Crimson Day. escrita por mschoiseul


Capítulo 18
Capítulo 18.




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— Vicky? — chamou sonolenta.

Pega de surpresa, a loira quase deixou voar o bilhete com o susto que teve ao ouvir a voz de Molly.

— Merlin! — Exclamou. — Você me assustou. — Respondeu sem se virar para ela, precisava se certificar de que estava em condições para isso, achou melhor fazer um leve carinho na coruja e dar um belo petisco, ela pareceu agradecida e segundos depois alçou vôo.

— Desculpe. — Disse depois de um bocejo. — O que a coruja trouxe?

— Um bilhete para você. — Reuniu toda a força que tinha para parecer normal e virou. — É do Seth. — Voltou para o quarto e se acomodou ao lado de Molly na cama, deitando também. — Desculpe por ter lido.

— Relaxa, poderia ter sido pra você. — Respondeu a ruiva, pegando o bilhete. Após lê-lo, ela suspirou. — Não quero mexer com isso agora. — Comentou. Em seguida, Molly fungou e deu um sorriso fraco. — Deixa eu adivinhar: bolo de chocolate da tia Ginny?

— Pra mim? Por que o Seth me escreveria? — Victoire lançou um olhar nervoso e confuso para Molly antes de responder sobre o bolo da tia Gina. — Exatamente. — a loira concordou e a imitou, sentindo o aroma de chocolate no ar.

— Eu não quis dizer exatamente ele, mas a coruja podia ser pra você. — Explicou Molly, antes de espreguiçar-se ainda assentada. — As crianças estão dormindo? Céus, que milagre. — Ela pareceu aliviada, e não podia ser culpada. Por mais que amasse os filhos, a rotina de ter gêmeos era bem cansativa.

— Hector dormiu feito uma pedra e Meghara acordou a pouco tempo, mas eu brinquei com ela e logo adormeceu de novo.

— Você é uma santa. — Disse, num sussurro divertido. — Obrigada.

Naquele instante, Gina bateu na porta da maneira que conseguiu e adentrou o quarto segurando uma vasilha grande com o bolo de chocolate que preparara para as sobrinhas, deixando-o sobre a cômoda. Keira seguia a patroa e trazia talheres, louças e até mesmo uma jarra de suco de abóbora. Molly ficou impressionada com a quantidade de coisas que aquela criatura pequena conseguira carregar. A tia sorriu e se aproximou da ruiva, afagando-lhe os cabelos antes de abraçá-la.

— Bom dia, minha querida.

— Bom dia, tia Ginny! O cheiro do bolo está ótimo!

— Molly tem razão. — Concordou Vicky com um sorriso, e a mais velha riu baixinho.

— O gosto também há de estar. Vou servi-las já! — Ginny levantou-se e com a ajuda de Keira, serviu para as sobrinhas um pedaço de bolo e também o suco. Ambas sorriram em agradecimento e provaram do mesmo, confirmando que estava realmente delicioso. Contudo, Molly parou na segunda garfada e no primeiro gole de suco.

— Está maravilhoso, tia, mas estou sem fome! Mais tarde eu comerei. — Disse, e foi contestada pela mulher.

— De jeito nenhum! Trate de comê-lo agora, mocinha, você precisa se alimentar e alimentar seus filhos!

— Não estou com fome, tia… — Começou, mas dessa vez foi Vicky quem a interrompeu.

— Ela sempre diz isso e depois acaba não comendo. — Seu copo de suco já estava na metade. — Keira, pode completar o meu copo por favor? — Disse com um sorriso e a elfa logo fez o que lhe foi pedido.

— Viu, tem que ser como sua prima. — Brincou Gina, mas no fundo estava de fato falando a verdade. — Molls, o que está acontecendo com você?

— Nada. — Respondeu de imediato, desviando os olhos e deixando o copo sobre o criado, voltando a cutucar o bolo com o garfo. Estava realmente delicioso, mas ela não sentia vontade ou necessidade de comê-lo. Aliás, bolo era calórico. Era só nisso que conseguia pensar.

— É claro que tem algo acontecendo, Molls. Por favor, nos deixe ajudá-la.

— Eu estou bem. — Repetiu tentando confirmar.

— Não tá não. — Vicky revirou os olhos.

— O que querem que eu diga, então? — Começou sem nenhum humor. Molly odiava falar dos seus sentimentos. — Que estou mal, sonhando todos os dias com quem já virou a página, me culpando a cada segundo e sentindo medo de não ser tudo o que meus filhos precisam? De me sentir inútil perante as necessidades deles? Além de ainda amar um canalha? Desculpe tia, mas é isso o que ele foi. — Disse a ruiva, mordendo o lábio inferior discretamente porém com força, afim de reprimir as lágrimas que insistiam em querer libertar-se.

— Eu só… me referi a sua saúde, Molls. Desculpe! — Lançou um olhar de sinceras desculpas para a prima, “tocar na ferida exposta” não era sua intenção.

