Believe in Yourself escrita por Murasaki


Capítulo 29
Fim?




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Pode parecer doentio, mas Tails sorriu por sua morte ser a primeira: assim, não veria o sofrimento de todos os outros. Isso tornou a dor da perda estranhamente suportável. Seria uma morte honrável, e não haveria mais ninguém para lamentar por si, pois todos logo serão executados também.

Sua mente visitou lugares distantes, perdidos no tempo e no espaço. Encontrou-se com seus amigos imaginariamente em lugares distintos, em aventuras. E na realidade caótica, sentiu os passos firmes de seu amigo em sua direção. Ali estava um Sonic com olhar vazio e feições engessadas.

Amy só desejava que tudo isso acabasse logo e mais rápido possível. Apesar de frágil e impotente, mantinha em seus olhos a honra de uma lutadora. Ela não conseguia sentir raiva ou ódio dele, afinal, aquele não era Sonic.

Como uma fagulha, a mais louca e insana das ideias lhe passou pela mente. Em vez de esperar pelo fim, ela correu em direção a ele, não havia mais nada o que temer. E ela agarrou aquele ouriço em seus braços e o abraçou. E ele não a atacou, apenas hesitou. Pelo menos morrerei junto a ele. Apesar de todo o contexto, o mundo sumiu para a ouriça. Ela lembrou do dia em que foi salva das garras do Metal Sonic. Dia que mudou o rumo da sua vida. Das vezes que ingenuamente corria por horas atrás de sua grande paixão. Das situações mais difíceis e complexas que havia enfrentado por ele. Das grandes amizades e parcerias ao longo do caminho. Não soube contar exatamente os segundos que essas lembranças duraram. Mas ela estava feliz. E pôde sussurar no ouvido daquele que tinha certeza que amava:

— Todos os seus amigos te amam. E eu... Eu te amarei para sempre, Sonic.

Como em um sono eterno que é despertado por vozes do além, alguém que dormia profundamente ouviu doces palavras. Ele quase não conseguiu lembrar quem era ou a dona daquela voz tão familiar, estava muito cansado para conseguir pensar em algo.

— ...te amarei para sempre, Sonic.

Ela já estava esperando o golpe de misericórdia. Quando sentiu um apertar lhe envolver e sua voz.

— Amy!

— Sonic! – A ouriça não podia acreditar. Ele estava de volta e o seu abraço era caloroso e desesperado, como uma criança que acorda de um pesadelo.

Tails não acreditou no que viu por alguns segundos. Apenas compreendeu quando viu o brilho nos olhos do seu amigo, que estava de volta. Ele não tinha palavras, apenas correu e abraçou-o também.

— Não! O que está acontecendo?! – Pyro não pôde entender como as coisas fugiram de seu controle. Olhou para o céu e viu uma de suas presenças claramente atordoada. Ninguém jamais conseguira barrar seu controle! E agora, Sonic estava ali, liberto.

Amy e Tails não conseguiram conter as lágrimas, e Sonic também estava emocionado.

— Eu pensei que tinha te perdido – Amy não conseguia parar de repetir essa frase em meio a soluços e pranto.

— Obrigado, amigos, por não desistirem de mim.

— Como faríamos isso, seu idiota. Somos amigos... Para sempre.

— Sim. – Assentiu o ouriço. Mas a situação não estava resolvida - Pyro! – Disse - Você vai pagar muito caro pelo que fez com todos os meus amigos e toda essa gente! E vou lutar até o fim.

— Eu também – Disse Tails.

— E eu – Amy também se pôs de pé.

Então Pyro recuou a passos largos e a batalha recomeçou. Todos os soldados de Pyro imediatamente avançaram e atacaram os três que se defenderam por um tempo. Sonic, com sua rapidez, era capaz de dar cobertura para Amy, que desferia golpes furiosos, e Tails, que lutava como podia. A situação não estava ao seu favor, mas eles iriam usar toda força que podiam.

Amy podia sentir em cada célula do seu corpo que seu treinamento havia dado certo. Por alguns minutos pôde sentir que era extremamente útil. Jurou pra si mesma que se saísse viva daquela terrível batalha, procuraria melhorar a cada dia.

Tails, que sempre tivera dificuldade em grandes batalhas, estava se saindo bem. Conseguir ser rápido quando podia e trapaceava distraindo alguns dos inimigos a lutarem um contra os outros. E estava funcionando bem.

