Uncommon Daydream escrita por Murtaugh


Capítulo 2
Finado Acontecido.




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Enquanto arrumava as malas, Verge não conseguia tirar da memória o dia nomeado por ele como “finado acontecido”.

Era uma noite qualquer. Verge e Zhaeri estavam de tocaia no carro, na porta de uma boate de strip-tease. Procuravam um homem conhecido por Tristan Blake, mas sabiam que possivelmente esse não era seu nome verdadeiro.

Esperavam pacientemente o homem sair da boate. A noite engoliu as horas, e nada do homem sair de lá. Os detetives já estavam começando a ficar preocupados.

Verge e Zhaeri eram parceiros de trabalho. Verge, um homem de 38 anos, uma ex-esposa e dois filhos os quais ele não tinha muito contato. Zhaeri, uma mulher de 25 anos que nunca fora casada, fora alguns relacionamentos que não deram muito certo.

Trabalhavam juntos para a polícia fazia dois anos, e juntos já tinham prendido vários criminosos. Possuíam uma relação fraternal muito forte, e se consideravam quase como parentes.

E aquele era para ser um caso qualquer, outro criminoso qualquer. Tristan Blake era suspeito do desaparecimento de cinco garotas de programa. Testemunhas haviam afirmado que viram as vítimas saindo com o suspeito da última vez que foram vistas. Depois de investigar, os detetives descobriram que a boate que vigiavam no momento poderia ser o próximo alvo do suspeito.

Os detetives estavam em silêncio no carro, que foi interrompido por uma exclamação de Zhaeri quando a porta da boate se abriu, e Tristan saiu com uma garota jovem. Andaram por alguns metros e viraram em uma rua estreita.

Zhaeri e Verge se armaram e saíram do carro. Aproximaram-se da rua estreita, e depois caminharam pé ante pé, atrás do casal. Tristan virou mais outra esquina e quando os detetives viraram, o suspeito havia saído de vista.

A detetive olhou para seu colega estranhando, e sentiu alguma coisa pingando em seu rosto. Quando ambos olharam para cima, puderam ver uma cena grotesca: O suspeito e a garota de programa estavam na grade da escada de emergência de um prédio: Ele, de olhos arregalados e vermelhos como sangue destroçava o pescoço da pobre garota com dentes anormais e não humanos.

Zhaeri instintivamente atirou sacou sua arma e atirou contra Tristan. Esse largou o corpo da garota de programa, que se chocou no chão. Verge correu ao seu socorro, percebendo que já era tarde demais para ela.

Tristan pulou sobre Zhaeri, que tentou atirar mais vezes. Porém, as balas pareciam ricochetear no suspeito. A detetive não conseguiu se esquivar e levou uma mordida no ombro. A dor se espalhou por seu corpo como se seus ossos estivessem sido triturados.

Verge sacou sua arma e atirou na misteriosa criatura, que largou Zhaeri para lá e fugiu. Quando o detetive foi socorrer sua parceira, ela estava ofegante, com os olhos revirando de dor.

Zhaeri foi levada para o hospital. Verge pensava em uma forma de explicar o que havia acontecido para seus superiores. Será que acreditariam? E acima de tudo, será que Zhaeri sobreviveria?

No hospital, a detetive se retorceu de dor e angústia por três dias. Ao terceiro dia, depois de um longo suspiro, ela parou de se remexer. Apenas Verge estava no quarto.

Um raio de sol que entrava pela janela e iluminava um pedaço do Zhaeri de repente refletiu, revelando na pele o que parecia ser milhares de pedaços de pequenos diamantes incrustados na pele.

Verge ficou assustado e ao mesmo tempo fascinado com o que via. Tão fascinado que não reparou quando a colega se sentou na cama, o observando com uma expressão confusa.

O detetive saiu de seu devaneio e olhou direto dos olhos de Zhaeri, vermelhos como sangue. Ela moveu os lábios um pouco antes de pronunciar algo como “sede” em uma voz muito rouca e muito baixa.

E quando Verge se preparava para gritar, a porta se abriu. Um médico entrou, e fechou a porta, distraindo Zhaeri de quase matar seu colega. E antes do doutor conseguir fechar a cortina, a luz do sol teve tempo de atingir sua face, dando o mesmo efeito da pele de Zhaeri.

O doutor entregou um pacote para à detetive, e disse:

– Beba. Irá te satisfazer por enquanto... É sangue de um animal selvagem, sacia a fome.

