Harukaze escrita por With


Capítulo 49
Capítulo 49


Notas iniciais do capítulo

Bom dia!



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Harukaze

Capítulo 49

Meus olhos refletem sua imagem

Mesmo que o dia em que eu irei perder você de vista irá chegar

Você estará sempre bem em frente aos meus olhos

Em dias em que a luz do sol brilha por entre as copas das árvores

  Os passos de Daichi o levavam solitário pela caverna, enquanto carregava os cabelos de Tsuhime. No começo achara a ideia de Kabuto estúpida, contudo, após entender parcialmente os planos, ele o via agora com um ar diferente. Mentes de cientistas eram difíceis de comparar, muitas das vezes pouco se entendiam sobre eles, mas a inteligência e o modo de olhar as hipóteses de diversos ângulos possuíam algum fundamento. Tudo parecia se encaixar, como peças de um quebra-cabeça inacabado.

  O aroma cítrico do perfume de Tsuhime empesteava o corredor e Daichi refreou os passos antes de alcançar o laboratório. As palavras dela repercutiam em seus pensamentos durante todo o caminho, evidenciando em como tinha razão. Tsuhime fora vítima de experimentos dolorosos, muito mais invasivos do que Kabuto prometera a ele e aos seus amigos, que agora cogitava se deveria mesmo continuar com aquilo. Uma parte de si alertava que não acabaria bem, a outra gritava que seu corpo e habilidades precisavam avançar depressa. E a chance de ser reconhecido falava mais alto.

  Portanto adentrou o laboratório, vendo-o iluminado pela enorme câmara de água, onde uma garota bonita e jovem ondulava. Os cabelos escuros dançavam ao ritmo da água, o maiô azul cobria um corpo curvilíneo. Fios se ligavam na cabeça, braços, pernas e extremidades. Os pulmões deveriam estar afogados e ela aparentava não se incomodar. Aproximou-se o bastante para ver as pálpebras tremerem. Assustado, deu um passo para trás.

  — Fico feliz que tenha voltado, Daichi-san. — Kabuto cumprimentou, sorrindo. — Os outros ficaram em Konoha?

  — Sim. Pela manhã daremos continuidade ao que nos pediu. — Daichi respondeu, estendendo os cabelos negros e perfumados ao médico. — Aqui está.

  Kabuto tomou-o em mãos, sentindo a maciez de outrora e lembrando-se de como era prazeroso acariciá-los. Aquele sentimento que nutria por Tsuhime abrangia partes maiores dentro de si, fazendo-o pensar nela mais tempo do que gostaria. E Kabuto odiava amá-la, pois o impedia de realizar várias coisas temendo feri-la. Ao menos tinha pessoas para o fazerem em seu lugar.

  — Ótimo. — Retorquiu, amarrando os fios com um elástico e os depositou na mesa. A quantidade era perfeita e aumentaria as porcentagens de genes que já possuía. Poderia ser mais trabalhoso, mas logo teria a amostra original.

  — Hime-sama ficou realmente abalada. — Daichi comentou ressentido, e para sua surpresa teve a gola da blusa agarrada por Kabuto. Foi puxado para perto, percebendo que as escleróticas dos olhos de Kabuto se avermelhavam. — Ei, o que foi? Ah, já sei: Está com ciúmes?

  — Ridículo! — Kabuto o soltou com um empurrão, afastando-se. Por culpa daquele amor ele se deixava exposto e já bastava Tobi o irritando. — Vou te dar uma nova tarefa: Conquiste a confiança dela. Dentre os três você é o mais paciente e tenho certeza de que Tsuhime tentou te converter.

  — Como sabe?

  — Ela fez o mesmo comigo.

(...)

  Os corredores a engoliam em uma brincadeira de pique-pega e Tsuhime sentia a respiração ofegar a cada passo. Não precisava olhar para trás para saber quem a perseguia. O medo que se apossava de si denunciava e ela apenas se esforçou para se esconder. Abriu uma porta e adentrou o cômodo, logo sentindo uma espada fria se encostar a seu pescoço. Imediatamente ela reagiu, chutando-o por trás e conseguindo espaço.

