Crimson Day. escrita por mschoiseul


Capítulo 15
Capítulo 15.




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September, 26th. 09:07 P.M.

Vicky’s P.O.V.

Toquei a campainha da casa da tia Ginny e quem veio atender foi a própria. Ela parecia um pouco angustiada, seus olhos não negavam que algo estava acontecendo ou havia acontecido, até porque ela não costuma estar em casa a uma hora dessas.

— Olá, tia Ginny. — Cumprimentei com um sorriso que ela até tentou retribuir em meio a aflição nos seus olhos.

— Vicky, minha querida! Entre, Molly está no quarto com as crianças. — Assenti e entrei, ultrapassando a tia Ginny que fechou a porta atrás de mim.

— Está tudo bem, tia? Não costumo vê-la tão cedo em casa. — Disse num tom tranquilo de quem estava apenas curiosa e não preocupada.

— Está sim, apenas não tive muito trabalho hoje, seu tio deu conta de tudo. — Ela sorriu docemente para mim e então eu a deixei na sala e fui até o quarto de Molly.

No caminho passei pelo quarto de James, mas a porta estava fechada, então achei melhor não incomodar, do jeito que meu primo era “bipolar”... vai que hoje ele resolveu amanhecer raivoso. Eu li em algum lugar que isso pega.

— MOLLY! — Falei mais alto que o normal quando entrei no quarto e me arrependi cobrindo a boca com as mãos, as crianças estavam dormindo. — Desculpe! — Sussurrei em seguida. Molly deu um sorriso leve, e em ocasiões normais ela teria rido da situação. Notei que ela estava dobrando as roupinhas das crianças e que suas maças estavam feitas.

— Tudo bem. Que bom que você chegou… pode me ajudar com isso? — perguntou com a voz fraca, e suas pálpebras indicavam que havia chorado há pouco.

— Claro! — respondi e rapidamente fui ajuda-la, já não estava mais tão feliz como quando cheguei aqui, minha preocupação só aumentava. Agora tinha certeza de que algo havia acontecido. — O que aconteceu, Molls?

— Tia Ginny me ofereceu a outra propriedade dela aqui na vizinhança… James e eu tivemos uma briga feia. Contei a ela sobre aquilo, e entendo que ela queira que eu fique, mas eu não posso, Vicky. Não depois de hoje. Quando chegarmos lá eu juro que explico tudo. — Ela suspirou após murmurar. As crianças dormiam serenas, completamente alheias ao que quer que estivesse acontecendo.

— Sem problemas, eu espero. — Sorri para Molly e ela pareceu retribuir.

Depois disso não trocamos muitas palavras, não dentro da casa da tia Ginny. Peguei duas mochilas e juntamente com Molly enfeiticei-as para caber tudo o que precisávamos levar. Nesse meio tempo fiquei me perguntou o que foi dessa vez, se James havia passado dos limites pela milionésima vez, ele iria se ver comigo. Mas a verdade é que eu não fazia ideia e olha que isso não costuma acontecer.

— A residência é na rua de baixo, então vamos andando, pode ser? — Perguntou Molly e eu assenti.

Parecia que estava tudo pronto para ir, nós duas olhamos em volta do quarto para ver se algo não havia sido deixado para trás. Além das crianças dormindo feito dois anjinhos, não havia mais nada, só uns móveis da tia Ginny. Eu virei para a minha prima que estava do meu lado antes de abraça-la, ela pareceu surpresa, mas retribuiu.

— Vai dar tudo certo, Molls!

— Eu realmente espero que sim. Obrigada, Vic.

— É o mínimo que posso fazer por você. — Me afastei do abraço delicadamente e continuei. — Vamos, temos uma noite longa pela frente. Vou avisar aos meus pais que ficarei com você, eles vão entender. — Em resposta, Molly sorriu, aquele sorriso fraco e abatido, mas ainda era um sorriso.

