Merda. Merda, merda, MERDA! Porque essas porqueiras só acontecem na minha vida? A noite começou muitíssimo bem, mas, agora, eu estou correndo feito um louco pela escola, procurando justamente quem veio comigo. Depois de uns bons 5 minutos rodando pelos corredores, finalmente a encontro na entrada da escola.

– Lily! - gritei, correndo o mais rápido que podia. Ela, aparentemente, não me escutou, já que ficou no mesmo lugar. - Lily! - gritei mais uma vez, quando estava a uns 5 metros dela.

Ela se virou, mostrando o rosto ensopado de lágrimas. Parei de frente para ela e ia começar a limpar as lágrimas, mas ela deu um tapa forte na minha mão. Finalmente pude perceber seu olhar. Não estava exatamente o mais alegre ou tranquilo do mundo. Estava mais para bem raivoso.

– Era isso que você queria ver, Scott? - ela perguntou. - Queria me ver chorando por sua causa?

– Nunca. - tentei tocar seu rosto de novo, mas recebi outro tapa, dessa vez ainda mais forte.

– Se não queria me ver chorando, então porque beijou minha melhor amiga na frente de todo o colégio, seu idiota?

– Eu não sinto nada por ela. Nada mesmo. Eu nunca olhei para nenhuma outra, mesmo quando era pequeno. Sempre foi você, Lily.

– De qualquer forma, você a beijou, Scott.

– Você realmente acha que eu fiz isso porque quis?

– A iniciativa foi sua, pelo que todos pudemos notar, então, sim. Acho que você fez porque quis.

– Você acha que se eu tivesse alguma outra escolha, eu teria feito isso?

– Você poderia mostrar seus princípios, não?

– Eles iriam me obrigar a fazer isso, de um jeito ou de outro. Não percebe, Lily? Eu fui obrigado a beijar a Summer. OBRIGADO.

– Você não foi obrigado a fazer nada. Por acaso tinha uma arma na sua nuca? Um atentado de morte caso não a beijasse, por acaso? Alguém com uma bomba relógio do lado de fora da escola? Maconha estragada do diretor Shanon sendo jogada para fazer todos terem uma overdose?

– Não. Mas eles estavam praticamente nos empurrando um para o outro. Nem eu nem ela queríamos. Acredite em mim, Lily. Eu não fiz porque queria.

– Scott, confiança é algo difícil de se conquistar em mim.

– Eu sei bem disso. Passei anos tentando ter de volta.

– E você sabe que eu não confio mais em você, não sabe?

Eu devia estar surpreso, mas eu não estava. Eu sabia no que estava me metendo quando começamos a namorar.

– Sim. Apesar de tudo o que eu te disse, você não confia em mim.

– Pelo visto, você me conhece bem mesmo. - ela disse, séria. Totalmente o contrário do que seria há apenas algumas horas. - Por isso mesmo sabe o que está acontecendo.

Eu não estava gostando do rumo dessa conversa, mas eu sabia o que significava.

– Sim. Eu sei bem o que está acontecendo. Só não queria que acontecesse.

– Pois bem. Então não preciso dizer nada. - ela se virou de costas e estava para sair quando eu a puxei pelo braço, deixando-a de frente para mim.

– Mas eu preciso. - ela tentava se soltar do aperto de minha mão em seu braço, mas não conseguia.

– Me larga, Scott.

– Por favor. Me deixa falar o que eu preciso. Eu te deixo ir logo que eu terminar. Só escute, por favor. - eu olhava dentro daqueles olhos verdes perfeitos, tentando convencê-los que eu falava a verdade.

– Vá em frente. - ela respondeu fria, mas parando de tentar sair tão desesperadamente. Ótimo. Um passo já foi dado.

