Ela o mediu com os olhos vidrados, de cima a baixo, e por um momento o nervosismo e a ansiedade tomaram conta dela, fazendo com que ela molhasse os lábios com a língua, instintivamente.

Ele já havia se dado conta dos planos dela, e uma vez descoberto as verdadeiras intenções por baixo daquela fantasia, ele resolveu brincar com ela antes de levar o prêmio para casa. Subitamente retirou a mão do contato com a pele dela e se afastou, provocando em Cameron um olhar de espanto, sem entender a súbita mudança de comportamento.

– O que vc ta fazendo?! – ela perguntou de repente.

– Se eu vou pagar por isso, vai ser do meu jeito! – ele respondeu malicioso, e depois completou – vamos voltar pra festa. Tem outras coisas que quero tentar fazer antes de completar o “serviço”.

Ela ficou ali, sentada, sem entender direito o que ele havia dito, enquanto ele se levantava com a ajuda da bengala e estendia uma mão para ela. Então ela ficou de pé, um pouco resignada e o acompanhou.

Quando entraram no Hospital decorado, Cuddy havia acabado de dar início ao discurso daquela noite. Em silêncio eles procuraram dois lugares vazios numa mesa próxima, onde também se encontravam Foreman, Chase e Wilson. Sentaram lado a lado e ouviram atentamente Cuddy discorrer sobre as necessidades do Hospital. Cameron parou o garçom que passava próximo a mesa e retirou um copo de bebida da bandeja. Ela precisa de algo forte o suficiente que a fizesse digerir os últimos acontecimentos no pátio. House a observava com sua visão periférica.

Wilson estava sentado na cadeira a direita de House. Aproveitou um momento em que as palmas cessaram e aproximou-se do ouvido de House, cochichando.

– Onde vc esteve?

– Eu estava tomando um ar com a mulher maravilha.

– O Que?

– Shiiiiiiiiiiiiiiiii! – agora é hora de prestar atenção na múmia falante ali. – e apontou para Cuddy.

Wilson se deu por vencido, mas ainda estava curioso sobre o que House estava aprontando.

Após ter conseguido se livrar das perguntas de Wilson, House decidiu que era hora de se concentrar em outra coisa. A importância de equipamentos avançados de radiografia, medicamentos para pacientes com câncer e toda essa coisa de festa beneficente das quais Cuddy não parava de falar já não tinham qualquer significado para ele naquele momento.

Sem ela esperar, House escorregou uma de suas mãos por debaixo da mesa, repousando um pouco acima do joelho de Cameron. Ao sentir o contato da mão quente em sua pele, ela virou-se para encará-lo, dando a ele um longo olhar interrogativo. Ele continuou olhando para frente, ignorando as perguntas silenciosas dela, como se não estivesse fazendo nada além de ouvir o discurso.

Ainda mantendo as aparências, ele arrastou a mão para cima alcançando o ponto desejado. Cameron tremeu e mil pensamentos passaram em sua mente, mas o principal era se ele pretendia continuar com aquilo ali, na frente de todo mundo.