Estávamos cada uma com uma mochila nas costas, agora é hora de pegar as crianças, Molly me entregou uma manta grossa e disse pra enrolar Megg que estava em meus braços no momento, eu o fiz e ela fez o mesmo com Hector. Meu Merlin, essas crianças não morrem de calor com tanto pano? Não quis questionar, acho que Molly sabia o que estava fazendo, ela é mãe, nasceu para isso afinal. Dei de ombros e caminhei para fora do quarto com Molly me seguindo. Ao passarmos pelo quarto fechado de James, ouvi um suspiro e olhei para trás a tempo de ver o olhar pesaroso de Molly.

No andar de baixo, tia Ginny nos esperava com algo em mãos que parecia comida, acho que fez para levarmos, não teríamos tempo de fazer nada para comer, tia Ginny sempre pensando em tudo.

— Fiz para vocês levarem. — Como eu suspeitei. — Toma conta deles três, Vicky, por favor! Não deixe Molls ficar sem comer, já está magrinha demais. — a tristeza em seus olhos era notável.

— Pode deixar, tia. — Dei uma olhada severa para Molly e sorri em seguida. Minha prima aproximou-se da ex-sogra e a abraçou forte, tomando cuidado com Hector entre elas.

— Muito obrigada por tudo, tia. De verdade. Eu não sei o que seria de nós três se você não tivesse nos acolhido.

— Que é isso, meu bem. É o mínimo que eu posso fazer pelos meus netos, e é claro, por você. — Respondeu minha tia, e enquanto nos afastávamos delicadamente, a porta de um dos quartos se abriu lá em cima e James apareceu na escada, dando-nos uma olhada curiosa. Não vi, porém, sua expressão seguinte porque tia Ginny me puxou dando um beijo na testa. — Amanhã de manhã eu passo lá.

— Estaremos esperando.

Depois dessa despedida, nós saímos. Quando ainda estávamos perto da saída, ouvimos parte do que se passava dentro de casa, a voz de James alcançou nossos ouvidos.

— Onde elas estão indo?

— Para longe de você. — Respondeu tia Ginny.

Eu e Molly trocamos um rápido olhar e nos afastamos, sem saber as expressões nos rostos deles. Se James estava triste ou aliviado, se tia Ginny estava brava ou chateada… se eu ao menos soubesse o que havia realmente acontecido, poderia opinar sobre isso. Mas, eu sei que Molly vai me contar quando estiver pronta e em segurança, no momento nos concentramos em chegar na nova casa dos três. Megg estava quietinha e aconchegada nos meus braços, isso me fez sorrir e desejar ser assim inocente, estar imersa a todo esse clima de tensão, desejar que ela não fizesse parte disso… Ela e Hector eram apenas duas crianças no meio de toda essa confusão, não são culpados, não deveriam estar sofrendo as consequências dessa forma.

Caminhamos caladas por todo o percurso, eu estava com o endereço da casa e como Molly parecia um pouco perdida e tentando processar tudo que estava acontecendo, eu tomei a frente na missão de achar o lugar.

— É aqui.

Parei de frente para uma casa não muito grande e bem rustica, de fora da pra ver que havia um segundo andar. Achei muito espaço para poucas pessoas, não tenho certeza se devo deixar Molly sozinha aqui com as crianças amanhã. A cara parecia antiga, mas bem cuidada, no jardim tinha uma variedade de plantas, algumas eu conhecia por ter visto nas aulas de Herbologia, mas outras apenas conhecia o nome que devia ter visto em algum livro trouxa. Nós entramos atravessando o caminho de pedras que havia no jardim, quando chegamos a porta da casa uma elfa abriu a porta antes mesmo que eu tirasse as chaves que tia Ginny nos deu. Lancei um olhar confuso a Molly e depois a elfa.

— Ah, desculpe. Esqueci de dizer, esta é a elfa que cuida da casa. — Disse Molly para mim e depois se dirigiu a elfa. — Sou Molly e essa é a minha prima Victoire, somos as sobrinhas de Harry e Ginny Potter. — As palavras da ruiva pareceu fazer a elfa nos reconhecer.

