O caso de Lichtbri escrita por SirOlavo


Capítulo 1
Capítulo único




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Dia 17 de Janeiro de 2015

Meu nome é Aaron Lichtbri. Não quero que isso se torne uma biografia, mas devo fazer uma curta descrição de mim mesmo, pois não quero ser esquecido. Esse é meu maior medo, e a ideia principal dessa história.

Tenho 15 anos, nasci e vivi na Alemanha até meus 7 anos, quando meus pais se separaram e eu me mudei para o Brasil com minha mãe.

Minha vida foi entediante, uma vez que mesmo sendo um aluno exemplar na escola sempre vivi às sombras da enorme reputação dos meus pais, que sempre eram as pessoas mais bem sucedidas em qualquer lugar que estivessem.

Eu lhes imploro, não se esqueçam de mim.

Minha história tomou um rumo diferente nesse dia, 17 de janeiro, pois foi quando encontrei (em uma de minhas longas viagens pela Internet) um artigo sobre uma onda de mortes inexplicáveis ocorrendo em todo o mundo.

As vítimas eram encontradas trancadas em casa, com pequenos cortes em todo o corpo, principalmente na face, e as duas pernas amputadas. Não havia qualquer padrão na escolha dos alvos, nem discriminação de local, mas uma coisa era certa: Todas as mortes ocorriam em noites de lua cheia e os cadáveres eram irreconhecíveis.

Eu passei a tarde toda pesquisando sobre o tópico, até que encontrei um site que dizia que todas essas mortes eram assassinatos, e a culpada era uma garota conhecida por "A Morte Branca". Enviei um e-mail para o dono do site, e fui dormir.

Dia 18 de Janeiro de 2015

Acordei de manhã, minha mãe havia ido trabalhar e deixou o café na mesa. Peguei um pedaço de pão e fui para o computador, mordiscando ele.

A tela do computador estava ligada, com a notificação de um novo e-mail brilhando na tela.

Eu estranhei o fato, uma vez que me lembrava de ter desligado o computador antes de ir dormir, mas não me preocupei com isso na hora. O tópico do e-mail obteve toda a minha atenção.

"A Morte Branca"

Meus olhos brilhavam de entusiasmo enquanto eu lia.

"A Morte Branca é um espírito. O espírito de uma garotinha inocente, com um desejo gritante por vingança. Para você entender seus atos, terá que entender sua história."

O brilho nos meus olhos diminuiu um pouco quando percebi que não devia se tratar de uma história real. Meu erro foi continuar lendo.

"A sete anos, uma garotinha se aproximava de seu aniversário de quatro anos. Ela gostava de observar as coisas ao seu redor, e só conversava com sua mãe. Certo dia, ela se escondeu no armário de seu pai, quando este estava entrando em casa com sua amante. No meio da traição, o pai abriu o armário para pegar alguma coisa, e encontrou a garotinha o observando atentamente.

Tomado pelo pânico, ele botou a amante para fora de casa aos gritos, e começou a espancar a filha, até que esta desmaiasse, gritando que não fora culpa dele e que esta não deveria contar nada a sua mãe.

Ainda tomado pela raiva e pelo desespero, pois achava que havia matado a garota, prendeu-a em uma caixa pequena de madeira, e arrancou suas pernas chorando para que ela coubesse nela, depois enterrou-a. A garotinha não estava morta. Ela acordou, alguns segundos depois de ser enterrada. Não sentia mais dor alguma. Seu sangue se esvaia de suas veias, e quanto mais próxima do "outro lado", menos ela sentia o mundo real. Até que ela desapareceu, perseguindo todos que..."

Puxei a tomada do meu computador.

Levei a mão a testa e vi que estava suando.

Ajeitei minha camisa, que ameaçava me enforcar.

Fui até o banheiro e joguei água no rosto.

Olhei para meu rosto no espelho, e comecei a rir.

Ri histericamente. Desesperadamente. E fiquei ali, rindo, até minha mãe chegar pro almoço.

Não pensei na história o resto do dia, fingindo que era apenas uma "fic" ruim.

Dia 19 de Janeiro de 2015

Acordei, as quatro horas da manhã.

Meu computador estava ligado, mesmo que estivesse fora da tomada.

Meus olhos se arregalaram, quando me lembrei dos motivos que me fizeram puxar a tomada.

Fui até lá, e o e-mail estava brilhando na tela novamente.

Me aproximei, hesitando, e retomei minha leitura.

"...perseguindo todos os que descobrissem sua história, e condenando-os a uma morte por perda de sangue, trancafiados a seus quartos, e teriam suas pernas amputadas pouco antes de seu suspiro final. Após isso, todas as pessoas que poderiam se sentir curiosas em relação a causa de sua morte morrem de causas naturais, e a pessoa é esquecida juntamente com o segredo que o pai da garota quis tanto proteger."

O e-mail acabou, junto com minha sanidade.

Comecei a martelar o teclado com meus dedos, e abri o calendário do meu computador. A próxima lua cheia seria essa noite. Eu teria apenas um dia de vida. Comecei a chorar, primeiro baixinho, e então soluçando e socando meu monitor até que este cedesse e se quebrasse.

Minha mãe entrou em meu quarto as pressas e tentou me perguntar o que estava acontecendo, mas eu a empurrei e sai correndo de casa, completamente insano com a ideia da morte iminente.

Eu corri por muito tempo, desesperado.

Agora são oito horas da noite.

Invadi uma casa abandonada e comecei a escrever essa breve biografia. Eu lhes imploro, não me esqueçam. Não quero ser apenas mais um corpo. Eu quero que mostrem essa mensagem na mídia, que espalhem minha história para todo o mundo, e que alguém encontre um jeito de parar esse monstro.

Não vou conseguir continuar a escrever, minha mão está cheia de cortes, que começaram a aparecer quando a lua foi ao céu.

Vou esconder essa mensagem.

Não me esqueçam.

Por favor.


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