Crimson Day. escrita por mschoiseul


Capítulo 22
Capítulo 22.




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October, 2nd.

Geral’s P.O.V.

Victoire chegara à propriedade em que Molly estava morando com as crianças com um sorriso nos lábios, havia acabado de ler a resposta de Seth. Ouviu o choro de um dos bebês lá de baixo, e imaginou que talvez a prima estivesse dando banho neles: os gêmeos detestavam. Antes de chegar à campainha, Keira abriu a porta e parecia um pouco desorientada, mas mesmo assim a mandou entrar.

James estava no andar de cima com Hector nos braços, brincando com o menino enquanto olhava preocupado para Molly. Desde as 9h da manhã estava do mesmo jeito: com o seio exposto e Meghara aos prantos próximo a ele porque sentia o cheiro do leite da mãe e não conseguia pegar o bico. Até ele estava agonizado com a situação. Não pelo choro constante da menininha, mas porque via o desespero e a culpa nos olhos de sua mãe, assim como a via sofrendo pela fome. Quando Hector dormiu - e parecia ter um sono de ferro, como o seu, pois não acordava nem com o choro da irmã -, ele o colocou no berço e assentou-se ao lado de Molls, abraçando-a pelo ombro. Para sua surpresa, ela deitou o rosto próximo a seu pescoço, umedecendo-o com lágrimas e um choro silencioso. James nunca vira Molly assim, nem mesmo nas vezes em que a viu chorando por sua causa. Estava extremamente preocupado com ela. Acariciou o topo da cabeça de Megg, que vez ou outra parava de chorar e só resmungava, mas não era o suficiente. Então, o rapaz ouviu a porta bater no andar inferior e imediatamente beijou a testa da prima demoradamente.

— Eu vou voltar, prometo. — sussurrou e saiu do quarto, correndo até o encontro de quem quer que fosse. Encontrar com Victoire na escada fez parecer que estava fugindo após fazer algo errado, mesmo assim ele fingiu não se importar. — Vicky! Que bom que chegou.

— O que você fez, James?

— Dessa vez a culpa não foi minha. — defendeu-se do olhar mortal que a meio-francesa tinha. Victoire não queria admitir, mas havia um brilho de preocupação nos olhos verdes do garoto. — Molls tá desesperada… a neném não pega o peito desde ontem, segundo ela. E não para de chorar desde de manhã. O problema não é esse… é o quão triste ela está.

— Desde ontem? Céus…!

— É. Ela disse que hoje de manhã, quando foi tentar, ela não pegou e desde que você saiu, ela está lá, com a Megg em frente ao seio exposto dela, chorando. Todas duas. — a voz dele saiu um pouco trêmula, mas o garoto não pareceu notar. — Agora que você chegou, vou buscar ajuda. Trarei vovó pra cá… cuide dela, por favor. — Vicky estava preocupada demais para responder alguma coisa, apenas assentiu e subiu as escadas depressa.

A cena com a qual Victoire se deparou ao abrir a porta do quarto não foi nada agradável. Molly com a filha nos braços, seus olhos cheios de puro desespero encontraram os de Vicky, neles havia uma súplica silenciosa, um pedido de socorro. Um mundo de coisas passou pela cabeça da ruiva, mas ela apenas tentava não pensar, tentou focar em fazer Megg se acalmar. Parecia impossível, seu choro já havia acordado Hector que estava no berço, impaciente.

— Que bom que chegou… — a voz de Molly era fraca, quase inexistente e inaudível com o choro de Megg.

— Molls… o que aconteceu aqui? — Seu olhar estava carregado de desespero, mas não demonstrou isso a Molly, apenas caminhou até o berço e pegou Hector em seus braços. Ele choramingava, mas nada que não pudesse controlar.

— Ela… não quer pegar o peito. — respondeu sem olhar para Vicky. Seus olhos azuis foram até a porta e entendeu que James não estava mais lá. Em partes, sentiu-se aliviada, mas também sentiu algo no fundo do peito que implorava pela companhia dele de volta. Uma das poucas coisas boas que havia sentido naquela manhã era o acelerar de seu coração perto do primo. — Onde está James? — perguntou com as bochechas róseas e o olhar baixo, enquanto tentava - pela milionésima vez - acalentar Meghara.

