Eu não desceria por nada nesse mundo. Zelena provavelmente ainda tem raiva de mim, mesmo depois de tudo que ela fez contra mim. Zelena é invejosa. Se inveja matasse, ela já estaria morta. Como ela descobriu onde eu morava, eu não sei.

Uma hora ou outra eu teria que descer. Eu trabalhava hoje, então não tinha escapatória. Talvez até lá ela já teria saído. Teria que levar Henry para escola

Enquanto me arrumava para o trabalho, Zelena continuava buzinando. Se ela não parar logo juro que desço lá e destruo aquele carro. Quando minha paciência se esgotou, decidi descer de uma vez por todas e ver o que ela queria. Se ela fizesse algo para mim, alguém iria me escutar.

– O que você quer? - eu perguntei

– Oi para você também, irmãzinha. - ela disse, sarcasticamente

– Me responda logo o que você veio fazer aqui.

– Também estava com saudades. - eu estava prestes a bater no rosto dela.

– Se você não me responder logo, você vai se arrepender.

– Quando foi que você criou tanta coragem? Pelo que me lembro, você era bem ingenuazinha. Bom, vim rever minha irmãzinha. Saiba que o que eu fiz para você é pouco comparado com o que eu queria fazer.

– Obrigada por me tranquilizar. Se você se acha no direito de vir me visitar, saiba que está errada.

– Emma, só queria te dar um oi. Claro que me acho no direito, fui sua irmã. Não que o fato de eu ser sua irmã signifique que eu gosto de você.

– Depois de tudo o que me fez passar, você ainda se considera minha irmã?

– Tudo o que eu te fiz passar? - ela disse entre risadas - Querida, isso nem se compara com o que você vai passar. - ela foi se aproximando de mim - Se você pensou que tinha acabado, estava enganada. Meus pais podem até já ter morrido, mas a minha raiva não.

Percebi que Zelena estava tentando tirar algo do bolso. Quando ela apareceu com uma faca na mão, eu já tinha prendido a respiração.

– Não ouse tocar nela! - uma voz grossa gritou atrás de Zelena

Eu não enxergava quem era direito. Zelena era mais alta que eu. Quando empurraram ela para longe de mim, vi Killian e David a segurando. Provavelmente estavam a caminho do hospital. Dei graças a Deus por eles terem aparecido, pois sei do que Zelena é capaz.

Enquanto David segurava Zelena, Killian veio em minha direção e me abraçou. Eu pude finalmente soltar minha respiração. Não vi o que David fez com Zelena, mas quando olhei para lá novamente, ela estava indo embora. Eu retribui o abraço de Killian, o abraçando cada vez mais forte. Eu estava ofegante. Respirava com dificuldade, entre soluços. Se eles não tivessem aparecido, não sei o que seria de mim.

P.O.V David

Enquanto eu e Killian estávamos indo para o trabalho, vimos uma mulher ameaçando alguém com uma faca. Ao vermos cabelos loiros e cacheados, reconhecemos a pessoa imediatamente.

– Emma! - Killian gritou enquanto corria na melhor velocidade que conseguia

Corremos na direção da mulher. Imediatamente a reconheci. Zelena. Zelena foi minha namorada antes de eu conhecer Mary. Namorávamos porque meus pais queriam. Após termos terminado, ela nunca aceitou. Quando já estava com Mary, ela voltou dando em cima de mim. Digamos que eu e Mary tivemos uma fase meio complicada. Depois de que Zelena foi embora, eu e Mary nos casamos. O que eu não sabia era que ela conhecia Emma

Enquanto eu empurrava Zelena, Killian foi atrás de Emma. Ele realmente ama ela. Não sei porque não estão juntos ainda.

– Oi David! Quanto tempo. Como vai a fofa da Snow.

– Não ouse se aproximar de mim, de Mary, de Emma ou de qualquer um dessa cidade. Sei que você já parou na prisão algumas vezes e acho que a polícia não ia gostar muito que você voltasse presa. Se você não sair daqui agora, eu ligo para a polícia e você vai pagar pelo que fez.

Ela não pensou duas vezes e foi embora. Emma e Killian continuavam abraçados. Emma chorava desesperadamente, enquanto Killian a acalmava.

P.O.V Killian

Ao ver Emma naquela situação, não pensei duas vezes antes de correr até lá. Eu não podia perder Emma.

