Harukaze escrita por With


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Boa madrugada, meu povo!
Sei que posto algumas vezes tarde, mas essa é a hora em que minha internet está de bem com a vida.
Agradeço muito a Cute CrystalMoon por ter favoritado a fanfic, é bom saber que alguém lê.
Desejo uma boa leitura!



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Harukaze

Capítulo 4

Naquelas noites, enquanto a brisa da primavera soprava

Eu fiquei pensando:

Eu não quero me separar

E acabei dizendo coisas que não devia.

“Eu vou estar perto de você. Minha missão é te proteger.” A voz de Shino ainda perturbava seus pensamentos, e deitada no futon Tsuhime ainda não conseguia entender como aquelas pessoas não perguntaram absolutamente nada a seu respeito. Talvez, como uma introdução, Tsunade houvesse revelado algo à família Aburame muito antes de ela ter certeza do que se tratava. O fato era que eles tiveram a chance de recusar, contudo, não o fizeram. Por que alguém se importaria tanto daquela maneira?

Confusa, Tsuhime levantou-se e caminhou até a janela. Estava sozinha no quarto entre aquelas paredes gélidas, assustadoras e caladas. Diferente de seu quarto, ela não escutava vozes, não existiam olhos a vigiando nem passos a seguindo aonde quer que fosse. Todavia, uma sensação de conforto a preenchia e, por um momento, ela repensou em suas atitudes. Desejara por muito tempo se ver longe de todo o pesadelo, de poder abraçar a vida como se ela realmente pudesse, e agora concretizava seus sonhos mais íntimos.

Embora aceitasse, ela sabia que era diferente de todos ali. Tinha certeza de que ninguém em Konoha precisaria absorver chakra para que não morresse. Adquiriu essa deficiência depois de tantas mudanças genéticas, de tentativas falhas de unir suas células a outras invasoras a fim de criar um shinobi capaz de evoluir mais rapidamente do que qualquer ser normal. Suas linhas de chakra foram danificadas, e nenhum ninjutsu médico conseguiu fazê-las voltar ao normal.

Com o passar dos anos, Tsuhime entendeu suas condições e sobrevivia de forma medíocre. Cultivava o pior sentimento dentro dela: A vergonha. Por ser quem e como era, por viver como uma parasita no meio de pessoas tão próprias de si mesma. Pegou-se imaginando a reação de Shino quando ele soubesse de todas as suas falhas. De fato, entre os amigos de Shino, ela passara uma imagem da pessoa que gostaria de ser. Sorria como se estivesse realmente feliz, porém ao final sempre voltava a sua verdadeira origem. Carregava um fardo que jamais se livraria, e dentre todas as pessoas do mundo nenhuma delas se oferecia para compartilhar com ela ao menos um terço do que precisava para se erguer.

Suspirou em meio a sua má sorte e acomodou-se novamente no futon. Aquela noite, evidentemente, ela não dormiria. Mencionou fechar os olhos, esquecendo-se um pouco de tudo lá fora, porém não por muito tempo. Batidas leves na porta a desconcentraram e logo uma pequena abertura permitiu que um feixe de luz a ultrapassasse. Pela silhueta alta, de cabelos espessos e ar misterioso, Tsuhime não precisou de apresentações para reconhecer quem adentrava.

O casaco verde que Shino usava já não o vestia no momento, apenas o conjunto negro e os óculos escuros, permitindo que seu rosto se tornasse visível parcialmente. Sentou-se, esperando pacientemente que Shino começasse. E quando o domador de insetos acomodou-se ao seu lado, Tsuhime percebeu o quanto ele era bonito. Traços fortes, porém harmoniosos, capazes de fazer com que movimentos involuntários assumissem seu corpo. Novamente, o rubor irritante assolou suas bochechas e seu coração saltou uma batida.

— Antes eu percebi que você queria me explicar alguma coisa. — Shino iniciou, os olhos focados em um ponto invisível do quarto. — Só que não perguntou se eu gostaria de saber. E, não, eu não quero. Se Tsunade-sama prefere que você fique, provavelmente há bons motivos para isso e acho que deveria confiar nela.

— Você confia? — Tsuhime inquiriu, voltando a atenção para o rapaz. — Não age simplesmente porque são ordens?

