O Lado Bom De Amar escrita por Gabbi Sandin


Capítulo 9
Capítulo Oito




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Quando fui informada que iria morar em uma vila, minha imaginação se voltou para um lugar sem calçamento, com pessoas que se vestiam como no século IXX, nada de internet; ou seja, um lugar que quase não evoluiu.

Mas quando chegamos a Santa Helena, a realidade era outra. Achei tudo muito diferente. Não era um lugar evoluído nem nada, pelo contrário, as ruas eram de pedras, as pessoas eram comuns e vestiam-se normalmente. Porém não havia aquela essência de cidade. Não vi pessoas com celular ou fones no ouvido e também não vi skatistas, o que era comum na minha cidade, ex-cidade.

Percorremos mais um pouco daquelas ruazinhas de pedra, até que a vila foi ficando para trás.

– Nossa casa é um pouco afastada da vila. – Mamãe explicou – Melhor assim. Viu como as pessoas daqui são estranhas?

– Igual a nós. – Falei.

Mamãe não falou mais nada.

Apesar de estar odiando cada centímetro daquele lugar, me senti na obrigação de defender as pessoas de lá. Eram normais. Minha mãe era a forasteira.

Afastamos-nos da vila e quinze minutos depois, avistamos uma grande casa de madeira velha com três andares e dezenas de janelas de madeira também.

– Uau! Nossa nova casa é bem grande. – Elogiou Verônica – Digna de me receber.

Revirei os olhos.

Papai estacionou o carro em frente a porta principal e então nós descemos com nossas malas pesadas.

Era uma casa grande e medonha no meio de um descampado de mais ou menos 300 metros, que acabava depois que era tomado por uma mata fechada.

Papai pegou a chave e destrancou a porta, como agora, faria frequentemente.

Assim que entramos, uma espécie de mordomo veio nos receber. Levei um susto pensando ser um fantasma. Não era pra casa estar vazia?

– Boa tarde. Sejam bem vindos. – Disse o mordomo tosco.

– É... Obrigada. Mas quem é você?

– Ah! Desculpe. Esqueci de me apresentar. Sou Inácio, o empregado mais íntimo.

Fiz uma careta.

– Um mordomo, talvez? – Supus.

– Exatamente!

Meus pais pareceram adorar a ideia. Entreolharam-se sorrindo.

– Bom, - começou meu pai – sou Fabrício e essa é minha esposa, Branca. – Ele indicou minha mãe. – Minhas filhas Verônica e Angelina.

Fiz um breve aceno enquanto Verônica jogou sua cabeleira para trás.

– Adoráveis! Qual delas é a noiva de Rafael?

– Sou eu. – Verônica disse em um tom rude.

O mordomo sorriu. Pago para aguentar nojentas alheias.

– Vou mostrar toda a casa para vocês. Deixem as malas aí mesmo. Alguém virá buscá-las daqui a pouco.

Como é? Não vou precisar subir com essas malas pesadas? Beleza!

Fomos a todos os andares. Ao contrário da fachada da casa, os cômodos eram mais atuais e modernos. Tudo muito bem limpo e organizado.

No primeiro andar, havia sala de visitas, sala de estar, cozinha, copa e dois banheiros.

No segundo andar ficavam as suítes. Ao todo, quatro delas. Todas ficavam reunidas por um pequeno saguão com uma sacada.

No terceiro andar havia uma pequena biblioteca e alguns cômodos vazios.

A casa era grande, mas, os cômodos eram medianos e não havia muito luxo. Depois de zanzar por toda a casa, paramos no segundo andar para escolhermos os quartos.

– Ah! – O mordomo Inácio pareceu se lembrara de alguma coisa, como de fato, lembrou – O café da manhã é servido aos fins de semana ás 9h00, o almoço é servido ao meio dia e o jantar ás 20h00. Seguimos esses padrões apenas aos fins de semana, pois, durante a semana cada um segue sua agenda com seus horários, trabalho, escola... Tudo bem?

– Ótimo! – Mamãe respondeu.

– Durante a semana, se não se importarem, vocês farão as refeições na cozinha no horário que desejarem. Sem haverá uma empregada lá “a postos”.

– Uma pergunta, – falei – há quantos empregados aqui?

Ele fez as contas silenciosamente e depois respondeu:

– Seis. Eu, duas na cozinha, duas para a limpeza e um garoto que não faz nada até pedirmos algo.

– Traga-o aqui! Preciso de uma massagem nos pés. – Berrou Verônica.

O mordomo Inácio já ia descendo as escadas para chamar o tal garoto.

– Ei! Ela está brincando. – Meu pai tentou parecer convincente. Depois olhou feio para Verônica.

– São os pais do Rafa que pagam vocês? – Verônica perguntou – finalmente - algo útil.

– Sim. Na verdade, há essa mesma quantidade de empregados em todas as casas que eles possuem. Todos muito bem pagos.

– Tão ricos... – Concluí meio atônita.

Acabei escolhendo o menor quarto. Meus pertences eram poucos e os móveis já eram muitos para o meu gosto. Gostei do quarto, pois, tinha uma visão muito bonita para os fundos da casa. Havia uma piscina, um estábulo pequeno e um jardim.

Depois de alguns minutos, uma empregada apareceu na porta com as minhas malas. Percebi que ela estava muito cansada. Subir as escadas com aquelas malas não devia ser uma tarefa fácil.

– Pode deixar aí mesmo, no chão. – Pedi.

– Desculpe a demora. – Ela disse bufando – Meu filho sempre me ajuda com os serviços mais pesados.

– Que isso! – Sorri – Não demorou nada. Mas onde está o seu filho? – Fingi estar brava – Não devia deixar a mãe carregar bagagens tão pesadas sozinha!

Ela riu.

– Está na escola. Afinal de contas, ele não quer fazer isso pra sempre.

Não soube o que dizer então sorri.

– Prazer, – estendi a mão – Angelina.

– Prazer, Carlota. Cozinheira e nas horas vagas subo ás escadas com malas.

– É uma ótima forma de passar seu tempo livre! – Brinquei.

Ela riu novamente.

– É sim. Agora eu tenho que voltar lá pra baixo.

– Bom trabalho.

Acabei me lembrando que teria que começar a estudar em breve. Lembrei também que tinha uma ligação a fazer para os meus amigos. E finalmente lembrei-me de conferir se lá havia internet. Liguei o wi-fi do meu celular e nada, não apareceu nem um sinalzinho. Droga! Não tinha internet. Pelo menos eu ainda tinha meus preciosos créditos. Era o que eu pensava...


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