Three Years Later escrita por Sora Takenouchi Ishida


Capítulo 11
Reunião


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos que leram e comentaram. Espero que gostem deste capítulo.



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Capítulo 11: Reunião

Sora abriu os olhos e viu o Yamato sentado ao lado dela, olhando para algum ponto na prateleira à frente dele. Ela piscou e tentou entender o que tinha acontecido. Ele estava prestes a beijá-la, mas por algum motivo o beijo não aconteceu.
“Eu não consegui fazer isso.” Ele disse sem olhar para ela. “Há muita coisa em jogo.”
“É, provavelmente tem razão.” Ela suspirou e fitou a prateleira também. “Não daríamos certo como um casal.”
“O que faz você dizer isso?”
“Vamos supor que nos tornemos um casal e não dure. Seria muito estranho ver e falar com você sempre que nos encontrássemos. Além disso, nós dois somos crianças escolhidas. Temos de interagir de alguma forma.”
“Alguém vai ficar feliz de saber o que quase aconteceu aqui.”
“Quem?”
“O Takeru. Ele fica me falando que eu devo me declarar a você. A ideia de nós sermos um casal o agrada muito.”
“Isso é tão típico dele.” Ela sorriu. “Três anos depois e ele ainda quer uma família feliz. Não posso culpa-lo, aliás. Ele era muito pequeno quando seus pais se separaram.”
“Sim, ele era. Eu também era, mas era velho o bastante para entender pelo menos um pouco. Vê-los brigando era horrível. Eu me lembro da minha mãe descontando no meu pai porque ele geralmente ficava trabalhando até muito tarde e nunca a ajudava com a gente, em casa. Os gritos dela assustavam muito o Takeru, então eu tentei blindá-lo de tudo o máximo que pude.” Yamato suspirou e cerrou os punhos. “Eu nunca falei isso para ninguém, nem mesmo a ele, mas eu tomei a decisão de ficar com o meu pai. Eu imaginei que o Takeru precisaria mais da nossa mãe do que eu. Ainda assim partiu meu coração vê-los se afastando. Eu não tinha ideia de quando veria meu irmão novamente.”
“Yamato.” Sora disse suavemente e segurou a mão pálida dele. “Eu não imaginava que se sentia assim em relação a situação toda com seus pais. Você decidindo ficar com seu pai por causa das necessidades do Takeru foi um ato muito altruísta. Para ser sincera, eu nunca esperaria algo menos vindo de você. Eu sei como é crescer sem uma mãe ou um pai.”
“Eu sempre achei que tinha uma família feliz.”
“É porque eu não gosto de falar nisso. Meus pais não são separados, mas eles não moram na mesma casa há uns cinco anos.”
“Posso perguntar o que aconteceu? Se você não se importar em dividir, é claro.”
“Eu não me importo. Fico confortável o suficiente para falar sobre isso agora.” Ela sorriu levemente antes de prosseguir. “Meu pai recebeu uma proposta para trabalhar na Universidade de Kyoto, para lecionar sobre o folclore. Ele convidou minha mãe para ir junto, mas ela recusou dizendo que tinha a escola de arranjos florais e não podia desistir dela. E ela nem queria. Então eles concordaram em tentar o relacionamento a longa distância. Foi bem difícil para mim no começo, eu sentia muita falta do meu pai. Eu só conseguia vê-lo duas vezes ao ano, quando ele conseguia um tempo livre da universidade e vinha para Tóquio.”
“Sinto muito em ouvir isso, Sora. Você não merecia.”
“Ah bem… nem você e o Takeru. Mas eu acho que a vida nem sempre é justa, certo?”
“Acho que sim.”
“Nós devemos…” Ela piscou para se recuperar da conversa emocional. “Nós devemos voltar a arrumar todos esses livros.”
“Tem razão.” Ele se levantou e a ofereceu sua mão.
“Obrigada.” Ela disse enquanto a pegava e ele a levantava.. “Então o que fazemos agora?”
“O que quer dizer?”
“Nós quase nos beijamos, Yamato. Não podemos fingir que isso nunca aconteceu.”
“Isso nunca aconteceu, Sora. Quase aconteceu. Há uma grande diferença.”
“Mesmo assim, o que isso significa?”
“Nada. Não precisa significar nada.”
“Você não quer que signifique algo?” Ela perguntou um pouco magoada.
“O que você quer que isso signifique?” Ele retrucou e rapidamente diminuiu o tom de voz. “Foi só um momento de fraqueza. Eu não sei o que estava pensando.”
“Certo.” Ela assentiu, se virou e se afastou.
Yamato jogou sua cabeça para trás e suspirou de frustração e descrença.