— Ele foi buscar a vó.

— Pra quê? — perguntou, já imaginando a resposta.

— Molly… — Não sabia se era o melhor momento para dizer: “Então, Molly, você tem depressão e isso afetou sua filha! Fim.” Mas o que podia fazer? — Não sabemos o que de fato a Megg tem, mas com certeza a vó saberá o que fazer. James fez bem, apenas tente manter o auto-controle. — O pesar era notável em sua voz. De fato, Molly tentou entender o que Vicky quis dizer com “manter o auto-controle”, mas não conseguiu achar o objetivo, e então levantou-se da cama cobrindo o seio e a olhando com o cenho franzido.

— O que quer dizer com manter o auto-controle? — perguntou, e talvez pelo cansaço e aflição, sua voz tenha soado um pouco arrogante.

— Nem posso imaginar a sua aflição nesse momento, ruiva. — Victoire tentava manter Hector quietinho em seus braços. — Só estou pedindo para se manter calma até que a vó chegue. É meio impossível, mas estou aqui contigo, certo?

— Entendi. Obrigada. — respondeu, arrependendo-se do tom anterior. Quando baixou os olhos, deixou cair novas lágrimas silenciosas e evitou olhar Vicky. É claro que também se culpava pelo fato de sua filha estar assim. Num devaneio, Molly lembrou-se quando ouviu Vicky chamá-la de “ruiva” imediatamente de James. — Você me lembrou o Jay, me chamando de ruiva. Ele… está preocupado comigo, pelo tanto que estou emagrecendo. Mas eu não estou. — teimou, pensando em voz alta.

— Desculpe… — O que menos queria era causar mais dor a Molly. — Mas, Molly… você está magra.

— Sério? — os olhos dela pareciam ter ganho um brilho diferente quando ouviu aquilo. — Ainda chego nos 50kg. — resmungou, e olhou para o próprio reflexo no espelho da parede. — Eu só estava barriguda e gorda e vocês acostumaram. Não emagreci demais. Mas ok…

— Se você chegar aos 50kg, aposto que até o Hector consegue te pegar nos braços. — Vicky bufou, não queria ter sido assim maldosa, mas Molly estava pedindo. Molly revirou os olhos e antes que pudesse retrucar, alguém abriu a porta e adentrou afobada ali. O choro de Meghara já era constante e por isso a mãe havia se acostumado.

— Por Merlin, por que essa criança tanto chora? — perguntou a avó delas, numa expressão quase engraçada. E então levou os olhos aos joelhos expostos de Molly II. — Quanto você está pesando, Molly? O que pensa que está fazendo? — e os olhos envergonhados da mais nova correram até uma figura escondida atrás de sua avó: James. As bochechas ficaram róseas instantaneamente.

— Er, eu… — parou antes mesmo que pudesse falar algo que a comprometesse ou que fizesse James pensar que queria impressioná-lo.

— Deixa pra lá. Vamos, me dê a pobre menina. — exigiu a avó, e Molls a entregou esperançosa de que o problema fosse resolvido. — James, vá buscar o que te pedi. — ordenou a bruxa, e o rapaz logo saiu. O cenho de Molly II franziu-se. — Oh, Vicky, querida, desculpe não cumprimentá-la. Foi ver seus pais?

— Fui sim, vovó! Eles estão bem, apenas um pouco preocupados. — Seu sorriso era doce, porém sem ânimo algum.