  Sua visão nunca fora muito boa no escuro, porém a silhueta alta dizia ser um homem. À medida que seus olhos foram se adaptando visualizou um rapaz de pele clara, cabelos negros e olhos igualmente escuros. Suas vestes não passavam apenas de uma calça, os pés tocavam o chão, nus, e o peito trabalhado a mostra. Era uma bela visão, contudo seu coração acelerou. Quem ele era e o que fazia em sua casa?

  — Hime-chan, sei que está aqui!

  — Kabuto... — Ela recuou alguns passos e vasculhou o quarto, procurando um local onde pudesse se esconder. O quarto não possuía muitos móveis, apenas uma cama de solteiro no canto esquerdo, uma luminária bonita presa ao teto e uma porta demarcando o banheiro. Sem janelas.

  — Quem é você? — A voz masculina perguntou, a espada fina se encontrava em mãos. De acordo com a postura dele, Tsuhime concluiu que ele não a via como ameaça. — Fugiu do laboratório?

  Entretanto Tsuhime não se deu ao trabalho de responder. Concentrou-se em abaixar a frequência do chakra e se aninhou em um canto escuro, tentando se camuflar com a escuridão. Sabia que se Kabuto a pegasse seria levada ao Sannin e ela estava cansada de ser furada, avaliada, testada. Ela era um ser humano, merecia ser tratada como tal. Os olhos negros do rapaz a inspecionava, como se ousasse descobrir o turbilhão de sentimento dentro dela.

  — Oh, Sasuke-kun... — Kabuto adentrou o quarto sem pudor, esquadrinhando cada parte dele. — Tsuhime entrou aqui, certo?

  — Não conheço essa pessoa. — Sasuke embainhou a espada de modo tranquilo, ignorando o temor da menina que o acertava em cheio. — E não entre dessa forma no meu quarto.

  — Claro, me desculpe. — Kabuto disse falsamente, sorrindo. — Se a vir avise que, independentemente de quanto ela fuja, estaremos esperando por ela.

  O cômodo se aprofundou em silêncio e Tsuhime permitiu que a respiração esvaísse, aliviando a queimação no pulmão. Estivera tão empenhada em fazer sua presença sumir que prendera a respiração com medo de que Kabuto pudesse ouvi-la. Embora o médico dera-se por vencido, entendeu a mensagem em seu tom. E ele tinha razão. Por mais que fugisse, se embrenhasse pelos corredores daquela casa, não havia um lugar que lhe servisse de escudo. Era como se as sombras a denunciavam, querendo que ela sofresse.

  Levantou-se devagar, as pernas trêmulas e o suor grudando sua blusa ao corpo. Contava com treze anos, uma menina pálida, de cabelos negros e longos e a pele salpicada de furos mínimos. Uma imagem que jamais pensou que teria aversão, mas era exatamente assim que se sentia em relação a si própria.

  — Saia. — Sasuke anunciou, deitado de costas para ela.

  — Obrigada.

  Tsuhime dissera em meio ao sonho, porém sua voz soou nítida quando abriu os olhos. O teto de madeira foi o primeiro a entrar em seu campo de visão, logo depois o leve ressonar de Kakashi ao seu lado a despertou por completo. Não compreendia ao certo do porque ter sonhado com Sasuke em uma época que se encontrava tão nova, afinal, eles não se conheceram antes de ela fugir e ser trazida de volta. Acreditar que fosse uma forma de aviso não a encorajava, pois crescera atribuindo-os a uma forma cruel de seu subconsciente de testá-la.

