— Essa é sua vingança? Se rebaixar ao nível de uma criança de 10 anos porque ficou bravinho? O que é que eu tenho a ver com vocês para você me forçar a fazer algo que eu não quero?! Você é doente?! — Estava tão furiosa que nem percebi que estava gritando.

— O Castiel claramente gosta de você. E ele também gostava muito de mim. Eu não posso permitir que você entre no meu caminho. Eu gosto dele a mais tempo.

— Nós nem namoramos! Nos somos só amigos! E falando assim você parece nunca ter saído dos seus 8 anos! Está com ciúmes de algo que nem existe. Você é um babaca mesmo.

— Você não foi a única. Ele já teve outras namoradas que eu roubei antes. Só que ele não sabe que fui eu que fiz elas terminarem com ele. Acho que ele suspeitava... Depois de hoje, ele já deve ter certeza. E obrigado querida, você foi uma ótima peça para o meu joguinho.

Me virei de costas e sai da sala. Eu precisava contar isso pro Castiel. Explicar pra ele... É lógico que ele iria acreditar em mim. O Lysandre disse que ele já deve saber dessa vingança idiota. Castiel... Me deixe explicar...

Corri a escola toda, ela estava vazia, já que a aula já tinha começado. Mas é lógico que o Castiel não ia voltar pra aula. Procurei no pátio, no clube de basquete, olhei até dentro do banheiro masculino... Nada dele.

"Ele deve ter saído da escola..." Eu conversava comigo mesma. Mas para aonde ele foi? Para casa? Para um parque? Para uma lanchonete?"...

Minha primeira reação foi ir até o parque. Todos vão para os parques quando estão tristes. Eu sempre vejo isso nos livros que eu leio...

Ele estava lá sentado, fumando. Eu corri até ele gritando-o. Ele apenas se levantou e estava indo embora.

— Castiel, me espera, por favor...

— Eu não quero mais falar sobre isso, só some daqui...

— Não, eu não vou embora enquanto você não acreditar em mim de novo. Castiel, ele me agarrou, e fez isso para te prejudicar...

— Eu já ouvi todas essas histórias. Todas as outras já me contaram. Eu estou chateado em saber que foi o Lysandre que me fez o corno número um... Só que eu acho que já que eu o vi, ele deve ter contado a historia toda...

— Castiel... Eu sinto muito pelo Lysandre, e por tudo que aconteceu na vida de vocês... Mas eu não sou mais uma que vai te trocar por ele. Ainda mais que ele está me seduzindo faz tempo, e eu nunca dei bola, porque o único que não sai da minha cabeça é voc...

— Voc...? No caso, eu?

Fiquei corada. Droga! Porque eu admiti isso tão fácil?! Eu sou burra ou...

Ele se aproximou de mim. Minha reação foi fechar os olhos e me preparar para sentir seus lábios. Era o que eu mais queria mesmo...

Mas depois de 15 segundos esperando de olhos fechados, eu abri os olhos e vi que ele tinha ido embora... Fiquei sem reação por um tempo, pensando como eu pude ser tão otária.

Depois de ficar parada mongando, fui em direção a casa dele. Corri o mais rápido que eu pude, mesmo que fosse super desconfortável meus peitos pulando.

Quando cheguei em frente a sua porta, toquei a campainha, gritei, chutei a porta... Mas nada do Castiel.

— Desgraçado... Ele está me evitando... O que é que eu fiz de errado? Ele fala como se a culpa fosse minha dele ter sido tão cruel com o Lysandre no passado, fazendo ele querer se vingar de uma forma infantil... Ai que merda! Eu achei que teríamos chances...

— Achou mesmo? — Castiel abriu a porta. Ele estava com uma toalha enrolada na cintura — Eu tinha acabado de entrar no banho quando um mamute começou a brincar com minha porta. Eu não ia atender, mas fiquei curioso. Então quer dizer que o Lysandre te contou tudo mesmo...

— Contou tudo. E eu acho que nós precisamos conversar. — Eu me segurava, meus olhos queriam muito olhar para baixo. Se eu fosse uma maga, pode ter certeza, usaria meus feitiços para aquela toalha cair no chão. Mas como não posso simplesmente puxar ela para baixo... Vou ficar apenas observando o volume que ela deixa, que no caso é bem grande, e...

— Você tá me escutando? — Castiel começou a estalar o dedo na minha frente. — Você veio conversar comigo, mas está no mundo da lua. Sobre o que está pensando?

— Você deveria colocar umas roupas e me chamar para entrar. Para podermos conversar apropriadamente, sabe...

— Eu acho que você só quer entrar para eu te passar creme de coco de novo... Se você quer saber, eu não perdoo rapido. E muito menos quando o que se trata é você ter beijado uma pessoa que já foi... Você sabe, importante...

— Eu não quero saber sobre sua relação com o Lysandre. Quero saber o que vai acontecer agora. — Eu abri a porta e fui entrando — E se você quer saber, eu nem gosto de coco. Agora, vá se vestir. Não quero ficar vendo essa sua barriga gorda.

— Não precisa fingir que não acha sexy. Quando você estava olhando da janela, parecia gostar do meu "tanquinho". — Ele subiu as escadas até seu quarto.

