I Won't Apologize escrita por Miranda Thompson


Capítulo 1
What Is This?




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"America... America..."

O que é isso? Quem é America?

"Meri..."

Por favor, alguém faça parar!

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Eu me remexia na cama... Não, cama não. Isso não é uma cama, está mais para... O que é isso, afinal?

Olho em volta e a única coisa que vejo é o escuro. Esfrego os olhos com as costas das mãos. E de novo e de novo. Não adianta, é inútil.

Tateio o espaço à minha volta, pego em algo sólido, mas maleável, como... Papel. Passo a mão em volta e tudo o que encontro é mais papel. Estou deitada em uma pilha de papel.

Levanto-me com dificuldade e tento caminhar, com as mãos à frente do corpo, caso esbarre em algo. Após andar mais ou menos um metro minhas mãos vão de encontro a uma parede. Tateio desesperadamente à procura de um interruptor, estou desesperada por um pouco de luz. Por fim, depois de algum esforço, acendo a luz, revelando um cômodo de no máximo cinco metros quadrados, com dois recipientes com água e pão em um canto e um pouco de jornal no outro.

Olho em volta, á procura de uma saída, algo que me tirasse daquele pesadelo, mas não encontro nada, nenhuma porta ou janela. Nada além do cinza das paredes.

O que aconteceu, afinal? Forço minha mente a pensar em quem me colocou ali. Um nome. Um rosto. Qualquer coisa, quando percebo que eu não lembro nem quem sou eu, ou de onde venho. Nada.

O desespero começa a tomar conta de mim, como um choque de realidade. Eu estou presa. Presa em um quarto sem portas ou janelas. Presa. Sem nenhum jeito de sair.

Então eu ouço novamente aquela voz. Aquele nome. Aquilo que eu havia achado fazer parte de um sonho. Algo ilusório.

"America, você está aí? Por favor, Meri, eu estou com medo."

De onde vem essa voz? Quem é America?

- Quem é você? O que você quer? - Digo pela primeira vez em voz alta, uma voz mais firme do que eu esperava. Quase como se não fosse minha.

"Meri..."

Ouço novamente. É mais ou menos nessa hora que eu percebo. A voz não está vindo do exterior. Como poderia? Está vindo lá de dentro. Da minha mente.

"Por favor, Meri, me responda."

Coloco as mãos sobre os ouvidos, numa tentativa falha de fazê-la parar. O que está acontecendo? Eu devo estar ficando louca.

"America, por favor."

A voz é de uma garota, minha idade talvez...

Solto uma risada. Eu nem sei qual idade eu tenho. Olho para baixo, meu corpo, minhas roupas em frangalhos. Dezesseis anos, talvez? É, dezesseis...

A voz me acorda novamente de meu torpor.

"Meri, por favor, você está aí?"

Então eu percebo. Se posso ouví-la também posso respondê-la.

"Quem é você?"

Digo em minha mente, para logo perceber o quanto fui idiota. É claro que estou louca, isso é impossível...

"Pensei que nunca me responderia."

Ela diz novamente, me interrompendo. Talvez eu estivesse errada. Talvez isso fosse possível, de alguma forma.

"Quem é você?"

Repeti, desejando alguma resposta.

"Ah, não. Por favor, não me diga que não se lembra. Por favor, Meri. Sou eu, Helena."

Busco nas profundezas de minha mente, mas não consigo associar nada a esse nome. Helena.

"O que você quer?"

É uma pergunta estúpida, mas mesmo assim a faço.

"Você não se lembra, não é? Fomos capturadas, Meri. Somos amigas."

"Amigas?"

É uma palavra idiota. Amigas.

"Sim. Mas não importa agora. Onde você está? Vou te tirar daí."

Preparo-me para dizer algo, mas o que? Não sei onde eu estou, não faço a menor ideia.

"Eu não sei. Em um quarto, mas ele não tem portas."

Sabia que era estupidez confiar em alguém que eu nem sabia quem era. Mas é minha única escolha, eu não tenho mais nada.

