Dois meses já haviam se passado. Tudo estava bem pra todos e o mundo Moroi se adequava as mudanças. Tasha Ozera permanecia presa e iria a julgamento em alguns dias pela morte de nossa rainha- minha tia- Tatiana Ivashkov em setembro. Jill Mastrano- agora Dragomir também- permanecia na corte até que suas aulas começassem. Ela e Eddie- seu dhamphir guardião recem formado- iriam para a Florida em alguns meses pra que ela pudesse se formar na escola complementar. Acostumar-se a vida na corte naõ estava sendo facil pra ela, e eu nao a culpava por isso. Ser a filha ilegitma de uma dos 12 familias reais do parlamento não era algo agradável e bem, visto por todos os Morois, principalmente os da realeza. Em meus momentos mais sóbrios conversávamos sobre como ela e Lissa- Vasilisia- estavam se aproximando e em como isso era algo bom, novo, assustador, constrangedor e confuso.

Lissa por sua vez estava se mostrando uma otima rainha, tanto para a realeza- que ainda tinha dificuldade em aceitar sua eleição para rainha- quanto ao povo, que a amava. Sua auto confiança era nitida e transmitida á todos ao seu redor e fora da corte também. Ela e Christian Ozera- seu namorado lindo, ironico e com um passado e presente odiado por todo resto do mundo Moroi- iriam pra faculdade nos próximos dois meses. Juntos. Mas não era necessariamente isso que me incomodava. Rose também iria, obviamente.

Rose como sua guardiã oficial tinha função de acompanha-la/protege-la a todo lugar que fosse. Mas o forte, destemido, admirado, respeitado- quase endeusado- Dimitri Belikov, guardião de Christian também iria. E Deus, o relacionamento deles me enojava.

Rose Hathaway- filha da lendária guardiã Jeanine Hathaway e o aspirante a cafetão Abbe Mazur- mentiu pra mim. Ela brincou com meus sentimentos, me deixando acreditar que poderia haver algo entre nós, algo realmente real e serio. E por ingenuidade de minha parte eu acreditei e a amei. Eu sempre soube que ela ainda o amava e que eu era o step pra sua dor, mas me recusava a enxergar isto,

Nos meses em que Dimitri viveu como Strigoi- um tipo maléfico de vampiros- e desapareceu mundo afora eu desejei que ele estivesse morto. Esperava que a busca de Rose por ele a trouxesse direto para meus braços quando ela finalmente o matasse e talvez assim ela pudesse se entregar a esse sentimento assim como eu o havia feito, e assim aconteceu em seu retorno. Pelo menos era o que eu pensava ter acontecido até ele voltar e voltar a ser o bom e eterno amor dela. Quando decidi cooperar para que ela fugisse da prisão onde foi acusada injustamente da morte de tia Tatiana e permiti que Dimitri a acompanha-se, eu sabia que a tinha perdido. Não demorou muito para que eu tivesse essa certeza. Depois de sua quase morte ela colocou um ponto final em nossa relação. Desde então eu não a vejo. Não diretamente.

Durante algumas reuniões com Lissa ou treinando com outros guardiões eu cheguei a vê-la. Ela parece estar feliz todas as vezes que a vejo e isso me mata, mas da melhor maneira que consigo tento evita-la, desviando caminhos ou simplesmente a ignorando.

E assim tem sido meus dias desde então. Os bares da corte tem sido minha melhor companhia, me trazendo o melhor dos Whiskys, tequilas, vodcas e todo o resto. Quando não estou sob o efeito do alcool ja não sei o que é real e o que não, e isso me assusta. Os efeitos do Espirito tem me feito regredir e muitas vezes me cegado, me trancando em sonhos durante horas. Praticar esse elemento tem trazido as sombras e elas tem se tornado mais parte de mim do que eu realmente gostaria.

Hoje não esta sendo um dia diferente. Estou sentado de frente á uma janela grande de vidro em um dos bares escuros e que fedem a cigarro caro e baralho da corte. Em uma mão meu charuto de essências balsâmicas fumega e na outra esta o copo de wisky- setimo ou oitavo na tenho certeza- descansa enquanto observo a neve derreter em um dos jardins. As flores ao meu redor já haviam a muito murchado, outro efeito do Espirito influenciado pelo meu humor. Isso começou a duas semanas e por onde passo flores, grama, praticamente tudo-morre. Acho que assim como eu estou também aos poucos.

Me levanto deixando anotado mais esse dia na conta e sigo bar afora. O vento gelado balança meus cabelos e me faz estremecer. Era dia no horario humano, por volta das onze da manha não sei, entao isso significava que todos os morois estavam dormindo, ou pelos menos deveriam estar. Ando com certa dificuldade durante alguns metros, contando as pedras sob meus pés quando sou parado por Mia.

Mia Rinaldi tinha sido inimiga de Vasilisa na escola e agora era quase como uma amiga, uma relaçao complicada demais pra se entender.

–Adrian?- me virei pra ela tentando parecer o mais sobrio possivel.

_Mia!!

–O que faz aqui a uma hora dessas? Não deveria estar dormindo?- ela se aproxima devagar me olhando com cuidado. Sua aura esta azul como sempre, mas um toque de vermelho nele me diz que ela sabe que não estou bem e não gosta disso.

–Estava me encaminhando pra lá. E você, o que faz aqui?- mudo rapido de assunto, trocando o apoio de perna.

–Estou indo resolver algumas coisas pra meu pai... Adrian você quer que eu chame alguem pra te acompanhar até sua casa?- "merda!" penso e lanço meu melhor sorriso galante.

–Que isso Mia, não precisa! Eu estou perfeitamente bem!- me apoio na parede do consulado tentando parecer o mais casual possível e tiro uma mecha de cabelo dos olhos.

– Não precisa mentir pra mim Adrian, estou vendo que não esta bem...posso sentir seu cheiro!- ela me aponta nervosa e com nojo. Suspiro fundo olhando ao redor inquieto e serio.

–Já disse que não precisa.

–Adrian, por favor...

_MIA!- explodo olhando fulminante pra ela.- ME DEIXE EM PAZ!- me viro rapido, cambaleando e saio pisando forte até minha casa. Bato a porta ao entrar e subo tropeçando nos degraus pro meu quarto. Me jogo na cama olhando o teto e apertando raivosamente os cabelos.

–Mas que merda!