Foi quando a falsa Blaze conseguiu uma brecha e desferiu golpes de fogo em Amy e Tails. E desta vez Sonic não pôde fazer nada. Ambos caíram inconscientes. Sonic imediatamente desferiu um furacão afastando temporariamente todos os inimigos. Imediatamente correu para prestar socorro. Sacudiu-os e gritou seus nomes, mas eles estavam muito debilitados. Ele olhou, desesperadamente, e procurou por alguém, mas não havia mais a quem recorrer, todos desmaiados, e ele não conseguiria sozinho.

Está acontecendo tudo de novo. Mas eu vou lutar. Até o fim! — pensou o ouriço.

— Sonic! – Vozes conhecidas surgiram no meio do turbilhão. Sonic virou imediatamente. Os Babylon Rogues surgiram trazendo em seus braços as esmeraldas do caos. Ainda há esperança!

O ouriço apenas precisou fechar os olhos. Aquele poder era completamente familiar, ele não precisava forçar nada.

Sentir.

E ele podia sentir. As esmeraldas flutuavam em volta do seu corpo. Estavam todas lá, até mesmo a que estava sempre com Shadow, talvez atraída pelo grande poder que estava se formando.

Sentir.

O poder foi lhe enchendo. Cada pedaço de seu corpo, cada poro transbordava. O arrepio percorria da ponta dos pés ao topo de sua cabeça. A explosão era inevitável.

Sentir.

Sentir.

E aconteceu.

Sonic jamais conseguiria descrever a sensação de ser fortalecido pelas esmeraldas do caos. Era uma classe superior à força. E a cada vez que acontecia de novo, podia sentir que conseguia quebrar mais e mais barreiras. Abriu seus olhos. A aura amarelada estava lá. Inicialmente, vislumbrou todos os seus parceiros e amigos ainda inconscientes, e se sentia mais poderoso do que nunca. Era hora de lutar.

Os acontecimentos a seguir foram tão impressionantes e rápidos que talvez apenas o próprio Sonic tenha conseguido acompanha-los. Em segundos, todos os robôs foram completamente destruídos. Ele imaginou que todos os seres que lutavam por Demolish não passavam de inocentes, por isso, apenas nocauteava evitando causar danos corporais comprometedores. E apesar de tentarem usar poderes e magia incansavelmente, todos pareciam fadigados o que facilitou a batalha. Ao fim, restava apenas Pyro, desconcertado, e o silêncio:

— Não vai falar nada? – Sonic sentiu sua voz soar como se fosse um trovão. Pyro estremeceu.

—E o que eu devo mais lamentar?

— Isso é apenas parte do que você merece por toda essa bagunça que causou! Não tem ideia do tamanho do sofrimento a toda essa gente! – O ouriço podia sentir o ódio crescer dentro de si.

Pyro arquejou.

— Tails e Amy quase foram mortos por suas mãos!

Suas mãos, ouriço.

— Cale a boca! – Sonic sentiu perder a cabeça. Avançou imediatamente contra Pyro e os dois travaram uma luta complicada. Sonic desferia rápidos socos e chutes. Pyro não possuía boas habilidades com lutas físicas e se demonstrou um fraco oponente, apesar de saber se defender de forma veloz e eficiente.

— Chaos Blast!

Por um instante, Pyro some do campo de visão do ouriço.

— Por mais que tente, você sempre será um fracassado como eu – a voz pesada da presença agora mais parecia um sussurro, próximo ao seu ouvido.

— Não me compare a você! – Grita Sonic nervosamente ao procura-lo. A criatura está jogada longe. Por perceber que Pyro ainda não estava destruído, a raiva intensificou-se tanto no ouriço que avançou imediatamente. Mas então, o seu inimigo já não se incomodava muito com os golpes e se defendia com pouca frequência. Sonic por vezes, teve a sensação de não estar batendo em um corpo físico, como se ele mesmo não estivesse ali. Após muito esforço, o ouriço sentiu que tudo tinha sido em vão. Apesar de parecer machucado, Pyro não parecia recuar. Ao preparar-se para o próximo ataque, Sonic olhou com ira crescente para o seu inimigo. Ele estava sorrindo.

— Chaos Spear! – O ataque foi certeiro, mas o efeito foi quase nulo.

— Você não pode me destruir – A forte voz da presença parecia estar de volta – Não posso ser destruído por algo tão insignificante como você.

Uma confusão se instalou na mente de Sonic. Será mesmo que eu não tenho essa capacidade? Será que terei que viver o resto da vida à sombra de alguém tão tenebroso como Pyro? – Em seus pensamentos o ódio deu lugar ao medo.

Pyro estava mais contente que nunca.