Mais tarde naquele dia, todos nós nos reunimos no parque como combinado. Taichi e Koushiro estavam sentados um perto do outro num banco, enquanto o Takeru sentou em outro. Jyou sentou num balanço e eu fiquei próximo da gangorra. Estávamos apenas esperando o Yamato e a Sora chegarem. Eles estavam demorando um pouco mais do que disseram que iriam. A menina foi a primeira a chegar.
“Por que demorou tanto?” Taichi perguntou.
“Desculpe. Estava na detenção e acabei de sair.”
“Detenção?!” Todos perguntamos surpresos.
“O que você fez?”
“Eu me empolguei numa conversa e acabei atrapalhando a aula.”
“Espera, você nunca fez algo assim antes. Com quem estava falando?”
“Com o Yamato. Nós estávamos falando sobre…” Ela olhou para o Koushiro e o menino imediatamente ficou muito vermelho. Sora balançou a cabeça “Nada. Não importa.”
“Por que você e o Yamato brigariam?”
“Eu disse que não é nada importante. Nós já nos acertamos.”
“Alguém me belisca, acho que o mundo está acabando.”
“Cala a boca, Taichi.” Ela retrucou. “Ou eu falo para sua mãe quantas detenções você pegou ano passado.”
“Que diabos, não!”
“Então o que você teve de fazer na detenção?” Eu perguntei.
“Tivemos de arrumar todos os livros na biblioteca da escola. Eu vou ter que falar ao professor que eles precisam comprar uma escada nova porque eu caí da que eles têm.”
“Ah meu Deus! Você está bem?”
“Estou sim.” Ela sorriu. “Eu só torci o tornozelo, mas fui medicada depois que saímos. Aposto que minha professora de tênis não está feliz por eu ter perdido o treino hoje.”
“Você está treinando todo dia?”
“Basicamente. Até o Wimbledon, estou treinando o mais duro possível. Eu não acho que vou chegar até as finais, mas não quero me envergonhar no torneio.”
“Tenho certeza que se sairá bem. É uma experiência única.”
“É sim.”
“Então, onde está o meu irmão?” Takeru perguntou.
“Ah, ele deve chegar logo. Ele disse que tinha que passar em um lugar primeiro. Eu achei que ele chegaria antes de mim.”
“Bem, é o seguinte…” Taichi começou a falar. “Uma nova situação apareceu no Mundo Digital.”
“Eu achei que íamos esperar o Yamato chegar.” Koushiro o interrompeu.
“Ele já está meio inteirado no assunto. Eu falei para ele e para Sora um pouco sobre isso quando íamos à escola. Ele não vai perder muito.”
“Tudo bem, se você diz.”
“Então, como estava dizendo…” Ele prosseguiu. “Há três novas Crianças Escolhidas.”
“O que? Você deve estar brincando.” Jyou disse.
“Gostaria de estar. Mas aparentemente nós vamos precisar de ajuda extra.”
“Olá, pessoal.”
“Yamato!” Takeru levantou do banco.
“Sinto muito deixá-los esperando. Espero não estar muito atrasado.”
“Não, nós acabamos de começar. A Sora chegou não faz muito tempo.”
“Sério?” Ele olhou para ela, mas ela não retribuiu o gesto.
“Pessoal, não temos tempo para isso agora.” Koushiro falou. “Temos uma situação séria que precisamos discutir.”
“Isso mesmo.” Taichi concordou. “Receio dizer que nossos parceiros não serão de muita ajuda. Eles não podem evoluir porque alguém chamado Imperador Digimon está colocando muitas torres negras no Mundo Digital. Daisuke conseguiu levantar algo chamado Digimental com o símbolo do brasão da Coragem nele. Isso permitiu que seu parceiro evoluísse para um novo Digimon.”
“Digimental?” Jyou perguntou. “Eu nunca ouvi falar disso.”
“Nem nós. Mas se me perguntar, há outros sete Digimentals esperando ser encontrados.”
“Então quer dizer que existem outras sete crianças que terão seus próprios Digimentals com os símbolos dos nossos brasões?”
“É possível.” Koushiro confirmou. “Meu palpite é que elas vão nos substituir nas batalhas.”
“Por mais que me doa dizer, acho que tem razão.”
“Então vamos deixar nas mãos deles?”
“É claro que não. Nós temos muita experiência com as forças malignas no Mundo Digital, então podemos trabalhar como conselheiros no começo, mas no final será com eles.”
“Nós sabemos quem são essas novas crianças?” Sora perguntou. “Quero dizer, além do Daisuke.”
“Ainda não.”
