Crimson Day. escrita por mschoiseul


Capítulo 12
Capítulo 12.




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September, 6th.

Geral’s P.O.V.

A noite havia sido tranquila. Molly acordara antes das oito horas da manhã, e notou que havia dormido bastante. Provavelmente uma das últimas vezes que o faria por tanto tempo pelos próximos dez anos ou mais. Havia adormecido antes mesmo de saber qual dos dois - Vicky ou Seth - ficaria como seu acompanhante. Quando olhou para o lado, a imagem que seus olhos registraram a fez rir. Victoire estava deitada no sofá de alvenaria com um livro sobre sua face e os lábios entreabertos eram a única feição de seu rosto que estava destampada pelo mesmo. Ouviu batidas leves na porta e uma mulher adentrou com duas bandejas de café-da-manhã que Molly julgou nada apetitosas. E obviamente, a que obtinha alimentos mais vistosos e calóricos eram da acompanhante, Vicky. Suspirou alto, e a doce senhora sorriu complacente.

— É melhor comer, senhorita. Sua dieta ainda não está liberada e você precisa se fortalecer. — A voz dela era rouca. A ruiva assentiu, suspirando.

— Certo. — E a senhora se retirou, o vento parecia ter batido a porta com mais força e aquilo acabou por acordar sua prima.

Vicky estava sonhando que estava prestes a entrar no paraíso dos bruxos, era tudo tão perfeito, tão cheio de vida e cores e seus amigos a esperavam na entrada, a loira deu uma pequena corrida até lá, mas quando estava prestes a entrar, a porta se fechou com muita força em sua cara.

— AH! — Gritou uma loira que acabou de despertar e levantar abruptamente, ficando sentada no sofá de alvenaria do quarto de hospital, com um livro caído em suas pernas. Molly gargalhou ao ver a cena, uma risada gostosa de ser ouvida.

— Bom dia, flor do dia. — Dizia a ruiva, entre risadas. Quando enfim se acalmou, olhou para a prima. — Desculpa, mas foi cômico.

— HAHA! Engraçadinha. — Fez cara de deboche ao responder, ajeitando-se no sofá, mas logo sorriu para a ruiva. — Mas é bom saber que te fiz rir. — Molly sorriu, e a olhou desconcertada.

— O que quer dizer? — Perguntou, antes de levar os olhos celestes novamente à bandeja de café. Suspirou e pegou a sua, querendo não acreditar no que teria de comer. Pegou uma torrada e ficou a observando por todos os ângulos.

— Quero dizer que é bom te ver sorrir novamente, Molly!

Observando Molly e as bandejas de comida, Vicky ficou curiosa pra saber o que tinha na sua, ela sabia que não seria nada de muito apetitoso, - venhamos e convenhamos, comida de hospital não é boa - mas estava com uma baita fome. Em segundos ela já estava de pé em busca dela enquanto Molly especulava uma torrada do seu café.

— O que a senhorita acha que está fazendo? Não vai comer? — Vicky estreitou os olhos para a ruiva e Molly parecia não ter nem notado a presença da loira ao seu lado, ficando ligeiramente surpresa quando a viu ali. Molly torceu o nariz, e a prima pôs as mãos na cintura, repreensiva. — Trate de se alimentar, mocinha.

— Tá certo, mãe. — A ruiva respondeu, insatisfeita. Levou a torrada aos lábios, aquela era a melhor das suas opções. Odiava chá, tinha pavor de geléia de goiaba, e não tinha fome pela manhã. Os dias que passasse no hospital seriam pavarosos naquele aspecto, notou. Suspirou depois de comer a torrada, empurrando a bandeja para a mesinha de novo.

— Só isso? Como espera ter leite pra duas crianças comendo uma torrada, Molls?

— Estou satisfeita, Vicky.

— Por favor, come uns biscoitos com geléia. Eles precisam. — Molly queria tanto recusar, mas lembrou-se de que agora tinha dois bebês pra alimentar e que eles só tinham a ela. Mordeu o lábio inferior antes de bufar, e então passou geléia em alguns biscoitos e engoliu-os. Tomou o chá pra tirar o gosto da goiaba, mas ainda precisava de água para tirar o gosto do chá. O problema é que como estava tomando soro, também não podia beber água. — Isso! Assim, sim. — elogiou Victoire, e Molly se sentiu uma criança. Mas logo o assunto que a loira começou a fez se sentir extremamente frágil, porém de um jeito mais adulto. — Molls, o que tá acontecendo com você e o James?

— E-eu não sei. — Ela respondeu, em tom baixo.

— Você não quer falar sobre isso?

— Talvez… É que eu aprendi a guardar, sabe, Vicky. Eu tenho os melhores amigos do mundo, entretanto, a proteção deles para comigo não me deixava desabafar. — Um suspiro ligeiro escapou dos lábios róseos dela. — Mas falar seria bom.

— Sabe que pode contar comigo, né?