— Sim. É verdade que eu recebi uma ordem, mas não significa que eu tenha que acatar a tudo. — O Aburame retorquiu, e como sempre suas conclusões deixavam as pessoas um pouco confusas. Percebeu ao ver as sobrancelhas da garota se franzirem. — Eu tive a oportunidade de dizer não, afinal, eu não tinha a menor ideia de quem você seria. Recusar sem tentar me pareceu errado.

— Não é errado. — Tsuhime confirmou com um sorriso triste. — Até porque você ainda não me conhece e me custa acreditar que tenha sido capaz disso. Eu tenho muitos segredos, Shino, e consequentemente poderia estar te enganando agora.

— Eu sei que não está. — Ele foi categórico e firme no que confirmava, retribuindo a atenção de forma intensa. Mesmo na penumbra, Shino visualizava cada expressão no rosto de Tsuhime e soube que em cada traço havia uma parcela de surpresa.

— Não pode ter certeza disso. — A filha de Orochimaru piscou os olhos amarelados consecutivamente, em claro sinal de que se sentia encurralada. — Você não é capaz de conhecer alguém se não conviver com ela.

— Isso não é necessário, Tsuhime. — Shino aproximou-se, inclinando-se o suficiente para que ela não tivesse chance de escapar. — E por quê? Porque você não sabe esconder o que sente. Seus olhos me dizem: “Sim, eu quero ficar!”

De repente, o quarto tornou-se pequeno demais para os dois. A respiração de Tsuhime falhou miseravelmente, apenas sustentando as conclusões de Shino. Todas as teorias dele estavam certas, e ela não entendia como alguém se baseava tão corretamente em mínimas demonstrações de personalidade. Sentia-se despida na frente dele, entregue como um livro aberto esperando que ele pudesse interpretar seus segredos. Os olhos se fixaram, desafiando-os em suas convicções.

— E o que mais vê em meus olhos? — Tsuhime conflitou, sabendo que Shino lhe daria todas as respostas que quisesse. A barreira que ela pensava ter fortificado, encontrava-se totalmente destruída pela curta aproximação daquele homem.

— Vejo medo, insegurança, desconfiança... — Shino sussurrava enquanto suas mãos se ocupavam em prender-lhe no rosto, puxando-a para mais perto. — Liberdade, desejo de ir além...

Sem aguardar por mais inquisições, com suavidade Shino cobriu os lábios de Tsuhime com os seus, vencendo mais uma vez a relutância dela. Aos poucos, a garota retribuiu o contato permitindo que as línguas se encontrassem. O reconhecimento foi lento, porém era como se nada daquilo fosse novo para eles. O beijo continuou calmo, carinhoso, e com dedos trêmulos Tsuhime dedilhou o rosto de Shino. Queria senti-lo, saber se o que partilhavam não era apenas uma brincadeira.

Ele tinha um toque protetor, gestos pacientes que lhe proporcionavam satisfação por, pela primeira vez, estar beijando alguém com plenos sentimentos. Shino era diferente, único, e ela não precisava que lhe mostrassem o quão opostos fossem. A mão dele deslizou por seu pescoço e logo os dedos dirigiram-se para a nuca, prendendo alguns fios de cabelo entre eles.

Tsuhime diminuiu um pouco mais a distância, mantendo-se entre as pernas do Aburame. Podia sentir o coração acelerado contra o seu igualmente descompassado, a pele suave desejando toques um pouco mais provocantes. Entretanto, nenhum dos dois ousou avançar mais do que era necessário. Todavia, eles sabiam que havia um sentimento a mais os guiando do que uma simples atração física.

Deixaram que o ato se findasse sozinho, e em instantes procuravam explicações nos olhos do outro. Os corpos ainda permaneciam próximos, incapazes de romper o fio invisível que os faziam manterem aquele contato. Fora sincero e Tsuhime desejou que não precisasse se afastar jamais dele. Ainda era complexo explicar o que nutria por Shino, se aquilo duraria tempo suficiente para que ela descobrisse.

Seria amor?

(...)

