Cicatrizes escrita por F Falcon


Capítulo 2
Piloto Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Olá, tudo bem com vcs? Espero que gostem, acabei me empolgando em continuar uhuhue



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Assim que saiu da escola, os longos cabelos castanhos de Joanna voaram por conta do forte vento que bate a semanas em sua cidade. Nuvens cinzas cobrem o céu, anunciando a tempestade que está por vir. Com o guarda-chuva em punho, sai caminhando e atravessa a rua, indo em direção ao parque que fica em frente a escola.

Sentado em um banco, os olhares concentrados em seu celular, Will não vê o tempo passar. Pessoas passam por ele com seus cachorros, correndo ou andando de bicicleta, mas ele continua alheio a tudo. Um pequeno menino andando o seu skate prende sua atenção por um momento, e ao acompanhar a trajetória do garoto que acabou de passar em sua frente, ele enxerga Joanna, próxima demais, planejando uma tentativa frustada de chegar de surpresa.

– Oh droga, você foi mais rápido que eu - disse ela sorrindo, exibindo os dentes mais brancos que ele já viu.

– Ah, desculpa. Não foi com esta intenção. Eu estava distraído aqui. - respondeu ele, sorrindo de volta.

– É, eu percebi... Estava olhando concentrado a foto daquela moça...

– Ah, você viu. Aquela é minha mãe. Uma foto antiga dela

– Hm, eu... eu não deveria ter perguntado - falou Joanna enquanto sentava ao lado de Willian - Me desculpe.

– Não foi nada. Ela não morreu, se é o que você está pensando. Ela só voltou para o Brasil.

– Uma pena. Mas vocês mantém contato ou algo do tipo?

– Ela liga, esporadicamente. Fala que está tudo bem, mas nunca entra em detalhes, sempre tudo com um ar superficial.

– Sinto muito - Joanna diz enquanto põe a mão no ombro de Willian - eu não deveria realmente tocar neste assunto.

– Você é a primeira pessoa com quem eu falo isto. Mas e a prova?

– Ah, uma maravilha. Fiz a prova sorrindo, caiu exatamente tudo que você disse que cairia. Você realmente conhece bem o professor Cork.

– É, conheço mesmo... - diz Will, deixando escapar uma sorriso.

– Peraí... vocês combinaram algo do tipo? Ele lhe deu a prova?

– Não é isto. Você passou por méritos. É que o senhor Cork é um professor muito previsível.

Joanna não entendeu muito bem o porque de Will pensar assim, mas nem ficou com isto na cabeça. Ela estava nas nuvens. Conseguiu a nota alta que precisava para manter seu histórico escolar digno de uma bolsa integral em medicina, que era seu objetivo de vida no momento.

– Só tenho a dizer que sou muito grata a você. Com a benção de Deus, e a sua enorme ajuda, eu vou conseguir esta vaga - disse Joanna, dando um abraço repentino em Will, o pegando de surpresa. O perfume de Joanna era de uma fragrância ímpar, cheiro este que Will não iria esquecer.

– Não foi nada, eu fui meio que intimado a ajudar - sorriu Will. - Não iria querer ver alguém perder a vaga por uma única nota.

– Seu fofo - disse ela, dando mais um abraço - Nunca esquecerei o que você fez. Estou lhe devendo uma.

– Vou cobrar. Mas quando você saberá se conseguiu ou não?

– Daqui um mês. Dois dias após o Natal.

– Bom, se conseguir já tem número. A gente poderia marcar de.... - ia continuar Will, sendo interrompido por uma buzina de carro que tocava incessantemente.

De pé, encostado ao seu carro conversível, Sean buzinava, chamando a atenção de Joanna. Assim que ela o mira, ele vai em direção aos dois.

– Ei Jo. Não me viu lá? Estou berrando seu nome e você não ouve. - diz Sean, olhando para Will que o está encarando - Quem é este babaca?

– Este é Will, o garoto com quem eu disse que ia me ensinar a matéria da última prova.

– Não me interessa. Este não é motivo pra sair agarrando ele. Agora vamos - disse ele, a puxando pelo braço e indo em direção ao carro.

– Eu o estava abraçando. Ele me ajudou a passar uma etapa importante da minha vida. Da nossa vida - respondeu Joanna, lágrimas se formando em seus olhos verdes.

– Eu já disse que eu não me importo. Eu não quero ver você com estes merdinhas.

– Ei, cara, merdinha aqui é você, que não se preocupa nem com o futuro da sua namorada.

– Ninguém aqui deu a palavra pra você latino. Senta aí e fica calado, por que a conversa não é contigo.

– E se eu não ficar?

– E se eu não ficar? Eu ouvi isso? - disse Sean, forçando uma risada - Não vou perder meu tempo contigo, viadinho.

– Viadinho? Qual o problema com isto? Ficou interessado? Me desculpa, mas eu sou hétero.

– Interessado? Não. Eu também sou hétero aqui. E sabe de uma coisa? Tá vendo aquela gostosa ali? - perguntou ele, apontando Joanna - Sou eu que estou comendo ela.

Will ficou surpreso pelo quão baixa foi a resposta de Sean, que o deixou sem argumento para continuar a discussão. No momento em que a frase foi proferida, Joanna saiu em direção oposta ao carro e disse:

– Chega Sean. Você passou dos limites. Eu vou caminhando.

– Amor, espere. - disse Sean, correndo e parando na frente dela - Eu te levo. Já está escuro.

– Não Sean, saia da minha frente.

