Dê-me o último abraço. Dê-me este abraço porque você sabe tão bem quanto eu que esta é a última vez que nos veremos. Eu sei disso porque sangro quando penso em você e já senti isso antes. Estamos nos separando.

É que você cuidou tanto de mim, me fez rir, me sentir confortável, me fez sentir que talvez eu pudesse ser amada. Não por você, não é mesmo?! Mas foi bom. Eu senti que poderia atravessar o mundo inteiro só com você ao meu lado, que comeria todos os doces do mundo e que você continuaria rindo, achando tudo muito bonito e engraçado.

Eu sempre pensei que você me salvaria em qualquer momento que eu precisasse e pra tudo o que eu quisesse e esqueci que você também era humano. Ignorei seus sentimentos pelos outros, eu queria tudo para mim, eu queria você pra mim, mais, muito mais do que você poderia me dar.

Depois de muito tempo imaginando como seria eu resolvi dar o meu primeiro passo, me esvaziar um pouco do que parecia que iria explodir. “Eu te amo”, eu disse, “eu te amo demais”, “te amo pra caralho”, “te amo mais do que vai imaginar um dia na sua vida”. Sem entender do que se tratava, só concordava: “eu também”, “eu te amo mais”, “eu também te amo pra caralho”, “te amo infinitamente”. Você achava que correspondia só que não era amor fraterno! Era algo totalmente diferente do que você imaginaria que sairia de mim!

Você provavelmente achou engraçado a primeira vez que saímos juntos, que eu fiquei com vergonha, achando que parecia um encontro e chamei outra pessoa para ir conosco... Eu entendi errado desde o começo, mas você não parecia se importar, era divertido. E continuamos assim, você estava sempre lá, ao meu lado. Diga o que quiser, só que sempre soube que eu não costumo a andar de mãos dadas nem com melhores amigos... Mas eu segurei a sua mão. Fiquei vermelha como um tomate e agradeci que estava escuro, mas segurei a sua mão. Você só estava confortando uma amiga, não era?! Eu sempre faço o contrário do que se era esperado.

E agora? O que eu vou fazer? Eu sempre explodo não é?! Eu não consigo segurar meus impulsos idiotas que me fazem correr, gritar, espernear para que você não saia com outra pessoa, para que fique só comigo. Meu ciúme bobo e imbecil que te coloca com raiva, te coloca sem falar comigo, te coloca indo embora...

Talvez seja melhor que você vá embora. É melhor do que conviver com a minha loucura, minha insanidade desembestada que parece que tenta destruir a sua vida. Eu devia ter te avisado antes que sou sensível a esse tipo de coisa. Devia ter te dito que esse tanto de não-me-toques seria mais para te proteger do que para mim. Eu me apaixono fácil, me apaixono por uma lágrima amorosa, um sorriso tímido, um elogio que veio do nada, um “ligue para mim quando precisar”. Eu não te preparei para este tipo de pessoa.

Eu só espero que agora você esteja feliz. Espero que este seja o seu tipo de garota, que ela goste das mesmas coisas que você, que vocês riam o suficiente para fazer com que as pessoas à sua volta também se sintam felizes. Espero que tenham gêmeos e que eles sejam lindos e saudáveis. Espero que dividam refrigerante de limão e piadas ruins. Não espero ser convidada para o seu casamento. Desculpo-me por te colocar no meio dessa teia de problemas, porque eu sempre imaginei o que poderia acontecer e não fiz nada para te tirar de lá.

Eu sinto muito por tudo que te fiz passar. Este é o meu último abraço, meu último “eu te amo”, meu último chocolate, meu último pedaço de pizza, meu último filme, meu último desenho animado... Meu último adeus.