— T-Tanquinho? Isso ai não é tanquinho... E desde quando eu te olho da janela? Eu não sou esse tipo de garota, não...

Eu fiquei sentada em seu sofá por volta de meia hora. Depois de tanto esperar, ele desceu as escadas, secando o cabelo com uma toalha.

— Esperou muito? — Ele jogou a toalha em cima de mim.

— Esperei sim. Você podia avisar que ia acabar de tomar banho. Eu podia ter ido em casa e ter me trocado... Então, senta ai.

— Você não manda em mim, sabia? — ele foi em direção a pilastra, e ficou encostado nela — Você... Gostou de beijar o Lysandre?

— Eu já falei, aquilo não pode ser considerado beijo, e sim abuso! E não, eu não gostei. Foi nojento. Ele não sabe beijar, sério. Ainda mais que é dificil beijar alguém quando a outra pessoa está tentando te empurrar... Você ainda gosta dele?

— Eu sou Bi, caso não tenha percebido. É, eu gostei dele. Posso gostar um pouco ainda, mas isso existe em quase todo relacionamento. Passou. Eu não quero mais nada com ele, sei que ele não superou bem com eu superei, mas um dia ele vai ter que entender e passar pra frente...

— Quem você gosta agora? — Eu perguntei, indo em direção a ele. Fiquei bem próxima a ele, pressionando meu corpo contra o dele — Poderia ser... de mim?

— Eu já disse, não perdoo fácil. — Ele me empurrou um pouco, me tirando de perto dele. — Mas talvez seja você sim. — Ele me deu um beijo na testa. — Eu ainda estou com raiva, então é melhor você fazer alguma coisa pra me fazer esquecer essa cena que eu vi. Agora vai pra casa, cansei de ver você no meu pé hoje.

— Eu te odeio... Odeio tanto, que acho que chego a gostar muito de você. Até amanhã, seu mané. — Eu fui em direção a porta. Quando estava quase indo embora, virei o rosto e falei bem baixo — Eu te adoro, chatinho.

Fechei a porta e corri até minha casa. Será que ele escutou? Não sei. Espero que não...

Como sempre, passei direto pela minha mãe. Engraçado porque ela não mexeu comigo, não me chamou... Para falar a verdade, eu nem sei se minha mãe está em casa. Eu fui apenas direto para o meu quarto, joguei minha mochila na cama e fui tomar banho.

Depois que já estava cheirosa e limpa, resolvi ir na cozinha comer alguma coisa. Desci as escadas, ainda achando estranho minha mãe não ter mexido comigo. Quando cheguei lá, vi que em cima da mesa tinha varias sacolas de supermercado e um bilhete. Fucei nas sacolas, dentro delas tinham biscoitos, massas prontas, e vários outros tipos de comida. Depois de guardar tudo no lugar, fui ler o bilhete.

"Queria filha linda. Quando chegar da escola, eu não estarei ai. Eu viajei para visitar seu pai e seu outro irmão, mas comprei tudo o que você vai precisar. Não teve como eu despedir, porque a carona que eu consegui era para hoje cedo e bem, eu esqueci de te contar que ia. Vou ficar fora por uma semana, se acabar alguma coisa, compre com seu dinheiro, em casa eu te pago o que você gastou. Passe na casa do seu irmão caso tiver qualquer problema.
PS: Quero as notas fiscais!!! Beijos da mãe que mais ama a filha no mundo! XOXO"

U-Uma semana? Sozinha em casa? O que eu faço?! Eu vou ter que preparar o almoço, o café, e a janta?! Mas eu não sei fazer isso... Quantas colheres de açúcar eu preciso colocar no café para ficar gostoso como o que eu tomo todos os dias? Estou perdida!

Liguei para a Rosalya, desesperada e sem rumo. Eu acho que vou morrer.

— Amiga socorro! Ficar uma semana sozinha?!

— Pois é Rosa! Estou morta! Não vou sobreviver, a vida não me preparou para isso!

— Querida, se toca. Você está sozinha em casa. Eu vou ai e preparo a comida para você, mas você não consegue ver?! F-E-S-T-A! Eu te ajudo a arrumar tudo, se quiser até peço o pessoal dinheiro para as bebidas.

— Festa? Ah, eu não tinha parado para pensar nisso... Estou me sentindo uma criança. Qualquer adolescente da minha idade já teria pensado nisso...

— Você é lerda mesmo viu. Bem, eu vou agendar tudo aqui e te passo o dia que você vai fazer a festa. Deixa que eu convido as pessoas também, só conheço gente legal que não faz bagunça. Sua casa tem piscina?

— Tá Rosa, entendi. Vem aqui em casa amanhã pra gente falar disso. E sim, aqui em casa tem uma piscina nos fundos. Mas ninguém usa. Bye bye.

Desliguei o telefone e comecei a pensar. Uma festa até que é uma boa, para eu poder arranjar um jeito de pedir desculpas pro Castiel... Porque eu me preocupo tanto com ele? Nós nem namoramos. Bem que eu gostaria. Mas eu terminei faz um tempo, será que tem problema? É antiético? É errado? Ah, eu nem ligo para isso. Quero uma chance com o Castiel, e vou batalhar por isso. E essa festa, vai me ajudar.

Tem que me ajudar.