– Lily, eu não quero ficar longe de você. Longe disso. Te quero o mais perto que eu puder manter o tempo todo. Acredite. Eu posso estar no meu pior dia de todos, mas olhar nos seus olhos, sabendo que eles pertencem à pessoa mais importante, mesmo com tanta raiva quanto agora, me fazem o idiota mais feliz do mundo. Porque eu sou um idiota que tem a namorada mais perfeita que qualquer um poderia sonhar em ter. Lily, eu sou um idiota. O idiota que te magoou, mas que te ama desde que pode lembrar. Ou talvez desde antes. O idiota que tem certeza que você o odiava antes e que, muito provavelmente, odeia agora. Eu sei que não conseguiria te fazer mudar de ideia sobre isso nem se eu fosse o cara mais sexy do mundo ou se te enfeitiçasse. Porque você é a pessoa mais cabeça dura que eu conheço. E isso é apenas uma das peças que te torna perfeita para mim. Quando eu olho nos seus olhos, eu vejo que eu tenho uma puta duma sorte. Sorte por ter você do meu lado. Só quero que você aceite meu pedido de desculpas e que me deixe ficar por perto, mesmo que seja como antes de namorarmos. Por favor. Eu preciso pelo menos disso na minha vida. Eu sei que nosso amor é difícil, que não pensamos igual, que discutimos muito e que você no momento me odeia, por isso não peço uma segunda chance. Eu lutarei, mas só se você me disser que é possível. Não hoje, não amanhã, talvez não nessa vida, mas apenas me diga.

– Scott... - percebi que ela segurava as lágrimas.

Então ela me beijou. Correspondi o beijo até o momento em que paramos para respirar. Quando abri os olhos, ela já tinha se soltado de minhas mãos.

– Adeus. - ela se virou e saiu, sem olhar para trás, me deixando sozinho no corredor.

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Eu estava num barzinho no meio do nada e, com certeza, já tinha passado da minha cota inexistente, já que sou de menor. Para meu prazer, estava lotado e ninguém parecia notar que um menor estava lá, sozinho em uma mesa de bar, enchendo a cara para esquecer que a namorada terminou com ele. Por um tempo, pensei que era o único assim, até me deparar com uma cabeleira ruiva no balcão. Cabelos dessa cor só podiam ser de uma pessoa. Me levantei e, só nessa hora, percebi que estava realmente bêbado. Cheguei até o balcão me apoiando nas paredes e nas mesas. Sentei-me bem ao lado dele.

– Oi, Bobby. - falei amistosamente.

– Vá se fuder, Scott. - ele respondeu sem se virar, mas eu podia sentir seu bafo de cachaça.

– Tá certo. Trate o seu único amigo assim.

– Amigos não beijam as namoradas de amigos.

– Eu a beijei obrigado. Pelo seu tio, inclusive.

– Vai dizer que não gostou.

– Nem a pau.

– Você está dizendo que a Summer não beija bem?

– Carai, não dá pra te entender. Você reclama que eu beijei sua namorada obrigado, reclama que eu não gostei do beijo. Porra, você não sabe não reclamar?

– Novamente: vá se fuder.

– Bobby porque raios você não entende que eu não a beijei porque quis e eu não gostei porque eu tinha a Lily?

– Ela terminou com você? Hahaha. Bem feito, idiota. Eu não pedi pra você beijar minha namorada.

– E eu também não, porra. Quantas vezes eu vou ter que repetir pra você, retardado?

– Pode ficar repetindo o resto da noite. Eu não vou me convencer. - ele jogou uma nota de 20 em cima do balcão e ia saindo. - Passar bem, Scott. Ah, e boa sorte procurando uma garota que te entenda e que seja gostosa como a Lily. Tente não estragar tudo com ela também.

Não aguentei ouvir isso. Soquei-o no olho. Como resposta recebi um no nariz. Então eu mandei um na bochecha e ele devolveu na boca. Acabamos nos engalfinhando de verdade. Estávamos brigando sério. Socos, chutes e tapas iam e vinham em todas as partes.

Após uns 15 minutos de briga, fomos obrigados a parar, já que a polícia estava lá e nos levava para a viatura, ambos com o rosto sangrando e cheio de hematomas. Pelo visto, essa seria uma longa noite.