada no meu braço que estava estendido.

Quanta sorte eu tive de conhece-la,hein?

Lembro como se fosse ontem..

Tinha essa garota que estava na mesma escola que eu.Agora,temos 16 anos ( eu acho).Eu não a conhecia,só a observava de longe.Eu sei que isso é estranho,mas vejam...se for para ser denominado stalker de alguém...eu gostaria que fosse dela.Ela é a garota mais bonita dessa escola.

Annabeth Chase tinha os cabelos loiros até a cintura,e seus olhos cinzentos.Era a garota mais bonita dessa escola,repito.Ela não andava com muitas pessoas...só com a punk e um cara loiro que vivia a abraçando.Talvez ela não fosse tão livre quanto eu achava.

Eu me considerava o esquisitão.Eu tinha amigos,claro...uns bem idiotas ( viu Nico?)mas nada demais.Eu não gostava muito de conversar com garotas.

Na verdade,elas meio que fugiam de mim..

Eu gostava de vê-la.Ela se despedia dos seus amigos,e ia até o café mais próximo.Se sentava na mesa perto da jenela,pedia um Frappuccino e tomava enquanto lia um livro de aparência velha.Ela colocava o cabelo atrás da orelha com raiva e passava os olhos ao redor dos cantos da mesa...como se estivesse os contando.Era adorável.

Depois eu ia embora.Eu sei,eu sou um maluco,agora não me julguem.A garota é linda.

Então...naquele dia,eu decidi falar com ela.Era uma quarta-feira?Quinta talvez,eu estava meio prdido.Ela vestia um jens azul escuro e uma camiseta cinza,junto com um casaco que a protegia do frio.Despediu-se dos amigos e como sempre,se encaminhava para o café.

Ao contrário do que eu sempre fazia...eu entrei no café desta vez.Ela pediu seu Frappuccino e foi se sentar na mesa de sempre.Apesar do lugar estar cheio,acho que porquê uma chuva vinha por aí,a sua mesa habitual estava vazia.

– Olá você quer...? – a moça olhou para mim.

–Hm...pode ser um Frappuccino de Morango – o que? Eu queria ver o que de tão bom ela achava naquilo.

Eu a observava de longe.Ela se sentou no acento estofado,passou a mão pelos cabelos,tirou o livro da bolsa e o alinhou perfeitamente ao lado de sua bebida.Correu os olhos pelo canto da mesa e suspirou,fazendo isso repetidas vezes.Murmurava baixinho alguma coisa pra si mesma,e se levantou indo em direção ao banheiro ,deixando suas coisas ali.

Era minha deixa.

Sentei-me no estofado a sua frente,tomando tranquilamente meu Frappuccino.

Aqui vai uma dica de como não abordar uma garota bonita que você tem interesse : não se sente em sua mesa.

Annabeth voltou olhando fixamente para as mãos molhadas e assim que levantou,rapidamente as secou no casaco.Ela olhou para todas as mesas parando seu olhar na que eu estava.Aquela era sua mesa,o que diabos eu estava pensando?

–Hm...eu tenho 97,7% de certeza de que eu estava sentada aqui .

Sua voz.Ah deuses,por favor...que eu já não esteja apaixonado por ela a essa altura.

–Desculpe..eu-suspirei passando as mãos no cabelo.Deuses,ela me deixava nervoso – Eu deveria ter esperado você voltar e ter pedido permissão para sentar.

Ela olhou para mim por uns segundos.Seus olhos passaram do meu cabelo,para os meus olhos,meu nariz,minha boca,o meu maxilar,e por fim ela voltou a olhar para suas mãos,se sentando de volta ao seu lugar.

–Não...está tudo bem,o lugar está cheio mesmo. – seus olhos correram novamente pelos cantos da mesa...contando.

– Percy.Eu,.Jackson.Eu Percy Jackson.Quer dizer,eu sou Percy Jackson.

Idiota.Quem se apresenta desse jeito

–Eu sei. –ela sorriu timidamente,aninhando seu livro na altura da mesa –Você tem História comigo.

Ah eu gostaria de ter uma história com você.

...

...

Por favor...não esteja apaixonado.

–Ah..sim –sorri,tomando minha bebida novamente,olhando para o lugar onde estávamos.

Annabeth suspirou,apoiando os cotovelos na mesa e tomando sua bebida calmamente,olhando para baixo...para os cantos da mesa.

–São quatro-eu disse baixinho.

–O que? –ela me olhou confusa.

–Os cantos da mesa...são quatro –eu sorri.

Os olhos de Annabeth escureceram,e ela franziu a testa.

–Eu sei.

Seus olhos correram pelos cantos da mesa novamente...contando.

–Continuam sendo quatro.

–Eu sei –ela disse pausadamente.

–Vão ser quatro daqui a um minuto quando você contar de novo –deixei escapar.

Ela se recostrou no estofado e levantou uma sobrancelha para mim.Ótimo...eu consegui deixar a garota com raiva.

–Eu sei,Percy –ela disse de novo.

Recostei no meu estofado também,suspirando.Vamos lá...você pode fazer isso,Cabeça de Algas.

–Então..você gosta de matemática – ela me olhou como se eu tivesse oito braços.

–Por que a pergunta? –ela riu baixinho.

–Você está contando. –expliquei.

–Isso nada tem a ver com gostar de matemática,Percy – seus olhos ficaram tristes por um momento.

Não...não eu não queria vê-la triste.

–Seu livro...- sussurrei desesperadamente – O que você está lendo?

Seus olhos se iluminaram novamente.Assim era melhor.

– O grande Gatsby –ela sorriu.Ela levantou a capa sorrindo – Você lê?

–Pouco –sorri também – Na maiora das vezes,os livros que a escola pede.

Ela riu um pouco mais.Eu gostava de sua risada.Queria ouvir sua risada antes de dormir.Queria colocar sua risada como toque do meu celular.

