Impregnada escrita por Mary


Capítulo 14
6 de Fevereiro :capítulo 14




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Estava sentada em cima de uma árvore quando comecei a chorar. De repente, enquanto analisava a capa de um livro, senti as lágrimas chegando aos meus olhos e saindo brutalmente. Em questão de segundos, meu rosto estava completamente molhado.

Não pude me impedir. Estava mesmo com vontade de chorar e aquele momento foi perfeito. Agarrei o livro nos meus braços e o seu cheiro me acalmou. De uma em uma, as lágrimas pararam de sair. Sequei minha face e pulei, voltando a caminhar pelas ruas

Precisava fazer alguma coisa, mas não sabia o quê. Não estava com a mínima vontade de ir para casa e ficar cara a cara com o meu pai – não depois de ele ter literalmente queimado a minha vida. Não queria falar com Clary; ela iria arrumar alguma coisa relacionada a drogas para fazermos. Mas também não me sentia bem sozinha naquele momento.

Quando percebi, estava ligando para Andrew.

– Alô? – ouvi sua voz do outro lado da linha.

– Olá, Andrew – falei.

– Oi, Aly. Tá tudo bem?

– Sim, e com você?

– Também. Tá legal mesmo?

– Aham – respondi – Só queria saber se você queria andar um pouco.

– Hã, acho que seria legal. Onde tá?

– Estou observando a estante de uma livraria. E você?

– Indo para aí agora.

E desligou.

Enquanto esperava-o, sentei-me no chão em frente à livraria e fiquei observando a rua ao meu redor. Até que vi a sua silhueta dobrar a esquina ao longe e me levantei, pronta para correr e abraçá-lo.

Senti suas mãos envolverem a minha cintura e o seu rosto afundar no meu cabelo. Algo se remexeu na minha barriga e por um segundo aquilo parecia bom. Por um segundo, parecia que era aquilo o que eu queria.

E ele sussurrou no meu ouvido, sua respiração na minha nuca, sua voz saindo baixa e calma:

– Quer namorar comigo?

Por um instante, me senti bem. Por um instante, me senti confortável. Por um instante, me senti desejada.

Mas a ficha caiu. Suas palavras se chocaram contra mim e senti como se estivesse me estilhaçando, como se meus pedaços estivessem se soltando. “Quer. Namorar. Comigo.” O que eu deveria fazer? O que eu deveria pensar? O que eu deveria sentir?

Não me movi. Continuei afundada no seu abraço, sentindo o ar frio bater no meu rosto e gelar o meu nariz. Os seus braços quentes estavam cuidando do meu corpo e sentir a sua respiração me dava certo alívio.

Mesmo assim, minha resposta chocou-me logo depois de tê-la dito:

– Sim.

Andrew se afastou de mim e olhou nos meus olhos. Tive a impressão de que estava surpreso, talvez até assustado. Temi que a minha expressão não fosse a de uma idiota como sempre. Queria pelo menos daquela vez me sentir confiante do que dizia.

E aí ele me beijou.

Não sei o que devo escrever em relação a isso. Devo lhes mostrar o que fiz, o que ele fez ou o que senti? Devo lhes contar um, dois ou os três? Porque, sinceramente, não tenho muita certeza. Não sei se as minhas mãos estavam na cintura ou nas costas ou na nuca dele. Não sei se os dedos dele acariciavam meu cabelo ou alisavam meu rosto. Não sei se naquele momento me senti bem ou já estava arrependida desde então. Não sei como me senti depois de termos nos separado, não sei como que os seus toques me foram sentidos.

Mas lembro que andamos de mãos dadas. Lembro dos nossos dedos entrelaçados, dos nossos papos amigáveis. Lembro da sua mão quente e de ter reclamado que a minha estava gelada. Lembro dos nossos abraços e da maneira como me sentia confusa, mas bem. Lembro do beijo em frente ao portão da minha casa e de tê-lo visto andando até dobrar a esquina e sumir. E lembro de ter batido a porta do meu quarto e suspirado.

Joguei-me na cama com força. Deitei em cima das minhas mãos e fiquei observando o teto, a cabeça repleta de pensamentos. Por alguns segundos, quis voar. De verdade, não como aquela garotinha de oito anos que estava viciada em desenhos sobre fadas. Por alguns segundos, quis atravessar o teto que contemplava e dançar entre as nuvens brancas que preenchiam o céu. Por alguns segundos, quis fugir.

Lembrei-me de quando tinha dez anos e estava ansiosa para virar adolescente. Meus pais tinham prometido que quando fizesse catorze anos teria liberdade para andar para onde quisesse com quem quisesse e quando quisesse, desde que pudesse respeitá-los. Eles diziam que eu poderia vestir o que quisesse e usar a maquiagem que quisesse. Nunca quebraram essa promessa.

Mas ser adolescente não se resume a isso. Eu fui obrigada a crescer.

Quando meus olhos estavam quase fechando-se, meu celular tocou do meu lado, despertando-me. Não sabia o quão exausta estava até aquele momento.

Atendi.

– Alô? – falei.

– Atenção, pessoas, Alyson Brunner está namorando Andrew Albus!

– Cala a boca, Clary.

Ela riu do outro lado da linha.

– Sério, como foi? – ela perguntou.

– Como foi o quê?

– O pedido, o beijo, o momento.

– Você se importa?

– Pelo amor de Deus, Aly! Por uns minutos, você pode largar de ser tão deprimente e agir como se fôssemos duas adolescentes idiotas que só pensam em garotos, artistas e curtir?

Peguei-me rindo.

– Clarissa Bingers sabe como ser uma adolescente idiota?

– Talvez, engraçadinha. Mas, vai, conta logo.

Tive vontade de falar que não estava me sentindo bem, que era como se aquilo não fosse certo, que nós dois não deveríamos estar juntos. Mas imaginei que iria ser julgada demais, falada demais, criticada demais. Então, fiz como sempre fazia. Falei o que ela queria ouvir:

– Foi ótimo. Foi mágico. A língua dele na minha boca, as suas mãos na minha cintura, a sua respiração na minha nuca. Eu nunca me senti desse jeito antes.

– Alyson Brunner, acho que você está apaixonada!

– Não brinca.

“Duvido”.


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Notas finais do capítulo

Aceito quaisquer tipos de opiniões



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