– Oi - disse com um sorriso. Dexter ainda me olhava quando respondi.

– Pensava que estava no seu quarto.

– É, estava indo para lá agora.

– Eu acompanho você.

– Não precisa! - respondi educada. Mas minha vontade mesmo era dar um tapa nele.

Depois da minha resposta. Ele notou que eu não queria sua companhia. Sendo assim, eu continuei a caminhar, e ele ficou para trás com Camille.

***
Comecei a evitá-lo. Ele veio em meu quarto mais tarde, e pedi para lhe falarem que eu me encontrava dormindo. No outro dia, no almoço, não ousei olhar para ele, lutando comigo mesma, pois sabia que ele olhava para mim. Dexter também é muito ocupado, não iria ficar o tempo todo vindo atrás, tinha mil coisas para fazer.
Eu estava ciente de que aquilo que eu vinha fazendo era uma bobagem! Nós dois não somos nada além de amigos. Além do mais as garotas estão aqui por ele, uma hora ou outra ele ia beijar alguma!

Durante toda a minha vida, ate o dia em que cheguei ao palácio, eu achava que sentia algo por Dexter, confessei ser apaixonada por ele desde de criança, mas o seu jeito arrogante me fez perder o encanto. Então, ficou claro que eu não era apaixonada mesmo por ele. Ou talvez fosse, só precisava de um empurrão para perceber, pois vê-los ontem à noite, não foi legal, mas eu ainda não sabia o que sentia. Ou, eu posso estar começando a sentir algo agora. Não acredito que estou cogitando a possibilidade de estar apaixonada por Dexter! E ainda mais de estar com ciúme também!

Meus pensamentos estão a mil! Nem sei o que quero.
Comecei a me perguntar se eu quero mesmo ficar aqui. Isto é uma competição, e eu ja tinha visto que a realeza não é algo bom. Ja conhecia como era a vida de todos naquele palácio, e já sabia que não queria aquilo para mim. Eu deveria ir para casa.

Mas por quê então havia algo que me prendia ali? O palácio pode ser perigoso, mas foi ali que fiz amigos que quero levar para a vida toda! Andrea, Charles e Dexter

– Lissa querida! Tudo bem? - Perguntou Paige, minha professora. Estávamos tendo aula sobre várias coisas que princesas deveriam saber. Mas eu nem estava prestando atenção. Já sabia tudo.

– Sim! Posso ir tomar água? - Pergunto. Na verdade eu só queria sair um pouco. Tomar um ar.

– Sim, pode.

Então saí da sala. Fui em direção a um banquinho que ficava ali perto, era em frente a uma janela, o vento que entrava por lá ótimo. Me sentei.

Como era bom estar sozinha, sem câmeras ou pessoas refinadas lhe observando! Começo a sentir saudades de casa! Da minha mãe e do meu pai! O que eles tão fazendo agora? Fico tão triste de repente, foi a saudade que me deixou assim. Embora não ficasse sempre com meus pais, eu sei que eles me amavam. Penso tanto em casa, que lembro até do Harry! Será que ele ainda queria algo comigo se eu saisse daqui? Eu sorrio com esse pensamento.

Já aconteceram tantas coisas desde de que cheguei aqui. Ataque rebelde, atentado contra o príncipe tramado pela própria mãe, mensagem esquisita no espelho. A Seleção está sendo totalmente diferente do eu achava que seria! Juntando todos os acontecimentos e a saudade de casa, lágrimas teimam em sair, e eu deixo! Pois, esse tempo todo, eu não chorei nada, nem sei como aguentei! Desabo em um choro. Quem sabe isso não me deixa melhor?!

– O que aconteceu? - Me perguntou uma voz. A pessoa pôs a mão em meu ombro. Não reconheci a voz de imediato, então olhei para ver quem era.

Charles.

– Nada! - Respondo. Eu não queria falar nada, porque iria chorar mais e mais... Oh! O que está havendo comigo? Minha fase adolescente está me deixando louca. E não falta muito tempo para que eu fique de maior.

– Dúvido! Mas se você não quer me contar, tudo bem! De qualquer jeito, ficarei aqui com você. - Disse ele, sentando ao meu lado no banco, e me abraçando. Me senti um pouco melhor. Mas quem diria que logo ele ia me ajudar? Um homem, colocando a mão no ombro de uma mulher!

Aos poucos fui parando de chorar. Charles não fazia nada, apenas ficava ali comigo, me confortando. Estranhei ninguém vir me chamar novamente, pois faz mais de 30 minutos que saí da sala.

– Lissa, tudo isto está sendo demais para você né? - Perguntou Charles. No fundo, eu sabia que ele não me perguntou mais nada porque já sabia o que se passava.

– Sim! Antes eu não sentia nada, mas agora parece que tudo veio de uma vez, então não aguentei.

– Olha, eu entendo tá? Mas não chora, odeio ver mulheres chorando, você então... - Disse ele, alisando minha bochecha com o polegar.

– Tudo bem - Respondi, olhando nos seus olhos azuis. Eram tão bonitos, eram iguais aos de... Dexter.

– Interrompo? - Disse aquela voz firme. Que aparentava estar irritada. O próprio Dexter.

Eu e Charles nos levantamos imediatamente.

– Claro que não alteza! - Digo.

– Bem, eu tenho que ir! Depois nos falamos Lissa! - Disse Charles, que também estava aparentemente irritado.

– O que há com você? - Perguntou Dexter, incorformado. - Tento por dias falar com você, e agora a vejo chorando e meu irmão se aproveitando disso.

– Ele só estava me ajudando! E não há nada comigo! - Me irritei também, não gostei do tom que ele falou.

– Por quê está me evitando? - Perguntou ele chegando mais perto, mas cada passo que ele dava, eu também dava um para trás. Até que não teve jeito, e eu me vi prensada na parede. Fiquei nervosa.

– Eu não estou te evitando Dexter! - Falo, gaguejando. Droga, droga!

– Eu não tive nada com a Camille, se é isso por isso que está assim! Ela me viu ali sozinho no corredor, e me agarrou! Confesso que até eu fiquei surpreso, mas me soltei dela assim que pude. - Ele explicou. Bem, seu tom parecia sincero, mas eu ainda me sentia estranha.

– De qualquer forma Dexter, você não me deve explicações!

– Eu sei disso! - Falou ele, encostando seu corpo no meu, ele estava com a boca a milímetros da minha! Oh, não... - Mas você e eu sabemos Lissa, que nosso relacionamento não é apenas de amigos! Aos poucos está se tornando algo maior, só falta você querer admitir isso! Então eu me justifiquei porque, eu acho que devo sim uma explicação para você. Mas parece que, é só eu virar as costas, meu irmão aparece! Bem, isso não é problema para agora. A questão é: porque você ficou tão irritada Lissa? - Perguntou ele, sussurrando. Que idiota. Ele sabia o motivo, mas queria ouvir da minha boca. Ouvir algo que eu não queria admitir nem para mim mesma.

Eu estava prestes a gritar "CIÚME" quando um guarda chamou Dexter, ele se afastou de mim rapidamente, me deixando respirar novamente! Nunca na minha vida fiquei tão aliviada por um guarda estar por perto.

– Essa conversa ainda não terminou - Então ele vai embora, deixando uma Lissa mais irritada ainda, ofegante e confusa.