Por favor...não esteja apaixonado.

Você é tão linda.

O rosto de Annabeth assumiu um tom vermelho.Olhei para os lados confuso,quem diabos teria feito aquilo com ela?Eu tinha gostado de ver suas bochechas rosadas daquela forma.Quem fez? Por favor faça de novo!

–Obrigada .

–Que? –perguntei confuso.

–Você.

–O que?

–Você é meio lerdo,né?

–O ...que? –ela riu.

Passou uma mecha teimosa para trás de sua orelha e sorriu.

–Você é muito gentil,Percy .

Eu estava mesmo sem entender nada.Mas isso não importava.Não enquanto esse seu sorriso estivesse direcionado para mim.Seus olhos varreram os cantos da mesa novamente,assumindo um tom triste,logo depois ela fechou os olhos e suspirou.

Annabeth tinha muitas expressões desconhecidas por mim.Quer dizer...eu nunca tinha visto-a tão tristonha.

–Não –peguei sua mão por cima da mesa por impulso –Não faça isso.

Seus olhos se abriram em surpresa e ela olhou fixamente para o meu rosto.

– O que?

–Não conte –suspirei –Isso te deixa triste.

Ela sorriu novamente,acariciando minha mãos com seu polegar.

Senti como se Bart Simpson estivesse andando de skate dentro do meu estômago.

–Você é muito observador.Perspicaz.

Bem..isso ninguém tinha me dito nem uma vez....quer dizer....”observador” e “perspicaz” não eram os adjetivos geralmente ligados à mim.

–Hm...obrigado –sorri sem jeito.

–Você tem um sorriso bonito –ela disse baixinho,tirando sua mão da minha –Eu acho...acho melhor eu ir agora.

Olhei para o lado de fora da janela,eu não queria que ela fosse.

–Vai chover.

–Eu..preciso mesmo ir – ela disse passando a mão nos cabelos – Eu tenho um compromisso agora,desculpe.

Ela se levantou,e eu fiz o mesmo a seguindo em direção da porta.Ela sorria tímida o tempo todo,e então começou a chover.

–Olha,eu – tirei minha mochila das costas – Toma.

Entreguei-lhe meu guarda-chuva para ela,que pegou sorrindo.

–Muito,muito gentil,Percy – senti meu rosto ficar vermelho – Eu..te vejo depois? Pra você sabe...

–Um café?

–Entregar isso aqui.

Dissemos ao mesmo tempo.

Senti novamente meu rosto ficar extremamente vermelho.Que coisa hein,Percy!

–Um café..me parece bom – seus olhos se ficaram na rua por um momento.Os olhos cinzentos correndo por toda a calçada...contando.

–Então..-suspirei,estendendo a mão – Até mais.

–Você sabe aonde me encontrar –ela riu,piscando e pegando minha mão –Faça como hoje..entre.Não fique me espiando pela janela.Até mais.

Ótimo.Ela sabia.

Eu só conseguia repetir para mim mesmo : por favor..por favor não esteja apaixonado.

Eu era perdidamente apaixonado pela mulher deitada em meu braço.Coloquei minha outra mão em sua cintura,puxandoo-a contra mim,sorrindo.Ela se remexeu um pouco e sua mão veio para o meu peito,puxando minha camiseta para mais perto dela.Suspirou e voltou a seu estado normal.

Eu repito quantas vezes forem necessárias de que...essa mulher é a pessoa mais bonita do universo.

Depois daquele dia,da nossa primeira conversa...eu não a vi por mais uns cinco.Meus amigos que também eram amigos dos amigos de Annabeth,me disseram que ela teve que viajar para o outro lado do país com seus pais atrás de alguém,ou alguma coisa.

Eu não queria saber mais.Quer dizer...não que eu me importe com ela.Ou deveria.Enfim,ela estava com meu guarda-chuva,e eu o queria de volta,só isso.

Parem.Eu sei que vocês estão revirando os olhos diante da minha tentativa falha de tentar convencer de que não me importo com ela.

Então na outra semana quando a vi,Bart Simpson estava de volta em meu estômago.Ela estava – aparentemente- mais magra,e seus olhos tinham olheiras.Eu queria saber o que tinha acontecido,mas eu não queria pedir a Nico para buscar informações sobre a loira.Eu queria ouvir dela.

Eu queria ouvir sua voz de novo.

Eu estava encostado no portão da escola enquanto Thalia –sua amiga punk –a abraçava e sussurrava alguma coisa em seu ouvido.Rapidamente,os olhos de Annabeth correram o pátio escolar.

Olhei para baixo.

Deveria estar contando de novo. – eu pensei.Eu queria tanto saber o porque dela contar tanto.

Mas seus olhos param em mim,e ela sorriu timidamente.

Eu tive que olhar para trás umas trezes vezes,para ter certeza de que aquele sorriso tímido era para mim.Quando percebi que era,ela já tinha sumido.

Mas tudo bem...eu sabia mesmo onde a encontrar.

Naquela tarde quando entrei no café,Annabeth não estava.Mas suas coisas estavam em cima da mesa,então tomei a liberdade de me sentar ali,com meu Frappuccino.

O que?Aquele troço era bom.

–Eu tenho 97,7% de certeza de que eu estava sentada aqui –ela disse com um riso contido em sua voz.

Eu sorri também tomando outro gole da minha bebida.

–Você quer que eu levante e peça permissão?

Ela voltou a se sentar no estofado, sorrindo.

–Não...já passamos por isso –sorrimos.

Ela estava com as mãos molhadas e as limpou no casaco de novo.Seus cabelos estavam soltos caindo pelos ombros indo até a cintura fina.Seus olhos tinham olheiras e eu tinha certeza de que ela estava com sono.

–Tudo bem,Annabeth? –perguntei,sussurrando.Eu sentia uma necessidade de falar baixinho com ela,só para ela.

