A casa do medo escrita por Ninna
Me virei tremendo e abri a porta, o quarto estava escuro, a janela iluminava a cama que não havia ninguém, fui entrando devagar, em passos silenciosos, até que algo segurou meu pé, eu gritei e corri até o interruptor, liguei a luz e vi que era a vovó, ela estava aterrorizada, o sino estava em sua mão:
– Vovó? – Falei a ajudando a levantar.
– Mãe! – Gritei.
Todos da casa acordaram, minha mãe estava sentada ao lado da vovó que não parava de tremer e não dizia uma palavra, enquanto isso fui colocar Missy para dormir, a deitei na cama dela e beijei sua testa:
– A vovó vai ficar bem? – Ela perguntou.
– Claro, ela vai sim, Missy... O que o sino estava fazendo com ela e não com você? – Falei.
– Eu não sei – Ela falou.
– A Lily sabe? – Perguntei.
Missy se cobriu até a cabeça, olhou para os lados e apenas acenou com a cabeça:
– Eu posso falar com a Lily? – Perguntei procurando Lily pelo quarto.
– Não sei – Missy respondeu.
– Tudo bem, depois falamos sobre isso, durma bem – Falei fechando a porta de Missy.
O corredor estava uma loucura, Blair, Andrew e minha mãe estavam tentando falar com hospitais, e emergências, enquanto a vovó continuava sentada na cama tremendo e calada:
– Oi vovó – Falei.
– Algo te atacou, eu sei, eu sinto na casa, essa presença, eu vi coisas inexplicáveis, me ajuda para eu te ajudar – Falei segurando sua mão.
Vovó virou apenas seus olhos para mim, e os virou novamente para frente, fui até meu quarto e peguei um caderno velho, uma caneta e voltei:
– Por favor, se você não pode falar, escreva, vovó precisa salvar nossa família, seja lá o que te atacou ainda está aqui, me responde, o que foi? – Perguntei.
Vovó tremendo pegou a caneta e escreveu com letras grandes e tremidas:
‘’Ela’’
Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ou fazer qualquer pergunta, minha mãe entrou falando que havia uma ambulância e que a vovó iria pra o hospital, e que ela ia junto, com um beijo na minha cabeça vi ela e a vovó partindo.
Fiquei sentada naquele quarto vazio, ao lado do caderno, pensando em quem poderia ser ‘’ela’’ e extremamente preocupada com a saúde da vovó:
– Alice, vai ficar ai o resto da noite? Vá dormir – Blair falou.
– Tudo bem, já vou – Falei sorrindo.
Deitei em cima do caderno e acabei pegando no sono, ali mesmo. Na manhã seguinte acordei com o meu celular tocando, fui até meu quarto e vi que era um número privado novamente, mesmo assim atendi:
– Alô? – Falei.
– Alice? – Beck falou.
Beck era minha melhor amiga, desde o primário, mas perdemos contato quando ela mudou de escola, quando ela me ligou fiquei muito feliz:
– Beck?! Como você está? – Falei andando pela casa.
– Estou com saudades, você pode entrar no computador essa noite? Quero muito conversar com você, tenho muitas novidades – Ela falou.
– Eu vou sim, estou muito curiosa para saber de tudo – Falei olhando a piscina da janela da cozinha.
Continuamos conversando por mais alguns minutos, ou horas, até que reparei algumas bolhas subindo a superfície da piscina, aproximei meu rosto, fechei um pouco os olhos para ver melhor mas não havia nada, então vi uma mão pálida saindo da água e apoiando na beira da piscina:
– Be-Beck, depois te ligo – Falei desligando.
Abri a porta dos fundos, e quando ia ver algo me puxou para trás:
– Missy? O que foi? – Perguntei.
Olhei novamente para piscina e não havia mais nada:
– Lily aceitou falar com você – Missy falou.
– É...certo, ela está aqui? – Perguntei olhando o cômodo.
– Ela quer brincar de esconde-esconde primeiro – Missy falou.
– O que? Tudo bem, eu conto? – Perguntei.
– Não, ela, você tem dez segundos para se esconder – Missy falou saindo correndo para se esconder.
Subi para o quarto de Blair e entrei no guarda-roupa, ele tinha um buraco no meio que eu podia olhar a porta, a casa estava em silêncio total, então ouvi alguém subindo as escadas e andando em frente do quarto de Blair, na primeira vez passou reto, mas na volta a porta abriu sozinha, eu estava com medo, tirei meu olho do buraco e tentei ficar o mais quieta possível, depois de algum tempo olhei novamente, não havia nada, de repente um olho totalmente branco tapou o buraco, fechei os olhos e gritei, abri a porta do guarda-roupa e sai correndo, desci as escadas desesperada, Missy estava na frente da porta com os braços para trás sorrindo para mim:
– Ela te achou – Missy falou.
Comecei a chorar, o que estava acontecendo naquele lugar? Empurrei o sofá para parede e me sentei vendo a sala inteira, esperando alguém voltar:
– Alice? – Missy falou.
– O que? – Falei.
– A Pandora e eu queremos brincar, quer brincar conosco? – Missy falou se aproximando.
– Não! Eu não quero, a Pandora não é real, ela não tem vontade, agora senta aqui e espera alguém chegar – Falei rasgando a cabeça da Pandora.
Missy colocou a mão na boca, estava tão surpresa que nem conseguia falar, uma lágrima escorreu do olho dela, logo depois mais e mais, Missy estava arrasada, ela subiu para o quarto e bateu a porta.
‘’Não acredito que fiz isso’’ pensei depois de perceber o que eu havia feito, a porta se abriu, era minha mãe, porém minha avó não estava junto:
– Mãe? Aonde está a vovó? – Falei.
– Filha, nem os médicos conseguem explicar o que aconteceu com a sua vó, ela não vai mais falar ou fazer qualquer grande movimento físico e ficou de repouso lá – Minha mãe respondeu secando uma lágrima.
– Eu sinto muito – Falei a abraçando.
– Vou tomar um banho – Ela falou.
Subi para o meu quarto, parei em frente ao quarto de Missy e ainda podia ouvir uns ruídos:
– Missy? – Falei.
– Vá embora! – Ela gritou.
– Eu sinto muito – Falei.
Sem respostas me virei e fui para meu quarto, liguei o notebook e comecei a conversar com Beck, ligamos a webcam, ela estava diferente, havia muito tempo em que eu não via ela, conversamos sobre tudo, sobre o novo namorado dela, sobre as coisas loucas que aconteciam na minha casa, o tempo foi passando e quando percebi já era a noite:
– E a última coisa que aconteceu é que destrui a boneca de Missy – Falei.
– Nossa, ela deve ter ficado triste – Ela respondeu.
– Muito... – Falei.
– Manda um oi para ela – Beck falou.
– Ela não sai do quarto, muito menos fala comigo – Falei.
– Que bobagem, há uma sombra de criança logo atrás de você.
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