Hanna estava passeando pela cozinha enquanto sua mãe estava fazendo o café da manhã. A loira estava a olhar pelos lados, cantarolando uma canção de Boston:

“I'm gonna take you by surprise
And make you realize, Amanda
I'm gonna tell you right away
I can't wait another day, Amanda”

Hanna parou e refletiu de que se tratava de uma garota. Cantar para uma garota. Isso soou estranho e ao mesmo tempo interessante para a Marin. Deu uma olhada no espelho, folheou algumas páginas de uma revista de moda e deslizou os dedos sobre um retrato. Hanna, no rabo de olho, viu a imagem e não ligou. Num segundo momento, olhou à foto e viu a imagem dela com uma menina de cabelos castanhos, bonita de olhos castanho-esverdeado. Franziu a boca e identificou a menina: “Aria?”.

Uma imagem sua desenhando duas meninas da mesma forma da foto passou pela mente. Não havia percebido que conhecia Aria há muito e não se lembrava. Deu uma pequena risada só com os lábios para si. Sentiu seu celular vibrar na calçar e prontamente verificou quem era ligando.

–Oi, Ar

–Oi Han! – sorriu la petite. – Queres ir à praia este final de semana

–Hanna ponderou por um tempo, olhou para a mãe rapidamente enquanto fazia ovos e respondeu – sim, querida. Quando?

Aria pausou, olhou pros lados sem mexer a cabeça e sorriu:

–Quando? Hellooo... Final de semana. Não acredito nisso – completou, dando uma risada.

Hanna só sorriu: -Ô, besta. Te encontro lá! Levo meu biquíni branco ou o rosa? – perguntou

–Rosa!

–branco então..

–Ok então... até lá. Ei! Eu te levo de carro. –disse Aria, depois de revirar os olhos.

–Até lá então. Kisses

Hanna não teve tempo de pensar e sua mãe já servira o café.

A loira subiu rapidamente os degraus de acesso ao quarto. Examinou seu guarda-roupa e achou o biquíni branco. Olhou de relance o rosa. Pensou um pouco e se viu no espelho

–Até que Aria tem bom gosto! – disse Hanna que até então se admitia de gosto superior.

Vestiu-se e observou seu reflexo que luzia sua pele alva e a cor delicada de sua vestimenta. A loira tinha estatura média e sua beleza se comparava a das deusas. Hanna sorriu com o canto da boca, virou-se e dirigiu-se à porta enquanto o espelho refletia seu belo dorso.

[...]

Aria a estava aguardando enquanto ouvia MPB. A pequena sorriu ao perceber a chegada da amiga, e conduziu o carro de sua mãe fora do estacionamento.

Hanna escutou a canção que tratava de um amor a uma mulher, interpretada também por uma mulher. Hanna olhou levemente para a leve Aria. Esta não notou, olhava só para frente. Espiou a coxa descoberta da pequena, que usava um short branco, que não contrastava nem um pouco com sua pele alva.

Chegaram a uma cidade próxima. Enquanto caminhavam pela areia, Hanna pensou um momento na poesia de Aria, enquanto o vento ruflava seus cabelos, até que o vento dissipou seus pensamentos por completo. Aria olhava para o lado, tentando achar algo que lhe chamasse a atenção.

Hanna estava a olhar para uns meninos que praticavam windsurfe, quando Aria chegou por trás e afundou a loira.

–Ahh, não tem graça...

A pequena riu e espichou água na menina que não mostrava uma cara agradável, até que esta cedeu ao riso e deu uma leve mordida no pescoço da pequena. Esta olhou para a loira, e lhe deu um beijo, que foi correspondido rapidamente pela loira. Aria olhou nos olhos de Hanna, olhou para baixo e saiu apressadamente da água enquanto Hanna olhava sem entender.

Hanna não ousou perguntar. Aquele momento era novo, nunca havia passado por algo parecido. Não sabia o que dizer. Hanna observava Aria entrar no carro, ficou parada enquanto deu um suspiro de braços cruzados e esfregando o dedo no braço. Olhou para o lado, desviando a suspeita de não saber aonde olhar e ficou olhando para os dedos do pé sestro que despontavam da chinela esquerda. Alternava o olhar para os pés e para Aria, para ver se a pegava olhando para si. Aria estava linda de biquíni verde musgo. Ficaram em silêncio até chegarem em casa: Hanna apoiava seu queixo no punho sobre a maçaneta interna do carro. Aria, só parecia estar concentrada na direção, só parecia, mas, na verdade, não se sabia ao certo. Hanna não pode ler sua expressão, se pensava em algo, no que pensava, mesmo com os óculos escuros de lentes marrom sobre a cabeça. Ficaria difícil ler-lhe os pensamentos com eles. Hanna deu um suspiro, mas Aria não pareceu ligar.

Spencer e Emily, esta com sua suposta namorada, estavam na praça em frente à casa de Hanna. Aria notou a presença delas, Hanna permaneceu distraída. Emily ousou um movimento, que foi barrado por Spencer, que não se sabia demonstrar uma intenção de preocupação ou de “me traga pipoca, deixe-me ver o espetáculo”. Parecia um espetáculo, uma ópera, um teatro. Aria forçava um sorriso tentando disfarçar, Hanna, com a cara baixa, sussurrando alguns versos de Heart.