Ela era a única que me importava no café.

Seus olhos correram pelos cantos da mesa,e seus sobrancelhas franziram.Sua expressão era tão terrível de ver,que eu tive que desviar os olhos.

Annabeth estava sofrendo.Eu sabia disso.

–Eu..estou bem.

–Você sumiu.

–Eu tive que viajar –ela disse sorrindo novamente – E eu sinto muito,mas seu guarda-chuva não está comigo aqui –ela corou,tomando sua bebida.

–Isso é bom – eu sorri – Vou poder vê-la de novo.

Seus olhos se arregalaram,e seu rosto ficou ainda mais rosado.

–Por favor..-suspirei fechando os olhos – Diga pra mim que eu não disse isso em voz alta.

Ela então gargalhou.E eu tenho duas notas para fazer em relação a esse som :

(a) A risada de Annabeth já era bonita.

(b) Quando direcionada à mim,ficava ainda mais.

–Você não existe –ela disse,correndo seus olhos pela mesa de novo .

–Quatro –suspirei

Seu olhar se tornou sofrido de novo,e ela fechou os olhos.Eu não queria ser o causador desse seu sofrimento.Peguei sua mão de novo,por cima da mesa,e a fiz olhar pra mim.

–O que há de errado com a mesa,Annabeth?

–Não é a mesa- ela suspirou –Sou eu.

–Você?- a olhei fixamente –A mesa não vai cair em você.Eu tenho certeza de que tem quatro parafusos perfeitos a segurando junto a parede.

Ela sorriu de novo,acariciando seu polegar em minha mão.

Bart Simpson fazia a festa em meu estômago.

–Não é isso.

–O que é então?

–Percy-ela suspirou olhando para mim de novo –Não faça isso consigo mesmo.

Continuei olhando para ela.O que? Nós erámos amigos agora,certo? Annabeth sentava e tomava uma bebida comigo pela segunda vez...isso nos fazia alguma coisa.

Eu preciso de ajuda,eu sou meio..inexperiente nisso aqui,cara.

Seus olhos estavam escuros de novo,e seu sorriso tinha desaparecido.Os olhos corriam rapidamente e desesperados pelos cantos da mesa,e agora pelos meus cabelos,se tornando ainda mais triste.

–Não,não conte –eu sussurrei.

–Eu preciso ir –ela disse desesperada de repente. – Agora.

Annabeth se levantou apressadamente,pegando seu livro e deixando sua bebida quase cheia na mesa.Eu a segui como um bom amigo...ou não.

O que éramos agora?

Colegas” não é aceitável aqui.

–Annabeth –puxei seu braços ,quando estávamos fora do café.Seus olhos varreram a rua desperados,contando tudo ao seu redor.Qual era o problema dela com os números?

–Eu tenho que..ir.Agora.Agora mesmo-ela tirou meu braço do seu. –Desculpe.

–Annabeth-

–Não Percy- ela disse alto.Eu não queria que seu tom de voz fosse direcionado à mim naquele momento – Você não quer isso pra você- ela apontou para seu corpo de repente.

E se foi.

Mais uma vez...me deixando confuso em relação ao seu comportamento.

Por favor..não esteja apaixonado.

Annabeth se mexeu ao meu lado,colando seu corpo mais ao meu,e suspirou.Ela vestia uma camisola de seda,deixando suas pernas à mostra.E moças...que pernas.Annabeth sempre fora uma moça bonita.Quer dizer..eu sempre a achei isso.

Mas agora,olhei sua aliança na mão esquerda e sorri.

Ela era minha.

Eu disse que “Colega” não era aceitável aqui.

Depois da declaração de Annabeth sobre eu não querer “isso” –no caso,eu não entendi muito bem no momento - para mim,eu tive certeza de duas coisas :

1- Eu queria “isso” pra mim.Eu daria tudo para ter “isso” para mim.

2- Annabeth estava me afastando.

Eu a via no café as vezes,durante os dias que se passaram,mas ela não estava sentada em...em..nossa mesa.Sim,eu já havia considerado nossa.

Ela se sentava na mesa mais distante,onde nenhuma luz do sol passava.Então,eu voltei a observá-la de longe.Quero dizer...eu ainda entrava no café,sentava em nossa mesa,tomava meu Frappuccino,sozinho.Do meu lado no estofado.Ela olhava para mim e desviava os olhos com as sobrancelhas franzidas,e a boca em uma linha dura.

Por favor...não esteja apaixonado.Não se apaixone assim.

Ela continuava passando os olhos nos cantos da outra mesa,como se fosse cair em cima dela.Talvez ela tivesse razão...talvez não fosse a mesa,fosse ela.

Então porquê,Annabeth? – eu me perguntava com a cabeça apoiada nas mãos.Ela lia tranquilamente na mesa sem luz,e sorria as vezes lendo seu livro.Eu gostava de ver sua expressão ao ler.Era suave.

Deitei a cabeça na mesa,pensando.

O que diabos Annabeth escondia tanto? Talvez..seus amigos.Talvez o cara loiro soubesse o que acontecia com ela.Talvez ela confiasse nele para contar o que acontecia e não em mim.Que ridículo.

O que eu estava exigindo dela? Nós mal nos conhecemos.Ela deve conhecer o cara loiro a mais tempo.

Nós mal nos conhecemos,pare com isso.Quer dizer...eu tenho a observado constantemente,claro,mas ela não parece ter mais do que um interesse em saber quem era o idiota do falho stalker dela.

Afundei a cabeça com mais força na mesa.Droga....não esteja apaixonado.

Talvez...ela tenha um relacionamento com o cara loiro.

Afundei comais força,batendo a cabeça na mesa.Que droga...não esteja apaixonado.

Talvez ele...e ela sejam mais que “colegas”.

Fechei as mãos em punho e deitei a cabeça com mais força na mesa,quase quebrando aquela madeira em dois.Que droga...que droga.

