Era um dia ensolarado como qualquer outro, os dois irmãos, Pedro e Arthur, estavam na sala da casa.

A residência tinha dois andares, no térreo havia a sala composta por um rack para apoiar a TV, dois sofás marrons bem escuros que se destacavam em meio a tantas paredes brancas da casa, no canto da sala havia uma bela mesa de madeira com alguns painéis de vidro no meio, era uma daquelas mesas que se esticam para que mais gente possa sentar em um banquete de fim de ano, por exemplo! Ao lado da mesa fora posta uma porta de vidro que dava para o quintal com uma bela e reluzente piscina, o lugar “externo” da casa.

Ainda no térreo havia uma cozinha bem básica com um balcão para que pudessem tomar o café da manhã, almoçar e jantar, uma pia simples com, como sempre, uma louça pequena para lavar, nada além de um ou dois copos sujos seguidos por poucos pratos, à frente da pia havia duas geladeiras, uma menor para gelar bebidas e uma maior para gelar alimentos como carnes, frutas ou até sorvetes.

Os irmãos estavam sozinhos, pois seu pai e sua mãe haviam ido trabalhar, Pedro e Arthur estavam de férias e, proibidos de saírem de casa, ficaram cada um em seu mundo virtual, Arthur no celular e Pedro em seu computador. Estavam ambos alegres, cada um alienado em seu próprio espaço quando, no segundo andar da casa, uma porta bateu estrondosamente forte, algo comum naquela casa já que fora feita para ser mais gelada possível, por isso ali vento era o que não faltava, o som assustou Pedro, mas não chamou sua atenção, não o fez levantar-se da cadeira para investigar o caso da porta, pois ele já sabia a resposta, ou imaginava que sabia. O garoto voltou a mexer em seu computador calmamente, mas com o coração batendo forte, pois mesmo despreocupado, aquele fora um som inesperado.

Passou-se um tempo e o som foi outro, era um som que os irmãos jamais haviam escutado antes, Pedro logo assimilou os fatos: Alguém estava no segundo andar, havia fechado a porta para não ser facilmente notado, mas há quanto tempo “ele” estaria ali? Arthur pausou o vídeo que assistia no celular e apurou a audição a fim de ouvir melhor o som, Pedro fez o mesmo.

“Ouviu, irmão?” Perguntou Arthur.

“Sim” Respondeu Pedro.

“Estou com medo, o que vamos fazer?” disse Arthur.

“Vem aqui.”

Os dois irmãos dirigiram-se para a cozinha, Pedro pediu à Arthur que ele pegasse uma faca, os dois se prepararam com facas grandes e afiadas, mas na mente de Pedro aquilo de se armar com facas era meio confuso, pois se o bandido estivesse armado com pólvora e balas poderia se exaltar e atacar os dois irmãos, mas por outro lado, eles poderiam ameaçar o bandido caso ele estivesse desarmado. Pedro, então, teve uma ideia, correu para a mesa da sala e saiu para o quintal com Arthur, já do lado de fora da casa, Pedro, o irmão mais velho, ligou para sua mãe e relatou tudo o que estava acontecendo, falou baixo, pois não queria que o bandido o ouvisse alertando a mãe, enquanto conversava com a mãe ela lhe deu a seguinte dica: Ver se não havia escadas ou alguma forma do ladrão subir até o segundo andar sem ser percebido pelos irmãos. Os dois fizeram uma “vistoria” pelo redor da casa e não avistaram nada, a teoria de ser um bandido estava se desmanchando, mas havia um local que os irmãos não haviam ido e que poderia ser a entrada do bandido, a lateral da casa que dava para um terreno vazio, o ladrão facilmente poderia apoiar uma escada do terreno até um pedaço do telhado, subir pela caixa d’água e entrar em uma das janelas, porém ainda com medo, os irmãos resolveram ligar para o pai que também ouviu, de Pedro, tudo que estava acontecendo e ele mandou os filhos guardarem a faca confirmando o que Pedro tinha pensado sobre entrar armado de faca em um quarto com um bandido armado com arma de fogo, o pai também falou para Pedro e Arthur subirem enquanto conversavam com ele por telefone para relatarem tudo que estavam vendo, os irmãos obedeceram e Pedro, por ser mais velho, foi na frente, eles começaram a subir as escadas.

Com o telefone na mão esquerda relatando ao pai o que estava acontecendo, Pedro adentrou, junto com seu irmão Arthur, num corredor que passava pela frente dos quartos, os passos deles eram abafados pelo som do ladrão, os irmãos estavam sem nenhuma proteção e o pior: O som vinha do quarto deles.

Quanto mais se aproximavam mais o som tornava-se forte, o irmão mais velho tinha quase certeza de que o bandido iria ouvi-los, sair do quarto e atirar, passaram pelo primeiro quarto, o de hóspedes, Arthur tomou coragem e abriu a porta do quarto de hóspedes, isso fez um som muito alto da maçaneta sendo abaixada, o som ecoou pelo corredor e Pedro pôde sentir seus pés pairando no ar, ele prestes a cair, pois o som do bandido havia parado, o ladrão fora alertado graças ao som da porta do quarto de hóspedes abrindo.

Rapidamente Pedro foi até o quarto de seu irmão, onde também dormia enquanto o seu não estava pronto, e avistou o bandido.

Na verdade era só um banner que estava fazendo barulho com a sua ponta grossa de plástico batendo contra a parede, empurrado pelo vento, pois a janela do quarto estava aberta.

Sim, todo esse drama por apenas um banner de uma foto dos irmãos sentados em uma moto de praia, depois disso, os dois irmãos contaram para o pai e para a mãe, por telefone, o que era o bandido na verdade e todos riram, logo após cada um voltou à seu mundo virtual, mas tenho certeza que essa história nunca mais será esquecida pelos irmãos e ela será contada de pai para filho, de filhos para os netos dos irmãos e por aí irá indo até isso se tornar um mísero ponto no meio de tantas outras histórias atrapalhadas e mal entendidas!