  Afastou as cobertas e sentou-se na cama, as memórias do dia anterior voltando com força. Viu-se novamente na floresta, o vento nítido as suas costas e os fios de cabelos esvoaçando a sua frente... Já não se sentia tão triste por aquele fato, contudo magoada. Se as suposições que formulara tivessem algum fundo de verdade, então ela precisaria descobrir uma forma de roubá-los. Kabuto já havia tirado a maioria dos genes que seu pai injetara em seu corpo, faltavam apenas mais alguns por centos e ele conseguira. Como sempre. E aquilo indicava que Kabuto trabalhava em mais uma junção e, como obtivera sucesso em todos os testes, ela era a peça chave. Até quando estaria ligada a ele?

  Tomou banho e vestiu-se. Estranhou o fato de Kakashi não tê-la interrogado ontem, contudo isso não queria dizer que ele se esquecera. Assim que voltou ao quarto, o ninja copiador aguardava por ela. A expressão inexpressiva, pedindo claramente que não mentisse. E ela não faria, pois conhecia melhor do que ninguém as consequências do ato.

  — Alguma coisa está impulsionando Kabuto a me procurar. — Ela iniciou, sentando-se na beirada da cama. — Ele precisou do meu DNA para o quer que seja dessa vez. A questão é que ele não conseguiu os cabelos com a raiz, o que indica que ele terá mais trabalho em extrair o que quer. O DNA presente no comprimento é mitocondrial, muito pouco e facilmente sofre mutações. Então...

  — Há pessoas infiltradas na vila. — Kakashi denotou o óbvio, vendo-a assentir. — Daquela vez que ele tentou roubar os genes, ele não obteve cem por cento de sucesso. De acordo com os exames que Tsunade-sama me mostrou, você ainda carrega uma parcela.

  — Mas... Não, eu senti todos eles me deixando, Kakashi. — Agora a mente de Tsuhime dava voltas, era fato de que aquela conversa demoraria. — Meu corpo se desligou para reparo, tentando sobreviver com o que restou.

  — Exatamente. Com o que restou quer dizer, literalmente, com os genes que Kabuto não conseguiu retirar, Tsuhime. Ele deve ter percebido que não podia fazer o serviço completo sem matá-la.

  — Então, ele deixou apenas o suficiente? — Tsuhime colocou-se de pé, andando de um lado para o outro no quarto. O lábio inferior preso entre os dentes, negando-se a argumentar. — Por que eu não fiquei sabendo disso?

  — Porque seria arriscado. Você ainda tem o Selo Amaldiçoado, uma marca viva que aumenta a reserva de chakra. Tecnicamente a absorção não era para ter dado certo. Se você não tivesse o mínimo de chakra jamais teria preenchido as linhas.

  — O Selo me salvou? — Era muita informação apenas nas primeiras horas da manhã, que Tsuhime começou a se sentir tonta. — Não... O Selo alojou uma parte dos genes, tentando se manter vivo.

  — E não são todas as genéticas que conseguem tal feito. Muitos sucumbiram ao poder do Selo devido à pressão, mas você, que possui a genética mais suscetível, foi capaz de domá-lo. A combinação de tudo que você tem com o Selo a esmagaria.

  — Aonde quer chegar? — Tsuhime voltou os olhos para o marido, e temeu o brilho sombrio que perpassou o semblante dele.

  — É preciso uma combinação estável para que...

  — De quem são os genes dentro de mim? — Ela perguntou um tanto desesperada.

  — Do Segundo Hokage: Senju Tobirama.

  O coração de Tsuhime palpitava tão forte que atrapalhava qualquer tentativa de argumento. Pouco sabia sobre os Senju, na verdade, o poder daquele clã nunca lhe foi explicado e Kabuto e Orochimaru tomavam cuidado com as palavras quando a notavam atrás da porta, a espreita de informações. Nunca foi avisada dos materiais que entravam em seu corpo, até porque ela não saberia o que fazer detendo tal conceito. Talvez fosse por isso que se sentia ligada a Konoha, querendo tornar-se parte dela, amando-a como um lar. Porém, repensando sobre isso, ela se deu conta que era a voz dos genes daquele homem, instigando-a a ficar. Quase podia ouvi-lo ressoar em seu mente.

