Reviravoltas escrita por Judy


Capítulo 25
Admirador secreto


Notas iniciais do capítulo

Olá, quanto tempo não é mesmo? Nunca achei que ficaria tanto tempo longe dessa história longe de vocês... Mas agora estou de volta, aceitando todas as pedras e tudo mais. Entendo você, não sei ao certo por que deixei de aparecer e acho que minhas desculpas não serão o suficiente. Estou aqui e é isso. Revi todos os capítulos e arrumei alguns erros, se acharam algum por favor me avisem. Acho que minha escrita melhorou um pouco ou pelo menos está um pouco diferente do que era antes, espero que gostem. Percebi que eu era meio infantil pedindo os comentários e tudo mais, nesse ponto não tenho direito de pedir nada de qualquer modo, mas é isso comentem se sentirem vontade. Enfim, espero que gostem desse capítulo que não está sendo postado hoje aleatoriamente, ele vai especialmente pra aniversariante do dia que me ajudou muito a voltar pra cá. Esse capítulo vai especialmente pra você, Ju!

Espero que gostem.



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Eu sonhei naquela noite.

Sonhei com minhas mãos acariciando seu cabelo macio.

Sonhei com seu rosto.

Sonhei com seus olhos procurando os meus.

Sonhei com seus lábios.

Sonhei com aquele fim de tarde.

Sonhei com aquele dia.

E acordei chorando.

Meio confusa.

Sem saber exatamente o porquê das lágrimas.

Não esqueci nada, nem por um segundo, durante o fim de semana que se arrastou.

Não esqueci o desmaio nem a lembrança tão real e vívida de momentos antes, não esqueci o sonho nem as lágrimas e, principalmente, não esqueci dele. Lembrei dele a cada ação, a cada pensamento, a cada suspiro meu.

Eu tentei, juro que tentei não pensar em nada disso, mas os pensamentos pareciam vir por vontade própria. Evitei entrar nas redes sociais, tentei estudar ou ler, mas simplesmente não consegui me concentrar em nada e, por isso, quando o domingo finalmente chegou, passei a tarde deitada na cama olhando para o teto.

Não funcionou.

E o domingo passou tão lentamente quanto o sábado. Desisti de tentar lutar contra mim mesma e me afoguei nas lembranças e sempre que estava quase sufocando, totalmente sem ar, envolta em um tsunami de memórias, alguém me salvava.

O primeiro foi o Mike.

— Tá tudo bem, Bruna?

De início não respondi, ainda estava meio atordoada, então só acenei que sim com a cabeça.

— Você tem certeza? - ele insistiu me tirando daquelas águas. - É que você está tão calada desde aquela festa, aconteceu alguma coisa?

— Não...

— Pode falar, - ele pediu entrando no quarto. - eu e o Mitchel acabamos com que tiver feito alguma coisa com você.

Não respondi.

— Ele é lerdão mais serve pra alguma coisa.

Então consegui sorrir. Meu pequeno conseguiu me tirar dos meus devaneios, mesmo que momentaneamente, ele conseguiu. Eu me levantei e comi alguma coisa. Mitchel não estava em casa e a Helena não me fez perguntas. 

Depois de passar o sábado inteiro trancada no quarto eles resolveram não me perguntar mais nada, só acho que esqueceram de avisar ao pirralho. No sábado, de vez em quando alguém batia na porta e me intimava a comer alguma coisa.

Esses pequenos momentos me salvaram.

No fim do domingo já estava melhor, saí do quarto pra jantar e mantivemos uma conversa leve. Tomei um banho e dormi mais tranquila, só queria que o dia seguinte chegasse e eu conseguisse me distrair o suficiente pra não lembrar de nada.

Desde a minha chegada na Califórnia eu não tinha dado espaço para esses pensamentos, evitava-os a todo custo, mas não eram poucas lembranças, Lucas, meus pais, meus amigos, a escola, minha vida. Não é tão fácil ser tirado de sua realidade e ser forçado a viver outra vida e fingir que nada aconteceu.

