Harukaze escrita por With


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, sejam bem vindos ao mundo de "Harukaze". Essa fanfic estava há um tempinho sendo escrita e ainda está, e como tenho um grande carinho por ela resolvi compartilhá-la com vocês. "Harukaze" surgiu com muito esforço e dedicação e espero que Yatsuki Tsuhime cative vocês.É minha primeira fic desse gênero, dentro do universo de Naruto, então espero que eu esteja fazendo um bom trabalho. A todos: Boa leitura!



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Harukaze

Capítulo 1

Antes de partir para bem longe

Eu não parei de pensar nas coisas

Que eu deixei de dizer.

Ela corria pelo labirinto que era aquela casa sombria. A única luz que a ajudava a enxergar os obstáculos eram as chamas das velas que adornavam o caminho. Sentia as lágrimas chegando, o suor começava a molhar suas roupas, o ar faltava aos pulmões, entretanto, ela não se importava. Nem mesmo com os cabelos negros que lhe açoitavam a face, atrapalhando sua visão.

Sabia que ele estava atrás dela e se parasse definitivamente seria levada de volta àquele laboratório. Pois era vista como uma simples cobaia, embora fosse filha do homem que Kabuto seguia cegamente: Orochimaru. Para ele não existiam laços, apenas humanos que serviriam de experimentos. Não hesitaria em usar a própria filha, tinha planos para ela e precisava que cedesse. Sua origem de cobra foi generosa com ela, Yatsuki Tsuhime, e eventualmente poderia ocupar o corpo que a ela pertencia. Não, de modo algum ele havia desistido de Uchiha Sasuke, Tsuhime era apenas uma garantia caso o prazo se estendesse demais e ele tivesse que realizar o ritual antes do tempo determinado.

A jovem ouvia os passos a seguindo, ecoando nas paredes de modo divertido, zombando descaradamente de seu profundo azar por ter nascido daquele lado da moeda. Tsuhime esforçava-se para afastar o cansaço, porém era inútil. Pequenos pontos pretos invadiram sua visão, dificultando que suas habilidades distinguissem o caminho para a saída. Embora conhecesse aquela casa, construída propositalmente como um labirinto para distrair os inimigos, ela descobrira o segredo da saída há muito tempo, depois de várias tentativas de fuga que resultaram na volta ao laboratório que a submetia em novas alterações genéticas. A cada dia mais ela se perdia, era como se aos poucos outra pessoa possuísse seu corpo por completo. Já não se sentia tão humana.

Permitiu que as lágrimas escapassem, manchando seu rosto e nublando-lhe ainda mais a visão. Em um gesto impaciente, repugnando sua fraqueza, Tsuhime limpou-as com as costas das mãos enquanto forçava seus pés a levarem mais rápido para fora daquela casa. Desta vez ela iria conseguir.

Você sabe que isso é inútil. — A voz divertida repetiu-se pelo corredor, alcançando os ouvidos da jovem. — Não precisa ficar com medo, papai está aqui com você, não está?

— Mentira! — Ela gritou, sem cessar os passos. — Deixe-me em paz, papai! — Virou um corredor, um pouco menos iluminado do que os outros. — Aquilo dói... — Sua denúncia foi como um sussurro.

Está enganada, Tsuhime-chan. — E como ela odiava ser chamada desse jeito por ele. Por que ele ainda continua a torturá-la quando já a ferira onde jamais teria cura alguma? — Você que é fraca. Essa é a verdade.

Tsuhime levou as mãos aos ouvidos, como se fosse possível evitar que a voz continuasse a ecoar dentro de sua mente. Mais lágrimas escapavam de seus olhos tão parecidos com os de seu pai, na verdade, ela não havia puxado em nada a aparência de sua mãe, pelo que Kabuto a contara. Kabuto... Esse era outro que ela não poderia mais contar, afinal, sempre ajudava seu pai nas experiências e possuía um sorriso de puro deleite quando a ouvia gritar, implorar para que parasse com aquela tortura.

E suas súplicas nunca eram atendidas.

