A Batalha da Cidade escrita por Lucas C, Kevin


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora da postagem galera, mas estávamos esperando por alguns comentários!



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Batalha da Cidade

Capitulo 6

– Não siga os nossos passos! -



Eu já dizia aquela frase com mais naturalidade, mas no começo eu costumava chorar e ficar completamente arrasada. Que tipo de pais largam uma filha em um internato, mesmo que de luxo, e diz para que ela não faça as mesmas coisas que eles estão fazendo. Que tipo de pais dão prioridade a suas carreiras ao invés de darem atenção aos seus filho?

– Que tipo de pais dão prioridade a suas carreiras ao invés de darem atenção aos seus filhos? -

Meu lindo entende do que estou falando. Ele percebe que isso é um absurdo. Ele poderia estar gritando, ele poderia estar chorando, ele poderia estar me insultando, mas ao invés disso está aqui amparando-me enquanto esperamos o idiota do delegado aparecer para nos liberar.

– Imagino que seja o mal de quem tem muito dinheiro. - O comentário de Rafael fazia todo sentido, mas não era aquele o meu caso. - Mas, espero que não se torne como eles no futuro. -

Eu dei uma risada que o deixou meio desconsertado. Achei melhor evitar falar que eu entendia meus pais. Treinadores Pokemons de elite tem que viajar muito e isso acaba não sendo vida para uma adolescente que deveria estudar para descobrir o que quer ser na vida. Eles ficaram comigo até os 13 anos e depois partiram para acabar suas jornadas, antes disso cada qual revezava comigo durante um ano, isso quando os dois não ficavam e abdicavam de tudo.

– Talvez fossem Treinadores Pokemons de elite... - Rafael me surpreendia a cada minuto. - Mas, quais as chances de Tatá ser filha de dois treinadores? Um já seria estranho. - Ele deu uma risada gostosa.

Quando acordei sabia que o dia prometia. Mas, não imaginei que iria me apaixonar, confirmar que o garoto é tudo de bom e ainda por cima ser presa. Tudo bem, sempre achei que acabaria sendo presa. Eu sou dessas, sabe. Sempre me metendo em uma confusão. Nada muito sério, mas sou curiosa e tenho vontade de salvar o mundo. Nem que seja o meu pequeno mundinho de tédio dentro daquele internato de esnobes.

– Acha que eles vão demorar muito para nos ouvir? -

Eu pisquei algumas vezes perplexa com a pergunta do garoto que estava na cela junto com Rafael. Ele havia sido preso na invasão a minha escola, da mesma forma que Rafael e eu. Bom, na verdade não da mesma forma, já que ele invadiu para atacar-me e a outros alunos que também são treinadores.

Os alunos da Escola Técnica estavam atrás de pontos e resolveram que os alunos do internato eram presas fáceis se estivessem na escola. Aposto que pensaram que poderiam fazer como os alunos da escola de Patrick ou de Aline. A diferença é grande e chama-se invasão de propriedade. Rafael e eu estávamos no pátio nos despedindo e a galera pulou o muro e veio para cima querendo batalhar. Os policiais chegaram vinte minutos depois batendo em quem encontravam pelo caminho. Gritei algumas vezes que era aluna, mas não me escutaram. A conclusão é estar sentada em uma cela desde as oito e meia da noite sendo que já está dando meia noite.

– Não querem escutar nenhum menor sem um adulto responsável por ele. - Falei para o menino. - Mas, acho que a demora maior é a conversa com o responsável do que a espera por sua vez ou pela chegada do adulto. - Tentei não parecer desanimada ao falar aquilo.

Rafael falou qualquer coisa com o rapaz que estava junto com ele na cela enquanto eu começava a me perguntar a mesma coisa que o jovem. Quanto tempo eu iria ficar ali? Meus pais estavam em viagem. A escola não atendia os telefonemas e tive que apelar para Aline. Minha liberdade nas mãos da patricinha chefe, eu deveria começar a ficar desesperada. Deveria começar a torcer pelos pais de Rafael se responsabilizarem por mim também.