“Quando eu tentei levantar o Digimental, três luzes saíram dele e todos foram na mesma direção. Talvez as outras duas crianças sejam da nossa escola.”
“Mas não temos como encontrá-los. Tivemos tanto trabalho da última vez; demos sorte de a Hikari ser a oitava criança.”
“E não podemos exatamente perguntar a cada aluno se ele tem um digivice. Nós podíamos muito bem ser expulsos.”
“Essa não é uma opção.” Koushiro esfregou seu queixo. “Eu acabei de lembrar que a Miyako pareceu muito interessada no Mundo Digital depois que a Hikari e o Takeru foram atrás do Taichi. Por enquanto é só uma suposição, mas ela pode ser uma das crianças.”
“Certo, então o que fazemos agora?”
“Você pode ficar de olho nela, Takeru? Você disse que ela mora no mesmo prédio que você, certo?”
“Isso mesmo.”
“Mas seja discreto quanto a isso. Apenas fique de olho nela sempre que puder. Eu sei que ela está no clube de informática, então vou observá-la também.”
“Tem mais alguma coisa que precisamos discutir?”
“Eu acho que não. Apenas prestem mais atenção nos outros alunos sem serem invasivos.”
“Você ouviu isso, Taichi?” Sora zombou.
“Como se eu fosse invasivo.”
“Claro que é.”
“Cale a boca, Takenouchi.”
“Eu também consegui isso para vocês.” Koushiro nos entregou um dispositivo portátil. “Vamos chamá-lo de D-3. Podemos nos comunicar por e-mail e nos manter informados sobre a situação.”
“Certo, já temos um plano.”
“Então estamos combinados?”
“Acho que sim.”
“Ótimo, porque eu preciso mesmo ir para casa. Estou faminto.”
“Quando você não está faminto, Taichi?” Sora provocou. “É tão previsível.”
“Tanto faz. Vejo vocês amanhã.”
“Taichi, espere.” Eu o chamei. “Boa noite, pessoal.”
“Boa noite, Hikari.”
“Também vou para casa.” Jyou disse. “Eu ainda tenho lição de casa para fazer.”
“Eu também.” Koushiro assentiu.
“Mas se vocês precisarem, não hesitem em me ligar. Farei o que estiver ao meu alcance para ajudar.”
“Pode deixar.”
Os dois meninos seguiram para suas casas, deixando Takeru, Yamato e Sora sozinhos. A menina desviou o olhar para esconder sua tensão.
“Bem, eu vou para casa também.”
“Você vai ficar comigo e com a mamãe, Yamato?”
Yamato olhou para Sora antes de voltar sua atenção para seu irmão completamente. “Receio que não. É minha noite como cozinheiro e o papai deve chegar a qualquer momento agora. Você sabe como ele fica quando ele chega e o jantar não está pronto.”
“Certo.”
“Mas você é mais que bem vindo para ficar com a gente. Você sabe disso, certo?”
“Sei sim. Eu provavelmente passarei lá amanhã, se não for problema.”
“Não precisa nem perguntar. Você sabe que aquela casa é parcialmente sua também. Adoraríamos te receber lá.”
“Legal.” Takeru disse animadamente. “Eu ligo mais tarde para combinar o resto.”
“Quantos anos você tem? Sessenta?” Yamato brincou. “Você pode aparecer a hora que quiser. Temos tudo o que precisa lá.”
“Eu sei, mas…”
“Parece que é a primeira vez que vai dormir em casa.”
“Não…”
“Então relaxe.” O louro mais velho interrompeu. “Quer que eu te leve para casa?”
“Não, está tudo bem. Não está muito tarde e parece que você tem algo mais importante a fazer.”
Takeru piscou e Yamato corou um pouco. Sora se mexeu com desconforto e se virou para sair.
“Você deveria ir atrás dela.” Ele balançou a cabeça na direção dela. “E junte toda a sua coragem para finalmente se declarar. Quanto mais você nega, mais evidente fica.”
“Tem certeza que pode ir para casa sozinho?” Yamato perguntou hesitantemente. “Quero dizer, você só tem onze anos.”
“Posso cuidar de mim mesmo. Já lidei com coisas mais perigosas quando era mais novo do que sou agora, lembra? Além disso, o prédio não é longe daqui.” Ele sorriu. “Mas eu te ligo quando chegar. Vou entender se você não atender, aliás.”
“Certo, isso precisa parar.”
“É divertido ver você se sentir desconfortável.” Takeru riu e depois ficou sério. “Sério, você precisa levar a Sora para casa. Se correr, pode alcançá-la.”
“Tá bom, eu te vejo amanhã. Cuide-se.”
“Você também. Tchau.”
Yamato se virou e correu atrás da sua amiga.

