I Won't Apologize escrita por Miranda Thompson
Noto uma movimentação do outro lado do refeitório. Nathan me trouxe aqui depois de minha visita à Max e quando questionei sobre o porquê ninguém ter me contado a respeito ele simplesmente disse que Max desejava que eu descobrisse por mim mesma.
Agora, quatro horas depois de o grupo de Max ter saído observo todos juntos á porta, impedindo-me de ver o que quer que estiver acontecendo. Olho para Nathan do outro lado da mesa e ele me encara, com uma batata frita a meio caminho da boca. Ele assente, mesmo que eu não tenha dito nada e nós dois nos levantamos ao mesmo tempo. Ele caminha até mim e segura minha mão. Não sei se ele percebe, mas um fio de eletricidade atravessa meu corpo, mas para ele parece a coisa mais normal do mundo. Deveria ser para mim também.
"Acho que é o grupo do seu irmão."
Ele diz em minha mente e novamente eu me surpreendo com o ato, mas não demonstro. Ou acho que não.
– Acho que devo ir até lá. - Digo em voz alta.
– Quer que eu vá com você?
Assinto, mesmo não tendo certeza de que é a coisa certa a se fazer, mas eu sinto que preciso de Nathan nesse momento. Acho que afinal, éramos realmente próximos antes. Ele caminha ao meu lado até o final do refeitório e quando chegamos perto algumas pessoas abrem caminho para que possamos passar, e em meio à tantos homens bem vestidos eu só procuro um rosto. Demoro um tempo analisando cada um e o pânico me domina quando não consigo encontrá-lo.
Olho mais uma vez e mais outra. Nada.
Ouço alguém atrás de mim chamar meu nome, mas o ignoro. Tudo o que preciso é encontrar Max.
A voz novamente me chama e eu cedo. Me viro e deparo-me com ele bem ali, atrás de mim com uma expressão triste.
– Max! - Digo e me atiro em seus braços. Não me importo o que aconteceu. Não me importo com nada. Tudo o que sei é que ele está vivo e isso está bom pra mim.
– America... Nós não conseguimos, desculpe.
Balanço a cabeça.
– Não importa. - Então um pensamento me invade. - Alguém morreu?
Agora foi sua vez de balançar a cabeça.
– Um de nossos homens foi baleado na perna. Por isso viemos embora, tínhamos que salvá-lo.
Não importa. Ele estava bem. Percebo o quão preocupada fiquei com Max e o quanto isso tudo não vale a pena.
– Por favor, diga que não voltará mais lá. - Ele faz uma careta. - Fiquei preocupada. Muito. E eu não preciso disso. Eu lembrei de você, posso lembrar das outras coisas também. Só preciso de um tempo. Não quero todas essas pessoas se arriscando por mim.
– Não é assim que funciona, America. Você lembrou de mim porque somos irmãos, passamos nossas vidas inteiras juntos. Há chances de se lembrar de Nathan e Helena, mas não desse lugar. Não dessas pessoas.
Ele tem razão. E me dói admitir isso, mas ele tem.
– Tudo bem, eu entendo. Mas me prometa que não vai voltar lá amanhã. Uma pausa, pelo menos.
Ele hesita, mas por fim responde:
– Eu prometo.
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