Após várias horas tentando acalmá-la Hermione finalmente parou de chorar e deitou-se com Rony na cama a confortando.

— Obrigada por ficar comigo – começou ela – Não sei o que seria de mim sem você.

Ron fica mais vermelho que a cor de seus cabelos e tenta manter a voz firme quando responde.

— Amigos são pra isso. Pode me acordar a hora que for e venho ficar contigo.

Hermione sorri timidamente e então se lembra de algo.

— Enquanto ainda era eu mesma estava dando uma olhada nesse livro que peguei com a Cho. Ao que parece, casos de pessoas possuídas por alunos da Corvinal acontecem muito.

— Por que especificamente da Corvinal? – indagou Rony.

— Pode ser porque como são os mais inteligentes da escola se sentem pressionados e não se divertem tanto quanto os outros alunos. Os níveis de morte são maiores e de acordo com Anne Flame “Atualmente as pessoas que passaram por Hogwarts e morreram em batalhas, suicídios ou em acidentes no trabalho causados por falta de atenção, foram alunos que pertenceram à Corvinal; o mistério por trás destas mortes foi levado ao túmulo assim como suas vidas”.

— Sinistro – disse Ron – Mas fico imaginando como seria se alguém entrasse no corpo da Pansy Parkinson.

— Ron! Isso é sério – repreendeu ela – Eu posso não ser a única possuída na escola, precisamos saber se mais alguém tem agido estranho.

— Viramos algum tipo de Liga do Feitiço agora? – disse ele indignado.

— Não, mas... É Liga da Justiça e como você sabe que existe? – perguntou Hermione.

— Andei vendo séries trouxas nessas férias – começou ele – Friends é a melhor de todas! Sabia que...

— Depois a gente fala de séries – disse ela cortando-o – Precisamos focar nas pessoas da Corvinal agora. No livro diz assim “Há alguns casos mais raros onde a pessoa, ainda viva, possui o corpo de outra somente para obter coisas que não consegue em seu próprio corpo. Houve um caso em 1875 onde durante uma prova uma aluna foi possuída, porém não deu certo e as duas morreram nos processo."

Ron começa a ficar verde e respira fundo antes de falar.

— E pensar que eu pensei que possuir pessoas nas provas seria legal. Melhor riscar isso da minha lista de coisas a fazer antes de morrer.

— Acho melhor observarmos o comportamento dos alunos antes de tudo e depois pensamos em como acabar com isso – disse Hermione – pelo menos teremos por onde iniciar o plano.

— Tudo bem – ele olha o relógio – Vamos descer se não vamos perder o café.

***

Harry acordara nu, cheio de penas e no chão do banheiro. Levantou-se e viu Cho deitada à beira da banheira com um braço dentro da água e babando. Vestiu suas roupas e saiu de fininho e encontrou com Rony e Mione descendo as escadas juntos em direção ao Grande Salão.

— Ei!

— Oi Harry – disse Ron.

— Onde esteve esse tempo todo? – perguntou Hermione.

— No banheiro com a Cho – disse sem cerimônia.

— Ah, isso explica os gritos – deduziu Ron.

— Estávamos indo tomar café – continuou ela – Quer vir conosco?

— Claro, estou faminto.

Chegaram ao Grande Salão e o cheiro de torradas, bacon e ovos invadiram seus narizes que fez seus estômagos roncarem. O local estava vazio, a noite tinha sido longa para vários alunos. Sentaram-se à mesa da Grifinória ao lado de Fred e George.

— Bom dia – cumprimentou George.

— Como vão os pombinhos? – disse Fred.

— Que pombinhos? – diz Harry mordiscando o bacon.

— Seus queridos amigos Ronald e Hermione – disse George.

— Passarinhos verdes nos contaram que ele dormiu no dormitório das meninas essa noite. Quantos uísques de fogo vocês tomaram? – questiona Fred.

Rony fica escarlate e encara seu mingau de aveia com muito interesse. Hermione foi mais rápida e logo rebateu os gêmeos.

— A festa estava entediante então decidi ir pro quarto estudar. Ele estava com dúvida em feitiços e pediu para ajudá-lo. Pegamos no sono, só isso – pega seu prato e acrescenta duas torradas e queijo de cabra também ficando enrubescida.

Os gêmeos se entreolham com um ar duvidoso, terminaram seu café da manhã se levantam sem avisar e rumam para a biblioteca. Os três terminam o café e vão aproveitar o domingo de Outono na árvore perto do Lago Negro. Hermione senta perto do tronco, abre um livro grosso e o lê enquanto come uma maçã. Os garotos deitam na grama, Ron deitou um pouco mais perto da amiga, e olham a Lula Gigante nadar na superfície.

— Às vezes queria ser um animal, só que não teria a inteligência humana para compreender como animal a minha vida sem andar em duas pernas.

Harry olha confuso para o amigo.

— O que?

— Nada.

— Vão passar o natal lá em casa né? – disse Ron mudando de assunto.

— Você sabe que eu vou – diz Harry – Natal com os Dursley não é do tipo divertido quando eles te mandam as meias velhas do seu tio todo ano.

— E tu Mione? – pergunta Ron.

— Se eu não estiver possuída eu vou, sabe-se lá o que faria lá – disse um pouco melancólica.

— Possuída? – disse Harry confuso – Que história é essa?

Os dois explicam a Harry desde que Hermione ficara com Draco a primeira vez até a descoberta sobre Corvinal omitindo a noite passada. Depois que os amigos terminaram ele soltou um baixo assobio e disse sem pensar:

— Isso explica porque ela transou com você no trem. Tive que inventar toda uma história de que você tinha um pênis e uma vagina.

Quando percebe o que disse levanta rapidamente da grama e encara os dois.

— VOCÊ FEZ O QUE?! – vociferou Rony fazendo os pássaros na árvore voarem – COMO PÔDE?

— Me desculpe, eu não sabia o que fazer na hora, eu...

— E eu acreditei! – esbravejou Hermione – Por que não contou a verdade?

— Se eu soubesse que estava possuída teria contado – defendeu-se.

— E como você ia saber que eu estava possuída sendo que estava se masturbando assistindo nós dois? – cutucou ela.

— Eu não... como sabe que eu me masturbei? Você disse que não se lembrava de nada!

— Rony me contou.

— Você contou a ela? – disse Harry se voltando para o amigo.

— Pelo menos não disse que você tinha dois pênis! - retrucou ele

— Um pênis e uma vagina! - gritou Harry indignado.

— Que seja você mentiu! Pensei que fosse meu amigo!

Dito isso, Ron saiu para um lado e Harry para o outro deixando Hermione com um livro e uma maçã meio mordida e mãos confusa.