Talvez...eles sejam mais que “amigos” também.

Suspirei tentando controlar o ciúme insano e sem motivação que eu estava sentindo.Que bela porcaria...que droga...não...esteja apaixonado,Percy.Eu te proíbo.

Talvez ele seja o namorado dela.

Era isso,levantei-me com raiva,deixando minha bebida em cima da mesa e saí do café batendo a porta.Não sem antes visualizar Annabeth olhando-me confusa.

Apertei minha mão ao redor do corpo da moça,dormindo.Ela se virou,bocejando,ficando de costas para mim,não sem antes se aconchegar ainda mais.Passou sua mão por sobre a minha e apertou meus dedos.

Voltou a seu estado de sono.

Senti meu rosto esquentar.Naquele dia...eu tinha declarado- internamente - ódio pelo cara loiro.

Lá estava ela,na mesa escura.Arrumando seu livro e seu Frappuccino milimétricamente na mesma altura.Que droga,ela estava tão bonita com os cabelos presos em um coque desarrumado.

Joguei-me com raiva na nossa mesa.Ela deveria estar sentada ali,comigo.Dizendo que eu era observador e perspicaz.Conversando comigo.Dando aquele sorriso para mim.Franzindo a testa ali,na minha frente.Varrendo os olhos na nossa mesa.Contando os cantos da nossa mesa.

Olhei pela janela do café,que ficava bem ao lado da nossa mesa.O que eu queria?Que ela se apaixonasse por mim depois de ...dois cafés?

Sim!

Não seja ridículo.Ela tem...aquele cara lá.

Pare.

Aquele alerta soou na minha cabeça.Toda vez que eu pensava no loiro que andava com Annabeth e Thalia – a punk- eu sentia uma raiva.Apoiei a mão na testa e suspirei.O que eu estou fazendo? Eu esperava mesmo que ela se apaixonasse por mim em...dois encontros?Que droga,Perseu!

Levantei a cabeça e tomei um gole da minha bebida.Olhei de relance para a garota mais bonita da cidade e ela estava com os olhos fixos em mim.

Desviei os olhos.Eu estava chateado com ela? Por que?

Por ela me deixar dessa mesa sozinho? Por estar varrendo os olhos e contando os cantos de outra mesa?

Por que? Você é o intruso.Ela sempre fez isso.

Balancei a cabeça e deita-a nos braços e estavam apoiados na mesa.Chega,você precisa parar de pensar nela dessa forma.

Eu já lhe implorei...não se apaixone por ela.Ela claramente não está interessada em você.

–Não faça isso –ouvi sua voz ao meu lado. –Não fique atordoado dessa forma,Percy.

Levantei a cabeça rapidamente,vendo a garota mais bonita da cidade parada ali do meu lado,com um sorriso tímido no rosto perfeitamente rosado.Deuses...como ela é bonita.

Continuei olhando-a.Depois de quase duas semanas no mesmo café,em mesas diferentes,um ignorando o outro...ela estava ali.Sorrindo timidamente para mim,como se eu fosse o cara mais legal e adorável do mundo.

–Eu posso me sentar? –ela perguntou.

–É a sua mesa.- eu respondi,surpreendendo-me com o tom frio que saiu da minha boca.

Ela suspirou e se sentou do seu lado do estofado.Colocou o café na mesa,e seu livro ao lado,arrumando-os milimétricamente,de novo.

Eu passaria o resto da minha vida vendo-a fazer isso.

Não...não a peça em casamento agora,seu idiota.

Quando terminou,olhou para cima,seus olhos ignorando a mesa,por um instante.

–Percy – ela disse suspirando,como se meu nome fosse o maior elogio do mundo – Você não me parece bem.

Desviei meus olhos para a mesa contrariado.O que ela queria? Depois de me ignorar por duas semanas estando no mesmo lugar que eu,a menos de dois metros,ali bem na minha frente,me ignorando completamente? Ela queria que eu estivesse só sorrisos?

Controle-se! Vocês são apenas colegas.

Cala a boca.Eu já disse que não aceito isso.

Controle esse seu gênio!

Fixei meus olhos para a mesa,sem olhá-la,respondi :

–Eu estou ótimo.

Olhei-a de relance,seus dedos batucavam na mesa,enquanto seus olhos corriam pelos cantos da nossa mesa...contando,como deveria ser.Ela passava a língua pelo lábio inferior ,buscando palavras.Seus olhos corriam os azulejos do chão..contando.Corriam pelos atendentes do café...contando.Passavam de volta para a janela,para a calçada,para as pessoas..contando.Voltava para os cantos da mesa,voltando a conta-los.Contavam quantas vezes seus dedos batucavam,até ela sacudir a cabeça e voltar a contar os azulejos.Agoniada,desesperada.

O que há de errado,meu amor? Conte pra mim.Fale comigo.

–Percy,eu não queria deixa-lo confuso –ela disse olhando-me de novo.

–Tarde demais.- sussurrei.

–Percy –ela sorriu timidamente.Não sorria assim! Eu estou tentando ficar bravo aqui –Eu...só estou dizendo que você não vai querer-

–Isso pra mim – eu completei apontando para seu corpo,como ela mesma havia feito certa vez – Eu já ouvi isso uma vez.E quer saber? Eu não acho que você saiba muito bem o que eu quero ou não para mim – deixei escapar.Seus olhos estavam divertidos quando ela olhou para mim de novo.

Isso.Ria de mim.Me deixa mais frustrado do que eu preciso.Que droga...não faz com que eu me apaixone por você desse jeito,menina.

– O que aconteceu aquele dia? –ela perguntou curiosa.

–O que? –perguntei confuso.Com Annabeth eu sempre me sentia assim.

–Você sabe...você saiu meio furioso daqui aquele dia –ela disse. – Você bateu a porta e tudo.

Ah...aquele dia.