— Desculpe. — Ela se referia ao tom que usara. — Desculpe mesmo. Vocês tem feito muito por mim e eu nem sei como agradecê-las. — sussurrou, com a voz falha. Gina notou uma lágrima dela que caíra quando mencionou a gratidão que sentia e a limpou com um suspiro.

— Oh, minha querida… tudo que estamos fazendo é por amor a vocês três — Gina fez uma pausa apenas para observar Victoire se levantar e ir até o berço das crianças, haviam mãozinhas e pesinhos se movendo. — É o que uma família de verdade faria… Não sei o que você está passando, Harry sempre esteve comigo, mas imagino que não deve ser fácil. Tento compensar ao máximo por meu filho, Molls. — Continuou, e então suspirou acariciando as costas da mão de Molly. — Keira, pode nos dar licença? — Pediu, e a elfa saiu rapidamente.

Nesse meio tempo, Victoire já havia sentado na poltrona com Hector nos braços, ele estava um pouco agitado porque ela brincava com ele. Pegou sua varinha e disse:

— Ebublio. — Logo saíram bolhas da ponta da varinha de Vicky. Era um feitiço bobo que aprendiam no primeiro ano em Hogwarts, mas Victoire já sabia fazê-lo antes mesmo de entrar para a escola. Hector balançava as mãozinhas, parecia afim de pegar as bolhinhas que flutuavam pelo quarto, não muito acima dele e então ele sorriu. A brincadeira de Vicky com o bebê fez Molly e Ginny darem uma risada breve e descontraída, mas logo a mais velha começou a falar outra vez:

— “Ela vai voltar.” — Repetiu Gina, torcendo o nariz por serem palavras difíceis e em outro idioma, e então olhou a ruiva. — Essas palavras lhe dizem algo? — Molly desviou os olhos e engoliu em seco.

— Onde você as ouviu?

— Sabe… James está tão mal quanto você em relação à vocês dois, só que a maneira dele de demonstrar é… diferente. — Começou a tia, e mesmo com parte de sua atenção no bebê, Vicky levou os olhos às ruivas, curiosa em saber o resto da frase de sua tia. — Na madrugada passada, ele… chegou muito bêbado em casa e estava cantando num idioma diferente. Quando eu perguntei a ele o que era, ele disse essas palavras novamente, me contando o significado delas em inglês. Eu não sei o que querem dizer, mas sem dúvidas eram sobre você. — Concluiu, e Molly estava mais branca que o normal. Não estava assustada, apenas… triste. E as palavras estrangeiras pareceram piorar a situação.

— Sim, essas palavras me dizem algo. — Ela respondeu, fraca.

Naquele mesmo instante, a mente da ruiva viajou ao dia em que ficara com James pela primeira vez. Era uma festa pós-quadribol no sexto ano, porém eles estavam fazendo uma espécie de luau próximos ao Lago Negro. A fogueira crepitava e o som das chamas ficou marcado na cabeça da ruiva. Naquela comemoração, o estudante grifinório do Brasil começou a cantar tal música. Encantada pela melodia, Molly perguntou a Gustavo - o estrangeiro - o nome e a tradução da música. Por algum motivo, James havia decorado algumas partes da música e sempre cantava para ela. O fato de ele estar cantando-a enquanto bêbado deixou-a pasma. Ele não parecia ser o tipo de garoto que se lembrava desse tipo de coisa. A garota ficou sem palavras depois de reviver toda a cena mentalmente.

— Molly? — Chamou Gina, e Vicky notou o quão perturbada ela ficou com aquilo.

— Desculpe.

— Não tem problema, querida. É só… Harry exigiu que James venha ajudá-la, já que sente sua falta. Ele é orgulhoso e provavelmente não aceitará de bom grado, mas qualquer coisa é só avisar a Keira… ela sabe o que fazer. É bom que Vicky descansa e vocês terão um tempo pra… conversar. Harry também me surpreendeu. Ele sabe que as crianças são de James sem que eu tenha contado. Está muito decepcionado com Jay, e… não quer que você tenha receio conosco. Quer ajeitar o filho. — Os olhos de Molly vieram até a tia arregalados, junto aos de Vicky.

— Mas tia, não seria bom para Molly se o James viesse, eles não iriam conversar e sim brigar. — “E Molly está no meio de uma depressão” concluiu em pensamento.

— Não, Vic… está tudo bem.

— Não está, Molly. — Insistiu. — Você sabe disso…

— Sim, mas… nós estávamos começando a nos dar bem, Vic. — Defendeu a mais nova.

— Depois não diz que não avisei. — Fez o seu tom de ravina contrariada e voltou a brincar com Hector.

— Harry vai instruí-lo, não tem por quê se preocupar. — Argumentou a mais velha e então, ouviram a porta de entrada bater. A voz de James ecoou no andar de baixo. — Merlin, ele não pode me ver aqui! Vou embora, mais tarde apareço outra vez. Boa sorte, Molls. — Disse Gina, antes de aparatar para fora do quarto. Os passos pesados e lentos ecoavam na escadaria e Molly engolia em seco. Vendo o estado da ruiva, Victoire levantou-se imediatamente e entregou o pequeno Hector a sua mãe.

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