Acho que nesse ponto ele tem muito mais sorte. Os pais deles com certeza não se opuseram a ideia de Treinadora Júnior. Não ficaram escolhendo para que cidade ele iria para ter mais chances e muito menos desapareceram sem dar a menor orientação ou desejo de boa sorte. Pois é, meus pais são desses. Um misto de dedicação entre a família e o trabalho.

Os pais de Rafael devem ser mais normais que os meus. O que me lembra, Rafael não deu nenhum telefonema. Como ele poderia sair sem um adulto? Será que ele estava esperando por mim e toda a explicação sobre ser convidado e não um invasor? Por que ele não veio a policia falar sobre a irmã desde o começo?

– Rafael. - Chamei-o, interrompendo a conversa que ele tinha com o menino. Mas, ele fez um sinal de que precisava de alguns segundos. Ele parecia repetir para o garoto que ele poderia o tirar dali no pior das hipóteses. - Tirá-lo daqui? -

Rafael virou-se para falar comigo, sua expressão estava em um misto de desespero e satisfação. Aquilo era confuso, mas nem tive tempo de perguntar a porta se abriu e um senhor de terno passou fechando-a logo em seguida. Agora eramos quatro na área das celas.

– Desculpe-me Carlos, mas seus pais não atenderam. - Disse o senhor de terno apoiando-se na porta.

Eu sabia que era o delegado da cidade. Eu conhecia o rosto e o nome das principais autoridades da cidade. Moreno, cabelo crespo e até tinha um rosto bonito. Era conhecido como delegado Gomes. Um homem comum, totalmente dedicado ao trabalho que havia parado-se da esposa e família a pouco mais de seis meses.

– Vamos tentar acabar logo com isso. - Prosseguiu ele ainda apoiado na porta. - A mocinha e seu amigo serão liberados. Recebi a informação, que demorou um pouco para confirmar, que vocês não invadiram. São aluna e visitante convidado. - Ele suspirou. - Peço desculpas pelo incidente. Se quiserem processar a delegacia fiquem a vontade. Adorarei receber mais pais e perguntá-los porque deixam os filhos agirem como delinquentes. -

– Fique tranquilo. - Eu disse. - Era seu dever. Não tinha como diferenciar. - Eu já me levantava preparando-me para ser libertada junto com Rafael, mas percebi que ele ficou olhando para o garoto que estava na cela com ele. - Rafael? -

– E quanto a ele? - Questionou Rafael.

– Como eu disse antes, ele tentou ligar para os familiares e não conseguiu. Deixei um policial para continuar tentando encontrá-los. Devido a invasão ele permanecerá detido até que um responsável venha para liberá-lo. -

A informação era dada enquanto a minha cela era aberta. Sai e ele a fechou, talvez por procedimento já que não havia ninguém ali. Logo após foi até aos meninos, abriu a cela e fez sinal para Rafael que saiu olhando para o garoto. Assim que fechou o delegado começou a nos encaminhar para a porta, para deixarmos a área das celas.

– Espere. - Disse Rafael parando antes que o delegado abrisse a porta. - Não tem nada que podemos fazer para liberá-lo? Ele é um adolescente. - Rafael suspirou. - Somente um garoto que tem um sonho de ser Treinador Pokémon. -

O delegado revirou os olhos. Ficou claro para mim que ele tinha uma opinião que tentaria não expor para não nos ofender. Acho que não queria alongar aquela situação. Era nobre do Rafael querer ajudar o invasor, por sinal eu admirava-o ainda mais por isso. Mas, tínhamos uma missão a cumprir e uma pessoa a resgatar. O que estou dizendo? Estou numa delegacia! É hora de acabar logo com isso. Avisar a policia sobre o desaparecimento e dar dados sobre o Patrick. Devo estar ficando com sono para demorar a pensar nisso.

– Tenho informações sobre um possível sequestro por parte dos alunos do Colégio Estadual. - Eu disse apressada, mas Rafael olhou rapidamente para mim alarmado.