–Nada. –suspirei. –Eu só...eu não estava me sentindo bem.

–E como você está agora? –ela perguntou,parando a batida de seus dedos,olhando para mim.

–Ótimo –respondi frio.

–Não...não fale comigo assim-ela pediu,seus olhos correndo meus olhos,como se para contar todas as veias que eu tinha neles. –Eu .. sinto muito se te deixei furioso,Percy.

– O que te faz pensar que foi você? –respondi,mais calmo agora.Eu não queria magoá-la.

–Você não era tão atordoado antes de me conhecer –ela disse baixinho.Olhou fixamente para o canto direito esquerdo da mesa,eu acho que era seu preferido - Você não é o único observador.

Parei de respirar um minuto,olhando fixamente para o rosto corado e os olhos inquietos da moça na minha frente.

Você é tão linda.

–Obrigada-ela disse rindo baixinho.

–Eu fiz de novo não é? –suspirei sentindo meu rosto queimar,coloquei as mãos no rosto,tentando esconder minha vergonha .

–Você é muito gentil,Percy –ela disse pegando minhas mãos ,com relutância ,e acariciando ambas com seus polegares – Muito gentil.

–Então por que você está me evitando? –perguntei baixinho.Até mesmo eu podia ouvir a chateação na minha voz.Que droga,se recomponha,Perseu!

–Eu não estou fazendo isso –ela varreu os olhos pelo teto.Contando quantas vezes o ventilador de lá estava girando e virando,girando e girando,e girando e girando,e girando..

Vocês entenderam.

–Está sim – sussurrei de novo,seus olhos voltaram rapidamente para os meus.Desviei para as nossas mãos juntinhas ali – Você está...como se eu tivesse batido na sua mãe.

Ela riu.Eu tinha certeza que podia ouvir sua risada pelo resto da minha vida.Deuses,como ela ficava vermelha depois de uma risadinha tímida.Como ela fazia isso?

–Não é isso –ela suspirou depois de rir – É que você me deixa nervosa,Percy.

Revelações.

–Eu deixo você nervosa? –eu perguntei.Não mocinha,você não sabe o que é nervosismo.Você deveria me ver debater na cama até as quatro da manhã,tentando tirar seu rosto da minha cabeça.Seus olhos inquietos,seu sorriso lindo.Querendo e tentando tirar o maldito Bart Simpson do meu estômago.

–Sim – ela sussurrou,ficando rosada de novo – Muito.Eu queria ser o que você quer Percy.

Ela olhou fixamente para mim.Seus olhos estavam inquietos de novo,varrendo meus cabelos.Contando mecha por mecha.

Quer dizer...ela deve gostar muito de matemática.

–Você é –sussurrei,puxando seu dedos,entrelaçando-os nos meus.- Você...me observava?

–O tempo todo –ela riu baixinho – Acho que sou melhor stalker do que você.

–Não é tão fácil quanto as séries fazem parecer –resmunguei.Ela riu de novo.

–Você é tão...-ela suspirou –Incrível.

–Não. –eu sussurrei –Você que é.

Ela encolheu os ombros e riu baixinho,seus olhos novamente correndo pelos azulejos.

Percebi que isso...era involuntário da parte dela.

–Eu quero saber – puxei sua mão,para que sua atenção voltasse para mim.

Ela suspirou,fechou os olhos,respirou fundo,varreu os olhos depois de abrir os olhos novamente,por todo o meu rosto.Por todo o ambiente.Procurando uma saída,talvez?

Ela quer fugir de você agora.Parabéns.

–Não –sussurrei vendo seu rosto ficar angustiado de novo – Não precisa.. me contar se não quiser.

–Eu gosto tanto de você –ela disse baixinho –Você é meu intruso de mesas favorito.

Eu dei risada sem querer.Tão...adorável.

–Intruso de mesa sé meu nome do meio- pisquei para ela,fazendo-a rir.

“Eu gosto tanto de você” isso significa alguma coisa,certo?

–Percy –ela sussurrou,levantando os olhos até os meus –Senta do meu lado? –pediu baixinho. –Eu preciso te contar uma coisa,mas..eu queria que você estivesse do meu lado.

Levantei-me sem pestanejar.Eu queria sentir o calor do seu corpo perto do meu,e assim o fiz.Ela continuou com seus dedos entrelaçados nos meus,o sorriso pequeno um pouco angustiado,e seus olhos perdidos nos ladrilhos do chão.Ela se sentou quase encostada na parede vidro(janela,se preferir) e eu me postei ao seu lado,virando-me para ela.Meu mistério favorito.Leonardo DiCaprio olhava para minha cara na capa do livro,como se dissesse: Seu sortudo.

–Eu também gosto muito de você –respondi sem querer.

Ela sorriu e apertou minha mão.

–Você não deveria. –ela sussurrou – Eu já percebi isso,Percy.

–Eu não se se consigo controlar o que eu sinto por você –sussurrei –Não vai mudar.

–O que eu vou te dizer vai te fazer pensar bem antes de tentar ficar comigo. –ela disse azeda –Sempre é assim.Ninguém suporta por muito tempo.

–Sempre? –perguntei ansioso.Quantos namorados ela já teve? Quanta experiência?

–Quer dizer...duas pessoas já se interessaram por mim dessa forma,Percy –ela sorriu –Um deles desistiu.E o outro se tornou meu melhor amigo no final.

O loiro.Eu sabia.

Senti minhas mãos se fecharem contra as dela.

–Não –ela sussurrou –Isso é sobre a gente agora.- seus olhos fixos nos meus.

–Não precisa me dizer se não quiser –eu sussurrei.Seus olhos passaram para meus dedos,inquietos...contando - Eu tenho dez dedos,viu?

Ela riu baixinho,acariciando meu polegar com o seu.