"Eles apagaram sua memória... Céus! Tudo bem, eu sei onde fica, estou chegando aí."

Uma onda de alívio me atinge em cheio. Não sei de onde vem a tal voz e nem a quem pertence, mas se vai me tirar daqui eu não me importo quem seja.

Me tirar... Isso é cômico, levando em conta que não há saída, mas permaneço quieta, sem querer acabar com as esperanças que ainda me restam. Sento-me em minha cama improvisada, tentando me lembrar de qualquer coisa que me ajudasse a entender o que havia acontecido, mas nada me vêm à mente. É como se houvessem removido minhas lembranças e deixado apenas um enorme vazio no lugar. Como se faltasse uma parte do meu cérebro.

"Meri, ainda está aí?"

Que pergunta idiota.

"Se houvesse como sair, já teria saído."

"Não foi isso que eu quis dizer... Pois bem, estou do lado de fora, vou quebrar a maçaneta."

Maçaneta? Okay, ela está delirando. Não há portas, quanto mais maçanetas. Abro a boca para dizer algo, mas um barulho do lado de fora me interrompe. Um barulho de algo... Se partindo. Logo em seguida uma rachadura se forma na parede ao meu lado. Me afasto, temendo o que vou encontrar. A rachadura logo toma forma de um retângulo perfeito e uma garota aparece na outra extremidade do buraco. Os cabelos loiros descendo em cachos desarrumados pelo seu rosto. Um sorriso se forma quando me vê.

- Oi. - Ela diz com um ar cansado, mas animado. A voz... É a mesma voz que fala dentro da minha cabeça. É Helena.

- O que aconteceu? Como chegou aqui? Como faz... Isso? - Aponto para minha cabeça quando faço a última pergunta. Helena apenas balança a cabeça e diz em voz alta:

- Não dá pra explicar agora, eles já devem ter notado que eu fuji, devem estar à nossa procura... Vamos!

Ao terminar ela sai em disparada, segurando minha mão, me guiando pelos imensos corredores ao longo do caminho. Não faço ideia do que esperar se "eles" nos encontrarem. Afinal, quem são "eles"? As perguntas surgem em minha mente, mas eu me esforço para não abrir minha boca. Se estamos fugindo de algo, se "eles" apagaram minha mente, não pode ser boa coisa.

Helena vira à direita, num corredor que termina em uma parede completamente escura, como um beco sem saída. Ao chegarmos no final do corredor ela tateia a parede e empurra um dos tijolos, abrindo uma porta pela qual passamos. Me pergunto como ela conhece este lugar tão bem se estamos fugindo, mas ignoro tal pensamento. Ela está me tirando daqui, isso é o que importa. Avisto alguns carros lá fora e o pânico me domina. "Eles" nos encontraram.

Como se lesse minha mente, Helena diz em voz alta:

- São nossa carona. - E sem dizer mais nenhuma palavra me puxa para dentro de um dos carros. Ele é preto e os vidros são escuros. Estremeço só de pensar na ideia de ficar presa novamente. De algum modo ela nota o suor frio se formando na palma de minha mão.

- Vai ficar tudo bem. Eu prometo. - Em seguida, olha para o homem ao volante. Ele tem cabelos negros cortado curto e uma barba rala. Veste um terno preto e sorri ao me ver pelo espelho do retrovisor. - É melhor irmos, eles podem estar atrás de nós.

Ele assente e liga o carro. Os outros logo fazem o mesmo. Helena coloca sua mão sobre a minha e sorri tranquilamente. Como ela consegue fazer aquilo? Manter a calma enquanto eu estou quase explodindo?

De repente todo o medo se esvai e olhando para seus olhos eu acredito. Que somos amigas ou o que quer que seja. Acredito e confio nessa garota que não conheço.

Mas essa tranquilidade não dura muito. Apenas até olhar para o homem que está dirigindo e perceber seu olhar. Eu já sabia o que ele iria falar antes mesmo de ele abrir a boca.

- Helena... Alguma coisa está errada.


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