Voodoo escrita por Annie


Capítulo 1
Tudo Se Vê de Olhos Fechados


Notas iniciais do capítulo

Estava com problemas em achar um bom começo para tudo, mas acho que ficou bom. Espero que gostem!



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Era uma noite tempestuosa. A belíssima Inglaterra vitoriana parecia desmoronar com o barulho da chuva e dos trovões.

Estava tudo muito confuso e conturbado, pessoas com pressa andando de lá para cá com seus casacos encharcados, porém nenhum conhecido, afirmava Corallyne, que permanecia imóvel na calçada. Parecia nem existir, e de fato, naquele instante era verdade, não existia para ninguém a não ser para ela mesma. Era irrelevante para qualquer pessoa ali presente, e jamais chegaria a ser o contrário.

Não temia a chuva, que nada mais era do que água caindo dos céus. Cora ainda podia sentir-se suando nesse estado, e conseguia distinguir claramente a água pluvial da água de seu corpo, e ambas a faziam sentir-se imunda. Vez ou outra ainda tirava seus cabelos morenos, bagunçados, que caíam sobre seu rosto, mas não se importava com sua aparência.

Observara pessoa por pessoa indo embora do grande centro londrino, que em sua maioria, eram pais de famílias humildes ou mulheres cuja a vida não lhes havia sido tão grata. De qualquer forma, cada um seguia seu rumo, deixando a chuva lavar suas almas e recompor a esperança de uma vida melhor.

Tudo foi se acalmando, enquanto as ruas ficavam desertas. O caos daquela noite fora substituído pelo silêncio absoluto. Sentia que ficara tempo demais ali, um tempo que embora curto havia durado horas.

O sol já começava a surgir no horizonte. A chegada da luz cegara Corallyne e enquanto retomava a visão, sentia alguém se aproximar. Pareciam ser três cavaleiros medievais, de armadura tão negra quanto seus cavalos. Seu batimento cardíaco acelerava à medida que se aproximavam. Podia sentir o cheiro do metal, mas suas formas permaneciam abstratas como fogo. Quando pensara em dar as costas, suas pernas enrijeceram-se. Agora eram apenas ela e os três cavaleiros a existir ali, o tempo que antes passara tão rápido agora estava parado.

O cavaleiro do meio se aproximou. Possuía uma lança de prata que era maior que Corallyne e provavelmente a usaria se fosse necessário, mas ela não temia isso. Seria covarde ao matá-la enquanto não pudesse se mover ou estivesse sob qualquer desvantagem, e sabia que deveria usar isso em seu favor caso não quisesse confrontá-lo.

- Mate-me agora mesmo e minh'alma estará rindo de sua covardia! - praguejou Corallyne.

- Não vim aqui para lhe matar, Corallyne - respondeu. Sua voz era pacífica, porém seu cheiro era podre, quase acre.

- Me diga o que você quer e me deixe ir - disse Corallyne com certa dificuldade, o cheiro a causava repulsa.

- Me chamo Rhalaf. Sou guardião do mundo dos sonhos, o primeiro e mais forte dos três cavaleiros abissais. Algumas coisas estão fora de ordem entre o mundo dos humanos e o nosso...

- Tudo bem, Rhalaf. Eu sou o batman e preciso logo voltar para Gotham city, se me der licença... - ironizou.

- Não sei do que está falando, mas peço para que tenha cuidado com suas decisões daqui pra frente. Muita coisa irá mudar em sua vida, e você, Corallyne, precisa estar atenta a tudo que acontece em sua volta. Evite... se apegar a coisas materiais - respondeu Rhalaf, partindo com um gesto de reverência, ao lado dos outros dois.

Corallyne foi perdendo seus sentidos aos poucos, o mundo estava se desfazendo a sua volta. Sentiu-se cair e então, quando tudo se apagara, levantou-se subitamente, ofegante. Estava em sua cama, suas roupas grudavam em seu corpo com o suor. Havia sido apenas um sonho, que não fora nem bom nem ruim. Um sonho que se assemelhava muito à realidade, um sonho do qual não ousava ter novamente.


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