Sora estava esperando pelas luzes vermelhas aparecerem para que ela pudesse atravessar a rua quando o Yamato a alcançou.
“Você não me ouviu te chamando?” Ele perguntou enquanto se curvava e colocava as mãos nos joelhos, respirando fundo.
“Ouvi. Só não pode ficar mais tempo. Eu ainda preciso ajudar minha mãe com o ikebana.”
“Por que está me evitando?”
“Não estou te evitando, Yamato.” Ela não ousou olhar o rosto dele. “Eu acabei de explicar por que não fiquei.”
“Você não me olhou durante nossa reunião, desde que cheguei.”
“Eu deveria? Nós não estávamos tendo um encontro. Essa reunião foi para decidir como lidar com os novos eventos do Mundo Digital.”
“Exatamente.”
“Então por que te incomoda o fato que eu não olhei para você?”
“Não me incomoda.”
“Boa noite, Yamato.” Sora fez menção de atravessar a rua, mas ele segurou seu braço.
“Espera, isso é por causa do que aconteceu mais cedo?”
“O que aconteceu mais cedo? Ou o que quase aconteceu?”
“Você queria que tivesse acontecido?”
“Isso importa? Eu acho que é fato que isso não daria certo.”
“Isso mesmo. Então por que está tão irritada com isso?”
“Eu não sei.” Ela suspirou. “Por que ficou tão chateado pelo Koushiro ter sido o primeiro menino que eu beijei?”
“Pareceu estranho para mim. Vocês dois não parecem compatíveis.”
“Nem nós. Mesmo assim você tentou me beijar.”
“Você me beijaria de volta se eu o tivesse feito?”
“Eu não sei.” Ela respondeu com irritação. “Talvez.”
“Bem, vamos ver então.”
Yamato a puxou para perto dele até ficarem milímetros de distância um do outro. Sora sentiu seu coração disparar e sua mente ficar em branco. Ela piscou com força e depois o empurrou.
“E então o que? Eu não acho que as coisas continuariam as mesmas.”
“Não acho que dê para prever isso.”
“Eu quero que meu segundo beijo signifique algo. O meu primeiro pode não ter sido como eu esperava que fosse, mas eu quero mudar isso no segundo. Quero que seja com alguém por quem eu realmente sinta algo e seja recíproco.”
“Certo, isso é justo.”
“Pode me soltar, por favor?” Ela olhou para os braços dele ao redor do corpo dela. “Eu preciso mesmo ir para casa.”
“É, desculpe.” Ele a soltou e esfregou sua nuca. “Sinto muito por isso.”
“Tudo bem. Só não acho que somos certos um para o outro. Eu tenho muita história. Você não iria querer lidar com isso.”
“Eu também tenho. Mas entendo o que disse.”
“Isso não vai funcionar, Yamato. Acho que devemos ficar longe um do outro. Eu não quero nem imaginar como tudo seria para os outros. É melhor desse jeito.”
“Mas Sora.”
“Vou partir em alguns dias, Yamato.” Ela disse firmemente. “Essa tensão entre nós provavelmente vai ter sumido quando eu voltar.” Ela se virou e atravessou a rua, deixando-o sozinho com seus pensamentos.


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