Estava deitado na cama tentando dormir, porém a única coisa que conseguia era revirar-se sobre o colchão; Ichigo encontrava-se incomodado demais para conseguir pegar no sono. Já passava da meia noite e a baixinha que costumava dormir em seu armário não dera nenhum sinal de vida desde o final das aulas.

O jovem estava curioso e de certa forma preocupado. Não tinha a menor ideia de onde Rukia poderia estar, o que deixava-o inquieto. Acostumara-se a ter sua companhia na maior parte do tempo, já estava sentindo a falta da presença dela; falta de poder observá-la.

Vencido pela ansiedade, pegou o celular em cima do criado mudo e discou os números decorados.

- Moshi moshi. – disse a voz conhecida do outro lado da linha.

- Rukia?

- Ichigo? – indagou a pequena, surpresa. – Aconteceu algo?

- Eu é que devia fazer essa pergunta? – reclamou impaciente, levantando-se da cama. – Onde você está?

- Por que está bravo? – indagou, irritada com a impaciência dele. – Aconteceu algo aí?

Ichigo caminhou até a janela de seu quarto, e afastou a cortina amarela para ver a rua lá fora. Apoiou a mão livre sobre a parede, enquanto controlava sua exasperação.

- Você está aí ainda? – queixou-se a mulher, rabugenta. Ele deu pequeno sorriso, voltando a falar.

- Sim, eu estou aqui. – informou num tom tranquilo, olhando a lua brilhante no céu da cidade. – Eu só queria saber onde você estava... Você sumiu depois da escola. Achei que podia ter acontecido algo. – disse por fim, soltando um suspiro.

Ele pôde escutar outro suspiro da parte dela. Demorou alguns segundos até que Rukia voltasse a falar.

- Eu estava na loja do Urahara-san. – esclareceu, enquanto ele escutava atentamente. – Agora estou caminhando até sua casa. – Instintivamente Kurosaki voltou seu olhar para o horizonte da rua. - A noite está muito bonita, Ichigo. – completou.

- Eu sei... Eu estou vendo. – falou, enxergando pela janela uma mulher parada na rua. A pequena olhava em direção ao céu, segurando perto da orelha um celular. Ele então desligou o telefone, continuando a observá-la.

Do lado de fora Rukia ainda segurava seu celular, enquanto mirava a bela lua que brilhava no céu escuro de Karakura.

- Você está vendo, Ichigo? – indagou curiosa com o que ele dissera, mas não recebeu resposta alguma. - Ichigo? Você...? – Ela tirou imediatamente o telefone de perto da orelha e mirou o visor do objeto.  Ele havia desligado o celular. – Aquele idiota! – exclamou irritada, sem saber que ele a olhava de sua casa. – Quando eu pegá-lo!

Rukia foi se aproximando mal-humorada da casa dos Kurosaki, que estava a alguns metros de distância. Apesar de estar brava com o jovem, no fundo sentia-se bem por saber que ele ficara preocupado e ligara para ela; sorriu ao pensar nisso.

No entanto, sua atenção voltou-se para o celular ao perceber ele vibrando em sua mão. Olhou novamente para o visor, que indicava o recebimento de uma mensagem. Ergueu uma sobrancelha e esboçou um sorriso descrente ao ler o recado.

“Não demore a entrar, já estou cansado de te olhar de longe pela janela.”

Ela parou na frente do portão e olhou para o vidro que os separavam. Viu-o sorrir discretamente do lado de dentro, enquanto ela apressava-se em se esgueirar para chegar lá. Não faria Ichigo esperar mais nenhum minuto... Tinham muito que conversar cara a cara.

FIM