Mesmo ao me deitar não verifiquei as mensagens, não tinha esperanças, ele não me mandaria nada. Ele não me respondeu nada desde o dia que cheguei aqui, não tem motivo pra ele lembrar de mim por isso.

Não sonhei de novo.

—@-

Acordei evitando pensar nos últimos dois dias, semana nova, cabeça nova. Mas meu coração não parecia concordar com a minha cabeça e pesava uma tonelada em meu peito. Um pressentimento ruim me dominou, mas eu não me rendi. Evitei a todo custo.

— Bom dia!

— Bom dia, Bú. Como foi o fim de semana?

Uma sombra de seriedade e choque passou pelo meu rosto, mas me detive e sorri.

— Dormi mais do que nunca! - respondi me concentrando em seus olhos tempestuosos sem pensar realmente no fim de semana.

— Eu dormi mais no sábado, mas o domingo foi bem agitado.

Não quis perguntar o que ele fez no domingo e o Willian não disse mais nada, então simplesmente ficamos em silêncio participando passivamente da conversa entre Emma e Clary, Andrew não tinha aparecido ainda.

A aula passou mais rápido do que eu imaginava e incrivelmente eu entendi tudo que os professores falaram. Eu não estava tendo nenhum tipo de dificuldade com a matéria já que eu já estava na metade do segundo ano no Rio, então estava vendo a matéria de novo. Meu foco agora era estudar e voltar para o Rio, porque no fundo eu ainda tinha esperanças dele voltar pra mim, só não queria pensar nisso até eu estar lá.

— Ei, Bruna, eu estava pensando se você não quer ir lá em casa hoje, eu acho que essa semana eu vou ter um teste de matemática e não é como se eu estivesse sabendo tudo. Os testes aqui são surpresa então a gente tem sempre que estar preparada.

— Ah sim, claro, posso te ajudar hoje.

Nos despedimos de todos e fomos direto pra casa da Clary, avisei o Mitchel que eu não precisaria de carona e expliquei que não passaria a tarde em casa.

—@-

— É isso, não tem mistério nenhum. – finalizei.

— Nossa, Bruna! É muito mais fácil do que eu imaginava, meu professor explica muito mal, você daria uma professora melhor que ele sem dúvidas!

Clary na verdade era uma fofa e muito inteligente. Ela sabia fazer todos os exercícios e sabia todas as fórmulas, mas era uma aluna muito aplicada e realmente queria entender o que estava calculando e pra que precisaria disso. O professor dela realmente não era muito bom e eu aprendi aquilo duas vezes no mesmo ano.

— Acho que tá dando a minha hora já Clary, vou pedir pro Mitch me pegar.

— Sério? – percebi que seu sorriso ficou meio amarelado quando toquei no nome do meu irmão, mas ela logo disfarçou. – Achava que você ia ficar pro jantar!

— Poxa não dá mesmo, a Helena é muito rigorosa com isso de jantar. – dei uma risadinha.

— Ah sim, sua mãe é assim mesmo... – ela riu também e logo fechou a cara.

— Como você...

O clima ficou meio tenso, nenhuma de nós falou nada e eu me toquei que a Bruna lerda que fala demais entrou em ação de novo (pra variar).

— Ah esquece, foi mal...

— De boa, tá tudo bem.

Mas claramente não tava, liguei logo pro Mitchel, mas ele não atendeu às três ligações.

— Minha casa é muito longe daqui?

— Na verdade é pertinho, dá pra ir andando. Você segue a rua até o final e anda meia quadra pra direita.

— Beleza, acho que já vou indo, então, ruiva.

— Calma, eu queria te perguntar uma coisa...

— Pode falar. – olhei a hora no celular e já eram 18:30, 19 horas eu tinha que estar em casa, mas pelo trajeto que ela descreveu não demoraria muito mesmo.