–Eu só vou te dizer,porque eu sei que você vai se afastar de mim depois –ela riu –E aí,você vai poder viver quietinho de novo,sem frustrações e poder stalkear ,quer dizer,tentar stalkear outra garota que você goste.Uma menina que seja mais normal.

–E não vou a lugar algum – sussurrei ofendido.

Droga...você está apaixonado não é,Perseu?

–Vai sim –ela sorriu tristonha – Todo mundo vai.

–Eu não sou todo mundo –resmunguei.

–Tem razão..você é mais teimoso –ela riu baixinho,contando meus dedos novamente.

Segurei sua mãos com força,a fazendo olhar para mim,assustada e surpresa.

–Porque você conta tanto,Annabeth? –perguntei. –O que há de errado?

Ela suspirou baixinho,querendo desviar os olhos dos meus,se retesando quando quase o fez.Contou – em segredo – pela zilhonésima vez os cantos da mesa e disse baixinho:

–Eu tenho TOC ,Percy.

Apertei ainda mais meu braço ao redor da mulher a minha frente.Sim...essa mulher maravilhosa a minha frente tinha Transtorno Obsessivo Compulsivo.O tal do TOC.

Annabeth tinha essa “doença psicológica”.Ela me contou tudo aquela tarde no café,em nossa mesa.Disse que lavava as mãos pelo menos 6 vezes no dia.Sempre se levantava da cama pelos menos 8 vezes antes de dormir e ficava sentada no sofá,olhando se todos os objetos de decoração da estante da casa de sua mãe estavam no lugar.Se certificava de que toda e qualquer porta de casa estava fechada antes de dormir ,por pelo menos 12 vezes.Quando saia de casa para ir à escola,voltava sempre para ver se seu material estava completo.Contava seus livros pelo menos 5 vezes ,por dia.Por dia,eu disse.Arrumava os quadros da casa de sua mãe,bem simetricamente todo final de semana.Limpava a televisão por duas horas,duas vezes no dia.Não tinha nada contra pegar na mão de algumas pessoas,mas sempre andava com álcool em gel na bolsa.Escovava os dentes por pelo menos 3 vezes antes de sair de casa.E não tinha nada a ver com vaidade,ou algo assim.Ela deixou bem claro.Organizava todos os 178 carrinhos dos seus irmãos gêmeos,todos os dias.Arrumava todos os cds do Michael Bublé que tinha em casa,antes de dormir.Todos os dias,ela disse.As vezes,repete algumas coisas que quer falar em sua cabeça,para que não fale errado e alguém perceba.E por fim,admitiu que depois de tudo isso o que mais a incomodava era essa mania de contar as coisas.

Annabeth afirmou que era apenas para ter certeza de onde estavam as coisas.Seja isso com...com os cantos de um mesa,com os azulejos do banheiro,com seu celular,seus livros,seus objetos,as frutas de casa,seus parente ou seus dedos.

E quando ela disse isso,esperou pacientemente que eu me afastasse dela.Que eu desse risada.Que eu a chamasse de louca e idiota.Que eu a chamasse de doente.

–Vai –ela sussurrou enquanto terminava seu Frappuccino – Se você for agora,eu posso fingir que nunca te disse isso.

–Eu já disse que não vou a lugar algum – virei-me para frente de novo.

Eu precisava absorver aquilo rapidamente.Tudo aquilo que Annabeth me disse,não tinha me afetado em nada.Pelo contrário.Eu sentia estranha necessidade de estar ao lado dela para arrumar os carrinhos de seus irmãos.Arrumar seus Cds de Michael Bublé Não sei do Quê.Arrumar seus livros.Contar quantos objetos sua mãe tem na estante.Se estivéssemos juntos para limpar a televisão,não demoraria duas horas...talvez uma e meia.Queria arrumar os quadros da casa de sua mãe.Queria checar as portas...queria contar seus dedos,junto com os meus.

Eu queria isso pra mim.

–Por que não,Percy? –ela disse um pouco mais alto –Pra você me largar depois quando perceber que isso aqui –ela apontou para sua cabeça – Falta uma porrada de parafusos?

–Você é tão linda –sussurrei.

–Não Percy,espera –ela disse rindo sem graça- Você está dizendo isso como se não se importasse de que eu vou levantar a noite pra checar a porcaria da portar por doze vezes! –ela suspirou exasperada.

–Eu não me importo- sussurrei olhando em seus olhos.

Ela suspirou exasperada de novo.

–Sabe o que eu estou fazendo agora,enquanto olho pra você? –ela perguntou irônica – Eu estou contando quantos pelinhos estão nascendo no seu maxilar.Eu quero pentear o seu cabelo.Eu quero contar quantas mechas você tem nesse cabelo bagunçado.

–Você pode fazer isso –peguei sua mão,ela a puxou com força,mas dois podem jogar esse jogo ,puxei de volta – Eu não vou impedi-la de fazê-lo.

–Percy –ela se virou completamente pra mim ofegante – Você deveria me impedir de fazer isso.

–Eu não quero –sussurrei de novo. –Eu quero você,só isso.

–Isso –ela riu de novo,com ironia –Isso é um pacote completo,ok?Você não tem Annabeth Chase sem essa porcaria toda.

Levantei-me,puxando sua mãos,e sorri para seu olhar confuso.Tão linda.

–Eu acho que aceito isso.-sussurrei.

Depois de alguns dias,nossos amigos já eram amigos de nossos amigos.Vocês sabem...ficamos parecendo uma família.Eu e Annabeth não namorávamos oficialmente.Ela ainda acreditava que eu fosse fugir,correndo,chamando-a de doente.

O que jamais aconteceria,anotem aí.

E se eu a pedisse em namoro,ela não queria um anel.Ela não queria ter que contar 11 coisas nos dedos quando tivesse a necessidade de contá-los.

Esse negócio de relacionamento com alguém com compulsões é complicado.Mas...eu já a amo tanto.

