Desejos de uma Adolescente escrita por Coruja Negra


Capítulo 2
Capítulo 2




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Em casa – e de banho tomado é claro – liguei para a Drica e disse o que aconteceu e pedi para ela comprar as coisas. Ela me disse que o Léo nem iria mais (pelo menos isso de bom)

Não que eu não goste do Léo, mas é que faz um tempo que eu estou abrindo mão da Drica por causa dele, passar um dia com ela é bom.

Sentei-me no sofá um pouco frustrada. Ia ligar a tevê, mas nem coragem de procurar o controle eu tive. Fiquei lá jogada até a Drica aparecer.

– Até que enfim! – eu falei quando ela chegou.

– Oi. Você está fedendo a ovo. – ela tampou o nariz e fez uma careta.

– Eu sei. Vamos para a cozinha.

Ela só me seguiu. Fiquei olhando-a enquanto cozinhava para nós. Conversamos umas idiotices antes de o almoço ficar pronto.

– Drica eu estou com muita fome. – reclamei.

– Calminha ai. Deixa só o arroz secar e nós poderemos almoçar.

– Ok.

– Sabe, tem um rapaz novo aqui em PS.

– Legal. É solteiro? Bonito? Legal? Vai estudar com a gente? – falei e ela riu.

– Liz, não adianta fingir interesse. Se não quer saber quem é o garoto novo tudo bem.

– Fala dele. Agora quero saber.

– Se você aceitar sair hoje à noite com a gente você o conhece direito.

– Tudo bem. Fale-me sobre ele. – falei em tom mandão.

– Ok. Moreno, bonito, solteiro, estuda o terceiro ano, basta saber se ele irá estudar na sua sala, eu o acho legal, é amigo do John. Hm... Não sei mais nenhuma informação que você vai julgar como necessária.

– Ah, legal.

O almoço foi bom. Conversamos sobre a escola, garotos, arelaçãodela com o Léo. Muitas outras coisas. Limpamos a cozinha e o Léo veio buscar a Drica e me convidar para sair com eles.

– A Drica já me chamou.

– Você vai?

– Vou sim. Vejo vocês de noite.

Eles saíram. Já estava quase no fim da tarde. Liguei para minha mãe para descobrir que horas ela iria chegar e ela disse que estava chegando – se bem que o “eu estou chegando” da minha mãe é tipo: nem estava pensando em voltar, mas irei pensar na possibilidade de sair daqui.

Tudo bem. Acessei enquanto esperava minha mãe. Quando começou a escurecer fui me arrumar – afinal uma garota (quase) normal como eu demora algum tempo para ficar pronta (claro que não. Garota mais rápida do que eu para arrumar-se não tem).

Minha mãe chegou, ela demorou umas horas (muitas horas). Enquanto terminava de me arrumar ouvi minha mãe cantando alguma musica do tempo que vovó era menina.

Vesti uma calça jeans, uma camisa xadrez azul, preta e branca e coloquei uma rasteirinha (se eu colocasse algo mais alto a baixinha da Drica iria ter que subir num banquinho para olhar nos meus olhos – eu gosto muito de atentar aquele projeto de gente). Fui esperar a Drica na sala.

– Por que a alegria mãe?

– Nada, só estou feliz.

– Sei...

Eles demoraram muito, tentei ligar, mas não deu. Decidi ir a pé, a praça é bem ali mesmo – sem contar que minha mãe acabou com a gasolina da moto. Fui andando devagar, sem pressa – eu até poderia encontrá-los durante o trajeto.

Enquanto andava estava acessando pelo celular, estava tudo tranquilo até que – sempre tem que ter esse até que – uns idiotas passam por mim de moto (aquelas motos barulhentas – que parecem mais uma cafuringa do que moto) e me assustam, é claro. No primeiro momento eu gritei, depois comecei a falar umas boas verdades a eles – verdades que eu prefiro não comentar.