— Todos nós estamos, não é mesmo querida? — A avó deu um sorriso de conforto para Victoire antes de “voltar ao trabalho”. A mulher acalentava a criança em seu colo e ela resmungava alto, embora o choro tivesse cessado, como acontecera por vezes naquele dia. James logo chegou e trouxe uma grande xícara de chá para Molly II, que a pegou e olhou hesitante para a avó. — Vamos, tome! — Disse a mulher, esbravejando. O estado em que sua neta se encontrava deixava Molly nervosa, estressada… o que a pobre garota estava vivenciando? Molly queria ajudar. Por isso, havia mandado James pingar algumas pequenas gotas de Felix Felicis no chá da garota, que agora o bebia. Um chá de camomila, calmante. Talvez aquela combinação fosse aliviar a dor de Molly II por um curto período, mas ela rezava para que fosse o suficiente pra ela começar a comer normalmente e poder amamentar os filhos com saúde. Os olhos celestes da menina encararam a avó depois de alguns minutos, que então voltou a entregar Meghara à ela. — Tente agora. — Molly acreditava que, como o laço criado entre mãe e filha pela amamentação era muito forte, os efeitos da poção afetariam o leite da garota. Envergonhada, a adolescente tirou mais uma vez o seio da blusa e o expôs à mercê da pequena Megg, que ainda teve dificuldades em pegar o bico. A mais velha aproximou-se e então franziu o cenho. — Experimente esguichar um pouco do leite na boquinha dela.

— O.K. — Com as bochechas rubras, ela trouxe a mão livre ao bico e friccionou-o, de forma que um suave esguicho do líquido jorrasse de seu seio, e ela tentou direcioná-lo aos pequenos lábios róseos da menininha afobada. Olhando-a agora, Molly II notou que a filha havia emagrecido junto consigo. E por que parara de comer? Ora. Ela era tão bonita, pra quer ficar esquelética? Seus filhos precisavam dela e ela tinha que se recuperar de tudo isso. Veja só, se James era um babaca, não significava que todos seriam. E mais! Olhe como seus filhos eram lindos! Olhando para as feições de Meghara ali, enquanto tentava fazer com que ela pegasse o bico de seu seio, se via na pequena menina. Emagrecendo a troco de nada, não se alimentando e sofrendo por alguém que ama. Tão linda. Naquele momento, Molly II sentiu que tinha que mudar e no mesmo instante, Megg pegou o bico. Ávida e intensamente, a pequena ruivinha começou a sugar sua mãe, e a emoção da garota foi tanta que seus olhos encheram-se de lágrimas, e algumas delas teimaram em descer-lhe o rosto. Os olhos marejados foram até sua avó com um agradecimento inscrito em seu olhar.

James observava curioso a cena. Ele quase compartilhava a agonia de sua prima, mas é claro que nunca sentiria nada nem parecido com aquilo. E então ele viu Molly II chorar de novo, mas agora ela sorria. E por isso ele sorriu também. Conseguia sentir a sinceridade daquele simples e cansado repuxar de lábios.

A matriarca dos Weasley havia deixado o pequeno vidro da poção com James e repetira mil vezes antes de ir embora que não a pingasse sem necessidade, uma vez que isso poderia desestabilizar Molls muito rapidamente. Enquanto ele levou a avó à porta, Vicky fez ambos os gêmeos dormirem e os colocou no berço, cobrindo-os e então colocando uma música clássica bem baixinho pra tocar para os bebês.

— Eu fico aqui hoje. — ofereceu-se James, e a loira arqueou uma sobrancelha.

— Quê? Não. Eu fico.

— Qual é, Vicky! Eu fiz tudo o que pude hoje e… — começou o moreno e foi interrompido pela garota.

— Ficamos os dois, então.

— Tá certo. Posso dormir com eles? — pediu o rapaz, fazendo Victoire hesitar, mas então, cedeu assentindo com a cabeça.

— Pode. Faça o favor de acordar se for preciso. Eu vou ficar no quarto de hóspedes. — James assentiu com um sorriso. — Boa noite, James.

— Boa noite, Vicky.

O moreno despediu-se da prima e então encostou a porta do quarto, dirigindo-se para a suíte afim de tomar um banho apressado, afinal era a sua responsabilidade tomar conta dos três naquela noite. Voltou para o quarto só com o calção de pijama que se encarregara de trazer, já que estava realmente intencionado a dormir lá, com Molly.


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