E depois se virou para Verge.

– Que indiscrição a minha... Saí de minha cidade natal, pois tinha um problema para resolver por aqui no hospital. Eu estava contando que o dia seria nublado, mas veja só: O sol me traiu. Agora tenho que esperar até de noite para deixar o hospital...

Verge moveu os lábios sem dizer nada, e o homem pálido continuou.

– Sua amiga vai ficar bem. É tudo questão de aprendizagem. Ah, desculpe-me, nem me apresentei. Meu nome é Carlisle Cullen.

Verge piscou. Inclinou-se para o lado e viu que Zhaeri bebia vorazmente o sangue do pacote. Gaguejou um pouco e enfim perguntou:

– O que... O que é você? E no que Zhaeri se tornou?

– Bem. Não é permitido aos humanos saberem disso, mas acho que você irá ganhar uma permissão especial, graças à um amigo que você irá conhecer em breve, então... Acho que posso te dar uma introdução, para que você não fique assustado: Eu sou, e Zhaeri se tornou o que você comumente conhece como vampiros.

A expressão de Verge foi de puro choque. Mas, seu lado racional imediatamente entrou em ação, juntando as peças do que ele havia pensado por três dias seguidos.

– Sua reação foi até mais amigável do que eu esperava – Disse Carlisle.

– Eu... Já fazia ideia que poderia ser alguma coisa desse tipo. O suspeito que estivemos procurando, bem eu vi com meus próprios olhos, e aquilo não era humano. Fico feliz em saber que não estou doido.

– Não se preocupe. Pelo que sei, já cuidaram dele. – e se virou para trás, conferindo Zhaeri. – Sua amiga já deve estar mais calma agora. Quando vampiros acabam de se transformar, eles ficam malucos e sedentos. Mas se ela tiver uma força de vontade boa, pode conviver normalmente com as pessoas, se souber ser discreta.

O bip no bolso de Carlisle soou e ele conferiu a mensagem.

– Bem, tenho que ir. Você consegue ficar aí e explicar para sua amiga o que aconteceu?

Verge balançou afirmativamente a cabeça.

– Certo. Não deixe que ninguém a veja, até alguém os buscar ok? E, aqui está o meu número – disse, entregando um cartão para o detetive. – Qualquer dúvida, pode me ligar.

Verge afirmou novamente, e o médico saiu.

O detetive respirou fundo. Zhaeri de fato parecia mais calma e conseguia conversar normalmente. Verge explicou sobre os acontecidos, e o que até então havia descoberto. Zhaeri escutava tudo enquanto observava atônita para coisas simples, como as luzes do teto e até mesmo a sua própria pele refletindo os raios do sol.

Quando a noite caiu, outro homem de aparência parecida com de Carlisle veio busca-los. Foram conduzidos para um carro preto, onde novas informações começaram a surgir.

O homem, que não revelou o nome, explicou que havia uma pequena divisão da polícia composta por vampiros e humanos que tinham a permissão de saber o segredo. Geralmente, eram policiais atacados enquanto trabalhavam.

Essa divisão resolvia especificamente casos relacionados às indiscrições de vampiros, que podiam revelar o segredo aos humanos. A divisão era subordinada de uma grande família da Europa, composta de vampiros chamada Volturi. Uma família poderosa que se via responsável por cuidar do segredo por todo o mundo.

O homem explicou que Zhaeri, se quisesse, podia ser treinada para conviver normalmente entre humanos, e podia controlar a sede de sangue. Ela tinha o direito de escolher entre ser vegetariana, nomenclatura usada para vampiros que consumiam apenas sangue animal, ou uma vampira regular que consumia sangue humano normalmente. Enfatizou que independente da escolha, a fonte de alimentos dela seria apenas a divisão, e ela era expressamente proibida de caçar.

E todo policial vampiro tinha seu representante humano, que no caso seria Verge. O humano ajuda o vampiro em situações que o segredo pode ser exposto.

Depois da informação, ambos aceitaram a proposta.

Demorou cerca de cinco meses até Zhaeri se adaptar. Depois, receberam o primeiro caso: Investigar a cidade de Urze. A detetive demorou um tempo reunindo todas as informações necessárias, mas agora estariam prontos para a ação.

Verge fechou a mala e suspirou. Esperava que tivessem sucesso naquela missão envolvendo esse estranho mundo sobrenatural.


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