Logo após isso a Drica me liga perguntando onde eu estava, estou na rua – onde mais eu estaria? – iria continuar falando, mas ela me interrompeu.

– Liz, entra ai. – o carro do Léo para ao meu lado.

– Oi. – falei enquanto entrava.

– Imagino que a Drica te disse que nós vamos encontrar uns amigos lá, não é?

– Ela disse isso, se não fossem esses amigos eu nem iria, segurar vela não é para mim.

– Você não segura vela quando está com a gente. – Drica interviu.

– Não, nunca. Na verdade tocha olímpica. – falei ironicamente, pensando nas ultimas vezes que eu sai com eles – Teve aquela vez lá, e aquela outra, aquela também. Inúmeras vezes eu sai com vocês e acabei rodada. Ah deixa pra lá.

– Mas agora tem outras pessoas para você conversar.

– Dois reais como vou ficar de fora, Léo.

– Aumenta ai. Cinco? – concordei – Fechado.

Ao chegar à praça sai do carro ouvindo o Léo falar besteiras totalmente fofas para a Drica. Eles não saíram de lá, começaram a beijar-se e o agarramento começou (eu mereço isso?). Primeiro pigarreei – o que por acaso não deu certo – depois bati no vidro do carro.

– Ganhei cinco paus. – falei quando eles saíram do carro.

– Vamos fazer assim: se acontecer de novo eu te dou o dobro, se não você me paga.

– Ok. Vou ganhar dez paus de graça. – sorri.

– Vamos à pizzaria. – Drica disse.

A pizzaria fica do outro lado da rua, a Drica e o Léo ficaram se beijando em algum lugar da praça e eu atravessei a rua. Estava tudo tranquilo até que – novamente esse até que – um idiota de moto quase me atropela, fiquei muito assustada. Percebo que é o mesmo cara que jogou a bombinha.

– Não faz mais isso com a Liz, tá louco? – Léo gritou, parece que ele conhecia o rapaz da moto.

– Foi mal. – ele disse, nem o olhei.

– Não foi mal, foi péssimo. – quase gritei, nessa hora olhei para ele, por acaso era – nada mais, nada menos – o mesmo carinha do supermercado. – Você não né?

– Ah, eu mereço. – ele falou e foi estacionar lá na pizzaria.

Agora que eu fui ver que tinha alguém com ele. Era a moto do John. Suspirei pesado enquanto ia para a pizzaria. Todos sentaram na mesma mesa – nessa ordem: Léo na ponta, Drica do lado direito dele, eu do lado da Drica, Greg de frente para mim e John de frente para Drica.

– Bem, vocês começaram errado. – o apaziguador (Léo) pronunciou-se – Mesmo assim vou apresenta-los. Greg, Liz, Liz, Greg. – ele apontou um para o outro.

– Ah, essa era a Liz? – ele fez pouco caso.

– É um infortúnio conhecê-lo. – dei um sorriso falso e mudei a atenção para o celular.

– Info o quê? – ele perguntou e eu ri mentalmente dele.

– Léo eu quero pizza de calabresa, ok? – falei.

– Ok Liz. – ele falou enquanto olhava o cardápio.

– Ninguém perguntou, mas eu quero portuguesa. – Greg sorriu.

– Como você disse: ninguém perguntou. – falei (tush, tush).

– Gracinha. – ele deu um falso sorriso e pegou no meu queixo.

– Ah Léo, pede guaraná, não bebo Coca, você sabe. – eu falei bem na hora que o garçom chegou.

– Eu prefiro Coca. – o idiota falou.

– Guaraná. – falei batendo na mesa.

– Coca.

– Guaraná.

– Coca.

– Traz um de laranja. – Drica falou em meio à nossa briga.

Depois disso não dei moral mais para o Greg, comi quieta no meu canto, nem conversei com ninguém. A noite está sendo uma merda.

– Léo, passa dez paus. – falei enquanto ele se agarrava com a Drica e o John e Greg conversavam animadamente.

– Por quê? – ele me olhou estranho.