— Oh sim, entrem! — Tentou parecer animada, mas a carranca fazia parte do seu rosto de elfa e então ela começou a reclamar. — Ginny nunca me avisa quando vão chegar visitas, ela precisa perder esse costume… — Paramos de prestar atenção. Minha prima entrou primeiro, e por mais que a noite não estivesse fria, a casa estava mais aquecida e aconchegante. — E quem são os bebês? — Perguntou a elfa depois de adentrarmos fechando a porta atrás de mim; àquela altura Molly já conferia Hector em seus braços, que ainda dormia como um pequeno anjo.

— São meus filhos. — Respondeu a ruiva, e logo levou os olhos à criatura. — Qual é o seu nome?

— Keira, minha senhora.

— Muito bem… minha tia emprestou a casa para que eu more com as crianças por um tempo. Pode, por favor, nos mostrar o quarto principal?

— É claro, só me sigam. — Orientou a elfa, que por mais que tivesse feito uma careta, já parecia estar amolecendo, afinal teria de se acostumar com minha prima e as crianças. Ela subiu as escadas e seguimos a criatura, e notei que eu não era a única a explorar os cômodos. A impressão que eu havia tido lá fora permanecia, era meio rústica. Até me lembrou um pouco a comunal da Corvinal, em Hogwarts, em partes. O quarto era a porta no final do corredor e estava impecavelmente limpo e arrumado. — É este. Mas há os quartos secundários e o de hóspedes, caso precisem! Esse quarto possui uma suíte, mas há um banheiro social no início do corredor à esquerda além do que fica no andar de baixo. — Informou-nos a criatura.

— Obrigada. — Eu e Molly dissemos em uníssono, e então a entreguei a comida que minha tia havia feito. — Você pode guardar isso, por favor? Molly e eu temos muito o que arrumar…

— É claro. Fiquem a vontade e, se precisarem, é só chamar.

— Certo. — e assim a elfa nos deixou sozinhas, e Molly preferiu encostar a porta em seguida.

— Vamos arrumar um lugarzinho para os meus anjinhos. — Disse ela assim que fechou a porta.

Arrumamos os travesseiros na cama e colocamos Meghara e Hector adormecidos ali. Olhando bem para os dois assim, deu para perceber que Hector está bem rechonchudo. Minha nossa, quanta bochecha. Sorri sozinha olhando para aquele bebê gordinho e lembrando do bebê que conheci no hospital, eles não pareciam os mesmos. Meghara também cresceu, mas não como Hector, ela parecia magrinha e frágil, porém ainda saudável - eu acho. Minha vontade era apertar as bochechas de Hector, mas me segurei porque não estava afim de apanhar da ruiva ao meu lado. As orientações de Molly me trouxeram de volta a realidade eu parei de babar os meus sobrinhos. Ela dizia algo sobre como arrumar as roupas dos bebês nas gavetas e foi o que eu fiz enquanto ela arrumava outras coisas no quarto.

— Então, Molls, o que aconteceu? — Meu tom era calmo e eu esperei paciente pela resposta. Ela parecia pensar no que dizer.

— Eu beijei o Seth. — Disse ela depois de alguns minutos de silêncio.

Parei o que estava fazendo sem me virar para olhá-la, a roupinha que eu segurava era um macacão rosado de Meghara, ele quase escapou das minhas mãos. Por alguns poucos segundos, fiquei sem saber o que dizer e cheguei ao ponto de até perder o raciocínio do que estava fazendo. “Eu beijei o Seth”, essas palavras davam voltas em minha cabeça, tentando fazer algum sentido. Mas que coisa, normalmente eu não sentiria nada em relação a isso. Faz sentido sentir algo? Aliás, o que exatamente eu sinto?… Mas que diabos de reação é essa, Vicky? O que está acontecendo com você?

— Vicky? — Chamou a ruiva, me tirando à força de uma guerra travada nos meus pensamentos.

— Érr… e como exatamente isso aconteceu? — Meu rosto queimava, provavelmente corado, então resolvi continuar o que estava fazendo… AH! Guardando as roupas das crianças, era isso.