  — Havia uma razão para que Tsunade-sama, desde o momento em que você chegou, quisesse mantê-la por perto. — Kakashi continuou falando, jogando os fatos sobre ela. — Ela previa o que Orochimaru faria. Com a sua genética a forte linhagem dos Senju se instalaria e te daria poder, muito mais do que você poderia suportar. Senju Tobirama era conhecido por ser o maior manipulador de Suiton. Tinha força extraordinária assim como energia vital e senso de rastreamento devido à herança da família.

  — É por isso que... Que eu consigo executar Ninjutsu de elemento água mesmo que não tenha sequer uma gota por perto. — Tsuhime confessou, recordando do dia em que transformara o laboratório em um aquário e o rosto do Sannin se iluminou de satisfação. — O papai pensou que essa herança remendaria minhas linhas de chakra por causa...

  — Do poder regenerativo. — Kakashi completou a frase, observando a forma como Tsuhime parecia entender. — Esse é o poder dos Senju. Tanto as células de Hashirama, seu irmão, quanto de Tobirama são poderosas. Quem soubesse manipulá-las conseguiria até mesmo fazer um novo corpo.

  — É perigoso! Eu tenho uma bomba relógio dentro de mim, Kakashi! Imagina se Kabuto conseguir... Não, não quero pensar nisso. Prefiro me agarrar à vantagem. Sem mim ele não vai avançar muito mais. Uma genética é manipulável até certo ponto e, sendo tão única como é, recriá-la é totalmente impossível.

  — Ele não vai desistir. — Kakashi afirmou, odiando-se por se aquele a estar dando tais notícias à esposa. Tsunade com certeza explicaria melhor. — Por isso você terá que dobrar a atenção, vou pedir a Tsunade-sama que coloque um ANBU por perto.

  — Não! Isso diria aos espiões que nós sabemos de algo. Kabuto tem que pensar que somos leigos, deixá-lo ter a vantagem até que estejamos prontos para agir.

  — Agir? Não me diga que...

  — Kakashi, você sabe que isso vai ter que acontecer. — Tsuhime o cortou, resoluta. — Se Kabuto concluir os estudos e injetar nele mesmo a genética Senju estaremos sem opções. Nem mesmo Tsunade-hime será capaz de detê-lo, embora seja uma Senju. Talvez eu consiga criar alguma coisa antes que seja tarde.

  — Não estou gostando das suas ideias. — A forma como a mente da esposa trabalhava era assustadora, como se ela estivesse comandando seu próprio experimento. E ele não queria admitir, mas havia muito mais de Orochimaru nela do que apenas a aparência.

  — Se não pensarmos em algo, Kabuto pode começar uma guerra apenas para se exibir. Eu não posso deixar que ele faça isso, sabendo que acarretaria danos inimagináveis. Uma genética bem fundida é incontrolável. Uma vez dentro do corpo faz parte de você. — A Yatsuki despejava tais palavras como se Kakashi não estivesse ali. Seus pensamentos escapavam e ecoavam pelo quarto. — Se eu puder fazer com que as células vibrem em sincronia podemos ter uma chance.

  — Do que está falando? — Kakashi não sabia se ficava orgulhoso ou temia as insanidades dela.

  — Eu posso ter amaldiçoado Kabuto e Orochimaru todos os dias da minha vida, mas eu tenho que reconhecer que eles me ensinaram muita coisa. — Tsuhime sorriu para Kakashi apenas comprovando ao ninja que ela estava perdendo o juízo. — Tenho a capacidade de criar não só remédios, como técnicas ou modificá-las. Essa é a minha herança e preciso usá-la.

  — Não sabia disso quando me casei com você.