Eu ainda...bem,apesar de uma explicação detalhada de Annabeth de que Luke era seu melhor amigo,ainda me sentia meio ...ameaçado.Ela disse que quando os dois eram mais novos,sempre ficavam juntos com Thalia.

Engraçado,eu não sentia a necessidade de afastá-la de Thalia.

Luke era intenso demais.Ele dizia coisas para ela,e a fazia rir com muita facilidade.Ria das “manias”.E isso me deixava intrigado.Ele já havia tido interesse nela,dessa forma.Nada,nem ninguém negaria isso.

–Já sim – ela confirmou uma vez,quando estávamos sentados no sofá do meu quarto,no dia em que Annabeth e minha mãe –finalmente- se conheceram. –Mas eu já lhe disse isso,Cabeça de Algas.

Ela achava o apelido bonitinho,depois deu ter explicado que aquele dia na praia,as algas não saiam do meu cabelo de jeito nenhum.

–E você...? –perguntei entrelaçando nossos dedos,ela contou nossos dedos duas vezes antes de responder.

–Teve um tempo..que eu achei que me sentia diferente em relação ao Luke – ela sussurrou sua respostas em tom de desculpas.

Suspirei.Eu nunca me senti ameaçado em relação à ninguém.Mas...esse era o tipo de situação que eu iria ter de enfrentar namorando –ou quase- alguém como Annabeth.

–Eu não vejo como não se confundir em relação ao Luke – suspirei,soltando minha mão da dela,e sentando-me no sofá,deixando-a sozinha deitada.- Ele é o tipo de garoto dos livros,certo?E você ama ler.

Resmunguei.Eu não conhecia o ciúme antes de ter essa menina.Era tudo...muito muito novo para mim.

–Ei –ela se sentou ao meu lado –Você está com-

–Não –resmunguei a cortando –Não mesmo,pode parar.

–Percy –os olhos dela brilharam inquietos nos meus –Você-

–Não.

–Está sim.

–Shiu –pedi colocando o dedo nos lábios.Ela riu com vontade.

Seus olhos varreram da minha cama até a minha estante com cds de bandas antigas e alternativas.Nos quadros da parede,e nos livros da escola,ela suspirou.

–Isso aqui é bem desorganizado –ela gemeu em frustração.

–Eu gosto assim – a olhei e sorri –Mas nós podemos arrumar se isso te incomoda.

–Não-ela suspirou –O Dr.Phill mandou que eu me controlasse quando o ambiente não é meu.

Dr.Phill é o seu psicólogo.Ele era um cara legal que me avisou sobre todo e qualquer tipo de risco que um relacionamento com Annabeth podia me trazer.E eu continuo não me importando com isso.

Ela se ajeitou no sofá olhando para o chão ,as sobrancelhas juntas e os olhos inquietos nos ladrilhos do chão.

–Ei –puxei seu rosto –Não faça isso.

–Isso o que?

–Isso –puxei seu rosto e beijei sua testa – Pare com isso.

–Seria tão mais fácil pra você simplesmente arrumar uma garota normal –ela fungou baixinho.

–Isso me deixa com tanta raiva – apertei seus dedos. –Você me deixa com tanta raiva quando fala assim.Quando você vai colocar nessa cabecinha,que eu não quero mais ninguém?

Ela riu,puxando-me para voltar a deitar no sofá,com ela em cima de mim.

–Posso te confessar uma coisa,Percy? –ela perguntou aos sussurros,depois de um tempinho apenas apreciando o calor um do outro.

–É claro. –sussurrei.

–Agora...todas as vezes que eu vou dormir..sinto a necessidade de ligar pra você –ela apertou minha camiseta – Pra checar..e ver...ver se você...

–Ei –apertei de novo sua mão,puxando seu queixo.Ela apoiou no meu peito e suspirou fechando os olhos –Olhe pra mim –suspirei.Seus olhos se focaram no meu – Você pode me ligar quantas vezes e quando você quiser.

–Eu não quer você pense que você é um dos meus cds,que eu quero ter certeza que está no lugar. –ela suspirou de novo,segurando alguma coisa nos olhos –Eu só precisa saber se você ainda está comigo.

–Ei – beijei seu nariz – Eu estou com você quando precisar.

Ela riu de novo.

–Sabe..sua mãe me contou que você sente cósquinha ainda – ela disse pulando em cima de mim.

Eu dei risada mais uma vez,segurando a moça dorminhoca ao meu lado.Annabeth tinha isso de achar que eu iria fugir a qualquer momento...como se eu pudesse ir pra qualquer lugar que ela não estivesse comigo.

E as brigas...ah,as brigas.

–Eu já disse,tá errado,tá tudo errado!-ela gritou comigo ,enquanto arrumávamos os cds em seu quarto –Você não sabe como fazer,tá errado!

Por mais que eu seja um cara compreensível,eu continuo tendo um gênio difícil.Já faziam dois anos que estávamos namorando.Annabeth tinha 19 e eu 20,e estavamos arrumando os cds nas caixas em um dia de sábado,ela iria vir morar comigo,em nosso apartamento.

Dr.Phill me avisou de que era um grande passo morar com alguém que tinha TOC.Mas pra mim,Annabeth não era só alguém que tinha isso.Quando as pessoas iriam perceber?

–Ótimo,você pode arrumar sozinha então –gritei também saindo de seu quarto e batendo a porta.

Desci até a sala da casa de Atena – sua mãe –agradecendo as Deuses por estarmos sozinhos.Eu odiava o fato de não saber ajuda-la.Ela tinha essa compulsão por arrumar tudo do seu próprio jeito e eu entendia isso.Vocês sabem como eu entendia,mas as vezes...até eu me irritava.E ela tinha me alertado sobre isso.

O problema é que eu a amo mais do que sua compulsão me irrita.Então eu não conseguia simplesmente...deixá-la como todo mundo.