— Eu não tenho certeza. — Ela me respondeu normalmente e eu agradeci a Merlin por ter escondido as minhas bochechas coradas da ruiva.

— Deixe-me adivinhar — Tentei deixar a minha voz no tom mais normal possível. — Vocês se… beijaram e o James chegou bem na hora, acertei? — Agora sim eu tinha confiança o suficiente para virar e encarar Molly, espero que meu rosto não esteja mais corado.

— É, e… ele ficou possesso, e durante toda a minha vida eu nunca o vi com aquela cara. Mesmo antes disso acontecer, ele estava carregando Hector e tinha uma tromba enorme, e o jeito que segurava o meu filho… parecia que queria protegê-lo da aproximação de Seth. E quando ele viu, quebrou o copo com a própria mão. Tia Ginny chegou bem na hora, mandou-o pro quarto e pediu a Seth que fosse embora. E aí… eu contei a ela. — Contou-me, e com a expressão que tinha no rosto, parecia que ainda não tinha digerido tudo - ou que já havia entendido e estava se culpando por tudo, o que realmente era mais provável. — Como você já pode imaginar, a tia quis e insistiu que eu contasse a James, mas no fim entendeu e cedeu a casa. Não foi uma cena bonita de se ver…

— Bem a cara do meu primo fazer essas coisas. — Balancei a cabeça em desaprovação e caminhei até onde Molly estava para ajudar no que ela fazia. — Eu me pergunto até quando ele vai agir como esse completo babaca, você não está mais com ele e tenho que confessar que… Seth seria um bom pai. — Tentei sorrir, mas baixei a cabeça rapidamente, não levou mais que dois segundos para me recuperar. — Você parece péssima, Molls. — Meu olhar agora era de pesar, queria muito ajudar, mas sabia que estava fazendo o possível e odiava saber que não era o suficiente.

— Mas em partes ele está certo, Vicky. Eu estava sob o teto dele, dos pais dele, de favor. — Comentou. — Além disso, eu não sei por que fiz isso. E nem ele. Sei lá se ele confundiu as coisas, mas aconteceu e eu fodi tudo. Cara, eu tinha começado a me dar bem com ele de novo e sem perceber James estava sendo o pai deles. Agindo como tal. E eu tirei isso das crianças com uma burrada só.

— Ele não está certo, Molly. Você estava sob o teto dele, mas não está presa, tem o total direito de estar carente e que mal tem diminuir essa carência? Tirar a atenção da situação complicada em que você se encontra? Cuidando sozinha de duas crianças? — As vezes esse jeito de se martirizar de Molly me deixava irritada, mas tentei controlar. — Com que autoridade ele acha que pode ter controle sobre você? A única coisa que ele tem aqui, é a obrigação de cuidar dos dois filhos, mas como ele é burro o bastante para não perceber que Hector é uma cópia exata dele… até ele descobrir, parece que ele não perdeu nada por aqui.

— Como eu queria que ele não fosse difícil assim. — Ela começou, o tom de voz era fraco e pesaroso. — O suficiente pra aceitar os filhos. Mas ele é James Sirius Potter… nada é fácil com ele. — Um suspiro escapou de seus lábios e ela fechou os olhos por dois segundos, apenas para engolir o choro. — Contudo, eu não sou a primeira nem a última pessoa no mundo que passou por isso, eu tenho que dar conta. Pelas crianças. Se elas não terão pai, tem de ter pelo menos uma mãe que seja decente, pelo menos razoável.

— E uma tia babona. — Completei e sorri segurando firme uma das mãos da ruiva. — Vamos passar por isso, Molls. — Encorajei em seguida. — Você não vai estar sozinha.

— Obrigada, Vic. É bom poder contar com alguém. — Ela deu um sorriso fraco levantando os olhos de nossas mãos até meu rosto. Olhou-me por alguns segundos, mas logo voltou a dobrar a roupa das crianças. Então puxou de sua mochila as peças do berço, sacou a varinha e então entoou: — Erecto! — De tal forma, o berço montou-se sem esforços.


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