  — Eu não queria te assustar. — Ela lançou-lhe uma piscadela, divertida. — Mas para que isso aconteça vou precisar da sua discrição, Kakashi. Se as pessoas suspeitaram que estou trabalhando em técnicas ocultas vou fazer uma visita para Ibiki antes do tempo. 

  — E Tsunade-sama?

  — Devo muito a ela também, mas... Não posso. Quanto menos pessoas souberem, melhor será. — Tsuhime aproximou-se de Kakashi, sentando-se na cama, e acariciou o rosto preocupado dele. — Vai me ajudar?

  — Que escolha eu tenho?

  — Nenhuma! — Ela sorriu, beijando-o.

  Havia uma razão para que ela tivesse conhecido Kakashi e se casado com ele: Somente ele concordaria e aceitaria sua natureza impulsiva e, por que não, sombria. Ela era filha de Orochimaru e herdara os legados dele. Nada acontecia por acaso. E ela começava a entender o significado por trás daquela frase.

— Mamãe! — Haru esbravejou, a voz alterada.

  Tsuhime e Kakashi abandonaram o quarto correndo, pois não era do feitio de Haru gritar. Ainda mais àquela hora da manhã. Encontraram o menino olhando fixamente para o jardim, sem nem ao menos se voltar para eles. E à medida que o casal se aproximava, mais a feição confusa de Haru entrava no campo de visão. Tsuhime esperava qualquer motivo, menos o que se tornava nítido. A menos de três metros jazia um corpo na grama. O sangue atingia proporções ao redor da cabeça, os olhos abertos e assustados e os braços contorcidos e, o mais impressionante, era o fato de Tsuhime reconhecê-lo.

  — Kakashi, tire Haru daqui.

  — Mas... — Haru tentou protestar, mas uma das mãos do pai tapava seus olhos enquanto era levantado do chão e levado para dentro.

  Em passos lentos e tentando não vacilar perante a raiva, Tsuhime abaixou-se ao lado de Emi. Seus olhos ardiam pelas lágrimas, tentando entender por qual motivo aquilo acontecera, talvez fosse por Emi ter se mantido próxima durante um mês. Mesmo assim era inaceitável. Ajeitou-a, deixando um pouco mais apresentável, e interrompeu a hemorragia na cabeça. Movendo-a cuidadosamente, Tsuhime percebeu uma área aberta entre os cabelos de Emi e afastou os fios. Havia um pequeno furo na nuca, porém não era dali que provinha o sangue. Quase idêntico ao que tatuava a pele de Seiji. Então ao menos poderia supor que o agressor fosse à mesma pessoa. Tateou, esperançosa de encontrar qualquer pista, mas não havia nada visível.

— O que está acontecendo? — Kakashi perguntou ao seu lado, olhando a menina com pesar.

 — Ele está começando a agir, amor.

Kakashi chamou um ANBU que viera acompanhado da Hokage. Os olhos cor-de-mel demonstravam tristeza e a raiva empática que Tsuhime exalava. As mãos da Yatsuki tremiam, ela não deixaria aquela passar. Tsunade ordenara que o ANBU levasse Emi para a sala de autópsia e que ninguém tocasse na menina, e seguiu Tsuhime para a cozinha. Aceitou o chá que ela oferecera e a observou absorta, como se discutisse suposições consigo. Os lábios se moviam em uma conversa solitária, e Tsunade não sabia o momento certo de interrompê-la.

 — Conte a ela. — Kakashi sugeriu apos aconselhar o filho a permanecer no quarto e sentou-se a mesa.

  — Contar o quê? — Tsunade repreendeu Tsuhime com o olhar.

  E sem alternativa Tsuhime contara a visita de Daichi, do porque de seus cabelos estarem curtos e sobre o que discutira com Kakashi horas atrás. Ao final seu chá havia esfriado e se encontrava inteiro. Tudo que Tsuhime pensava era em agir, não suportava a ideia de Kabuto ter tirado mais uma pessoa de sua vida. Assim como fizera com Taki.