Konoha era sem dúvidas um lugar desprotegido na opinião de Kabuto. A Hokage confiava demais em seus tempos de paz, negligenciando uma boa segurança para a vila. Tanto que fora fácil demais adentrar sem ser notado. Ou isso se devia as suas habilidades? Desde muito jovem, Yakushi Kabuto trabalhou como espião, entrando e saindo das diversas vilas com os mais íntimos segredos, fraquezas e jutsus proibidos que cada uma delas resguardavam.

As ruas de Konoha encontravam-se vazias, e ele não via necessidade de ocultar sua presença. Viera até ali por um único propósito, e calculara que em menos de dois dias acharia Tsuhime. Ela era instável, conseguia sentir o perigo cercando-a, portanto, logo saberia que alguns sonhos não se completavam.

Sorriu maldoso, relembrando tudo o que preparara antes de sair. O laboratório estava a posto, esperando exclusivamente pela garota, o DNA conservado cuidadosamente parecia vibrar de ansiedade assim como Orochimaru. De fato, não poderia decepcionar o seu senhor. Ele prezava por sua vida e trabalhar para aquele homem não era de todo ruim.

Acelerou a corrida entre as árvores, o perfume natural de Tsuhime acentuava-se em determinada área. “Então, você está mesmo aqui.” Kabuto conversou consigo, detendo-se. Uma casa em comum chamou-lhe a atenção, assim como o dispositivo que reagiu em seu bolso. Tomou-o em mãos, observando milimetricamente o pequeno circulo que piscava no meio do painel. Uma tecnologia rara, Kabuto gostava de considerá-lo um presente oficial de um Senhor Feudal que vira a morte prematuramente. Ele apenas adaptou-o a reagir ao chakra deficiente de Tsuhime.

— Dez metros à frente. — O servo de Orochimaru balbuciou, guardando o equipamento modificado no bolso. — Não se preocupe, Hime-chan, você logo voltará para casa. Mas antes, deixarei que aproveite um pouco mais.

Em contrapartida, Kabuto montaria vigília em Konoha, espreitando com cautela cada passo de Tsuhime, tentando descobrir a que a garota se apegara nesse breve tempo na vila. Ele saberia como agir em sua chantagem quando a hora chegasse. Voltando ao trabalho, ele apressou-se em alugar um quarto pelos próximos três dias.

(...)

Ainda mantinha-se fixa a Shino, no calor que o corpo dele emanava e na forma intensa como a observava, disposto a adivinhar tudo o que se conturbava dentro dela. E Tsuhime desistiu de se preservar, pois barreira alguma impediria aquele rapaz de desvendá-la. Todavia aquela dúvida ainda a corroia e uma nova sensação se misturou, fermentando suas emoções. O que acabara de acontecer entre Shino e ela não poderia ser amor, eles mal se conheciam!

“Amor não passa de uma história. Amor não te fará feliz, não realizará seus sonhos. Amor é apenas um peão descartado assim que a partida começa.”

Escutara várias vezes seu pai alegando que no mundo shinobi as pessoas não se amavam, o que as ligavam eram apenas o ódio e a ganância. Então, como aquilo poderia ter ocorrido longe daquelas especulações? Eram pensamentos demais, confusões que jamais tivera e, mesmo se concentrando em entender ou buscar qualquer tipo de conforto em Shino, sua mente a distraía com as constantes desconfianças.

O que sempre acreditou agora se mostrava o contrário, e por um momento desejou que fosse tão brilhante quanto Kabuto. Ele poderia clarear suas opiniões, fazê-la manter o foco e separar toda a confusão que sentia.

— Acho que é melhor irmos dormir. — Havia assombrando os olhos amarelados de Tsuhime os mesmos sentimentos que Shino citara minutos atrás. — Boa noite.

— Boa noite. — Shino não fez objeções. Aguardou que ela se acomodasse no futon, e não disse uma palavra sobre o estranho comportamento de Tsuhime.

Abandonou o quarto, porém permaneceu alguns minutos mais olhando fixamente para a porta que acabara de fechar. Ele não precisava de explicações, afinal, os sentimentos que ela tentava esconder reagiam diretamente em suas percepções.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a você que leu, espero que tenha gostado.
Deixe sua opinião, sua crítica construtiva, sugestões... Tudo é bem vindo.
Até o próximo,
Beijos!



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