Último Resquício de Amor(Quebre as correntes) escrita por Somniator92


Capítulo 5
Impressões no Céu




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Era educação física, e as duas amigas gostavam da aula. Praticavam juntas o vôlei. Spencer e Emily também. Emily e Spencer capitaneavam seus times, Hanna era do time de Spencer e Hanna, do de Emily. A canadense, descendente de filipinos, era muito boa em esporte, como sabemos muito bem. O objetivo da vida de Spencer era vencer, e com esportes não era diferente. Hanna tinha medo da bola. “Ah, minhas unhas!” e isso fazia Aria rir. Aria, por sua vez, era mais concentrada no vôlei e jogava razoavelmente bem. Do outro lado da rede, Hanna via Aria, que encontrou seus olhos e pintou um sorriso nos lábios. Hanna reagiu igual, mas disse só com os lábios. “Vamos vencer”. Aria riu de jeito meigo como lhe era característico, mas não concordou e manejou os lábios pausadamente: “Não hoje”.

Enquanto Hanna assimilava as palavras, uma bola lhe pegou de surpresa, caiu-lhe aos pés, dando-lhe um belo susto. Emily gargalhou, Aria deu uma risadinha gostosa, Spencer não se conteve. O restante das meninas na quadra demonstraram diferentes reações. Outras faziam chacota, outros só sorriam simpáticas à Hanna, outras impacientes pediam a bola de volta, outras admiravam desejando Hanna.

À tarde, estavam juntas as quatro amigas. Aria tocava o violão, Spencer observava os dedilhados, mas não resistia a sacudir levemente o corpo a dançar. Emily balançava a cabeça. Hanna, impaciente, sugeria uma canção de rock. Aria sorriu, havia ultimamente pesquisado sobre bandas de rock e muitas lhe agradavam, mas ainda preferia música brasileira; - Gal Costa, Calcanhoto, Tiê, Roberta Sá, Caetano, Thiago Petit - havia ouvido Free e Bad Company, além de várias outras, - The Doors, Pink Floyd, Boston, Foreigner - dispôs-se a tocar “Travelin’ Man” de Free. Hanna adorou, gostava de rock, mas preferia o mais alegre, o Hard. Mas era um rock suave, o que logo agradava as duas, já que Aria gosta de música doce e calma, o que impressionou Hanna com a doçura da rouquidão de Aria. Hanna observava atentamente Aria cantando, mas não deixava de curtir o momento da música. Aria prometeu à Hanna que lhe ensinaria a tocar a guitarra acústica. Aria e Hanna nunca foram tão amigas e os momentos eram vários, sorrisos dispersos e abundantes, cócegas, aconchego, carinhos, beijos, e alguns selinhos amigais.

Estavam na casa de Hanna, esta e a morena parva. Aria estava a escrever um poema. Aria se interessava pela arte, começou há um ano, aliás, a convite de alguns amigos. Aria via a beleza das pinturas. Reparava a geometria dos corpos das mulheres. As curvas, as linhas. Era de uma maestria e beleza imensuráveis. Observava a delicadeza dos jeitos das mulheres renascentistas e olhava a sensualidade de Afrodite. Aria nunca havia reparado na beleza das mulheres. Às vezes, encontrava-se no parque ou no jardim e sentia o olor das flores. O aroma lhe lembrava da das donzelas. Lhe vinha imagens de damas europeias na época da belle époque e do filme Farewell, my Queen (adeus, minha rainha), no qual Maria Antonieta tinha seus momentos românticos com Gabrielle. O filme era em francês, o que treinava seus conhecimentos. Mas conseguiu capturar toda a beleza do filme, as roupas, os meneios, a etiqueta, a delicadeza e imaginava os perfumes dos nobres e dos campos. E no campo, Aria, estivera. Quando ela foi ao banheiro lavar o cabelo com óleo de flores da Califórnia, da flor Não me Esqueça. Hanna aproveitou e pegou do caderno e notou como Aria escrevia bem, como sabia detalhar o cabelo, os lábios, olhos, o corpo das mulheres... Hanna sentiu um arrepio, não pode deixar de evitar as fantasias e imagens de si com outras garotas. Ao ouvir a voz de Aria, assustou-se e rapidamente pôs o livro na cama. Aria não viu o momento, mas desconfiou o jeito de Hanna, que escondia algo, mas deixou de lado.

Aria a fim de voltar pra casa desceu as escadas da casa de Hanna. Voltou-se a olhar os quadros e retratos, e percebeu o de duas meninas (ao contrário de Hanna, que é mais distraída). Ela se reconheceu. A mãe de Hanna prontamente falou que era Hanna e uma amiga de infância.

–Sou eu. - disse timidamente Aria, mas recuperou-se dando um sorriso agradável e amical.

–Ah, então vocês se conhecem há muito tempo. Realmente, vocês têm uma grande afinidade. Parece que foram até amigas em vidas passadas.

Ou Amantes. Como o Sol e a Lua, que sempre estão juntos desde o começo das eras.

Aria voltou à sua casa, e pensava naquele retrato. Depois de suspirar e pensar durante duas horas, adormeceu.


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