  — Eu sei o que irá dizer. — Tsuhime proferiu depois de alguns minutos em silêncio. — Acha que eu devo desistir dessas ideias e não me atrever a estar na frente de Kabuto agora, mas até quando vamos permitir que ele manipule a vida das pessoas? E se o próximo for meu filho ou Kakashi?

  — Ele está te atraindo, sabe disso.

  — Não importa! Já fui atraída uma vez, qual a diferença agora?

  — Se for pega agora como vamos detê-lo? Você é nossa garantia, Tsuhime. — Tsunade rebateu, incomodada. — Precisamos de você aqui desenvolvendo alguma técnica como explicou a Kakashi.

  E a Yatsuki capturou a mensagem por trás da preocupação da Hokage: “Se você ficar aqui Kabuto não vai pensar em atacar a vila”. Essa era a sua garantia. De repente sentiu-se irritada com o senso de dever para com Konoha.

  Kakashi segurou as mãos da esposa por cima da mesa, chamando-lhe a atenção. Era fato que Tsuhime estava abalada e não conseguia controlar a raiva que nutria por Kabuto, pensando que agir agora seria uma boa opção quando na verdade estaria fazendo o que Kabuto gostaria. E se ele precisasse amarrá-la para mantê-la segura e sob sua proteção o faria. Respirou um pouco mais aliviado quando ela intensificou o contato e lhe sorriu.

  — Vou começar a desenvolver a técnica, mas vou precisar da sua ajuda, Tsunade-hime, para o avanço dos resultados.

  — Claro. — Tsunade se levantou, trocando um olhar com Kakashi que Tsuhime não compreendeu. — Por enquanto foque em Emi e interrompa os procedimentos da autópsia nos outros corpos, eles já ficaram expostos tempo o suficiente.

  — Como quiser.

  — Assim que tiver certeza de como a técnica funcionará me avise para testarmos.

  Tsuhime apenas assentiu e acompanhou a Hokage até a porta. Preocupada com situação ela não percebeu uma sombra pequena escondida no corredor, cuja ouvira toda a conversa e dava razão a sua ideia principal.

  — Mãe? — Haru se fez presente diante deles, receoso. Kakashi havia dito para ficar no quarto até que fosse chamado, mas não conseguiu. Ele estava curioso. — Eu já estou atrasado para o encontro com Hyuuga-sensei.

  — Me desculpe, amor. — Tsuhime abaixou-se a altura dele, afagando-lhe os cabelos. — Vou...

  — Eu faço isso. — Kakashi se intrometeu. — Fique e esfrie a cabeça.

  — Está tudo bem, mãe?

  — Está, querido, não se preocupe. — Ela o beijou no rosto e se ergueu. — Vá com seu pai, a mamãe tem algumas coisas para fazer.

Muitas coisas, na verdade. Ela pensou consigo, suspirando profundamente, decidindo começar naquele instante. Saiu de casa e passou por Kakashi e Haru, acenando gentilmente para eles, e tomou o caminho para a Autópsia. Dois ANBUs tomavam conta da sala e liberaram passagem ao vê-la. Quando ela perguntou o motivo de estarem guardando a sala, eles simplesmente responderam:

  — Ordens da Godaime-sama.

  Trabalhar tendo pessoas a vigiando se tornou um pouco desconfortável, mas Tsuhime compreendia as intenções da Hokage. A sala estava fria como era de se esperar e liberou seus assistentes aquela manhã. Ela tentaria novamente a técnica da Reanimação Instantânea e daquela vez tinha que funcionar. Precisava de algumas respostas e somente Emi poderia dá-las.

  Portanto preparou-se para infundir chakra no corpo de Emi e, para sua surpresa, não era mais Nakajima Emi que estava deitava sobre a maca fria, mas sim uma mulher que Tsuhime nunca vira antes. Pelo visto alguém achava interessante pregar peças.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, espero que tenha gostado!
Até o próximo,
Beijos.



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