Fiquei confusa. Não o conhecia tanto para entender o que as expressões queriam dizer, mas era nítido que ele não queria contar sobre a irmã desaparecida. O delegado já olhava-me curioso e esperando.

– Estou esperando. - Disse ele. - Qualquer coisa para que essa baderna gerada pelo Batalha da Cidade acabe. - Ele manteve-se com a porta fechada falando em um tom baixo e casual. - Estou com todos os meus homens nas ruas tentando conter os jovens desesperados em busca de pontos. -

– Bem... - Era a chance. Ele ira deter os alunos do Colégio Estadual e o Patrick por algumas horas e os primeiros colocados estariam protegidos. Mas, Rafael continuava olhando-me com aquele olhar de que não era para falar nada. - Além dos alunos da Escola Técnica, que invadiram minha escola, os do Colégio Estadual estão forçando os outros a batalharem. Em grandes grupos eles perseguem competidores até um lugar que possam forçá-los a lutar até não poderem mais. E... -

– Sinto não poder escutar a saga de sua turma para deter o Colégio Estadual. - O delegado me interrompeu. - Mas, a noite não é tão longa quanto gostaria. Pelo menos, não para quem está querendo dormir a mais de quarenta e oito horas. - O delegado suspirou enquanto eu estava assustada. - Assustada? Deveria ver a cara dos seus três amigos sentados nos degraus da entrada. -

O delegado deu uma risada enquanto Rafael revirava os olhos como se já soubesse o que viria.

– Não posso prender nenhum Treinador Júnior por estarem perseguindo outros. Eles vão ficar aqui algumas horas, sairão para fazê-lo de novo se os pais não tiverem pulso. Outras cidades que não possuem esse tipo de problema poderão passar a ter, porque isso será noticiado pelo país todo. - O delegado parou. - Seus amigos tentaram me convencer a fazer algo, falaram sobre a aliança de vocês, sobre os ataques, sobre o jovem Rafael que está criando uma fama de justiceiro, pois não perde para ninguém. - Ele deu um sorriso quase de satisfação. - Falaram sobre o desaparecimento da irmã dele e sobre muitas outras coisas. - O delegado parou. - Sei que não veio a delegacia por causa da mãe. Se quer ser adulto e resolver tudo sozinho, não está indo bem! -


Eu estava estarrecida. Havia muito mais em jogo do que a Batalha da Cidade. Mas, pior era ver que as autoridades não podiam fazer nada. Olhei para Rafael que estava encarando o delegado como se estivesse a ponto de bater nele. Mas, só depois de falar da mãe. Realmente cabia a pergunta dos pais.

– Por que sua mãe não pode saber sobre sua irmã? E seu pai? - Questionei-o. - Eles vão te bater ou castigar? -

Rafael ignorou minha pergunta olhando para a cela e depois para o delegado. Eles pareciam conversar com os olhos o tempo todo. Nesse momento percebi que o delegado sabia também o motivo pelo qual Rafael não queria envolver a mãe.

– Aquele garoto sabe onde está o Patrick. - Disse Rafael. - Você o libera em troca da informação. Eu enfrento Patrick, salvo minha irmã e finalizo a confusão pela sua cidade. -

– O que? - Eu pirei ao escutar aquilo. Lutei e fui presa para não deixar Patrcik vencer e no final iria entregar tudo? - Está louco? Tudo que fizemos não terá válido de nada. -

– Posso vencê-lo! - Disse Rafael ainda encarando o delegado. - Salvo minha irmã e sua cidade. -

Fiquei olhando aquela conversa de Rafael e o delegado. Olhando agora, o tom de pele e o estilo de cabelo eram bem semelhantes. Era curioso como Rafael Gomes e o delegado Gomes eram parecidos. Espera! Os dois Gomes? A conversa com o olhar. Ele saber sobre a mãe e a lição de moral sobre ser adulto. São pai e filho?

– Trato feito! - Disse delegado estendendo a mão para o jovem a sua frente. - Apenas seja discreto sobre o trato, meu filho! -




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Notas finais do capítulo

Estamos seguindo para a reta final da fic, afinal era para ser curtinha mesmo!!!



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