É, aqui estou a caminho de mais um brunch beneficente. Ver todas aquelas pessoas esbanjando falsidade, com suas famílias falsamente perfeitas e todo o resto coberto de pura superficialidade. Tudo bem, sempre foi assim. Não sei o motivo de eu estar começando a me incomodar com isso ultimamente. Nunca liguei. Acho que cresci e deixei de me iludir e ser alienada igual a todos eles. Bom, vou deixar esses pensamentos de lado por umas horas, para que eu consiga estampar meu sorriso e jogar o jogo. Chegando no local, a cobertura de um prédio onde moram uns amigos do meu pai – que estão organizando o evento - , fui caminhando com minha mãe e cumprimentando todo mundo. “Acabou mais rápido do que geralmente acaba, ufa” pensei, sobre falar com aquelas pessoas. Fiquei então quieta na minha, comendo.

Enquanto comia, avistava de longe Andrew, o filho de um político bastante importante que estava na minha reta. Eu já o conhecia desses eventos. Minha mãe é louca para que eu namore ele. E vou te contar que eu também. Ele é maravilhoso! Alto, loiro, olhos azuis, malhado, educado, inteligente, tudo de bom. Só que, nem tudo na vida é felicidade. Esse príncipe maravilhoso tem uma namorada. A garota mais suja, sonsa, perversa, metida e baixa que qualquer pessoa pode conhecer. Casey Goddwin. Ela é filha de uma supermodelo internacional e um artista plástico super famoso. No meio onde vivemos, os adultos vivem falando bem dela para lá e para cá (obviamente, para puxar o saco dos pais dela) e acham que ela é uma princesinha do bem. Mas na verdade, a garota é a maior vadia. Já deu para quase a escola inteira. Para os mais bonitos que você pode imaginar, para alguns nerds que pagaram e até uns professores. Além disso, eu acho que ela também já pegou algumas meninas e eu já a vi fumando maconha. Mas se você não a conhecer direito, você nem imagina. E eu aposto que o Andrew não a conhece tanto assim, a não ser que ele também seja uma farsa. Mas acho muito difícil.

Depois do brunch, segui para casa. Ficaria o dia inteiro em meio a cabelereiras, massagistas, maquiadoras, manicures, costureiras e muito mais. Hoje aconteceria a festa de Boas Vindas do colégio (festa que sempre acontece antes de o ano letivo começar) e minha mãe como sempre, queria que eu estivesse maravilhosa.

---

Faltava apenas uma hora para a festa e eu já estava pronta (roupa da Kimmie). Entrei na minha limusine e fui até a casa da minha melhor amiga,Briana Highs. Bri é a melhor amiga que alguém poderia querer. Garota meiga, divertida, inteligente, sempre está lá por mim. Somos melhores amigas desde crianças. Chegando lá, já faltava apenas meia hora. Bri também já estava pronta, e linda por sinal. ( roupa da Bri)

Então fomos para a festa. Chegando lá, estava tocando “Elastic Heart”, da Sia. Estava tudo bem decorado, como sempre nas festas do colégio. A primeira pessoa que vi foi Andrew. E como ele estava gato! Mas não conseguia o olhar nem por três segundos sem que a vadia da namorada dele aparecesse. Estava indo pegar bebida com Bri, quando ouvi alguém falar comigo. Claro que era Casey.

- Ei, K. Está tudo bem com você? Aproveitando a festa? – perguntou, toda sonsa. Ela sabe que eu odeio quando ela me chama de “K”, porque só a Bri pode me chamar assim.

- Oi, Casey! Tudo ótimo, a festa está ótima. Obrigada por perguntar. – respondi, devolvendo a falsidade. Saí andando, para cortar a palhaçada.

- Calma, querida. Onde você vai? Não terminamos ainda. – obvio que ela queria mais do que uma conversa civilizada, óbvio.

- Ah sim, me desculpe então. O que mais você tem para falar? – respondi, voltando e fingindo não ter vontade de quebrar os braços dela que me seguraram para eu não sair. Venenosa.

- É que eu queria saber se houve alguma coisa com o seu pé ou se você dança mal assim mesmo. – disse, me tirando do sério.

- Não, não tem nada com o meu pé não. Mas vai ter na sua cara se você não calar a boca e parar de falar merda.

- Nossa, K. Aposto que não foi assim que seus pais te educaram. Você andou frequentando escolas publicas foi?

- To sem paciência para você, sonsa. – falei, puxando Bri pelo braço e saindo.

---

Já se passava do meio da festa e eu estava sentada numa mesa, sozinha. Briana tinha se arranjado com um garoto e eu estava sem animo para dançar sem ela. Resolvi ir tomar um ar na parte da entrada da escola. Encostei na parede e fiquei mexendo no meu celular. Quando percebi, tinha um grupo de jovens no outro lado da parede. Eles eram diferentes da maioria dos alunos daquela escola. Usavam, preto, casacos de couro e blusas de bandas. Tinham piercings e cabelos estilosos. Estavam rindo e tirando fotos. No meio deles, tinha um garoto. Não parecia ser muito alto. Era branquinho, tinha o cabelo loiro escuro com um corte bonito. Ele usava uma blusa de uma banda chamada “Sex Pistols” com uma jaqueta de couro por cima. Uma calça um pouco rasgada, um all-star preto e usava uma bandana vermelha na cabeça. Ele me chamou muito a atenção. Não estou acostumada a ver esse tipo de gente. Ele era sexy.

Certo tempo depois percebi que estava olhando demais e então voltei a encarar meu celular. Mas a única coisa em que pensava era que queria que Bri estivesse comigo para ver isso.

- Ei, ei garota, você do outro lado. – Sim, o garoto sexy estava me chamando. OMG! Olhei para ele. – Pode tirar uma foto nossa, por favor? – pediu, me desanimando completamente.

- Claro. – disse e sorri.

Tirei a tal foto, depois ele agradeceu, sorriu e eu fiquei tão constrangida que voltei para dentro da festa, na esperança de que o amasso de Bri já tivesse acabado.