Ao chegar lá, a abracei forte. Parecia que se eu a soltasse, eu a perderia.

– Swan, você está bem?

– Agora estou. - ela disse, entre soluços

– Se algo acontecesse a você, juro que não me perdoaria. Você significa muito para mim.

Se eu a perdesse, não sei o que faria. Já perdi Milah, não suportaria perder mais alguém que eu amo.

– E se ela voltar e fizer alguma coisa para você ou para Henry?

– Não se preocupe, eu não deixarei que ela ouse se aproximar de você, ou de Henry. Ela não voltará, não se preocupe.

– Obrigada Killian. Se você não tivesse aparecido, não sei o que teria acontecido.

Eu a abracei mais forte. Meu coração estava disparado. Sorte que eu e David escolhemos um outro caminho para ir até o trabalho.

P.O.V Emma

Depois que me acalmei, agradeci David. Ele me contou que também conhece Zelena. Quando vi, já era hora de ir ao trabalho. Me despedi dos dois, agradeci por tudo e subi para meu apartamento.

– O que houve lá embaixo, mãe? - perguntou Henry

Eu não poderia contar. Henry ficaria muito preocupado.

– Nada, filho. Só encontrei um conhecido meu.

– Que bom! Pensei que tivesse acontecido algo.

Abracei Henry. Quase ser esfaqueada me deixou com medo de perdê-lo.

– Tem certeza que está tudo bem? - perguntou Henry

– Não posso mais abraçar meu filho sem algo ter acontecido?

– Pode, só achei esquisito.

– Bom, está pronto para ir para escola?

– Tudo pronto.

Deixei Henry na escola e fui ao trabalho. O dia passou voando. Não deixei de mandar uma mensagem para Killian e para David, agradecendo. Depois disso, fui dormir.

2 semanas depois

Zelena não apareceu mais. Ela deve ter voltado para Boston, depois da ameaça de David. Desde o dia da ameaça, eu e Killian estamos muito próximos. Hoje, após o trabalho, iria no apartamento dele. David e Mary estariam lá e jantaríamos.

O jantar passou bem rápido. David contou com mais detalhes sobre sua história com Zelena. Não sou a única que já sofreu com ela. Só não sei como que ele pode namorar com ela. Mary parecia meio desconfortável enquanto ele falava. Provavelmente não gostava de lembrar de Zelena.

Meu medo de que Zelena fizesse algo para Henry foi passando durante a semana. Como ela nunca mais deu sinal de vida, não me preocupei. Hoje foi a primeira vez que deixei ele sozinho em casa, depois do que aconteceu.

Depois de algumas horas, David e Mary foram embora. Ficamos só eu e Killian na casa dele.

– Precisa de ajuda com a louça? - perguntei

– Não precisa, Emma.

– Quero retribuir o que você fez por mim. - fui me aproximando da pia, começando a lavar.

– Swan, não precisa retribuir nada. Eu fiz aquilo porque eu não deixaria nada acontecer com você.

– Se você não tivesse aparecido, eu não estaria aqui agora. Eu não tenho como te explicar como sou grata pelo que você fez. Nada que eu fizer vai retribuir, mas estou tentando. A verdade é que ninguém nunca fez nada desse tipo para mim, então queria te agradecer.

Nesse momento, já estávamos bem perto um do outro.

– Só fiz isso porque eu... - Killian não terminou a frase, já que eu o interrompi com um beijo.

Fomos caminhando, até nos encostarmos na parede. Enquanto nos beijávamos eu me lembrei o quanto Killian beija bem. Não sei porque esperei tanto tempo para repetir isso. Quando já precisávamos novamente de ar, Killian disse:

– Eu não suportaria perder alguém que eu amo.

Continuamos a nos beijar, até o ar nos faltar novamente.

– Isso quer dizer que você me ama?

– Talvez. - ele ergueu as sobrancelhas

Espero que ele saiba que é recíproco.

Quando já se passava da meia-noite, resolvi voltar para casa, até porque, eu estava a pé. Quando eu estava saindo pela porta, eu disse:

– Saiba que é recíproco.

Ele abriu um grande sorriso e eu fechei a porta. Era uma noite escura, sem muitas estrelas no céu. Ao atravessar a rua, a última coisa que me lembro é ver um carro verde se aproximando cada vez mais, em alta velocidade e me atingir. O resto é apenas um borrão na minha cabeça.