– Vejamos: eu estou segurando vela duas vezes, uma em relação a você e a Drica e outra com o John e o Greg. Lembra? O dobro ou nada? – eu ri.

– É verdade, te deixei segurando vela. Desculpa. – ele falou me passando dez paus.

As casas da Drica, do Léo e do John ficam do lado sul da cidade, já a minha e do Greg ficam a noroeste do centro – tradução “Greg você pode levar a Liz para casa?”.

– Não. – eu quase gritei.

– Acha que eu vou fazer algo de mais?

– Não. Está frio, e eu quero ir de carro.

– Liz vai com o Greg. Por favor. – Drica me olha com cara de cachorro pidão.

– Ok. Eu vou, mas nada de gracinhas. – falei seria, isso estava me deixando com raiva. Acho que eu vou pegar um moto taxi na hora que a Drica sair daqui.

– Eu vou com vocês. – John falou (claro que eu fiquei feliz).

– Vamos? – Greg me chamou.

– Quero dar uma volta na praça.

– Eu estou cansado. – Greg inventou uma desculpa, (pensei: se não quer ir comigo o John me leva).

– Mas eu quero andar.

– Só vou se você não estiver com raiva de mim. – o Greg falou.

Claro que eu estou com raiva dele, depois de tudo o que ele aprontou – apesar de que não foi tudo culpa dele. Pensei um pouco – afinal não custa nada desculpar. Fiz uma analise do meu eu (só para ver se eu iria desculpar mesmo e não falar por falar).

– Bem, é... Eu não estou com raiva, não muito. – dei um leve sorriso.

Atravessei a rua e fui para praça, fiquei lá com o John e com o Greg. Demos só uma volta, mesmo assim conversamos bastante. O Greg é um pouco legal (talvez um dia – um dia – eu seja amiga dele). Pouco depois – quando chegamos perto das motos – decidimos sair de lá.

– Liz vem comigo. – John disse (confesso que fiquei feliz).

– Quer ir logo para casa? – ele me perguntou enquanto me entregava o capacete.

– Hm... – olhei o relógio, ainda são nove horas. – Não, vamos dar uma volta.

– Então segura. – andamos um pouco perto da praça e perto da boate, tinha varias pessoas por lá. – Vamos despistar o Greg. – ele disse virando numa esquina deixando o Greg para trás, viramos várias ruas até termos a certeza que ele não nos seguiria.

– Vamos para casa. – eu falei.

– Claro. – não demorou muito já estávamos em frente da minha casa. Desci da moto, tirei o capacete.

– Quer entrar?

– Não, obrigada.

– Te vejo amanhã na escola, certo? – ele assentiu com a cabeça. – Obrigado, e... Tchau.

– Nem um abraço, nem um beijo? – ele disse se aproximando.

– Claro. – andei na direção dele, o abracei e virei o rosto para beija-lo.

– Os pombinhos queriam me despistar. Pena que sou mais esperto, Liz você não vai ficar com o John, não hoje. Talvez amanhã, qualquer dia pode, hoje não. – Greg disse descendo da moto.

– Obrigado meu amigo! – John ironizou. – Eu estava quase beijando a Liz e você atrapalha. Valeu!

– Amigos servem para isso, precisando é só chamar. – ele brincou.

– Eu não ia beijar o John e agora vou entrar. Tchau meninos. – falei virando para o portão, o abri enquanto ainda ouvia o Greg dizer:

– Claro que não ia beijar ele, Liz. – Greg disse irônico. – Eu aposto que ia fazer mais que beijar. – ele riu.

Abri a porta dos fundos e tirei o sapato. Fui andando até meu quarto e me joguei na cama, claro que eu iria beijar o John, eu só não queria admitir. Ou sei lá, talvez seja só carência, eu não me relaciono com ninguém faz mais de um ano e nem sei se consegui superar o episodio do Théo. Fui ao banheiro e tomei um banho quente, pelo visto amanhã será um longo dia.


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