— É sobre sexta, você sabe que o garoto de quem eu estava falando era o Andrew, você que falou comigo do cinema e eu não ouvi ninguém mais comentando nada. E eu tenho certeza de que a Emma falaria alguma coisa se soubesse, do jeito que ela é espalhafatosa... – ela sorriu, mas dava pra ver que estava meio preocupada. – Eu queria saber se o Andrew comentou alguma coisa com você? Vocês armaram aquilo? Ele gosta de mim mesmo?

— Olha, Clary, eu não quero ficar no meio disso, mas como eu já estou – sorri fraco – não tem como não falar. Como você tem dúvidas de que ele goste de você? Eu não sei o que aconteceu no cinema porque ele não me contou nada, mas depois da festa ele me levou pra casa porque eu tava passando mal e ele não parecia muito melhor do que eu. Eu acho que você tem que abrir o jogo pra ele, você ainda gosta do meu irmão?

Ela abaixou a cabeça e respirou fundo.

— Não. Eu não gosto dele. Mas parece que... – ela parecia confusa. – Eu não sei, quando eu tô perto dele eu me sinto tão mal e quando eu tô com outra pessoa ele sempre aparece na minha cabeça e... Eu realmente não sei...

Abracei-a forte e disse:

— Acho que você tem que se entender primeiro, mas nem por isso você tem que deixar o And no escuro, fala exatamente isso pra ele, ele vai te entender.

— Eu já não tenho tanta certeza disso... – ela respondeu cabisbaixa.

— Desculpa, ruiva, mas agora eu tenho que ir mesmo, fique bem...

—@-

O caminho na verdade foi mais rápido do que eu esperava, mas a conversa com a Clary tomou bastante tempo. 18:59 eu abri a porta de casa.

Pedi desculpas pelo meu atraso, mas a Helena ficou super de boa. O Mitchel ficou murmurando que se ele quem tivesse atrasado não ia ser assim tão simples, mas fazer o que, sou a preferida por aqui...

O dia terminou logo, nem liguei a internet do celular, não queria lidar com nada. Então só fui pro meu quarto depois do jantar, tomei banho e fiquei pensando na história da Clary com o Andrew, ele não me contou como foi o cinema... Mas eu acho que foi tudo bem, ele tava tão feliz quando chegou aqui em casa, o problema mesmo foi quando o Mitchel apareceu e a Clary ficou toda afetada, tadinho do And.

Enquanto pensava com meus miolos fui arrumando minha mochila. O And tava todo quieto hoje no colégio, apesar de eu ter ficado meio apática no colégio, ele na verdade nem ficou muito tempo com a gente, chegou atrasado e só deu um ‘oi’ no almoço e sentou com uns amigos do clube de robótica que ele frequenta. E na aula de física que a gente teve junto, o professor passou vários exercícios, aí nem conseguimos conversar sobre nada, mesmo sendo em dupla...

Espero que seja lá o que eles tenham conversado não atrapalhe a amizade de ninguém. Tirei o livro de física pra terminar o dever porque eu e o Andrew não conseguimos fazer tudo e um papel caiu dele.

Um admirador secreto, será?

Eram três folhas escritas à mão endereçadas a mim, do dia cinco, ou seja, sexta. Só pela letra já sabia que era do Andrew.

Califórnia, 5 de setembro de 2014

Cara Bruna,

            Não sei direito como começar esta carta e, para falar a verdade, estou me sentindo uma garotinha (sem ofensas!). Mas pensei que te contar pessoalmente seria ainda mais constrangedor, então a solução que encontrei foi escrever a carta mesmo. É claro que você sabe do que se trata, então, vamos direto ao assunto...


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Notas finais do capítulo

Obrigada por chegar até aqui e não ter me abandonado mesmo eu tendo sido bem idiota. O próximo capítulo (como já tinha falado nas notas anteriores) é a carta propriamente dita, ele não vai demorar pra chegar, na páscoa posto. Até mais!



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