— Obrigada. — A ruiva sorriu delicadamente. — Você… reparou no quão Hector se parece com ele? — A mais velha assentiu, assentando-se na beirada da cama de Molly, segurando sua mão livre de soros.

— Sim. A semelhança é… como posso dizer? Notável.

— Tenho medo de que os adultos vejam isso. Tia Ginny…

— Bem, é um risco que você corre, Molls. A genética não gosta de sair do lugar. — Dissera Victoire, com um sorriso doce. A maneira com que ela a estava tratando estava quase amolecendo a mais jovem, que precisava mesmo contar o que sentia sobre tudo aquilo.

— Tem razão. Sabe, eu amei esses dois desde o primeiro segundo. — Molly disse, e a prima notou que ela poderia ter começado a desabafar. Com isso, permaneceu bem atenta. Tinham pouco tempo pra conversar, já que às nove as crianças chegariam e nove e meia abriam para visitas. — Nem mesmo o pai deles me faria mudar de ideia. Eu sempre quis ser mãe, Vicky… mesmo que tenha sonhado com circunstâncias diferentes. Com um pai que os quisesse e quando eu estivesse realmente pronta pra isso. Tenho muito medo de não dar conta, de que não consiga dar aos meus pequenos o que eles precisem… não só no sentido material das coisas, mas também no emocional. Meu amor é todo deles, mas ao mesmo tempo, eu não tenho estado exatamente saudável psicologicamente. — A voz dela começou a ficar mais fraca, e a loira assentiu.

— Eu tenho uma ideia.

— Desculpe, mas não tem, Vi… além de ter que passar por isso sozinha, o garoto que eu amava entendeu tudo errado, achou que eu o tivesse traído com Seth, e quando descobriu minha gravidez, acreditou que esse era o motivo para eu ter terminado com ele. Seth e ele brigaram na porrada, na frente da escola inteira. E antes disso, ele já havia ficado com mais da metade da população feminina de Hogwarts, e feito questão de que eu visse ou de que chegasse aos meus ouvidos. Sem contar que tive de jogar as cartas com McGonagall pra que ela não me expulsasse. Quando minha barriga começou a aparecer, mesmo com tudo o que eu usava para esconder, James me chamou de gorda e me humilhou na frente de uma das garotas dele. E ainda assim, eu o protegia. Afinal, eu havia acabado com tudo sem mais nem menos, e depois dei a entender tudo errado. Não que eu quisesse que ele descobrisse a verdade, mas…

— Mas você sabia que o que ele acreditava era impossível de ter acontecido.

— Exatamente. Depois da briga dele com o Seth, ele deu uma melhorada… até o dia que ele me visitou na vovó e James estava lá. Eu… nadei com Seth, e…

— Você nadou com ele? Sério? — Perguntou a loira, incrédula. Molly nunca nadava na frente de ninguém. A ruiva assentiu.

— E James nos viu. Depois, quando ele foi se despedir, disse que me amava. James ouviu tudo. Quando ele foi embora, Potter disse que Seth era um babaca, e eu disse “Só porque ele conseguiu em menos de duas horas tudo o que você nunca conseguiu em 18 anos, James?”

— Jogou umas verdades na cara dele..

— Sim, mas eu não queria. Foi inevitável. E então ele me disse coisas horríveis, e o que mais marcou… foi quando ele disse que preferia que eu não estivesse grávida. Sabe, me lembro de que pensava “ele só estava nervoso, é mentira” pra que isso não afetasse o bebê, mas eu estava querendo me convencer daquilo.

— Poxa, Molls… — Disse Victoire, se aproximando e limpando uma lágrima que escorria pela face da mais nova.

— E desde então nós não nos falávamos, e anteontem, quando comecei a passar mal, eu estava decidida a não incomodá-lo. Estávamos sozinhos em casa, e eu daria a luz no quarto, sem dar um pio.

— Ainda bem que você não fez isso, então.

— Não foi de propósito. Tive uma tontura na escada, e caí. Acho que ele assustou, ou sei lá… e a doutora Tudor me disse que eu “tenho um bom marido, porque ele não saiu da porta da sala de cirurgia e não deu paz a eles enquanto não garantiam que eu estava bem”. Quando acordei, ele me chamou de minha pequena e estava todo maleável… eu não entendi nada. Mas ouvir tudo isso me deu uma sensação momentânea e ilusória tão gostosa.

— Isso é estranho. — Comentou a loira, perdida em pensamentos. Teria James descoberto ou se redimido? — E o que foi que ele disse quando veio aqui, ontem a noite?

— Não me lembro bem, eu estava com muito sono, mas ele pediu desculpas por ser um otário… e disse que Megg é linda, que é a minha cara. Olhou muito pro Hector… deve ter notado algo. — Continuou Molly, antes de dar um sorriso de lado.

— Ah, não sei, ele é meio retardado, Molls.

— Nem tanto, Vic. Quando ele quer, é bem atencioso. — Contestou a garota, dando de ombros, perdida em pensamentos.




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