– Ei, seu pai ligou para mim. Vamos. No caminho a gente concerta isso, eu prometo.

Sem dizer nenhuma palavra, Joanna dá meia volta e caminha ao lado de Sean rumo ao carro. Sean passa na frente de Will o encarando, mas não diz mais nada. No caminho até a casa de Jo, ambos ficam em silêncio até que Sean falou:

– Ei Jo. Eu meio que passei dos limites hoje, mas sabe como é. Eu não gosto de ver esses caras perto de você

– Nada justifica o seu tratamento tanto com ele, tanto comigo Sean.

– Amor, eu sei, mas eu estava de cabeça quente. Eu juro pra você que não irá repetir.

– Will foi muito importante, eu realmente não gostei do seu comportamento. Sean, eu sou sua namorada, não sua propriedade. Eu não sou como este carro que você sai exibindo pela rua.

– Ok amor, você tem toda razão. Eu só... eu só perdi a cabeça naquele momento. O que eu disse lá... eu juro que não irá acontecer. Qual é? Vou ter que repetir quantas vezes isso?

– Se o que você diz é verdade, então tá. Tá desculpado. Mas, qualquer tipo de ameaça ou coisa do tipo com o Will ou outro rapaz que for, e você pode parar de falar comigo.

– Ok amor, tudo por você.

Assim que deixou Jo na frente de casa, Sean andou um pouco e estacionou fora de vista da casa dela. Precisava fazer algumas ligações.

(...)

Um dia se passou após a discussão da praça. Will caminha sem rumo pelas ruas de seu bairro, tentando espairecer. Sua mãe longe, Joanna e as palavras de Sean transitam por sua mente, e ele não consegue se distanciar destas lembranças. É uma noite fria em Providence, e Will entra em uma lanchonete. Pede um café com leite e sem açúcar, do seu gosto. Após tomar, paga no caixa e sai da lanchonete, seguido por dois rapazes altos.

Will caminha para sua casa, mas decide mudar de ideia quando percebe que os dois rapazes estão o seguindo desde a lanchonete. Ele tenta despistar no meio das pessoas que transitam pela calçada, mas não consegue sair da vista dos homens. Ao perceber um carro da polícia com dois policiais do outro lado da rua, ele se vira e está pronto a atravessar, quando um terceiro sujeito o interrompe.

– Ei cara, você não vai querer fazer isto. Apenas fica quieto e me segue, é pro teu próprio bem.

– Vocês querem meu dinheiro? Eu dou. Eu tenho meu cartão aqui, meu celular. Pode levar até meu relógio, mas deixa eu ir. - disse Will, percebendo que os dois sujeitos se aproximaram e estão andando ao seu lado.

– Não é do que você tem que a gente está interessado.

Depois de andarem três quadras, os quatro viram em um beco escuro, que só dá pra ver a silhueta do sujeito que está escondido, à espera de seus comparsas.

– Ei cara, eu já disse pros seus amigos, eu dou tudo que eu tenho aqui. Só me deixa ir, por favor.

– Te deixar ir, viadinho? - respondeu o sujeito, Will reconhecendo sua voz.

– Sean? É você? É necessário isso cara? - respondeu Will, sendo obrigado a se ajoelhar na frente dele.

– Isso é pra você nunca mais se meter na minha vida, e na vida de Joanna. - E Sean deu um soco no rosto de Will, ferindo profundamente seu rosto. Após isto, mais um cruzado de direita no mesmo lugar e outro soco, dessa vez com a esquerda, no outro olho de Will. Os outros rapazes já não precisam segurar Will, que está imóvel, ajoelhado e com o rosto pingando sangue.

Outro soco no rosto, e um chute no estômago derrubam Willian no chão, fazendo o se contorcer em dor, já nem conseguindo mais chorar. Mais um chute, nas suas costas, o faz novamente se contorcer. Outro chute, na região do peito, o faz perder o ar. Mal conseguindo respirar, e com os olhos quase fechados devido aos grandes inchaços que há, Will retoma em sua mente os pensamentos que o haviam incomodado até então. Sua mãe, as palavras de Sean e principalmente, Joanna.

Joanna toma lugar na mente de Will, e nada mais ele consegue pensar enquanto Sean o espanca. Will não tem forças pra resistir, só consegue pensar na sua última conversa com Joanna no parque. Mais um chute, e isto já não abala mais. O parque, Joanna, é tudo o que ele consegue pensar no momento, e é nisto que ele se mantém focado.

Quando de repente, os chutes passaram. Seus olhos estão fechados, devido ao inchaço, mas ele faz uma força sobre-humana para abri-los. Ele não consegue enxergar Sean ou seus comparsas, e muito menos as paredes dos prédios que ficam a margem do beco. Na verdade, a única coisa que ele consegue enxergar são as árvores. Mas não haviam árvores no beco. Estas árvores são do parque, e ele inexplicavelmente está ali, deitado no banco, contorcido em dor.

(...)

Em sua casa, Javier consegue sentí-lo. Vai e pega o telefone o mais rápido o que um senhor mexicano consegue.

– Alô? Aqui é Javier.

– Olá Javier, o que você tem para mim?– respondeu a outra voz, do outro lado da linha.

– Mais um , olho-puxados. Um garoto. Está deitado numa praça. Acabou de usar seu dom pela primeira vez. Eu sinto isso.

– Ok Javier, estarei a caminho.


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Notas finais do capítulo

Eaí? O que acharam? Algum palpite? Comentem, por favor ! Abraços



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