Sabe que eu irei atrás de você, não é mesmo, Tsuhime-chan? Afinal, os filhos devem permanecer com os pais e serem obedientes.

Orochimaru sabia como manipulá-la através do psicológico. Tsuhime era instável, mudava de humor constantemente e falhava todas as vezes que escondia algo, sendo facilmente desvendada em questão de segundos. Essa era a forma que Tsuhime mais temia. E a ele também. O título de pai havia se perdido há muito tempo, contudo, ela ainda continuava o chamando assim. Acreditava que alguma coisa mudaria se ele a visse dizendo aquela palavra, que nada mais era que um rótulo para Orochimaru.

E, mesmo longe o suficiente para que seu pai pudesse alcançá-la como afirmava tanto, Tsuhime foi capaz de escutar aquelas palavras. E elas se entalharam automaticamente em seu coração, tirando-lhe a vontade de continuar. Porém, já se encontrava correndo pela floresta escura, sendo guiada pela luz prateada da lua alta no céu noturno.

(...)

Encontrava-se cansada, seu corpo pedia para que ao menos daquela vez se rendesse, entretanto, era como se Tsuhime estivesse hipnotizada. Ela continuava o caminho, cambaleante, e em sua mente apenas uma voz lhe despertava: “Nunca pare, ele ainda está atrás de você”. Seus cabelos negros estavam completamente molhados pelo suor, mas ela não se importava. Queria se ver longe daquela casa, daquelas pessoas.

Talvez nunca fosse possível realizar aquele sonho, mas poderia adiá-lo cada vez mais.

Em um movimento inesperado, seu corpo pesou insuportavelmente e Tsuhime deixou-se cair, até sentir a grama macia roçando sua pele como uma leve carícia e sentimentos de boas vindas. Mesmo naquela situação ela se permitiu sorrir. Ela havia conseguido.

Por pouco tempo... — O sorriso de escárnio assombrou a escuridão, obrigando a jovem a erguer-se dolorosamente e prosseguir.

(...)

A manhã surgia tímida, acariciando os seres abaixo dela. Era uma sensação revigorante, mas não para Tsuhime. Ela não sabia mais o que estava fazendo ali, tudo em sua cabeça encontrava-se confuso demais para que ela pudesse distinguir. Um portão parecia lhe chamar, contudo, a essa altura poderia ser sua mente pregando-lhe alguma peça.

O foco mudou, seu ouvido captava baixas vozes vindas mais a frente e talvez elas não fossem de todo falsas. Arrastou-se, seus pés já não levantavam do chão para tocá-lo de novo. Suas roupas grudaram-se em seu corpo, como se sempre fizesse parte dele, e seu estômago doía. Estendeu a mão para tocar o enorme portão, mas o breve movimento a fez ir de encontro ao chão, e o impacto não foi absorvido. Tudo nela estava dormente, como uma espécie de entorpecente relaxante.

— Que barulho foi esse? — Um dos guardas que ficava de prontidão, perguntou assustado.

— O quê? — O outro se sobressaltou, olhando na mesma direção que o companheiro. Ao longe, apertando um pouco os olhos, ele pôde ver longos cabelos esparramados pelo chão. — Tem alguma coisa ali. — Apontou, como se fosse óbvio.

— Será um inimigo? — A voz demonstrava completamente sua confusão. Levantou-se em posição alerta e com passos cautelosos caminhou até o corpo inerte. Não havia sequer um sinal de combate e, ao chegar mais perto, notou que se tratava de uma garota.

— Duvido... — O companheiro alcançou-o, relaxando os músculos e deixando-se ajoelhar ao lado da garota. — Deveríamos levá-la ao hospital?

— Sabe que não podemos levar forasteiros para o hospital. — Afirmou, lembrando ao amigo algo de extrema importância.

— Eu sei, mas ela não me parece nada bem.

O que aparentava ser mais velho ficou em silêncio, pensando sobre a questão. E se ela fosse uma inimiga, uma espiã, tentando invadir Konoha com seus milhares de companheiros? Não, ele não poderia arriscar tanto assim a segurança da vila, afinal, era responsável por quem entrava e saía. Porém, por outro lado, seu amigo tinha razão... O estado da garota não apresentava ser o melhor, e talvez ela fosse nada mais do que uma forasteira precisando de ajuda.