Isso, ouriço. Mantenha o ódio.— pensou.

Para o vilão, era uma das delícias de ser uma presença. Era um efeito bastante semelhante ao do amuleto rosa negra. Se for amado ou odiado, dificilmente morreria, pois ambos sentimentos são poderosos demais. E ele podia sentir aquele gosto salgado do ódio exalando por cada poro do ouriço antes azulado.

Sairei dessa. Ele não irá conseguir...

...

Aos poucos os que iam se recuperando acordavam. Tails já estava acordado há um bom tempo, mas não o suficiente para levantar-se, percebia que outros como Silver, Knuckles, Shade, Mighty e alguns desconhecidos que já estavam acordados, como também os Babylon Rogues – que felizmente não haviam sido feridos – ajudavam todos os debilitados que acordavam, com água e primeiros socorros. Cream socorria Amy, desacordada, um pouco mais longe dali, mas ele não tinha certeza que estado a ouriça poderia estar.

As queimaduras no raposo pareciam estar no corpo inteiro e a dor era lancinante; ele mal podia abrir os olhos. Pôde ver dois borrões no céu cor-de-breu. Um amarelo-vívido que movia-se mais rápido que seus fracos olhos podiam acompanhar e uma figura obscura – iluminada pela outra brilhante. Levou alguns segundos para lembrar o nome da coisa brilhante – Sonic. Ele pareceu bem no início, mas agora, podia perceber que o borrão lutava com mais firmeza e parecia estar vencendo. Parou de acompanhar a batalha quando sua mente entrou em um estado de trabalho inferior, como se estivesse sendo desligada aos poucos e sentiu que fosse apagar - não como um cochilo, mas um como um descanso eterno.

Será que estou morrendo? — Cada centímetro de seu corpo estremeceu.

Era uma força maior do que ele, completamente esmagadora e hostil, como se estivesse impedindo um oceano de passar por uma porta. Afligido, pensou em desistir.

Talvez eu não tenha que lutar mais.

Dificilmente pensava na morte. Na verdade, havia pensado mais na morte nos últimos dias do que toda em sua vida. E agora, ela parecia tão acessível a todos ali.

Mas meu amigo, não. Ele tem que continuar.— Tails pensava em fazer algo antes de se entregar à escuridão. Tinha que expressar aquilo que o motivou. Juntou todas as forças que pôde para gritar em alto e bom som:

— Sonic! – Todos, inclusive o borrão amarelo pareceram lhe ouvir. Droga! Preciso me esforçar mais que isso.— Lembre-se porque você está aqui!

Foi o suficiente para que pudesse cair na escuridão.

Todos que ouviram percebiam o tamanho do apoio que aquela mensagem podia significar. Assim, aos poucos, foram repetindo aquela mensagem como uma frase de encorajamento:

— Lembre-se porque você está aqui!

— Sonic! Lembre-se porque você está aqui!

— Lembre porque você está aqui.

...

Sonic ficou paralisado diante daquela ação tão grande. O grande coral de amigos estava motivando-o. E aquilo despertou-o.

Estou lutando por ódio. — Pensou o ouriço.

Aquela não era sua verdadeira intenção. Cabisbaixo, lamentou.

Pyro desesperou-se.

Aqueles vermes!

— Pyro, lutei com você pelos motivos errados...

Não.— Pyro estremeceu.

— Eu não deveria esquecer que tudo que sou depende principalmente daqueles que estão lá em baixo...

Não!— Pyro afligiu-se ainda mais.

— E eles são o motivo da minha luta! É por eles que devo lutar! Não pelo simples desejo de te destruir! Eu não posso te odiar. Eu não vou te odiar. Eu te ignoro!

NÃO!— Pyro perdeu o chão. Estava completamente paralisado. Ele podia sentir. A indiferença de Sonic confrontou-o. Podia sentir seus membros enfraquecerem. Não conseguiria gritar, nem se tentasse. Estava realmente perdido. Seus olhos perderam as cores do universo ao redor. Enfraquecido, apenas vislumbrou um ouriço poderoso reunir forças suficientes para acabar com ele.

— E agora. Eu dedico toda minha luta a eles!

Sonic avançou.

— CHAOS CONTROL!

Em apenas dois segundos, Pyro percebeu o impacto. Mas não sentiu dor alguma. Apesar do sentimento de plena derrota, sentia-se como um desbravador que iria descobrir um novo lugar que talvez nenhum ali havia ainda provado. E nesse novo mundo, ele já se sentia um vencedor.

Logo o vazio o preencheu. E depois, o nada.


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