Ouvi a porta do cômodo de cima se fechar e passos na escada.Eu não queria brigar.

–Decepcionado? – ela perguntou baixinho.Ela usava um jeans justo e uma camiseta regata azul,com renda no decote.Seu corpo havia mudado tanto desde os 17. – Arrependido? Eu disse que você não ia suportar por muito tempo.

–O que? –sussurrei –Annabeth eu não-

–Você vai embora? –ela perguntou com os olhos marejados irritados e inquietos,rodando ao redor da sua de sua mãe –Pare! - Ela gritou colocando as mãos na cabeça –Pare de contar,sua- ela respirou fundo –Pare de gritar,pare de contar sua doente!

Eu estava assustado.Era a primeira vez que ela tinha um surto.Dr.Phill tinha me alertado.Eu não dou a mínima pra ele.Esses "surtos"eram basicamente a coisa mais dificil em alguém com TOC.O fato de achar que está atrasando avida de alguém que você ama,os deixavam assim.

Continuo não dando a mínima pra essa porcaria de TOC.Essa garota,Annabeth era a mulher da minha vida.

Não havia nada que eu não fizesse por ela.

–Ei –aproximei-me dela –Ei –peguei suas mãos colocando-as ao redor de minha cintura.Ela chorava sem parar,parecendo perdida –Ei,ei –peguei seu rosto em minhas mãos.

–Por que você só...não sai pela porta? – ela suspirou –Por que?

–Porque – beijei sua testa – Eu amo você –sussurrei em seu ouvido,fazendo-a parar de falar – Eu amo você,e amo as suas manias.

–Eu sou doente,Percy –ela chorou no meu ombro com as mãos trêmulas –Eu sou,eu sei que sou.

–Não é –beijei seus cabelos – Não é não.

–Porque você me ama ? –ela olhou em meus olhos dessa vez –Por que eu?

–Porque –beijei seus lábios convidativos – Você é a coisa mais importante que já me aconteceu.

Levantei meus olhos para o teto...estava quase cochilando de novo.A mulher ao meu lado tinha um perna ao redor do meu corpo,colando nossos corpos.Aquela vez,foi a única em que Annabeth teve um surto.Todas as outras nossas brigas...bem,acabavam diferente.

–Você deixou de novo a toalha em cima da cama! –ela disse com os braços cruzados –Você sabe como eu me sinto em relação a toalhas em cima da cama.Você sabe o que as coisas desorganizadas me dá vontade de fazer com você!

–Eu...me desculpe-suspirei cansado.Meu trabalho como jornalista estava me deixando exausto –Eu esqueci –sorri de lado para ela.

–Ah...esse sorriso safado não vai te salvar dessa vez,Jackson! –ela disse chegou mais perto de mim,e e então eu dei o bote.

Terrivel analogia,eu sei.

Pulei em cima dela a prendendo na parede,puxando suas mãos e as prendendo ao lado de sua cabeça,rindo baixinho.

–Me solta!

–Você é tão mandona,Sra.Jackson –eu ri baixinho.Isso mesmo...Sra Jackson. –E tão...compulsiva.

–Eu odeio quando você me prende na parede –ela resmungou – A gente nunca tem uma briga decente quando você me prende aqui.

Eu ri baixinho.Tinhamos um jeito único de acabar com nossas brigas...

Se é que vocês nos entendem...

–Vou soltar as suas mãos agora –eu disse em seu ouvido,mordendo seu pescoço em seguida,ouvindo seu gemido sofrêgo –Você sabe o que fazer em seguida.

Soltei suas mãos,e no mesmo momento Annabeth pulou em meu colo,entrelaçando suas pernas ao redor do meu quadril.Peguei em suas coxas,beijando e mordendo toda a sua pele do pescoço.

–E agora,Sra,Jackson? –sussurrei,olhando-lhe nos olhos-Pra onde?

–Quarto –ela mordeu meu lábio inferior –Sem derrubar as coisas no caminho,isso me deixa doida,você sabe.

Gargalhamos e corri em direção ao nossa quarto...

Tão..compulsiva.

..

–Percy –ela me cutucou –Ei,você estava se remexendo demais.

Cochilei de novo? Que coisa.Lembranças me deixam com sono,então.Seus olhos correram pelo quarto bagunçado da noite anterior,quando ela me xingou dizendo que tinha mexido em seus CDs.E eu tinha mesmo.

–Você bagunçou as coisas –ela gemeu baixinho –Você não me ajuda em nada.

Subi em cima de seu corpo ,como na noite anterior.O sol já brilhava lá fora.Eu não havia dormido muito com as lembranças que me vinham na cabeça.

Ei tinha um relacionamento com um pessoal com transtornos compulsivos e isso não me afetava em nada.Absolutamente nada.Eu sempre soube lidar com isso.

Isso é mais difícil para eles do que para nós.Acreditem.

–Nós vamos arrumar isso,ok? –beijei seus lábios com calma – Sempre.Eu tenho 97,7% de certeza que vamos arrumar isso.Sempre .


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ei,espero que vocês tenham gostado.Bem,TOC - apesar de não parecer nessa fic -é um assunto sério.Eu tenho essa mani de contar as coisas,e de uns tempos pra cá,escrevendo - eu percebi que isso parou bastante.Por que eu tenho escrito muito mais que antes.Eu tenho a mani de contar as coisas ao meu redor,tipo hn : eu conto minhas havaianas ,conto meu celular no bolos,conto a televisão e os móveis da minha casa.Eu sei que parece doideira,mas é realmente frustrante.E eu geralmente escrevo com coisas que acontecem comigo,eu precisava arriscar escrever sobre isso.E olha,eu me sinto bem mais leve agora.É algo sério que em alguns casos as pessoas não "superam" sozinhas ,que eu espero que vocês entendam.é isso!muito obrigada meus amores,que estão sempre comigo,eu não tenho palavras pra descrever como vocês são incríveis!♥