Oe, vai ficar pensando até quando? — O mais baixo interrompeu o raciocínio do amigo, já com a garota nos braços. — Tome conta daqui, enquanto eu a levo ao hospital e explico a situação a Hokage-sama.

— Nós nem sabemos se...!

— Faça o que eu mandei, droga! — Ele exaltou-se, dirigindo-se o quanto antes ao hospital, deixando para trás apenas um rastro de poeira e um homem com cara de poucos amigos.

(...)

— Coloque-a na cama. — Senju Tsunade, a Hokage da vila, ordenou. Enquanto os enfermeiros se alojavam ao lado da cama, a mulher observava com atenção a garota inconsciente. Havia marcas pelo corpo, marcas estas que não pareciam terem sido feitas por acaso e sim propositalmente. Suas sobrancelhas se uniram, em total desagrado. — Quero um exame minucioso de sangue e tecidos, agora!

— Sim, senhora! — Os enfermeiros atenderam prontamente a Hokage, em questão de minutos saindo do quarto como o desejado.

— O que está acontecendo? — Shizune, pupila de Tsunade, adentrou ao quarto com seu porquinho nos braços. — Quem é ela, Tsunade-sama?

— É o que iremos descobrir em breve. — Ela não precisou olhar para Shizune, de onde estava sabia a expressão que assolou o semblante dela.

Apesar de já ter uma opinião vaga sobre a garota, a mulher de cabelos loiros preferiu esperar pela resposta dos exames para confirmar. Enquanto isso ouviu os batimentos cardíacos, que se encontravam fracos assim como a respiração, porém estáveis. Com seu ninjutsu médico, curou as feridas mais profundas, negando-se terminantemente a acreditar no que pensava. Conhecia perfeitamente aquele estado e seu corpo tremeu em repulsa apenas por imaginar a garota naquelas condições. Deveria compartilhar a situação com Jiraya, talvez ele pudesse fazer com que estivesse errada.

— Tsunade-sama! — Um enfermeiro entrou no quarto eufórico, nos olhos um brilho assustado. Entregou o exame a médica, esperando por saber o que ela achava.

— Mas isso é...! — Tsunade cortou as próprias palavras, vendo ali como havia componentes a mais no sangue da garota. Sentiu o peito apertar, ela não estava enganada. Nunca esteve. — Quero ver a amostra, agora! — Saiu apressada, sendo acompanhada pelo mesmo enfermeiro.

E era justamente como pensava. Ao ver as células abrangerem um comportamento estranho, como se lutassem umas contra as outras, Tsunade não precisou de mais explicações. Aquela garota, cuja esperava conhecer mais profundamente, fora submetida a modificações genéticas. Em outras palavras: Experiências. Apenas por aquela pequena amostra de sangue, a médica pôde ver em como o corpo da garota tentava se acostumar com os materiais genéticos adicionados. Mesmo que ela tenha passado por isso há mais tempo, sua vida não estava a salvo. Com as constantes dores e pressões que esses genes provocavam, era arriscado demais viver sem algum controle sobre eles.

“Você ainda não desistiu disso, Orochimaru?” Tsunade cogitou consigo mesma, largando os materiais ali e voltando para o quarto da garota. Shizune ainda permanecia ao lado dela, afinal não recebera ordem alguma para deixar o local. Levando o dedão a boca, a Hokage prendeu a unha entre os dentes, em um claro sinal de preocupação. Colocaria um ANBU no quarto, agora mais do que nunca não poderia descuidar. Pelo menos ela se veria longe de todo o terror e insanidade de Orochimaru. Por enquanto...


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Notas finais do capítulo

Agradeço a você que leu e espero que tenha gostado.Qualquer dúvida, crítica construtiva, sugestões... Tudo será muito bem vindo.Como a história está adiantada, os dias de postagem serão segunda, quarta e quinta. Espero que acompanhem a jornada de Tsuhime-chan.Até o próximo,Beijos!



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