Amélia escrita por Izzi Graham


Capítulo 1
Amélia


Notas iniciais do capítulo

Para Arthur. Espero que goste. Se não gostar, a Beilschmidt (286674) disse que vai enfiar um cano na sua bunda. Feliz aniversário, meu viado. ♥



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Amélia é uma criatura misteriosa. Tão criança, mas tão adulta. Tão desleixada, mas tão vaidosa. Tão moleque, mas tão feminina. Me irrita e me encanta. E são essas variadas facetas dessa menina-mulher que me fazem delirar. As coisas mais simples, contanto que realizadas por ela, se tornam as mais lindas e especiais.

Nos conhecemos por acaso. Ela é irmã de um de meus ex-alunos, Alfred. Foi na festa de formatura do garoto que nos vimos pela primeira vez, mas ela não me chamou muito a atenção. Bom, na verdade, chamou. Mas isso foi há dez anos, ela tinha apenas 15 e eu tinha 26. Não me parece muito adequado ver uma menina tão jovem como uma possível parceira, e obviamente não foi assim que eu a vi.

Amélia tinha a beleza juvenil, adolescente; um tanto nova para o meu gosto. Mas nem por isso deixava de ser bela. De longe, comecei a observá-la. Longos cabelos loiro-escuros até a altura dos seios, presos em duas tranças; que, por sua vez, estavam presas em dois elásticos azuis. Azuis... Azuis como seus olhos grandes e redondos, cor de um crepúsculo em seu início, envoltos em dois pares de dourado curvo e longo. Era magra, mas não raquítica. Tinha a cintura fina e definida, e o vestido vermelho lhe caía graciosamente bem. Os seios – não que eu tenha reparado, eu juro – eram pequenos, como era próprio daquela idade. Era uma mocinha bonita; porém, não a havia visto com mais interesse do que isso.

Com o tempo, e com a ajuda de Alfred, fomos nos aproximando. Uma amizade foi se desenvolvendo; e, ao longo dos anos, um pouco mais do que isso começou a nascer. Comecei a reparar nela menos como uma menina e mais como a moça em que estava se tornando. Já tinha 18 anos, e eu tinha 29. Ela ainda me considerava muito mais velho, e eu... Já não a achava mais tão nova assim. O rosto de Amélia estava mais fino e mais adulto, havia ganhado um pouco de peso – o que a deixava mais adulta, com mais busto e quadril –, e ela decidiu cortar um pouco o cabelo. Aquela grande massa de fios dourados e pesados estava na altura de seus ombros. Isso a deixava ainda mais linda.

Começamos a namorar de verdade quando ela fez 21 anos. Levei um choque quando ela me confessou que estava apaixonada por mim. Foi em uma noite fria e iluminada pelas luzes brancas dos postes que ela decidiu me contar isso. Havíamos saído para assistir um filme com Alfred e sua namorada; e, após deixar a moça em casa, o rapaz pediu para ir ao mercado comprar algo congelado para o jantar. Ficamos eu e Amélia no carro, ambos no banco traseiro. Ela parecia nervosa. Não conseguia formar uma frase inteira. E foi assim, em pequenas sentenças confusas, que tudo escapou por seus lábios robustos e vermelhos de batom. Sorri, a abracei, e nos beijamos. Fomos pegos no flagrante por Alfred, que pareceu um tanto constrangido. Nos olhamos e começamos a rir.

Amélia e eu passamos os fins de semana juntos. Um fim de semana em minha casa, um na dela, sem contar algumas visitas rápidas e outras saidinhas esporádicas. Ou costumava ser assim, já que ela andou passando muito tempo na minha casa nos últimos meses... Bom, até que ela tem um bom motivo para isso.

Conviver com Amélia é a melhor coisa da minha vida. Amo ver aquele rosto lindo quando acordo de manhã ao seu lado. É sempre a mesma coisa, mas nunca me canso. Acordo antes dela, a observo por alguns minutos, levanto, tomo um banho rápido, vou para a cozinha. E lá está ela. Sentada em um banco, a cabeça apoiada no balcão, os fios dourados – agora curtos, terminando à altura da mandíbula perfeitamente angulada – desgrenhados sobre seu rosto sonolento. Ela me ajuda a preparar o café da manhã, lanchamos juntos, nos arrumamos e vamos trabalhar.

Volto do trabalho tarde, dependendo do dia. Aos sábados, volto às duas da tarde. E a primeira coisa que vejo é ela. Me esperando, alegre, na sala de estar, com o controle do Xbox na mão. Ela corre até mim e me abraça, beija meus lábios e larga o controle no sofá, me puxando para a cozinha para almoçarmos logo, porque ela está com fome. É algo tão simples, mas que me faz rir todos os sábados.

Amo o jeito com que ela finge que não tem medo do escuro quando andamos na rua à noite. Ela se treme toda, se agarra a mim com seus braços fortes, olha para cada canto... E diz que não, não está com medo! Porque ela é forte e destemida, como uma verdadeira heroína! Não que eu duvide disso, mas acho engraçado uma heroína ter medo de andar em ruas escuras.

Quando ela se concentra em seus estudos, então, acho lindo. É um dos únicos momentos em que ela não sorri. É claro que gosto de seu sorriso, gosto de vê-la alegre, mas... Vê-la séria se torna especial por ser raro. Por um lado, ela se arrepende de não ter entrado em uma faculdade mais cedo, mas por outro, ela acha que foi bom esperar, pois agora ela tem um professor de História – área que ela também escolheu, por minha causa – a sua disposição. Sinto-me seriamente lisonjeado por isso.

Ela costuma dar alguns ataques de infantilismo. Se comporta como um rapazinho mimado de doze anos. Fico irritado com isso... Tenho vontade de me trancar em meu quarto e não vê-la por umas boas horas. Mas... Logo depois que tudo isso passa, ela se recompõe, admite que estava errada e me pede desculpas.

Às vezes, me pego observando Amélia. Quando ela percebe, fica constrangida. Suas bochechas ficam vermelhas e ela ri, sem saber o que dizer. Quase sempre me pergunta o que eu estou olhando e, quando se recompõe um pouco, faz alguma piada sobre ela ser tão incrível e maravilhosa que eu fico hipnotizado. Mal sabe ela que não poderia estar mais correta.

Ultimamente, tenho pensado muito em como seria minha vida com Amélia todos os dias comigo. Me pergunto se tudo isso que acho incrível hoje se tornaria banal. Mas... Eu mesmo me respondo: É bem difícil que seus olhos de crepúsculo, seus cabelos dourados, seu sorriso infantil, seu jeito moleque, seu corpo perfeitamente esculpido percam sua graça. E, se perderem, teremos sempre muitas chances para arrumar coisas para achar incríveis. Porque, com Amélia, todos os dias são iguais, mas muito diferentes. Nada com ela é entediante.

Se eu fosse fazer uma lista com todas as coisas que amo em Amélia, eu passaria a minha vida inteira falando. Tudo nela é muito encantador, de um jeito fantasioso e misterioso. Não sei o que me faz sentir assim sobre essa menina... Só sei que, se eu tivesse que escolher uma coisa nela que eu amo mais... Seria o jeito com que ela entra na igreja agora, acompanhada de seu pai, trajando um belo vestido branco e segurando esse lindo buquê de violetas, azuis como seus olhos de crepúsculo.


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Notas finais do capítulo

Agradeço à Miss Sombras (241505) pela ideia linda do final. ♥



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